quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ex 5.1-2; 7.13 As raízes do Engano

Introdução: 

Poucas pessoas viram milagres e sinais na história como Faraó. Isto, contudo, não o fez sensível às coisas espirituais, pelo contrário, ele se tornou cada vez mais obstinado e insensível às coisas de Deus.

Paulo também se tornara insensível à voz de Deus. Por isto ele lhe pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues, dura coisa é recalcitrares contra os teus aguilhões”.

Na história de Faraó, alguns fatores se tornaram decisivos para que ele ficasse no seu engano e endurecimento. Infelizmente estas coisas não estão muito longe da gente.

1. A imitação do diabo – 

Creio que uma das coisas que ajudam Faraó no seu processo de endurecimento, foi a convivência dele com gente que gostava de impressionar com mágicas, sinais e portentos.

Li certa vez que “Onde Deus constrói um templo, o diabo edifica outro ao lado”. Satanás faz as coisas de forma tão parecida que achamos ser tudo igual, e perdemos a capacidade de admirar aquilo que é singular. Foi isto que aconteceu com Faraó (Ex 7.10-11,22; 8.7).

Uma das coisas que gosto de pensar neste relato de Faraó é que “o falso não anula o verdadeiro”. O engano do diabo é “com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” (2 Ts 2.10). 

Observe como funcionam terreiros de umbanda, centros espíritas. Sinais estão sempre presentes, e estes milagres atraem. Muitas vezes nos tornamos céticos em relação as coisas de Deus quando vemos tanta ação maligna, mas devemos lembrar que o falso não anula o verdadeiro.

Em Apocalipse 13 lemos sobre a manifestação da besta, e a descrição de sua atividade impressiona: “Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lê foi dado executar” (Ap 13.13-14). Os milagres que a besta opera, seduzem as pessoas. Gente impressionável facilmente é seduzida por estas coisas.

Ao lermos a bíblia vemos que muitos que presenciaram grandes feitos de Deus não se converteram a Deus. Faraó se “acostumou” com fenômenos e manifestações. Outro aspecto a se considerar é que as pessoas que mais presenciaram milagres na bíblia, o povo de Deus no deserto, nem por isto se tornaram fiéis a Deus. Isto é, milagres nem sempre geram fé em Deus, pode acontecer o contrário, precisarmos de doses cada vez mais forte de adrenalina espiritual para crermos ou nos tornarmos céticos em relação às coisas espirituais.

Muitas pessoas do mundo inteiro são atraídas a um homem que afirma ser grande vulto em Abadiânia-GO. Muitos sinais são feitos. Temos que aprender a não julgar o fenômeno, mas perguntar qual a origem de tal fenômeno. Nem tudo que sobrenatural tem procedência divina. O diabo também pode fazer sinais e prodígios, ele é o mestre da prestidigitação e do engano.

Jesus nos ensina isto: “Porque surgiram falsos cristos e falsos profetas, operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (M 24.24).

2. Arrogância – 

Dificuldade para perceber a realidade de Deus sobre sua vida. 

Quando Moisés se apresenta diante dele ele pergunta: “Quem é o Senhor para que eu lhe ouça a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel” (Ex 5.2).

Muitos não conseguem realmente perceber Deus na história. Não negam a Deus, mas não sabem quem é Deus, e nunca fazem qualquer concessão a Deus. O coração se torna endurecido (Ex 7.22,13; 9.7). Muitos não reconhecem os seus limites, nem vêem as suas fragilidades, não sabem o que tem no estômago.

Atitudes com a de Faraó levam pessoas, mesmo diante das fortes evidências espirituais, continuarem sem temer a Deus. (Ex 9.21,30). A pergunta de Moisés é sintomática: “Até quando recusarás humilhar-te perante mim?Deixa ir o meu povo, para que me sirva ” (Ex 10.3).

O que acontece com gente arrogante? 
Deus endurece seus corações (Ex 7.3). 
Uma das mais lindas promessas relativas ao ministério de Cristo, que seria a nova aliança, é que Deus tiraria nosso coração de pedra e colocaria coração de carne (Ex 36.26). Na vida de Faraó acontece o contrário: Deus coloca um espírito de endurecimento no seu coração por causa da sua arrogância. Deus endurece seu coração (Ex 7.3).

Isto também aconteceu com o povo judeu: “Como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje. E diz Davi: Torne-se-lhes a mesa em laço e armadilha, em tropeço e punição; escureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam, e fiquem para sempre encurvadas as suas costas” (Rm 11.8-10).

3. Procrastinação – 

Esta é a terceira raiz do endurecimento de Faraó (Ex 8.10). Ele está sempre dizendo: “Amanhã!” Procrastinar é adiar, transferir. Deixar para amanhã aquilo que deve ser feito hoje. é o gordo que deseja fazer regime, desde que comece amanhã. Martinho Lutero conta uma elucidativa história a este respeito:

Certo dia, nas profundezas dos infernos, houve uma grande reunião para a
qual, satanás convocou todos os seus diabos. E, reunidos, ele mostrou sua
preocupação com o progresso da fé entre os homens e pediu sugestões aos chefes de suas hostes.
Um deu a opinião de que era preciso desencadear o ateísmo e desmoralizar a
crença em Deus. O príncipe das trevas trovejou furioso: “Não vês que não dá resultado? Isso é uma crença já por demais arraigada na mente do homem, não serve”
O Outro sugeriu:
“O melhor é desmoralizar o pecados e insinuar aos homens que não existe essa coisa chamada pecado, tudo é lícito, assim o homem se perderá mais cedo do que se espera”.
Satanás replicou furioso: “Também não serve, os homens tem experimentado os efeitos da bebida, da luxúria, do crime e tem se dado muito mal, a estão ficando escaldados, enquanto isso, a espalha-se pelo mundo a legião de pregadores da salvação, isto também não serve”
Levantou-se um diabo novo, tecnocrata, bom burocrata e planejador reconhecido e deu uma sugestão: “ O melhor que faríamos não é nada disso. Deixe-se a crença em Deus e os percalços que os pregadores levantam contra o pecado. Vamos dizer ao homem que tudo isto é muito certo, mas que não se apressem, não precisam correr para a salvação. A demora é uma arma. Tudo a longo prazo! “
Estrugiu pelas abóbadas das profundezas infernais um estrondo de aplausos pela genial idéia da demora em retornar a Deus.

Aí está o perigo: O estágio, a demora, a tardança em buscar a Deus. Daí a insistência do profeta: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar”. Não se pode adiar aquilo que é urgente.

Em 2 Co 6.2 lemos: “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação”. Em Hb 4.12-19 vemos: “Hoje, se ouvirdes sua voz, não endureçais o vosso coração”.

Conclusão: 

Certo homem muito querido de sua igreja desviou-se dela e, apesar da grande insistência da liderança para que voltasse, continuou afastado por muito tempo. Um dia me ligou dizendo que queria conversar comigo. Marcamos um horário na quinta feira, 9 hs da manhã, e infelizmente teve um acidente fatal na noite seguinte e no horário combinado, eu estava realizando seu funeral. 

Meu desejo é que sua tentativa de conversar comigo estivesse revelando seu anseio de uma volta a Deus. Era ainda muito jovem, mas foi colhido da sua vida.

Não deixemos que Satanás nos engane com o engodo da imitação de sinais, fenômenos e prodígios que ele realiza, nem com a arrogância de acharmos que não precisamos de Deus, nem devemos lhe dar contas, ou de acharmos que ainda temos muito tempo para acertar nossa vida. 

Hoje é o tempo, esta é a hora.
Venha para Jesus!

A Questão não é “como”, mas “o que”.Lc 1.8-23

Introdução:Este texto nos fala da experiência de Zacarias com Gabriel, um anjo do Senhor, que lhe anuncia o nascimento de seu filho, João Batista.
Ao ouvir a noticia, Zacarias pergunta: “Como saberei isto?”. Por causa de sua pergunta, fica mudo, até que os eventos se cumprissem.
A pergunta revela o típico comportamento humano. Desejmaos saber como as coisas funcionam. Avaliar as relações de causa/efeito. Analisar com a mente cientifica. “Se eu sei o “como”saberei “o que”. Queremos saber o começo-meio-fim.
Do ponto de vista religioso, temos um pensamento mágico. Queremos controlar as forcas espirituais, as entidades e deuses, e achamos que se adotarmos determinados rituais e palavras mágicas, desencadearemos o mundo espiritual. Não é esta a mentalidade do padrão Harry Potter? O Objetivo é controlar o sagrado.
Quando Zacarias pergunta : “Como saberei isto?”, não obteve resposta. Para Deus interessa comunicar o final, não o processo. Ele nos convida apenas a crer naquilo que ele esta falando, sem colocar reticências ou interrogações àquilo que ele prometeu. O resultado foi sua mudez.

1. Quando Deus fala a Zacarias, ele o convida a confiar somente – O problema de Zacarias foi o desejo dele de saber o processo. Quando Deus diz que ouvira sua oração, e que sua esposa daria a luz a um filho, Deus o convida a confiar e celebrar.
 Ao desafiar Abraão, Yahweh não diz qual é o processo, apenas mostra-lhe o seu propósito. “De ti farei uma grande nação”e “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Deus não diz para onde ele deveria ir, nem como... apenas o convida a ir. Se eu estivesse na situação de Abraão, muito provavelmente pediria a Deus que me desse um roteiro, de preferência um GPS, e que ele me fizesse uma exposição mais detalhada de como seria esta caminhada.
 Um jovem missionário acompanhado de sua esposa me procurou algum tempo atrás. Estavam incertos sem saber se teriam ou não os recursos necessários para concluir o seu curso e se teriam a manutenção necessária. Respondi-lhes com duas afirmações clássicas relacionadas ao chamado:
o “Deus não vocaciona os qualificados mas qualifica os chamados”.
o “O Deus que chama é o Deus que dá recursos”. A questão não é “como Deus vai suprir”, mas se o chamado aconteceu ou não.
 John Eldridge no seu livro “coracao valente”, afirma que ao tomar uma decisão sobre uma direção que sentia ter recebido de Deus, recebeu três telefonemas naquela semana:
o Um era de Washington, oferecendo uma confortável situação trabalhista para o qual ele teve que dizer não;
o Outra, da faculdade cobrando sua mensalidade. Para a qual ele não tinha ainda os recursos;
o De um amigo de longa data dizendo que eles haviam decidido pagar a faculdade para ele.
A maioria das pessoas gasta tempo e energia, tentando estabelecer os “meios”, ter controle organizacional. Quando Caim foi confrontado por Deus, ele tomou a atitude de construir uma cidade. Isto demonstrava: a)- sua recusa em confiar em Deus; b) Sua tentativa de controle.
White afirma que há uma diferença entre Desejo do Falso Ego (Ter poder sobre a experiência, controlar eventos e conseqüências) e o Desejo Profundo da Alma (Ter poder através da experiência. Quando temos que exercitar a fé.
Muitas vezes nos impressionamos com a engrenagem, mas a fé não é metodológica. No dia do Pentecostes, um grupo ao invés de se impressionar com a manifestação de Deus, estava interessado em saber “como”as coisas funcionavam. “Como os ouvimos falar na nossa própria língua materna?”
Certa ocasião estava numa situação de muita crise pastoral, quando recebi a visita de um querido casal, Valter Moura e Leides. Eu os havia indicado ao Board de Missão, para trabalharem conosco num projeto de plantação de igrejas que estávamos desenvolvendo fora do Brasil. Quando analisávamos a situação ele me disse de forma muito coerente que não gostava da idéia de depender da diretoria de uma missão, que ele gostava de depender de Deus. No meio de minha crise, lhe disse bem seriamente: “Na verdade gosto de depender dos homens, Deus é muito imprevisível”.

2. Como expressa duvida e incredulidade – Por isto Zacarias fica mudo.
A pergunta “como”significa: “A menos que eu veja claramente caminho, não acreditarei nem arriscarei a prosseguir”.
 Abrão creu “contra a esperança”. Ele sabia da impossibilidade.
 Maria inicialmente perguntou: “como será isto?” (Lc 1.34), mas após ouvir o anjo dizer: “para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas”, em outras palavras: “não pergunte o como” ela respondeu: “Aqui está a tua serva, que se cumpra em mim tua palavra”.
O ponto é claro: Se Deus prometeu, Ele vai cumprir. Não importa quão difícil pareça aquilo que ele prometeu.
 Moisés: Deus ordenou marchar com o Mar Vermelho diante deles, mas não abriu o mar enquanto não tocaram nele.
 Deus diz que enviaria carne para alimentar todo o povo de Israel por um mês inteiro. Moisés responde: “Seiscentos mil homens de PE é este povo no meio do qual estou, e tu disseste: Dar-lhes-ei carne e a comerão um mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelhas e de gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar que lhe bastem?” (Nm 11.21-.23).
A duvida de Moises é sobre a operacionalização, a forma como Deus fará isto. O “como” expressa sua dúvida. Deus responde: “Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor? Agora mesmo, verás, se se cumprirá ou não a minha palavra” (Nm 11.23).
Não existem formulas com Deus. Por isto não exsitem formulas para aquele que o segue. “O Reino de Deus é perigoso. Você deve entrar nele e não simplesmente procurar informações a seu respeito” (Arcebiscpo Anthony Bloom).

3. Não pergunte o como, mas o que – Zacarias tropeçou. Maria se dispôs. Deus tem um plano e nos quer dirigir por este caminho. Pode não ser confortável e até mesmo perigoso, mas é seguro.
Preste atenção naquilo que está propondo seu coração. Os detalhes e as circunstancias mudam, mas os temas são os mesmos. Procure o silencio. Busque uma forma de ouvir seu próprio coração.

Conclusão: Zacarias tem uma crise por não ver o método de Deus diante de si. Isto o deixa mudo, estático. Zacarias deveria ter celebrado a promessa. Ele poderia ter dito: “Senhor, não sei como, mas se o Senhor prometeu, eis-me aqui”.

Gn 34.16-21 Dando Identidade aos filhos






Introdução

Este é um texto intrigante.

Raquel dá a luz a um menino, e em seu último suspiro, porque morreu no parto, chama o menino de “Benoni”. Jacó, ao entrar em cena, e ver sua mulher morta ao lado da parteira, recebe a criança e ouve o relato daquela mulher, mas intervém e muda seu nome para “Benjamin”. Não nos parece que Jacó tenha sido insensível negando o último desejo de Raquel de dar nome ao seu próprio filho?

Não, se considerarmos o significado de cada um dos nomes. “Benoni” significa, “filho da minha dor”; “Benjamin” sig. “O filho de minha mão direita” (Gn 35.18).

Já imaginaram viver a vida inteira com um nome associada a uma tragédia? Este texto sugere também que Jacó intervém para dissociar seu filho da dor da morte de sua mãe. Ele não permite que ele passe a vida inteira como alguém identificado com algo negativo, mas sim como “filho de sua mão direita”. Algo positivo.

Isto introduz um tema interessante: “Como tenho chamado meu filho? O que ele simbolicamente representa para minha vida? Como o nomeio?

1. Nomear é importante porque todo filho dependente da identidade que lhe dão e corresponde a este identidade recebida.
 
A psicanálise trabalha muito bem esta idéia ao afirmar que uma coisa é a sexualidade que temos, outra é a identidade sexual que construímos. Sexualidade é um construto simbólico.
 
John Eldridge, no seu livro “coração valente”, afirma que masculinidade é outorgada. “Um menino aprende quem ele é o que tem de outro homem, ou na companhia de homens”. Ele não aprende isto do mundo feminino.

Na Bíblia, o pai abençoa e assim dá nome ao filho. Constrói sua identidade.

Adão recebe nome de Deus
Abraão recebe de Isaque
Rebeca dá nome a Jacó e Esaú, mas ambos passam toda sua vida desejando e lutando desesperadamente para que a benção, e a conseqüente nomeação venha do Pai, até que Jacó a rouba (Gn 27)

Jacó havia vivido o drama de ser estigmatizado pelo seu nome que significava “suplantador”. Imagine que no encontro com seus colegas, quando perguntavam seu nome ele tinha que dizer de cabeça baixa e sem graça: “Meu nome é enganador!”.

Em Gn 32, num encontro pessoal com Deus, ele é questionado profundamente quanto à sua identidade. “Qual é o seu nome?”. Ali Jacó recebe uma benção que transforma sua história, porque recebe um novo nome de Deus, que o chama de Israel. Esta é a primeira vez que a palavra “Israel” aparece na Bíblia, e Deus afirma que ele recebia este nome porque “como príncipe lutara com Deus”.
 
Agora, quando Receba (Gn 35) atribui este peso ao seu filho dando-lhe o nome de Benoni, ele diz: “chega, meu filho não vai passar pelo mesmo estigma que passei”. Sua identidade torna-se diferente.
Que identidade temos outorgado a nossos filhos?

Mãe possui uma relação uterina com o filho, mas ele não pode ser chamado sempre de “menininho da mamãe!”, ou “que gracinha!”. O pai precisa nomear. Feminilidade não transmite masculinidade.
Pouco se tem falado hoje dos riscos da ausência paterna ou alienação parental. O menino tem uma pergunta que só o pai responde, e esta pergunta está relacionada à sua essência. Filhos anseiam pela companhia paterna e o afastamento intencional ou não pode se tornar um grande problema se o filho não responde ao grande dilema de seu coração: “tenho alguma valor?”

A maneira tradicional de criar filhos, de uma forma ou de outra, sempre foi ensinando aos filhos a mesma profissão, andando ao seu lado, aprendendo negócios e passando longos e eventualmente, conflitivos, dias juntos. Conversando, fazendo flechas, caçando e pescando. A mãe tem que “soltar o filho” (e esta é a dor de Eva). O Pai precisa levar o filho para “sair”.

Nesta hora, o pai autentica ou não seu filho. A ferida mais profunda no coração do filho é infligida pelo pai, ou nas palavras que são ditas: “Você é o “filhinho da mamãe, incapaz, burro, incompetente”. Tais feridas são recebidas de forma ativa ou agressiva, e nem sempre podem ser percebidas de forma imediata, tornando-se com um câncer que se desenvolve de forma lenta.
 
Bly afirma: “não receber nenhuma benção de seu pai é uma ferida”. Um pai ausente, indiferente ou distante, ou um pai que só pensa em trabalhar, é uma ferida”.

O divórcio ou abandono também pode ser uma ferida, porque o menino (a) acredita que se tivesse feito melhor ou se fosse ___, seu pai teria ficado em casa.
 
Alguns pais ferem pelo seu silencio. Estão fisicamente presentes, mas agem como ausentes. O silêncio é ensurdecedor. No caso de pais silenciosos os filhos estão perguntando: “Quem sou eu?”; “eu significo algo?”. O silêncio é ambíguo: “Não sei, talvez sim...” A dor mais profunda surge nas palavras ou atitudes, que dizem sem dizer: “Incapaz, burro, incompetente, mocinha”. A forma sutil torna-se difícil de ser curada. Excesso de trabalho, culpa, abandono. “Eu significo algo?”.

Filhos dependem desta identidade paterna e correspondem ao nome que recebem do pai. Meninas também precisam desta identidade. Muitas garotas correm para o braço de outros homens, buscando sua afirmação perdida. Se entregam a outros homens buscando paternidade, abraço masculino que faltou em casa. Filhas amadas, aprendem a se esquivar de homens duros, porque tem e aprendem outro modelo de masculinidade dentro de casa.

2. Nomear é importante porque precisamos discernir nossa identidade a partir do pai. 

Jacó estabelece esta perspectiva.

Benjamin vai se tornar uma tribo forte em Israel, afinal sua identidade é forte. De Benjamin surge o primeiro rei em Israel. Benjamin e Judá fazem parte do reino do Sul, quando Israel se divide. Como seres caídos, por sua forte personalidade quase deixa de existir como tribo em Israel , quando resolve proteger um grupo de bandidos da tribo, que havia estuprado a mulher de um levita.

Sempre me impressiono como Deus tratava Jesus: “Este é o meu Filho amado!”.
 
Quando os discípulos voltam do campo, estão muito entusiasmado por verem o poder de Deus nas suas vidas. No entanto Jesus os leva a focalizar sua essência não na sua natureza de guerreiro, que confronta o diabo, mas de filhos amados: “Alegrai-vos não porque os demônios se vos submetem, mas porque vosso nome está escrito no livro da vida”.

3. Nomear nos livra de estigmas 

O nome que recebemos é nossa identidade. Viver debaixo de um nome ou de uma imagem depreciativa é um desastre.

Filhas constroem sua auto imagem a partir do relacionamento com a figura paterna. A mulher também tem suas feridas provocadas por negligencia ou violência. O choro das meninas está relacionado não tanto à sua força, mas ao seu valor. A menina espera do pai para saber se ela é encantadora. Se o pai é violento pode contaminar verbal e psicologicamente sua filha. Ela pode ser silenciosa e violentamente ignorada. A mensagem é: Você não é desejada!

Todo menino, na jornada para tornar-se um homem, tem uma pergunta no centro de seu coração. Esta é a pergunta mais profunda de um homem: “Sou capaz?”, “tenho o que é necessário?”; “Pai, o que você acha de mim?”. Eldridge afirma: “Na falta de afirmação da masculinidade, os homens supercompensam sua ferida e tornam-se impetuosos (violentos) ou recuam e se tornam passivos (retraidos)” (Pg. 74). Muitos homens se sentem presos, paralisados ou incapazes de se moverem, quando se sentem inseguros sobre sua identidade e papel.

Crianças buscam aprovação dos pais. A maioria dos homens passa a vida sendo perseguido ou deformado pela resposta que receberam. “O que você acha papai?” O Pai que perde este momento, perderá para sempre o coração do filho.

Certo homem relatou que, durante a briga de seu pai com sua mãe, ele abraçou as pernas da mãe para protegê-la e seu pai, irritado virou-se para ele e disse: “Você é um filhinho mimado”. Esta ferida poderia ser minimizada por palavras de amor, mas o fato é que, seu pai vivia cada vez mais distante e silencioso dele. Ele se tornou brilhante, mas a declaração e o afastamento do pai lhe fora um golpe que nunca curava.
Pais precisam afirmar e ajudar seus filhos da fase de criança para a fase adulta. Entre os judeus, celebra-se o Mar Mitzvá, uma cerimônia na qual o filho é inserido no mundo dos adultos e dos homens. Ele passa agora a fazer parte de sua sinagoga.

Bly afirma: “Não receber nenhuma benção de seu pai é uma ferida. Não ver seu pai quando você é pequeno, nunca estar com ele, tê-lo distante, ausente ou um pai que só pensa em trabalhar, é uma ferida”.

Conclusão: 
Como lidar com as questões familiares.

O texto de 1 Pe 1.18 nos afirma que através do seu sangue, Jesus veio nos libertar do vosso fútil procedimento, que vossos pais vos legaram.
 
Então, temos dois problemas a resolver: 

Um que está ligado à nossa própria futilidade e outro à nossa genealogia, à familia de onde viemos: com traços históricos e enfronhados na cultura familiar.

A. Temos que lidar com nossa própria insensatez – "Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento." (1 Pe 1.18)

Nosso coração é fútil, sujeito a vaidades, decisões erradas, superficialidade e egoísmo. “Eu nasci em pecado e em pecado ame concebeu minha mãe”. 

Apenas minhas contradições e ambiguidades já são suficientes para arruinar minha vida e a minha história. Minha essência é rebelde, meu coração é duro e arrogante. Jesus veio me livrar deste fútil procedimento que faz parte da minha natureza pecaminosa, e que precisa ser redimida com o sangue precioso do Cordeiro de Deus. 

B. Este legado também vem de minha história familiar, tem a ver com minha genealogia e história. Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento, que vossos pais vos legaram." (1 Pe 1.18)

Fala-se muito em maldição hereditária e sabemos que Satanás realmente age na cultura familiar, mas bastam a história de nossos condicionamentos equivocados e aprendizados distorcidos para nos destruir.

Imagine no texto, o próprio Jacó. 

Ele rouba de seu pai a benção. A vida inteira ele espera a afirmação de seu pai, que não vem, e ela só lhe chega de forma forçada, falsificada e usurpada. Benção roubada. Parece que na nossa história família, muitas vezes a benção não é dada naturalmente, ela tem que ser surrupiada. Que contradição...

Depois de sua experiência com Deus, em Gn 32, ao ver Benjamin recebendo um nome tão atravessado, ele intervém como se tentasse gritar: “Na minha família não haverá espaço para estigmas!” Eu o afirmo como “filho da minha mão direita”. No entanto, sua história família é no mínimo, disfuncional. Quatro mulheres competindo o amor de um homem, meninos tendo que entrar nesta luta familiar para que sua mãe fosse desejada.

Jacó quer virar sua história familiar, mas ela ainda é confusa.

Em Genesis 32, porém, começa a ter um novo rumo, quando ele próprio tem sua identidade afirmada pelo pai. O Cap 35 reflete este seu anseio de ver sua casa cheia da benção e afirmação. Recusa o estigma, a dor e a associação com tragédias.
 
Jesus veio nos libertar destas sutilezas de nosso coração e de nossa história familiar. Assim, a família de Deus, debaixo de um novo pacto, celebra a páscoa com amigos, com o sangue aspergido na entrada da casa, e comendo o cordeiro.

Antes de concluir, porém, gostaria de falar de um novo nome que Deus nos quer dar. Em Ap 2.17 lemos: 

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um novo nome, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”. 

Fico feliz em saber que Deus quer nos dar uma identidade. Um novo nome. Não um nome público, mas um nome que enche nosso coração de sentido e alegria. É curioso pensar que Deus mantém este nome em segredo. Por que? A sensação que tenho ao ler o texto, é que ele está nos falando de algo profundo, íntimo, que quando recebemos tal nome da parte de Jesus, isto altera substancialmente a forma como percebemos a nós mesmos. Foi assim com Jacó quando Deus lhe disse que seu nome seria mudado. Agora era Israel , alguém que luta com Deus e vence. Não mais Benoni, filho da minha dor, mas Benjamin, filho da minha mão direita!


Orlando, FL
Abril 2011