segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mc 11.27-33 A Autoridade de Jesus

Introdução: Nosso moderno mundo sofre crise de autoridade. A autoridade precisa de uma força por detrás de si, para que possa exercer seu ofício. Respeitamos os policiais, porque suas fardas os identificam como tal. Sua autoridade imposta pelo governo exige nossa submissão; há um pressuposto por detrás da autoridade. O Estado, fonte de autoridade, nomeia pessoas para exercerem ofícios sobre os cidadãos pela autoridade que lhes foi outorgada. Relendo o Evangelho de Marcos, fiquei deslumbrado com o número de vezes que este Evangelista tenta demonstrar a exousia (autoridade) de Cristo. Este tema de sua autoridade é muito comum nas cartas paulinas, mas assume uma nota marcante nos escritos de Marcos. Existe uma discussão muito clara em Marcos sobre a fonte da autoridade de Jesus, no cap. 11.27-33 Jesus não tenta responder a pergunta que os sacerdotes, escribas e anciãos lhe fizeram. Pelo contrário, força-os a refletir sobre a autoridade de João Batista, colocando-os numa situação de neutralidade condenatória. Jesus responde da mesma forma que eles, sem demonstrar interesse em discursar sobre a fonte de sua autoridade. Um dos temas recorrentes no Evangelho de Marcos é a autoridade espiritual de Jesus. Desde o inicio deste Evangelho vemos esta discussão em torno de sua pessoa. A primeira que surge este tema encontra-se em Mc 1.21-28, quando Jesus está ensinando as pessoas na sinagoga de Cafarnaum e os presentes percebem a diferença: “Maravilhavam-se de sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mc 1.22). Em seguida, um homem possesso de um espírito imundo aparece na sinagoga e Jesus repreende Satanás e a pessoa fica livre do demônio. “Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!” (Mc 1.27). A autoridade de Jesus se revela de diversas formas: 1. Sua autoridade se evidencia pela forma de ensino – Mc 1,22; 6.2-3 2. Sua autoridade se evidencia pela comunhão com Deus- Mc 1.35 3. Sua autoridade se evidencia pela sua ressurreição - Mc 16.5-6 4. Sua autoridade se confirma pelo confronto de poderes Mc 1.23; 1,39; 3.11-12; 4.6-10; 5. Sua autoridade se confirma pelos milagres – Mc 1.32-34 (curas); Mc 7.37; Mc 4.39-41 (intervenção na natureza); Neste texto, os sacerdotes (pastores e padres), escribas (teólogos e professores da bíblia) e os anciãos (presbíteros e lideranças da igreja), estão questionando-o com duas perguntas: (a)- Com que autoridade fazes estas coisas? (b) Quem te deu tal autoridade? Eles desejam saber sua fonte de autoridade e Jesus recusa-se a respondê-los, embaraçando-os com outras questões teológicas complexas. Por que Jesus não respondeu? 1. Jesus sabe que debates teológicos, na sua maioria, são tolas discussões – Ao descer do monte da transfiguração, depois de ter estado com Deuse experimentar o gozo da comunhão celestial, ele encontra um cenário propicio para o debate, e fugiu dele: a. A família fragmentada – o diabo estava destruindo a vida de uma criança e de sua casa; b. Os discípulos estavam desorientados e sem poder espiritual – (Mc 9.18-19). c. O diabo tinha controle da situação. A criança continuava oprimida e possessa da mesma forma; d. E os discípulos estavam debatendo e discutindo teologia com os escribas (Mc 9.14); Jesus sabe que, muitas vezes, discussões são meras distrações. Por isto não respondeu às perguntas que lhe foram feitas. Não tinha tempo a perder. Deus não quer responder questões filosóficas, como queriam Pilatos (Mc 15.5) e Herodes (Lc. 23.8-11). Para ambos ele não disse coisa alguma ao ser indagado. Reggie Joiner, em seu provocador livro: “Pense laranja” (São Paulo, Ed. Univ. da família, 2012, pg 38 afirma: “Quanto mais absurdo for o tópico discutido, maior será o número de presentes”. Francis Schaeffer afirma que “devemos dar respostas honestas a perguntas honestas”. O apóstolo Pedro instrui a igreja: “antes, santificai a Cristo em vossos corações, estando preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que há em vós”(1 Pe 3.15). Esta deve ser a atitude da igreja com pessoas honestas, no entanto, ao depararmos com pessoas que tratam com desprezo a Jesus, como fez Herodes, nossa atitude deve ser a mesma de Cristo. 2. Porque a autoridade de Jesus era espiritualmente conhecida pelos homens e pelos espíritos malignos - Sua vida era uma demonstração de autoridade. a. Sobre o corpo humano – através das curas que realizava; b. Sobre a natureza – através das intervenções e milagres; c. Sobre espíritos malignos. Que corriam para adorá-lo e que obedeciam às suas ordens Rev Antonio Elias, ao ser indagado o significado da palavra unção, respondeu: “uns são, outros não são!”. Jesus tinha acabado de enfrentar os vendilhões do templo, numa cena incomum, e só alguém que possuía grande autoridade moral poderia ter feito o que ele fez. Todos nós devemos nos recordar de cenas em filmes, quando uma pessoa de forte autoridade moral, desafia tanques e impérios, e ninguém consegue fazer nada contra ele. Isto é autoridade. É um Lutero, que na Dieta de Worms, desafia todo o opressivo sistema religioso de então, expondo sua vida, e sai ileso pela autoridade moral que possui. Quando os soldados vieram a Jesus para prendê-lo, ele se adiantou e se apresentou e os soldados “caíram por terra”(Jo 18.5-6), por causa de sua presença repleta de autoridade. Implicações da autoridade? 1. A autoridade de Jesus é a certeza que temos de estar protegidos espiritualmente de toda obra maligna. Um dos antigos pregadores da Igreja Presbiteriana do Brasil, presidindo seu Supremo Concílio entre os anos 1918-1920 (na época Assembléia Geral) foi Constâncio Homero Omegna. Certa vez, como pregador e missionário, chegou a uma pequena cidade do sul de Minas para distribuir bíblias e pregar. O padre da cidade e um fazendeiro, não gostaram daquela presenca, e o fazendeiro contratou um pistoleiro para matar o pastor. Como ele andava sempre numa mula branca, era alvo fácil. Naquele dia, porém, por uma intervenção divina, seu animal desembestou e fugiu pelo pasto. A pessoa que o hospedera, resolveu emprestar-lhe outro animal. Quando o pastor se aproximou da tocaia onde se encontrava o pistoleiro, este saiu de detrás do mato, e, sem saber que era o pastor, foi conversando com ele e lhe revelou que estava ali a mando de um fazendeiro para matar o pastor. O Rev. Homero, entao, lhe perguntou se ele sabia o que fazia o pastor, e a resposta foi negativa, então ele lhe apresentou o plano da salvação e o convidou para entregar sua vida a Jesus. É muito comum que espíritos malignos ameacem a vida do crente em jesus. Tais ameaças não se cumprem, porque sobre o povo de Deuspaira a autoridade de Jesus. Ele mesmo confortou seus discipulos dizendo: “Eis, aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpioes, e nada, absolutamente nada, vos causará dano”(Lc 10.19). Satanás nada pode fazer com o crente, a não ser que Deus lhe dê autorização explícita, como fez com Jó. A bíblia nos ensina que aquele que é nascido de Deus, é guardado e o maligno não lhe toca (1 Jo 5.18). A autoridade de Jesus é a certeza que temos de estar protegidos espiritualmente de toda obra maligna. 2. A autoridade de Jesus está sobre a igreja, não apenas para protegê-la, mas para a igreja exerça tal autoridade. Não se trata apenas de ser protegido, mas proteger outros, confrontar o inferno. Em Mc 3.14-15 lemos: “Designou doze para estarem com ele, os enviou a pregar, a exercer autoridade de expelir demônios” (Mc 3.14-15). Este é o ministério de confrontação que foi dado à igreja. Certo crente se viu na casa de uma família que invocava espíritos malignos e espíritos supostamente mediúnicos, por causa de suas convicções, se retirou, foi para o seu quarto, e começou a orar. O resultado foi que, naquele dia, nada aconteceu ali. O guia espiritual disse que alguma coisa saiu errada porque haviam forças de oposição no mundo espiritual. Oração, submissão a Deus, quebrantamento, confissão e perdão, são caminhos seguros para confrontarmos as trevas. O crente mais simples, estando submisso aos pés de Jesus, é capaz de confrontar os demônios mais renhidos. 3. Precisamos entender que esta autoridade de Cristo, foi conquistada na cruz, e é nossa garantia sobre eventos futuros – Jesus derrotou a Satanás, ele derrotou a morte. A narrativa bíblica sobre a batalha final, descreve Jesus tendo absoluto controle sobre as forças do falso profeta e do anticristo. Não há poder, na terra ou no céu, capaz de impedir o governo de Cristo e sua vitória. A batalha já está ganha, Jesus a garantiu ao triunfar sobre principados e potestades, na cruz (Cl 2.14-15). Em Mc 5 temos a narrativa do livramento de um endemoninhado em Gadara. O texto de Mateus afirma que os demônios disseram a Jesus: “Vieste atormentar-nos antes do tempo?”. Os demônios sabem que seus dias estão contados, e que o destino final das trevas é o lago de fogo e enxofre, onde se encontram a besta, o falso profeta e o anticristo (Ap 20). Todas as coisas estão debaixo dos pés de Cristo (1 Co 15.27), embora ainda não vejamos todas as coisas a ele sujeitas (Hb 2.8), mas sua autoridade demonstrada na sua vida, na realização dos milagres, nas intervenções sobrenaturais e nas curas; e na sua morte, pela sua vitória na cruz, são a garantia de que tais promessas e autoridades serão para sempre, afinal “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e será para sempre”(Hb 13.8).

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