domingo, 9 de setembro de 2012

Gn 3 O processo da Queda


Introdução:

Até o final do capítulo 2 de Gênesis, vemos a criação no seu estágio de perfeição. A definição clássica de sua condição é dada pelo próprio Deus quando aprecia sua obra criada: “Vi Deus que tudo era bom”.
O capítulo 3 de Gênesis, porém, introduz uma nota desarmônica no universo com a entrada do pecado no mundo. A partir de então, o universo sofre uma profunda inversão de sentido e valor. O homem transgride, aceita a sugestão da serpente, e isto afeta sua relação com Deus (espiritualidade), consigo mesmo (mundo psicológico), sua esposa (relacionamentos) e com a natureza (ecologia).
Como o homem abandonou o Senhor e aceitou as orientações do diabo, vemos descrito neste capítulo. Aqui vemos como seu deu o processo da queda. As mesmas estratégias continuam sendo usadas pela serpente ainda hoje, afinal, se a criatividade é uma característica da divindade, a imitação é de Lúcifer. Satanás sempre tenta mimetizar e deturpar o projeto divino. Podemos perceber também que satanás é mestre em perseguir a Deus, e insistir nos mesmos antigos métodos, de forma perseverante.

Como se dá a queda?

  1. Satanás faz parecer natural, aquilo que é anti natural – Falar com a serpente não é um comportamento natural, mas Eva não se espantou quando apareceu por ali uma serpente falante. Uma das coisas mais assustadoras é como Satanás nos convence de que coisas bizarras são normais.
    1. Certa vez estávamos pregando em Belo Horizonte. Logo após o culto, a frente da igreja que dava para uma praça, se transformava num ponto de encontro de encontro de travestis. Foi assim que ouvimos um irritado comentário de uma destas pessoas, depois de ser abordado por um cliente: “Veja só, ele pensava que eu era mulher... Por acaso pareço uma mulher?”. Minha esposa comentou: “Interessante: Veste-se como mulher, tem comportamentos como os de uma mulher, mas se irrita se é confundido com uma mulher...
    2. Minha esposa teve um estranho sonho quando cuidava dos adolescentes nos Estados Unidos: Via rapazes e moças da igreja sendo picadas por pavorosas aranhas, que as picavam de forma dolorida, sem se incomodarem; logo depois passaram a brincar com uma cabeça sem corpo, e quando aquela cena estranha se repetia, ela ficava assustado com aquilo, mas não os jovens. Acordou sobressaltada dizendo: “Assim agem nossos filhos, lidam com coisas estranhas e as acham comum”.
    3. Certo menino, cresceu na igreja presbiteriana de Votorantim-SP. Depois se afastou do Evangelho, tornou-se homossexual, deformou completamente seu corpo com silicone e se distanciou completamente de Deus. Sua mãe orou até sua morte pelo filho. Um dia, aquele agora homem formado, ingere uma comida que lhe faz muito mal. Naquela noite teve pesadelos, vomitou exageradamente e pensou que estava morrendo. De madrugada, foi ao banheiro, e quando se olhou no espelho ficou assustado ao ver o seu corpo completamente deformado pelo silicone. Ficou apavorado, e procurou o pastor da sua antiga igreja, perguntando o que havia acontecido com ele, pois não conseguia se reconhecer no espelho, e a partir daí, voltou para Jesus, para refazer sua vida.
Satanás faz o divórcio, a traição, a infidelidade, o suborno, o baile funk, as festas raves, a dancinha da garrafa, parecerem normais. Nos acostumamos com as coisas bizarras e nem sequer percebemos quão grave é a nossa situação aos olhos de Deus.

  1. Satanás gera necessidades no paraíso – Eva encontra-se no Éden, onde tudo era perfeito, mas o diabo consegue colocar uma necessidade na vida, fazendo parecer que a coisa mais importante da vida, era ter acesso ao fruto do conhecimento do bem e do mal. Fez com que os mandamentos de Deus fossem penosos e limitadores, mas Deus só havia proibido uma coisa. De todas as demais árvores ela podia comer, exceto aquela, que agora lhe parecer ser a mais importante. Eva quer algo mais. O paraíso lhe parece incompleto. Surge uma insaciabilidade e descontentamento que parecem impossíveis de serem satisfeitos. Satanás coloca o foco no limite (o que não pode), e não nas possibilidades (de todas as arvores do jardim podereis comer).
Tenho ficado impressionado, como temos de tudo, mas nossa alma ainda continua insatisfeita. Tenho conversado com pessoas que podem fazer viagens internacionais todos os anos, comprar carros novos, moram em lindas casas, mas a alma está insatisfeita. Se enchem de coisas em busca de sentido, mas o descontentamento tem roubado a vida das mesmas.
Quando Rockefeller se tornou o homem mais rico do mundo, perguntaram-lhe quanto dinheiro a mais ele queria, e ele afirmou: “Só um pouquinho a mais”.
A Bíblia nos ensina: “Tendo o que comer e com que nos vestir, estejamos contentes”. Kirk Douglas, ator hollydiano certa vez afirmou: “Sou mais feliz que meus filhos, eu nasci pobre”. A bíblia nos ensina a contentar-nos com o nosso soldo, e nos exorta a vivermos uma vida sem murmuração.

  1. Satanás lança suspeitas sobre os motivos de Deus – A grande batalha da história acontece sobre este pressuposto. Satanás sugere que existe algo obscuro, e motivações nebulosas no caráter de Deus, naquilo que ele faz.
    1. Deus governa seu universo moral em cima de uma mentira “se comer, morrerás”. Deus mente. A tese básica é a de que vivemos numa redoma onde as coisas que parecem ser não são. Este universo não é real, Deus o governa em cima de uma mentira.
    2. Pode desobedecer que não há juízo“É certo que não morrereis” (Gn .3.4). Não haverá punições, não haverá julgamento, o universo não possui um princípio moral. Nem a realidade que vemos é de fato real. Deus cria conceitos para aprisionar os homens, torná-los cativos de conceitos religiosos ou sociais. Não há conseqüências espirituais sobre suas escolhas morais pecaminosas. Pode fazer o que quiser.
    3. Deus não está bem intencionado – É interessante a linguagem da serpente: “porque Deus sabe”. Sua atitude de alienação é intencional. Ele, de antemão preparou o homem para viver as suas próprias limitações.
4.       Satanás enfraquece as convicções morais sobre a palavra de Deus e seus valores – Podemos perceber neste texto que Satanás cria uma lógica dialética. Seu plano de ação pode ser distinguido em três fases, sempre com progressão das idéias. Ele não inicia o diálogo com Eva fazendo abruptamente uma proposta de ruptura com Deus. Ele faz insinuações, bem elaboradas e caminha de forma filosófica, começando com as sementes da desconfiança no teor da afirmação de Deus.
·         É assim que Deus disse”: O que vemos aqui é uma afirmação. Satanás parece inicialmente concordar com o que Deus disse.
·          “Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3.1) Aqui surge a interrogação. Ele não nega o que Deus fala, mas lança dúvidas sobre o conteúdo de sua Palavra.
·         “É certo que não morrereis” – Agora temos uma discordância aberta sobre a afirmação que Deus havia feito. Satanás só afirma categoricamente sua oposição quando Eva  passou por um processo no qual suas defesas foram desarticuladas. Satanás age desta forma ainda hoje. Ele nos faz, paulatinamente assimilar conceitos anti cristãos e aceitá-los como verdadeiros. Quase que sem perceber, por meio da cultura, da imprensa, ele vai estabelecendo a lógica de sua argumentação.
Os princípios da Palavra de Deus são relativizados. Satanás destrói os fundamentos e atinge a forma como o homem interpreta sua relação com Deus. Quando a Palavra de Deus é relativizada ou questionada, temos o caminho aberto para pecar e transgredir contra Deus.

  1. Satanás afeta os sentidos humanos – “Vendo...” Agora o homem e sua mulher são tocados na sua percepção visual. Tiago fala das “concupiscências dos olhos”.
Os sentidos dos homem são diretamente explorados.
Assim acontece com a raça humana. Boa parte de nossas tentações são visuais. O pessoal que trabalha em marketing tenta sempre “criar necessidades”. Nós não as temos, enquanto não nos deparamos com elas, mas quando a propaganda é feita, começamos a querer aquilo que nos é oferecido.
Os termos “agradável” e “desejável”(Gn 3.6) estão relacionados aos sentidos, são coisas que nos atraem e dão prazer. Tentação é o despertamento de uma coisa boa, sendo desvirtuada em nós. Este é o sentido da palavra bíblica “concupiscência”(desejo estragado). Quando os desejos são tocados nos deixamos levar pelos mesmos e nos destruímos. Nos tornamos não seres morais, mas seres de impulsos e instintos. O Jornal “O Globo”de 7/set/2012 trazia uma reportagem no qual as meninas afirmavam que 54% delas atualmente fazem sexo sem responsabilidade, compromisso e amor, apenas por instinto e prazer. A queda afeta os sentidos.

Conclusão:
A queda não se deu no vácuo, mas foi um processo, lento e cuidadosamente arquitetado pelo diabo. Adão não viu os riscos do diálogo de sua esposa com a serpente, e se viu, preferiu ignorá-los. Eva aquiesceu às sugestões, afinal, a serpente parecia tão articulada e atilada. E se a serpente estivesse certa? E se Deus realmente tivesse apenas fazendo tolas ameaças?
As propostas do inferno encontram eco na nossa cobiça pessoal. O fruto proibido se torna desejável e agradável aos olhos e esquecemos a recomendação divina construindo então nosso próprio roteiro e agenda.
A Bíblia, porém, nos adverte: “Há caminhos que aos homens parecem ser bons, mas no final, são caminhos de morte”. Afinal, todas as maçãs do diabo são bonitas, mas todas elas tem bicho.

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