Introdução:
Com a abertura do
sétimo selo, espera-se o desfecho da história, porque o livro que guardava
selado a trajetória da humanidade, agora já foi completamente aberto, contudo,
o desfecho esperado não se cumpre. Pelo contrário, após um período de silêncio
no céu, surge uma nova série de seqüência de setes, agora descritos como as sete trombetas. “A unidade do livro
de João, então, não é cronológica nem aritmética, mas artística. Como um tema
musical com variações, cada variação acrescentando algo novo para demonstrar a
significação da composição como um todo. Esta é a única visão que faz adequada
justiça para o duplo fato que cada nova série de visão recapitula e desenvolve
temas já apresentados naquilo que já foi exposto”.[1]
Seguindo a
simbólica linguagem dos sete, que na descrição de João significa “plenitude”,
dos capítulos 8-14 encontramos sete novos acontecimentos:
1.
A série de catástrofes
cósmicas (figuradas, simbólicas ou alegóricas);8:6-13
2.
A série de catástrofes
que dizem respeito à humanidade, maciçamente submetida à morte (também deve ser
interpretado simbolicamente) - cap. 9
3.
A revelação de um livro –
cap. 10
4.
A vitória aparente dos
homens sobre a testemunha de Deus - cap. 11
5.
A realização da profecia
de Isaías pela vitória de uma criança sobre o dragão -cap. 12
6.
O surgimento das bestas -
cp. 13
7.
A vitória do Cordeiro -
14:1-5 que, após o toque da última
trombeta torna-se o julgamento final.
As trombetas revelam
juízo de Deus. Sabemos pelo estudo do Novo Testamento que a “última trombeta” é
usada convencionalmente como sinal para a parousia de Cristo. Mt.
24:31; I Co.15:52; I Ts. 4:16. Neste texto, as primeiras quatro trombetas descrevem uma
série de desastres naturais afetando terra, oceanos, águas correntes e céus.
Estas pragas são julgamentos de Deus e tem como propósito conduzir os homens ao
arrependimento.
Um fato que requer de
nós uma atenção especial é que estes males saem de diante do trono do Deus.
Temos aqui um desafio hermenêutico e teológico: Conciliar a questão do
sofrimento sendo infringido pelo próprio Deus, e sua natureza amorosa e
misericordiosa.
Estes “flagelos” que caem sobre os homens em
Apocalipse servem para estabelecer juízo e para que exista uma profunda
restauração que de outra forma não seria possível. As primeiras quatro trombetas
provocam danos materiais à natureza, e as três últimas anunciam perdas
materiais, causando angústia espiritual aos ímpios.
Estas duas séries
distintas das 7 trombetas possuem propósitos distintos, mas complementares, com
o objetivo de instalar uma nova ordem espiritual. Mais do que causar sofrimento
e dor, o objetivo é estabelecer o desmoronamento da presente criação e preparar
o terreno para a chegada de uma nova ordem. O apóstolo Pedro afirma que na
vinda do “dia de Deus” os céus, incendiados, serão desfeitos, e os
elementos abrasados se derreterão”. Se este texto fala da destruição da criação
presente, Apocalipse refere-se a uma nova ordem: “Vi novo céus e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe”. Ap. 21:1
Os tormentos visam
a criação de uma nova ordem espiritual. A presente ordem não é suficiente.
Existe alguma coisa que precisa ser “desfeita”, que sofreu a marca do pecado e
se descaracterizou do seu propósito original.
“A natureza está sujeita a vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele
que a sujeitou”. Rm. 8:20
Na linguagem
Paulina, há uma força que leva a toda a natureza a um grande sofrimento: “Toda a criação, a um só tempo, geme e
suporta angústias até agora”. Rm. 8:22 Este sofrimento não é algo apenas
escatológico, mas que já é sentido pela natureza desde os tempos apostólicos.
Existe um gemido da criação se volta para a percepção de que existe alguma
coisa superior que precisa ser estabelecida. “Na esperança que a própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção”. Rm. 8: 21
Esta presença
desfiguradora, esta potência do mal que se encontra veiculado à natureza criada
por Deus, precisa ser destruída. “De
alguma forma, trata-se de destruir toda a humanidade para refazer espiritualmente
um outro mundo”.[2] “Uma espécie de des-criação” questionamento, em sentido inverso, das obras
do 3o.dia (O verde e as águas), do 4o. dia (os
luminares), do 5o. dia (os peixes); é uma verdadeira contra-criação
que se opera (até o momento em que se iniciará o processo da nova criação em
Jesus)” [3]
Nas Escrituras, o
juízo de Deus tem sempre duplo sentido: Destruir o presente caos, o pecado que
assedia uma determinada cultura ou momento da história, e o estabelecimento de
uma nova realidade espiritual. O mesmo se dá na simbologia da literatura
apocalíptica.
Assim podemos
retornar a discussão inicial de como conciliar o caráter de um Deus bom e
misericordioso, à idéia de julgamento e juízo. Nas Escrituras, sofrimento e dor
não estão separados do caráter amorável de Deus, a presença de Deus não elimina
a dor, mas a ilumina. Muitas vezes nas escrituras, Deus mesmo nos conduz
através de amargas experiências para revelar sua presença, cuidado e amor no
meio de nossas tempestades. Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito (Lc.
4:1), o deserto de Jesus, tinha um propósito didático e providencial. Da mesma
forma, os discípulos foram “compelidos”
a entrar no mar onde passaram por intensa aflição e angústia, mas onde
experimentaram a presença majestosa de Jesus andando sobre as águas no meio de
sua aflição e reconheceram sua soberania sobre todas as coisas. Mt. 14:22ss
Ninguém faz opção para entrar numa experiência de mar encapelado, Jesus,
contudo os compele a embarcar,
porque, de outra forma, não poderiam ter esta rica experiência com Jesus. A dor
é o meio pelo qual Deus nos faz perceber coisas, que doutra sorte não
conseguiríamos. Existem realidades espirituais que só podem ser vistas com os
olhos cheios de lágrimas.
Nem
sempre o sofrimento é realmente ruim. A dor pode ser muitas vezes o meio de
nossa cura, semelhante a um cirurgião que extirpa um tumor cancerígeno, que é
potencialmente o prenúncio da morte. Ao fazer a cirurgia ele o amputa de alguma
coisa que seria prejudicial ao corpo, mas o processo é dolorido, a cicatriz leva
algum tempo, mas aquele ato de dor, livra o paciente da morte. O paciente pode
interpretar isto como uma tortura.
As sete trombetas
possuem um objetivo claro na história da humanidade. Seu propósito é conduzir
os homens ao arrependimento, mostrar-lhes a necessidade de reconsiderarem sua
caminhada sem temor a Deus e trazê-los para perto do Senhor. Quando a sétima
trombeta proclamar que Deus assumiu o governo da história pelo seu soberano
poder, apenas então, as oportunidades para o arrependimento serão fechadas,
quando Jesus destruirá “os que destroem a terra”. Ap.11:18
O que significam as Trombetas?
Trombetas são
usadas por Deus para anunciar, para fazer barulho, para alertar os desatentos.
Nas antigas batalhas, o homem responsável por tocar as trombetas tinha um papel
de essencial de vigilante. Sua função era proteger das ciladas aqueles que
dormiam, alertá-los do perigo iminente. Ninguém conseguia continuar dormindo
quando a trombeta era tocada, seu barulho despertava, incomodava. É este também
o sentido destas trombetas aqui.
Vejamos as 4
primeiras trombetas, elas anunciam as calamidades sobre a natureza: terra, mar,
rios e os céus.
A primeira trombeta:
8:7 “O primeiro anjo tocou a trombeta,
houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados a terra. Foi então
queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde”. Tempestade
de saraiva (granizo) e fogo (misturado com sangue). Isto revela o poder de sua
destruição. A terceira parte das árvores e toda erva são queimadas. A expressão
“foi atirada a terra”, revela a
origem desta destruição. Elas procedem do trono de Deus.
A segunda trombeta:
João vê uma como grande montanha ardendo em fogos,
sendo atirado a terra. Ele não diz que é montanha, mas algo que se parece com montanha.
O juízo é severo. Uma terça parte do mar se converte em sangue, e a calamidade
atinge de forma muito dura a natureza, matando os peixes, e atingindo também as
embarcações, implicando também uma destruição sobre os homens que se encontram
nela.
A Terceira trombeta:
João vê agora uma
tragédia se abatendo sobre os rios e as fontes de águas. Uma grande estrela,
ardendo como tocha, talvez uma referencia a um meteorito. O nome da estrela é “absinto”, símbolo de aflição e amargura.
A conseqüência é dramática porque as fontes sendo afetadas alteram também o
ciclo da vida e da natureza, pelo fato de em muitos lugares a água se tornarem
em absinto, as pessoas morrem ao ingeri-la, bem como os animais.
A quarta trombeta
A quarta trombeta
atinge os astros. O sol é ferido bem como a lua. Falta luminosidade. Falta
claridade. Não há luz suficiente durante o dia nem durante a noite. É a quebra
da luz, criação de Deus diante do caos conforme nos relata Gênesis. No meio do
caos, a primeira coisa a ser criada é a luz. Gn. 1:3 Agora, esta primeira obra
de Deus é ferida pelo seu juízo.
Interrupção:
Entre a quarta e a
quinta trombeta, mais uma vez somos levados a uma interrupção. Já estamos nos
acostumados a perceber que em Apocalipse sempre surgem pausas. Diante do frenesi
dos movimentos históricos surgem reticências, hora de se fazer uma pausa, que
serve para reflexão e avaliação. Surge uma
águia no cenário. Esta águia anuncia as trombetas restantes. Se os
sofrimentos que surgiram com o toque das quatro primeiras trombetas estão para
além do imaginável, a águia adverte que o que virá é ainda mais dramático e
dolorido. “Ai dos que moram sobre a terra
por causa das restantes vozes das trombetas dos três anjos que ainda tem de
tocar”. 8:13 O que virá é ainda pior.
A quinta trombeta:
·
O sentido do abismo
(9:1ss) é forte. Abismo era o que existia em Gênesis, antes da criação “havia trevas sob a face do abismo”. Gn. 1:2 Antes da criação
da presente ordem tal qual a conhecemos só existia o abismo. Abismo representa
o caos, o nada. O abismo desaparece diante da ordem criadora de Deus e do seu
senso artístico. Este abismo, porém, tem o seu retorno agora, de acordo com
este texto. É o triunfo do diabo, da falta de sentido. O anjo do abismo, que
governa sobre estes gafanhotos, é chamado de dois nomes: Abadom (hebraico) e apoliom (grego).
Vemos aqui a destruição, a des-criação, como aponta Ellul, antes que o Espírito
de Deus instaurasse uma nova ordem nesta desordem era o abismo que existia,
apenas ele. Neste texto, o caos prevalece. O abismo retorna querendo governar.
Abadom é um termo que ocorre
seis vezes no Velho Testamento, como sinônimo de Sheol ou Hades, o
cemitério do universo, a terra dos mortos, das trevas, do silêncio e onde toda
esperança se esvai. Apoliom não surge
em nenhum outro lugar como nome próprio. Uma possível explicação é que João
queria, paralelo a esta descrição do juízo, atacar o Deus Apolo e indiretamente
o Imperador Domiciano, que gostava de ser visto como Apolo encarnado.
Hendriksen chama a
atenção para o fato de que o abismo também indica o inferno antes do juízo
final. [4] (Lc. 8:31; Ap. 20:1,3). Quando lemos que o anjo abre a porta do abismo,
quer dizer que Deus dá liberdade para que o inferno atue de forma mais poderosa
e violenta sobre a terra, a maldade é incitada com a liberação destas forças
demoníacas. Por isto surgem fumaças negras que saem do abismo, e estas fumaças
são tão espessas que encobrem o sol e a lua. “É o fumo sujo, negro e horrível…
Da decepção, do erro e do pecado e da tristeza, da obscuridade e da degradação
moral que está subindo do inferno”[5].
Deus dá ao anjo a
autoridade para abrir a tampa do poço do abismo, que era mantida em controle
pelo criador. Desde a criação até aqui, o caos, o abismo não tinha liberdade de
ação, porém, agora, Deus novamente dá permissão para que se instale o caos,
triunfe o delírio. Para que a anarquia e a desordem retornem ao ponto original
existente antes de sua intervenção criadora.
Alguns
consequências surgem deste caos:
(a)
- É o fim da luz, já que
a fumaça que sai deste abismo é capaz de escurecer o sol e a lua (9:2);
(b)
-
o caos traz também dor; confusão - dele saem gafanhotos (9:3) Cujo propósito é
claro, não causar a morte, mas gerar tormento. 9:5 Deus usa o diabo para
castigar os ímpios. Aqueles a quem eles servem, assume a posição daquilo que
ele é. Atormentador! Surge o terror e destruição, porque esta é a obra de
satanás.
(c)
- Os gafanhotos possuem
uma identidade confusa - Nele se misturam várias identidades, e nenhuma é
característica do gafanhoto, exceto a cauda que tem ferrões que agem por
detrás. Comentaristas vêem nisto o poder da mentira Esta mistura revela a
confusão criada, o engodo, aparências. As coisas não são diferenciadas: pode
ter rosto de homem, mas utilizar dentes de leões. Agem pelo poder da confusão
que sua identidade confusa e estranha é capaz de gerar. Para os judeus do
Antigo Testamento, esta mistura é o sinal da contracriação, já que a criação é
caracterizada pela separação (Deus separou o mar da terra, a luz das trevas, o
seco e o úmido), e aqui existe uma con-fusão de imagens e indiferenciação.
(d)
- Possuem poder limitado
- cinco meses. Existem coisas que não devem ser destruídas, cinco meses é a
marca do limite. O aniquilamento não pode ser total, por isto o tempo de ação e
poder é relativizado. Mesmo quando o mal é liberado, mesmo quando as trevas
aparentemente triunfam, o poder é limitado. Ninguém suportaria o mal em sua
plenitude.
Os homens querem
morrer, mas não podem. “Naqueles dias, os
homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer,
mas a morte fugirá deles”. 9:6 A dor é tão intensa que os homens procuram a
morte, mas este tempo não é tempo para negação, morte ou fuga, mas tempo para
confrontação, para acerto de contas.
A sexta trombeta:
Esta trombeta fala
de 4 anjos da morte, anjos demoníacos com poder de destruição que são
liberados. (obviamente são diferentes dos quatro anjos mencionados em 7:1).
Estes anjos de 9:14 estão acorrentados, dando uma idéia de que são seguros por
Deus pelo seu poder destrutivo. Estes anjos, apesar de liberados, também não
agem com liberdade absoluta. Não podem fazer nada sem que Deus permita.
Hendriksen vê nisto uma referência aos poderes políticos e militares, porque em
tempos de guerra, os ímpios se parecem com demônios encarnados[6]
·
O número dos soldados é
inumerável: 200 milhões de soldados. Número simbólico que expressa a idéia de
magnitude. Seu propósito é destruir. O texto relata que, não somente os
cavaleiros eram perigosos, mas também os cavalos. Os cavalos são descritos como
agentes com forte poder de destruição, provavelmente uma referência aos poderes
bélicos que constroem armas cada vez mais sofisticadas e poderosas, todos
instrumentos de morte e destruição, capazes de causar grandes danos e mortes.
O texto conclui
dizendo que apesar de todas estas manifestações terríveis e pavorosas, ainda
assim, existe uma rejeição a obra de Deus. O homem é colocado aqui diante de
uma decisão, mas ainda assim não se arrependem das suas obras, não renegam seus
ídolos, não deixam de adorar os demônios, não se arrependem de sua maldade e
nem abandonam suas feitiçarias. “Nem
ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da
sua prostituição, nem dos seus furtos”. 9:21 Em outras palavras, mesmo
diante do evidente juízo de Deus estes homens se arrependem de seus maus
caminhos ou mostram algum desejo interno dh mudança.
Conclusão:
Quais as lições que
podemos extrair deste texto das Sagradas Escrituras? O que isto tem a ver com a
sua vida e com a nossa história?
1.
Este texto nos declara de forma inequívoca Deus tem controle absoluto da
história- Os
eventos, os acontecimentos não se dão à margem de sua ordem. É do Trono de Deus
que surgem os anjos para determinar os últimos acontecimentos, para tocar as
trombetas. O processo de destruição e des-criação que ocorre nestas trombetas
são eventos determinados por Deus. Na quinta trombeta, vemos o absoluto
controle de Deus sobre o “abismo”. Este abismo (inferno), está fechado, e só é
aberto, na hora determinada por Deus, que é anunciada pela trombeta de um dos
anjos que estão diante do trono de Deus. O anjo apenas cumpre a ordem de Deus.
Na sexta trombeta ainda se torna mais evidente quando os anjos da destruição
são liberados, são desamarrados, são liberados por Deus para que, por pouco
tempo possam realizar a destruição e a matança que são próprias destes anjos
malignos. Mas estes anjos são liberados para que realizam sua função apenas “no
dia, mês e ano” para o qual estavam “preparados”. Ap. 9:15 A força da destruição e da dor também não é
uma força descontrolada, elas estão debaixo do controle de Deus e são liberadas
para executar os propósitos de Deus e para cumprir a vontade soberana de
Deus.
Os eventos não se
dão por acaso, não são frutos de atos isolados, antes refletem um plano mestre
de Deus. Mesmo a des-criação ocorrida aqui no texto, possui uma finalidade
clara, que retirar o provisório, para estabelecer o definitivo.
Muitas vezes nossa
história pessoal parece sofrer um processo de des-criação. Somos confrontados
com situações que alteram completamente nossa história. Mesmo neste contexto
temos que entender que nossa história não segue uma direçÃo cega. Temos um pai
bondoso, amorável, que usa momentos como este para nos ensinar, para nos
repreender, para trazer-nos de volta a consciência e para termos novas e
profundas experiências com ele. Na Bíblia, sofrimento não é algo desproposital,
mas sempre tem sentido. Sofrimento não é mero sofrimento, Deus tem um propósito
amorável diante da nossa confusão e caos.
2.
O juízo de Deus vem - As trombetas são
instrumentos de alerta, servem para nos tirar do sono e trazer novamente a
lucidez.. Servem para alertar. Trombeta é símbolo de vigilância. Não dá para
sermos negligentes e desatentos. Este descaso e indiferença podem nos trazer a
morte. O texto relata que o juízo de Deus está chegando, e que temos que
acertas nossas contas. A verdade vai se tornar clara, nossos motivos serão
revelados. O que ainda está encoberto será trazido à tona. É tempo de acertos. “Portanto, assim te farei, ó Israel! E,
porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu
Deus”. Amós 4:12
3.
Deus demonstra que sofrimentos e tragédias são transitórios, e mesmo as
calamidades mais hediondas cumprem propósitos eternos -
A dor e o sofrimento não são realidades despropositais. O que Deus está fazendo
aqui é anunciando um novo tempo, trazendo novas realidades. Mas para que isto
aconteça, é necessário desfazer o velho, desconstruir realidades estabelecidas,
desmascarar subterfúgios, para que o novo se estabeleça, para que o eterno se
torne conhecido e seja firmado. Para isto acontecer, é necessário que seja
destruído o que precisa ser destruído. O texto nos demonstra também que o
sofrimento e a dor são limitados também pelo Senhor, e que mesmo as forças mais
antagônicas não possuem toda liberdade de ação. O abismo pode agir com seu
poder destruidor, mas seu poder não se estende aos eleitos de Deus (9:4),
atingindo apenas “aos que não tem o selo de Deus sobre a fronte”. E que mesmo
sobre aqueles que ainda não tem a marca do Cordeiro, o inferno tem poder apenas
temporal, de cinco meses.(9:5) e não podem ir adiante no seu propósito de
destruição. Podem atormentar, mas não podem matar.(9:5) Mesmo sobre sofrimentos
que vem sobre justos e injustos, existe atuação limitada. Os anjos só são
libertos em determinados contextos (dia, mês e ano definidos), e com ordem
explícita de Deus. “solta”… (9:14).
4.
As trombetas anunciam que em tempos de mudança e juízo, é inadmissível que
continuemos sem tomarmos uma decisão - O texto nos
mostra que facilmente tendemos a nos evadir de confrontos, como se fosse
possível continuar a fugir eternamente. Vemos aqui homens buscando a morte.
(Apoc. 9:6) Eles não querem ser confrontados, recusam o encontro com aquele que
vê todas as coisas. É hora de acerto de contas, e os homens se sentem
ameaçados. O que os homens temem não é a morte, o que eles temem é o encontro,
o olhar de Deus, o juízo.
Contudo, o texto
demonstra também que os homens preferem continuar no seu ciclo de rejeição e de
infidelidade a assumirem um compromisso sério com Deus. Preferem continuar
vinculados aos anjos da morte que ao Deus eterno e sua mensagem. O texto de
apocalipse (9:20-21) é um apelo ao arrependimento e a conversão que implica na
rejeição das religiões falsas, a conceitos e práticas pagãs. É tempo de
decisão! É hora da tomada de posição. O texto descreve, não sem uma certa
tristeza da parte do apóstolo de João, que mesmo diante de todas estas coisas,
“ainda não se arrependeram…” (9:21) A
verdade é declarada, mas ainda assim não ocorre nenhuma transformação.
Sobre a sétima trombeta falaremos adiante…
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