sexta-feira, 4 de julho de 2014

1 Jo 5.13-20 Verdades que precisamos saber



Quando crianças éramos submetidos anualmente a um ritual de tortura. Para combater enfermidades a mamãe nos dava um poderoso vermífugo chamado tetraclorietileno, que causava reações de tonturas, vômitos e mal estar. Numa destas vezes minha irmã teve que ser levada ao hospital para se recuperar. Se você é médico mais antigo certamente deve se lembrar deste remédio que era vendido normalmente nas farmácias populares. Recentemente descobrimos que ele era feito à base de uma lavanda altamente tóxica, que é usada para clarear roupas e é cancerígeno. Naturalmente o ministério de saúde já proibiu sua venda e a mamãe só nos receitava porque ela não tinha todas estas informações.
Ela não sabia dos riscos inerentes a este remédio quando nos dava. A falta de informação tem efeitos danosos. O profeta Oséias disse que o povo de Deus estava sendo destruído porque lhe faltava “conhecimento” (Os 4.6). A ignorância quanto às coisas espirituais estava gerando morte na vida do povo de Israel.
Neste texto de João, vemos o apóstolo se apropriando de um elemento importante para a vida cristã: o saber. Por cinco vezes ele usa este verbo (1 Jo 5.13,15,18,19,20). O saber tem a ver com conhecimento. Nestes 8 versículos que lemos (13-20), ele fala de seis coisas que precisamos saber para nossa caminhada cristã.
O apóstolo João é profundamente anti pós-moderno. A atual geração tem uma tendência para dubiedade e ambigüidade. As coisas podem dizer e ao mesmo tempo não dizer, é a famosa dialética hegeliana, cujo relativismo comporta até mesmo os opostos. Por exemplo, “ficar”, verbo que dá idéia de permanência, estabilidade – para a geração moderna significa “não ficar” e expressa transição – e rápida! Para o apóstolo João, as coisas são o que são, e não podemos ter dúvidas, mas convicções – precisamos saber. As coisas são ou não são, não existe dubiedade. Luz é oposto de trevas; ignorância é oposto de conhecimento; filhos de Deus são diferente dos filhos do diabo.

Neste texto, encerrando sua primeira carta, ele faz questão de frisar alguns destes pontos:

1.      Precisamos saber que temos a vida eterna – “Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5.13). Esta carta foi escrita com este objetivo. Para nos assegurar e dar convicções sobre nossa realidade eterna.

As promessas de salvação são muito claras nas Escrituras. Jesus não fala dos céus e da salvação eterna em termos de possibilidades, mas de realidades. Não se refere em termos de probabilidade, mas de fato.
Em geral, as pessoas falam de coisas eternas com muita ambigüidade e eventualmente com muito medo. Não aprenderam as verdades sobre a salvação, e quando falam dela, falam em termos difusos, ou com fundamentação errada.
Certo adolescente da igreja em Minaçu-GO, foi o primeiro de sua família a se converter. Hoje é o pastor da Igreja Presbiteriana de Rio Verde há mais de 25 anos. Numa aula de religião na sua escola, a professora afirmou que ninguém podia ter certeza das coisas espirituais, porque ninguém sabia ao certo o que iria acontecer, e ele retrucou: “Se a senhora não sabe que isto é verdade, por que está ensinando para nós?”
Jesus fala da vida eterna em termos de convicções claras. “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, credes também em mim, na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fora eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar” (Jo 14.1-2). Os apóstolos também falam de salvação em termos de convicções, não de hipóteses. “Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna”. Você tem certeza da vida eterna em Cristo Jesus?
A base da vida eterna está firmada. “Em Cristo Jesus”. Se você pensa que ter certeza da vida eterna é vaidade espiritual, estou convencido de que você está pensando em salvação em termos de uma conquista pessoal e não através da obra meritória de Cristo, de sua justiça que pagou o preço do nosso resgate na cruz. A certeza nunca pode estar em nós, já que salvação não é meritória. Você não “ganha salvação”, por causa dos esforços pessoais. Salvação é “dom de Deus, não é de obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9), ela foi conquistada por Cristo.

2.      Precisamos saber que Deus se pedirmos alguma coisa, ele nos ouve – 1 Jo 5.14. Alguns princípios sobre oração são afirmados neste texto e que precisamos saber:

a.      “Esta é a confiança que temos” (1 Jo 5.14) – Precisamos ter confiança no efeito das orações. Nem sempre estamos convencidos de que oração realmente é importante. Temos muitas crises com a oração e por isto quase não oramos. Eventualmente mantemos um discurso de confiança mas nosso coração é desconfiado e carregado de suspeição.

b.     “Se pedirmos alguma coisa”- (1 Jo 5.14). Nem sempre pedimos. Quando pedimos, ainda pedimos mal. Eventualmente não pedimos por causa de nossa independência, outras vezes não o fazemos por causa de nossa incredulidade. Nem sempre temos pedido. O apóstolo Tiago afirma: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 1.3).

c.      “Segundo a sua vontade” – (1 Jo 5.14). Deus não vai atender pedidos que estão fora do seu propósito. Não ore para Deus lhe dar alguma coisa que é contrária à sua palavra, nem oposta aos seus princípios e valores. O apóstolo Tiago afirma: “pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tg 1.4).

d.     “Ele nos ouve”- (1 Jo 5.14). Esta é uma verdade maravilhosa. Você sabe, realmente, que Deus ouve suas orações? O clamor e pedidos de sua alma são conhecidos de Deus? Seus medos, sonhos e projetos? Se pedirmos... ele nos ouve... se o fizermos segundo a sua vontade.

3.      Precisamos saber que todo aquele que é nascido de Deus, não vive pecando – (1 Jo 5.18). Este texto gera algumas reações, porque originalmente o que é dito é que “todo aquele que é nascido de Deus, não peca”. Por causa disto, alguns grupos na história da igreja defenderam o conceito de que seria possível viver num estilo de vida tão santo que viveríamos sem pecado, e estes grupos não foram poucos nem isolados. No Brasil tivemos pessoas respeitáveis defendendo esta possibilidade.

Acredito que o texto esteja afirmando que, aqueles que nasceram de Deus, não vivem “pecando”, no sentido de que “intencionalmente” não querem ferir o coração de Deus, e por desejarem uma vida de santidade e desenvolveram o horror ao pecado, não vivem pecando.
O apóstolo Pedro afirma que quando nascemos de novo, nos tornamos “co-participantes da natureza divina, livrando-nos da corrupção das paixões que há no mundo” (2 Pe 1.4). Este semente divina implantada em nós nos impulsiona à Deus, e por isto, aquele que é nascido de Deus, não vive pecando. Não vive intencionalmente, quebrando princípios de Deus.
Precisamos saber desta verdade, para não viver vida de corrupção. Se você se julga nascido de novo, mas continua numa deliberada vida de corrupção, deve questionar seriamente a natureza do seu novo nascimento, já que, aquele que é nascido de Deus, não vive na prática do pecado.

4.      Precisamos saber que, o nascido de Deus, é protegido do maligno – “Aquele que nasceu de Deus, (Deus) o guarda, e o Maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). Por vivermos numa cultura espiritualizada, não é incomum encontrarmos cristãos com medo de obras malignas, de influências satânicas e do poder do diabo sobre suas vidas.

Muitas vezes já abri a Palavra de Deus para pessoas que se sentiam ameaçadas espiritualmente, mesmo já tendo entregado suas vidas a Cristo. Elas precisavam “saber” que estavam protegidas do maligno, por causa do sangue do Cordeiro. Não precisamos temer o diabo, embora não devamos desafiá-lo. Quando Jesus chamou os seus discípulos, ele os designou para pregar as boas novas e lhes deu autoridade para expelir demônios (Mc 3.14-15).
Veja quantos textos bíblicos nos falam sobre este assunto:

Nm 23.8,20: “Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou?... eis que para abençoar recebi ordem; ele abençoou, não o posso revogar” – estas frases foram ditas por  um poderoso  macumbeiro que havia sido contratado por um rei pagão para “fazer um trabalho” contra o povo de Deus.

Sl 91.1-3,10: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa... nenhum mal te sucederá, praga nenhuma cegará à tua tenda”.

Lc 10.17: “Então, regressaram os senta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!”

2 Ts 3.3: “Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno”.

1 Jo 4.4: “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 Jo 4.4).

5.      Precisamos saber que somos de Deus – (1 Jo 5.19). Esta é outra verdade que precisamos assimilar pela sua importância e porque tem a ver com a nossa identidade. “Somos de Deus”.

Muitos sabem teoricamente desta verdade, mas possuem uma mentalidade de órfão. Não percebem que realmente pertencem a Deus. Viver como órfãos nos transforma facilmente em vítimas ou tiranos. A orfandade gera sentimento de abandono, de rejeição, que precisa ser restaurado. Curiosamente a bíblia nos fala que “em Cristo, fomos adotados”. Isto seria suficiente para retirar do coração a sensação de abandono. Somos convidados pelo Pai para entrarmos na família celestial, e ele nos trata como filhos, dando-nos todos os direitos conquistados por Cristo na cruz. Paulo afirma que em Cristo, fomos feitos filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo.
No entanto, a maioria vive não como filho amado, mas como órfão, com um grande senso de orfandade na alma. Quando não temos relação de filho, cobramos de Deus e nos sentimos sempre inseguros. João faz questão de frisar: “Sabemos que somos de Deus”. O mundo, a pessoa não-regenerada, não é de Deus, pelo contrário, jaz no Maligno, está debaixo da orientação das trevas, mas nós somos filhos, amados, eleitos, acolhidos. Temos colo e direção.

6.      Precisamos saber o que Cristo veio fazer – “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro, e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo”  (1 Jo 5.20). O que Cristo veio fazer? Ele nos deu entendimento para reconhecermos o verdadeiro.

Há muito engano e sedução neste mundo, e podemos facilmente ser enganados, quando não iluminados pelo Espírito de Deus. Ao nos convertemos, a luz do evangelho da glória de Cristo, nos ilumina e nos dá a graça de distinguir o falso do verdadeiro (2 Co 4.4).
Um expert do tesouro americano foi convidado num “talk show” para falar de sua experiência em distinguir dólares americanos falsos e verdadeiros. No mundo inteiro existe milhares de notas falsas, algumas com imitações grosseiras, mas outras incrivelmente bem feitas, que a pessoa comum não distingue facilmente. Então, o entrevistador lhe perguntou como ele fazia para reconhecer tantas notas falsas, e ele disse: “Eu não conheço as notas falsas... eu conheço a verdadeira”. Quando ele entrava em contacto com as simulações, facilmente as distinguia por ter capacidade de perceber o falso e o verdadeiro.
O apóstolo João afirma que o Filho de Deus nos tem dado entendimento “para reconhecermos o verdadeiro”. A obra de Jesus nos livra de engano, da mentira, da operação do erro e do espírito enganador.

Conclusão:

Estas coisas foram escritas para nos tirar da ignorância espiritual. A ignorância quanto a elas traz graves prejuízos e eventualmente tais prejuízos são fatais, porque tem implicações eternas
Guarde estas verdades de forma clara na mente. Satanás vai usar cada uma delas de forma invertida e perturbada para abater a fé, gerar dúvidas e enganar. Ele vai lançar dados inflamados sobre a mente nas horas em que você estará mais despreocupado e desprotegido, mas se sua mente estiver clarificada, você certamente se manterá firme nos dias maus.


Que Deus nos abençoe!

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