segunda-feira, 30 de junho de 2014

Gn 41 Tempos de vacas gordas (e magras)





Introdução:

Já ouviram o ditado: “São tempos de vacas gordas?”. Esta é uma referência a uma situação na qual as coisas estão dando certas, os negócios estão melhorando e a situação financeira está melhor. Tempos de “vacas magras”, refere-se aos dias em que as coisas não andam nada bem, e que os esforços não estão sendo recompensados.

Todos passam por dias bons e maus. Paulo afirma. Psicólogos reunidos elegeram Paulo como o homem mais feliz da terra, por causa da declaração feita em Fp 4.11: “Aprendi a viver contente e em toda e qualquer situação. Tanto sei estar em situações de escassez como de abundância, de fartura ou de necessidade”. Muitos não sabem viver com prosperidade, outros não sabem viver com carência, mas a vida exige de todos uma certa adaptabilidade. Precisamos aprender a viver em dias bons e dias maus, de chuva e seca.

O autor de Eclesiastes afirma que existe tempo de ganhar e de perder, tempo de amontoar e tempo de dividir (Ec 3).

Muitas vezes o problema não é apenas individual, mas atinge uma coletividade. Não apenas pessoas passam por problemas, mas regiões inteiras, atingidas por uma hecatombe, grandes períodos de seca, depressões econômicas, tragédias. Épocas de guerras e cataclismas levam pessoas a perderem tudo que construíram de uma hora para outra.

A vida de José e sua estratégia nos ensinam como se preparar para os dias maus? O Egito passaria por uma enorme tragédia, que atingiria toda região, e alguns princípios administrativos ajudaram em muito aquela comunidade.

  1. Antecipe-se!  

José se torna uma pessoa diferenciada, pela capacidade de fazer provisão. A Bíblia exalta até mesmo a atitude de insetos que são capazes de se preparar para dias difíceis. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6.6-8).

Fui procurado certa vez por um rapaz que morava sozinho numa grande cidade. Ele estava angustiado, porque sempre tivera suas finanças em ordem e agora estava desordenado. Ele me afirmou que conseguia pagar seu aluguel (já que morava sozinho, suas despesas pessoais e seus estudos), mas desde que a moto dele quebrou, ele entrou em dívidas e não se organizou mais. Na conversa ficou claro que ele nunca havia se preparado para uma eventualidade, e agora, com um pequeno problema, ele estava passando por dificuldades. Falta de planejamento!

Muitas pessoas não fazem provisões para dias maus.

Especialistas americanos afirmam que o ideal é que tenhamos, pelo menos seis meses de economia, em caso de uma demissão ou enfermidade.

Em administração pessoal, o elemento da previsão e da provisão se torna crucial. É exatamente o que vemos na atitude de José. Ele afirma para Faraó que, porque dias de vacas magras virão, seria necessário fazer uma antecipação de recursos, e sugere que 20% de toda produção fosse colocada à parte para sustentar os duros e magros dias que viriam. Sua estratégia e planejamento deram certo salvando suas vidas e de muitas pessoas da região.

  1. Organize-se!

José sugere a Faraó: “Ponha administradores sobre a terra” (Gn 41.34). José tinha em mente o conceito de ganhar/perder.

É errado um cristão fazer previsão?

Num perturbador livro de Jacques Ellul, O homem e o dinheiro, ele chega muito perto desta conclusão, falando da dependência de Deus como elemento fundamental para nossa vida. Mas quando olhamos para a Bíblia, não vemos muita base para não fazermos provisão.

Ter celeiros cheios e lagares transbordantes de vinho era sinal de benção de Deus (Pv 3.9-10). Muitos outros textos podem ser enumerados quando fazemos uma leitura adequada e ciosa do livro de Provérbios, que trata das questões práticas da vida.

Charles Stanley fez uma colocação que considero muito precisa quando pensamos na relação dinheiro/reino de Deus:
  1. Ganhe honestamente
  2. Aplique sabiamente
  3. Desfrute abundantemente
  4. Doe generosamente.

Quando Jesus multiplicação os pães e os peixes, ele deu uma aula de prática de administração:
Em primeiro lugar, ele ensinou sobre a necessidade de avaliar, organizar e planejar. Jesus organiza a situação: “fazei o povo assentar” (Jo 6.10). Isto tem a ver com organizar a vida, a casa.
Gastar mais do que se ganha é o caminho de se tornar deficitário. Esta é a questão básica da economia financeira. Temos que descobrir para onde estão indo nossos recursos.

Precisamos assentar e planejar.

Em segundo lugar, Jesus toma o pão e dá graças (Jo 6.11). O pão era mínimo, o povo era muito, mas quando apresentamos o pouco que temos a Deus isto se multiplica. Agradeça o pão recebido?  Grandes milagres de multiplicação acontecem quando se dá graças.

A questão não é se você come coisas caras ou comprar roupas caras: A questão é se você está conseguindo agradecer a Deus, e já aprendeu viver contente com o que tem? Em terceiro lugar, Jesus manda repartir. Deus multiplica recursos quando não se come a semente (1 Co 9.10). Precisamos aprender a ser generosos. Quando queremos abundância de sementes, devemos plantar. Plantar é um projeto insano, projeto de fé: Jogar no chão a semente que você tem na mão. Às vezes compramos roupas caras, mas não somos capazes de dar. Um dos nossos problemas é o de gastar, por mero hedonismo.

Em quarto lugar. Jesus manda recolher o que sobra (Jo 6.12), para que “nada se perca”. Há muito desperdício, e isto traz pobreza. Jesus tenta ensinar aos seus discípulos que não se pode desperdiçar. O nosso Deus é o Deus da fartura, pois a Bíblia diz que lhe deu o “quanto queriam”,  mas não do desperdício.

Esta foi a mesma atitude em José. Planejamento, administração, cuidado, diligência. Estas coisas enriquecem a vida.

3. Use sua capacidade não apenas para amontoar mas para proteger os desprotegidos
A capacidade administrativa de José em se antecipar e planejar os dias de vacas magras que viriam, se tornou a salvação de milhares de famílias daquela região. A Bíblia afirma que “o povo clamou a Faraó por pão” (Gn 41.55); que “José abriu os celeiros” (Gn 41.56) e que “todas as terras vinham ao Egito” (Gn 41.57).

Quando homens bem sucedidos tem sensibilidade, passam a usar sua capacidade de planejamento e administração para proteger vidas. A atitude de José teve impacto internacional, já que a noticia chegou até Canaã (Gn 42.1).

José tem uma percepção clara de que Deus o usou como um instrumento. “Deus me enviou adiante de vós, para vos preservar a vida” (Gn 45.7).

Conclusão:

Apesar de todos estes princípios serem tão práticos e relevantes, precisamos entender que a maior provisão que podemos fazer para nossa vida não é material. Jesus advertiu seus discípulos para trabalhar, não pela comida que perece, mas pela comida que subsiste para a vida eterna.

Ele já fez provisão especial para cada um de seus discípulos.
Na casa de meu pai há muitas moradas, se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.2-3)

Ninguém pode deixar de ter a provisão para a vida eterna, porque elas são espirituais e tem implicações para toda a vida. 

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