quinta-feira, 5 de junho de 2014

Gn 49 Não se prive da benção!




Introdução:

Quando Jacó vê que seus dias estão chegando ao fim, e sente o prenúncio da morte, convoca seus filhos para abencoá-los. No entanto, nem todos os filhos o são, pelo contrário, para três deles era uma sentença condenatória, por causa de atitudes pecaminosas e bárbaras, que haviam tomado no passado. A sensação que temos é que, por causa de atitudes anteriores, estes filhos foram “privados” da benção, porque o que haviam feito os impediu de recebê-las.
Uma música de Nani Azevedo afirma o seguinte: “Eu não correrei atrás de bençãos. Sei que elas vão me alcançar. Onde eu colocar a planta de meus pés. Sei que a sua benção chegará”. Esta afirmação é verdadeira. Existem muitos correndo atrás de bençãos, sem considerar que benção é resultante de fidelidade. Aquele que crê em mim, disse Jesus, nunca será confundido (ou envergonhado). Isto é benção. O Salmo 128 afirma: “Bem aventurado é o homem que teme ao Senhor, e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem” (Sl 128.1,2). A benção é resultante do temor. Muitas vezes queremos bênçãos, vivendo uma vida de infidelidade, esquecendo-nos do princípio da semeadura: “aquilo que o homem planta, isto ele colherá.
Desobediência gera morte. Fidelidade gera vida, paz, Shalom.
Portanto, procure viver uma vida que permita que a benção flua através dela. Não obstrua os canais da benção de Deus para sua vida. Muitas vezes Deus quer nos abençoar, mas se o fizesse ele estaria se contradizendo, porque estaria abençoando a rebeldia, incredulidade e infidelidade.
Em Malaquias 2.1-2, o Senhor afirma que muitos sacerdotes queriam dar a benção de Deus para coisas que Deus abominava, e a benção se transformava em maldição. As bençãos pastorais, quando fogem dos princípios de Deus, ao invés de serem bençãos, se tornam maldição. Portanto, “nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Andy Stanley).
Na benção proferida por Jacó aos filhos, vemos alguns destes princípios:

1. Leviandade e luxuria privaram Rúben de bençãos – (Gn 49.3-4). A sentença de Jacó contra seu filho primogênito foi duríssima. Eu jamais gostaria de ouvir uma afirmação desta sobre minha vida. “Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito de teu pai e o profanaste; subiste à minha cama” (Gn 49.3-4).
O que aconteceu?
Rúben se envolveu com a concubina de seu pai. Concubina era uma “mulher substituta”. Ela não tinha os mesmos direitos de uma esposa legitima, em geral eram criadas que serviam aos seus donos e lhes geravam filhos, mas eram consideradas suas mulheres, ainda que, com direitos menores.
Determinado dia, Rúben se envolveu com Bila, uma das concubinas de seu pai (Gn 35.22), mãe de Dã e Naftali (Gn 35.25). tal atitude era muito desrespeitosa naquela cultura, como o seria ainda hoje, mas, impelido pelos seus impulsos, não considerou a gravidade do que queria fazer e atendeu à sua luxúria.
Luxúria nos priva de muitas bençãos.
Muitos jovens perdem intimidade com Deus, se tornam levianos, quebram princípios, por causa da sua promiscuidade e fornicação, quebrando princípios de Deus e perdendo bençãos em suas vidas. Muitos homens e mulheres casados, para satisfazer uma paixão ou mesmo por pura leviandade, entregam-se à infidelidade, traição, quebram seus votos, deixam seus corações e desejos orientarem suas vidas, esquecem-se dos princípios, negam sua fé, igreja e reputação por causa da concupiscência de seus desejos sexuais mal orientados.
Quando isto acontecem, esfriam na fé, perdem a intimidade com Deus, ficam com vergonha e deixam de ler a bíblia, orar, se afastam de sua comunidade ou perdem o interesse pelas verdades do evangelho, não conseguem mais testemunhar e muitos menos compartilhar usa fé, porque sentem-se desautorizados.
Homens e mulheres quando traem seus companheiros, arrebentam seus filhos, geram escândalo nas suas igrejas e na sociedade, levam as pessoas a zombarem de sua fé, deixam seus filhos confusos e seus companheiros despedaçados e eventualmente isto desemboca no divórcio.
Luxuria e leviandade nos privam das bençãos de Deus.
Jacó não abençoou Rúben, pelo contrário, disse-lhe que apesar de ser o primogênito, por ter se entregue à leviandade, perdera todos os benefícios da linhagem familiar, direitos e privilégios. Não era mais excelente, porque havia profanado o leito de seu pai. Por sua luxúria as bençãos são retiradas. “Impetuoso como a água, não serás o mais excelente”. A benção lhe foi retirada.

2. Ira e Violência privaram Simeão e Levi de bençãos – Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros. Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel” (Gn 49.5-7). O que aconteceu com estes dois irmãos que motivou Jacó a dar uma sentença tão dura contra eles?
Este episódio está registrado em Gn 34. Para vingar sua irmã Diná, que na sua visão havia sido violentado por Siquém, um rapaz que era princípio de um povo vizinho (O texto é meio ambíguo, dando idéia eventual que não fora um estupro, mas um ato sexual com consentimento) eles decidiram exterminar à espada toda aquela família. Usando um estratagema maligno, conseguiram alcançar seu intento e praticaram um genocídio.
Isto trouxe muita tristeza ao coração de Jacó, que já estava resolvendo a situação com o pai do rapaz. Aqueles homens foram assassinados sem direito de defesa, Simeão e Levi foram frios, premeditados e cruéis. Quando isto aconteceu, Jacó ficou devastado e repreendeu seus filhos por tornarem sua família odiada de todos os vizinhos, e declarando que a atitude deles havia afligido sua alma (Gn 34.30). Agora, na hora da benção, Jacó não profere palavras positivas para seus filhos, mas um severo juízo, que atingiria de forma direta, os seus filhos e netos.
Os outros nove filhos, contudo, recebem a benção do pai. Os três primeiros, não.

Que lições podemos aprender?

  1. Não se prive da benção que Deus tem para sua vida – Abra os canais de Deus para que o Senhor possa derramar bençãos sem medida sobre sua história, sua casa, seus bens, seus filhos. Tenho pensado sobre isto em várias áreas:
 ü       Área Financeira – Deus, em vários textos do Antigo e Novo Testamento, promete bençãos materiais àqueles que são fiéis nos dízimos e ofertas.
*“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, e provai-me nisto, diz o Senhor, se eu não vos abrir as janelas dos céus e derramar sobre vós, bençãos sem medida” (Ml 3.10).
*“Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão de fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares” (Pv 3.9-10).
* “E isto afirmo: aquele que semeias pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus” (2 Co 9.6-11).
A partir do momento que sou fiel com meus bens, sendo generoso eu abro os canais de Deus para me abençoar. Por que? Ao fazer isto em obediência e fidelidade, eu transfiro a Deus a responsabilidade do meu sustento que torna-se responsabilidade de Deus, que fez a promessa, e não minha, que acho que tenho o controle das coisas.

ü       Área Emocional – Quando a Bíblia afirma que não devemos nos vingar, antes dar lugar à ira de Deus (Rm 12-17-21), ela está pedindo que eu transfira os supostos direitos de retribuir o mal que me fizeram, deixando tal pessoa nas mãos de Deus. O juízo é do Senhor, não meu; a vingança é de Deus, não minha. Eu não tenho responsabilidade de fazer justiça com minhas próprias mãos, porque eu deixei Deus ser Deus na minha vida e cuidar daquele que me ofendeu. Deus vai decidir o que fazer com esta situação. Isto não é da minha conta.

ü       Nossa história pessoal – Quando me submeto a Deus em fidelidade, estou semeando. Não preciso correr atrás de bençãos, elas vão me alcançar. A Bíblia diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.7-10). Semeie com confiança, aguarde o tempo, a semente está brotando. Plante sementes de justiça, solidariedade, simpatia, seriedade e misericórdia. Encha seu tanque emocional e a colheita virá.

  1. Benção é outorgada – Jacó abençoou seus filhos “a cada um deles abençoou, segundo a benção que lhe cabia” (Gn 49.28). Outra tradução da Bíblia diz: “Dando a cada um a benção que lhe pertencia” (NVI).
Não existe benção autóctone, independente de Deus.
Quando os sacerdotes proferiram bençãos que Deus não havia autorizado a dar, tais bençãos se transformaram em maldições (Ml 2.1-2). A Benção é uma sentença dada a alguém que já tinha recebido de Deus, era algo que fora dado, a cada um, segundo lhes pertencia. Já era deles. A benção foi apenas proferida. Por isto não pode haver benção para Rúben, Simeão e Levi. Suas atitudes os privaram de bençãos.
Certa vez um casal me procurou para lhes dar uma benção no casamento. Como eles eram novos e recém chegados à igreja, marquei um horário e fui visitá-los e ali pude saber um pouco da história deles.
Ela havia se separado do marido, deixando seus três filhos para trás e se mudara para os EUA. Ali conhecera aquele rapaz e resolveram morar juntos, e agora me pediram para abencoá-los porque não queriam estar morando juntos sem a benção de Deus.
Naquela hora, minha benção se tornou sentença condenatória. Disse-lhes que não poderia abençoar o que Deus não abençoava, que a atitude dela estava trazendo ira sobre si, que estavam vivendo em pecado e precisavam se separar, ela deveria se arrepender, voltar para casa para cuidar de seu marido e filhos. Li o texto de Malaquias 2.1-2, onde Deus afirma que transformaria a benção dos sacerdotes em maldição, porque não os havia autorizado a dar aquela benção. É muito perigoso a benção de pastores para coisas contrárias a orientação da Palavra de Deus. Isto não traz benção, traz maldição, sobre os pastores e sobre o rebanho.
Queremos benção sem obediência.
Queremos benção sem que ela nos pertença, sem que tenha sido dada por Deus.
Queremos benção vivendo um estilo de vida pecaminoso.
Deus, no entanto, não tem compromisso com a infidelidade.

Se perserveramos, também com ele reinaremos;
se o negamos, ele, por sua vez, nos negará;
se formos infiéis, ele permanece fiel,
pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”.
(2 Tm 2.12-13).

Conclusão:

Muitos estão vivendo fora da benção de Deus, por causa da rebeldia, desobediência, infidelidade. Precisamos voltar para o lugar da benção.

Dois caminhos são requeridos:

Precisamos de Arrependimento – Compreensão de que estamos pecando contra Deus, contra sua palavra, contra a santidade. Muitos cometemos pecados sérios, mas quando nos arrependemos e voltamos para Deus, podemos encontrar a graça restauradora de Deus.

Precisamos do sangue de Cristo – A morte de Cristo são boas novas e também denúncia. Ela revela nosso fracasso. A verdade é que, sem a obra de Cristo, ninguém é suficiente para coisa alguma. Por isto Paulo indaga: “Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” ((2 Tm 3.5). Quem é merecedor de benção? Quem pode, por sua justiça própria, reivindicar de um Deus santo, bençãos, por se julgar merecedora delas? A Bíblia diz que todos merecemos o castigo de Deus, por causa de nossos pecados.
A cruz de Cristo nos aponta para este lugar onde podemos ser restaurados e tratados. O sangue de Cristo tira de sobre nós a condenação de nossos pecados, a acusação, grave de estarmos lutando contra Deus. A cruz de Cristo realizar estas coisas e nos restaura aos olhos de Deus.
Por esta razão Paulo afirma que “nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus”. A benção virá, não por causa dos nossos méritos, performance e justiça própria, mas pelos méritos e pela justiça de Cristo Jesus, que nos deu um nome  e nos restaurou aos olhos do Pai, e nos fez assentar nos lugares celestiais, trazendo com ele, para as nossas vidas, toda sorte de bençãos espirituais (Ef 1.3). É isto que o antigo hino dizia: "Os pecadores indignos, graças dos céus obterão". Tudo isto nos é dado por meio de Cristo.
A maior de todas as bençãos que podemos ter são espirituais. Jesus é a nossa maior benção. A Bíblia nos diz que nele estão todos os tesouros de Deus. Quem tem a Cristo não precisa de outras bençãos, que bênçãos poderemos desejar mais que a Jesus. Por meio de Jesus temos recebido de Deus “toda sorte de bençãos espirituais” e ele nos tem feito assentar, com Cristo, nos lugares celestiais (Ef 1.3)
O ponto essencial não é correr atrás de bençãos, mas não se afastar de Cristo. Ele é o herdeiro, e nós somos co-herdeiros com ele.
A saúde pode faltar e um milagre acontecer e sermos curados.
Mortos podem ressuscitar
Mas mesmo que sejamos tratados fisicamente, nossa saúde vai se complicar em outro momento. Mesmo ressurretos, como Lázaro, morreremos novamente. Bens, podemos ganhar e perder.
Jim Elliot afirmou: “Não é tolo quem dá o que não pode reter, para ganhar aquilo que não pode perder”.
Conta-se que um riquíssimo general romano tinha um filho que lhe feria o coração, pois era desregrado e desequilibrado nas suas decisões e condutas. Este mesmo homem  tinha também um escravo que lhe enchia o coração de alegria e orgulho, por causa de sua fidelidade e cuidado. No seu leito de morte, o general resolveu deserdar o filho e deixar todos os seus bens para seu escravo Marcellus. Registrou então sua decisão no papel, fazendo um testamento e depois chamou seu filho para lhe comunicar a decisão, dizendo-lhe: “Eu decidi deixar todos os meus bens para meu escravo Marcellus. Vou no entanto permitir que você escolha para si apenas um item dos meus bens”. Você pode pensar, escolher calmamente uma das minhas propriedades, mas lembre-se, você tem direito a uma só delas, portanto, escolha sabiamente.
O jovem impetuoso voltou-se para o seu pai e lhe disse. “Eu já fiz a escolha”. E o seu pai tentou convencê-lo a refletir melhor, mas o jovem afirmou sem pestanejar:

-“Eu fico com Marcellus!”  











2 comentários:

  1. Meu irmão a paz! Minha mente é um pouco limitada, me esclareça o final que fiquei meio confuso! E curioso fiquei porque me falou muito a sua postagem! Obrigado!

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