Sl 103.1-5 Gratidão

Introdução:

O Salmo 103 é um salmo de gratidão.

O salmista inicia o texto com um monólogo. Ele não está falando com Deus, mas consigo mesmo.

Eu entendo bem o salmista, ele sabe que precisa bendizer a Deus, mas reconhece que seu coração é desatento. Ele precisa dizer coisas favoráveis sobre Deus, encher seus lábios de louvor, mas percebe que há nele mesmo uma indisposição para louvar, mas grande facilidade em murmurar. Por isto ele está conversando consigo mesmo: “Bendize oh minha alma ao Senhor, e tudo que há em mim, bendiga o seu santo nome”.

A forma mais plena de glorificarmos a Deus é reconhecendo sua bondade em nossa vida e anunciando esta bondade. Isto é louvor.

Existem dois caminhos naturais para nossa vida: Gratidão que se transforma em louvor, e murmuração, que se revela na amargura.

Um ditado francês afirma que “Gratidão é a memória do coração”. Um poeta brasileiro, Moacir Bastos, afirma que “Gratidão é o amor contemplando o passado”.

Inimigos naturais da Gratidão

A gratidão, infelizmente, possui alguns inimigos espontâneos em nossas vidas. Quero destacar três deles:

1. Amargura – Não é difícil desenvolvermos raiva contra a vida, contra os outros, contra nós mesmos e contra Deus. Como é que você pode agradecer se tem um coração amargurado? O Salmista afirma: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração”. Se não nos agradamos de Deus, pelo contrario o culpamos e o condenamos por nossa situação, como vai brotar gratidão em nosso coração?

2. Murmuração – Este é um inimigo decorrente do primeiro. O coração amargura expressa seu fel. A Boca fala daquilo que o coração está cheio. Se estamos amargurados, tendemos não a expressar gratidão – e mesmo que o fizéssemos, isto seria falso. Sem prazer interior em Deus, o que sobra são lábios reclamando e maldizendo.

3. Descontentamento – Outro inimigo natural da gratidão. O coração descontente, que não encontra prazer no que tem. Tenho observado que esta geração tem se tornado cada vez mais descontente. São carros cada vez mais caros, conforto que nunca antes pensaríamos em ter, roupas caras, viagens e restaurantes sofisticados, mas são pessoas descontentes. Viajam para a Europa, fazem cruzeiros maravilhosos e voltam piores e ainda mais amargurados.

Razões para Louvar:

O Salmista tenta dialogar com sua alma e levantar para si mesmo, algumas razões para glorificar a Deus e bendizê-lo. O Salmo 103 fala de muitas destas razões, mas queria considerar três delas:

1. Perdão de pecados – “É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades” (Sl 103.3). Ter liberdade interior, ser perdoado e absolvido por Deus, que conhece todas os nossos pecados, é uma grande benção. O próprio Salmista já havia experimentado isto: “Bem aventurado aquele, cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade” (Sl 32.1-2). Paulo afirma: “Agora, pois, nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Que grande razão para louvarmos a Deus e lhe sermos gratos!

2. Cura física – “É ele quem sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3). Naturalmente Davi está demonstrando como Deus nos tira da cova e restaura nossa vida, nos sustenta, nos abençoa. Nosso Deus traz cura física, emocional, espiritual. Ele afirma que Deus nos restaura a nossa vida, tirando nossos pés da cova da morte.

3. Proteção na velhice – “Quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Sl 103.4). Velhice é um tempo de muita insegurança e impotência. Tenho acompanhado algumas pessoas queridas que precisam transferir responsabilidade para os outros, porque seus corpos e a mente não mais lhe obedecem. A idade traz alguns embaraços como capacidade de reação, ação, lucidez, reflexo, administração. “O perceber-se envelhecer, constatar o decair das próprias forças e a conseqüente aproximação da morte sempre foi um problema para o ser humano de todos os tempos” (Maria Clara L. Bingermer). 

Nestas horas, a angústia e a impotência podem se tornar muito pesados para nós, mas o salmista afirma que Deus farta de bens a velhice,e sua mocidade se renovava em Deus.

É bom saber destas verdades.

Isto tudo deve encorajar-nos à gratidão e à adoração.