sexta-feira, 22 de agosto de 2014

1 Tm 4.16 Cuida de ti mesmo e da doutrina




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As cartas nas quais Paulo mais admite sua vulnerabilidade e intimidade são as de Timóteo e Tito. Não é sem razão que são chamadas "Cartas pessoais", porque nelas podemos ver um pastor experiente, compartilhando sua visão de reino e vida aos pastores jovens.

Timóteo era filho na fé de Paulo, e se tornou discípulo de Paulo, seguindo-o onde quer que fosse, vendo como Paulo pregava, ensinava e vivia, até ser designado para pastorear a igreja de Éfeso.  Antigamente não existiam seminários para preparação de pastores, e a transmissão do conhecimento e da vida se dava na medida em que mestre/aluno andavam juntos. Estes mestres eram chamados demistagogos e tiveram uma função fundamental na história da igreja para preparar seus alunos.

A exortação que ele dá neste texto era fundamental para Timóteo naqueles dias, e ainda o é para os dias de hoje. “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”. Na nossa caminha espiritual, precisamos estar atentos a duas coisas:

a.     O estilo de vida
b.     As convicções teológicas

Vamos analisar a primeira parte. “Cuida de ti mesmo”, que tem a ver com o nosso estilo de vida. A Bíblia diz que, em cristo, surgiu um novo homem, segundo a justiça e justiça procedentes da verdade. Este novo homem surge a partir do momento que a pessoa tem um encontro pessoal com Jesus Cristo e sua vida passa a ser dirigida pelo Espírito Santo. Por receber uma nova natureza, passa a ter um estilo de vida e comportamentos, um modo de andar, segundo Cristo.   Como deve viver este homem que agora precisa andar segundo Deus?
Quatro áreas são essenciais para que o que é nascido de novo, tenha um novo estilo de vida:

1.     Corpo

Recentemente estive com o pr. Erasmo Carlos, da Igreja Presbiteriana Renovada em São Luís do maranhão (Agosto/2014), e ele nos contou que aos 42 anos, com 1.72, estava pesando 88 kg, quando leu este texto. Na hora entendeu o recado de Deus: ele estava cuidando da doutrina, da igreja, mas não estava cuidando de si mesmo. Então, reorganizou sua vida e começou a caminhar, depois a praticar jogging, atualmente corre 10 km 3 x por semana, já participou de uma maratona e está se preparando agora para a maratona de Curitiba em Novembro.

Precisamos cuidar de nosso corpo. Eventualmente abusamos dele. Dormimos mal, comemos mal (em demasia ou muito pouco) vivemos desregradamente, somos sedentários, não tiramos um dia de folga, trabalhamos exageradamente e não descansamos. Se nosso carro começa apresentar algum barulho estranho, imediatamente corremos para o mecânico, mas eventualmente nosso corpo está dando todos os sinais de que alguma coisa não vai bem, mas não paramos para cuidar dele.

Mas não é apenas com o sedentarismo que precisamos ter cuidado. Precisamos cuidar também da pureza moral, não vivendo uma vida de pecado, de luxúria. A Bíblia afirma que todo pecado que praticamos é fora do corpo, mas a impureza sexual acontece no corpo (1 Co 6.18), e como somos templos do Espírito Santo, devemos viver vida de santidade. Por isto a bíblia nos exorta: “Apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”(Rm 12.2). 

2.     Mente

Outra área da qual precisamos cuidar é o pensamento. Precisamos dar “razão da esperança que temos” (1 Pe 3.15). Discípulos de Cristo precisam ter uma mente preparada. A Bíblia nos fala disto: “...E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

Vivemos numa cultura contrária ao pensamento de Deus. Precisamos lembrar que “o mundo jaz no maligno”. Às vezes nos assustamos com tanta bobagem que é dita nos canais de televisão e nas músicas, e o mais estranho ainda é o fato de tais descalabros, absurdos e imoralidades atraiam milhares de seguidores. Nossa mente é bombardeada por uma sociedade secularizada, oposta a Deus e precisamos aprender a julgar as coisas com discernimento. Ter a mente de cristo. Estudar, preparar, saber julgar valores, discernir pensamentos pagãos. Cuida de ti mesmo!

Muitos cristãos nunca leram um livro para aprofundar seus valores cristãos, nunca se interessaram numa escola dominical para saber mais da palavra de Deus, nunca foram a um seminário ouvir uma palavra adequada sobre um determinado assunto. Por isto, são atraídos a “todo vento de doutrina” e não são capazes de julgar as besteiras que ouvem. Tornam-se raquíticos na fé e sem raízes nas suas convicções. Mentes despreparadas e preguiçosas. 

3.     Emoções

Esta é a terceira área que precisamos cuidar. Muitas vezes somos vítimas de condicionamentos familiares ou de nossas próprias descontroladas emoções, cheias de paixão, que facilmente perdem a serenidade, se entregam a ira, à depressão, ao mau humor, a irritabilidade.

Existem homens que desestabilizam suas famílias por causa do gênio explosivo e dureza nas reações; muitas mulheres causam grandes danos aos seus lares pela sua instabilidade emocional. Nossas emoções volúveis e paixões podem nos dominar transformando-nos em seres paranóicos, adoecidos, vivendo uma espécie de “autismo extrovertido”.

4.     Espiritualidade

Poderia ter colocado a alma, mas preferi um termo mais abrangente e que exigisse menos definição. No entanto, realmente precisamos cuidar da alma, se assim preferirem, deste aspecto espiritual da existência. Alimentar a fé, com uma vida de oração, na presença de Deus, vir ao culto para adorar, não se transformar num religioso distante e insensível da vida de Deus. Aprender a orar, ler a bíblia devocionalmente, cuidar da comunidade da qual faz parte, aprender a trazer seus dízimos em adoração e louvor, servir e amar as pessoas por causa de nossa espiritualidade.

Precisamos cuidar de nós mesmos. Nosso coração pode facilmente se tornar frio e distante, sem amor, sem paixão, sem prazer em Deus. Precisamos renovar nossos votos, voltar ao primeiro amor.

O segundo ponto a ser considerado é o cuidado com a doutrina

É muito curiosa esta exortação. Não apenas devemos cuidar da vida: corpo, mente, emoções e alma, mas devemos cuidar também da doutrina que professamos.

Já encontrei muitas pessoas dentro da igreja que afirmam não gostar de doutrinas, porque elas trazem a ideia de dogmas, algo inflexível, inegociável. Se você pensa desta forma sugiro que você anote na sua Bíblia quantas vezes aparece a expressão doutrina, apenas nas cartas de Paulo a Timóteo e Tito. 

Paulo fala, por exemplo de “boa doutrina” (1 Tm 4.6) de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3) e da “sã doutrina” (1 Tm 1.10). Vamos pensar um pouco sobre cada uma destas afirmações.

Primeiro, temos que entender que existe “boa doutrina”, o que inexoravelmente nos leva a considerar que existe seu oposto, ou seja, “a má doutrina”.

Boa parte dos livros do Novo Testamento é apologética, por sua natureza. O propósito dos autores era de “defender a fé, uma vez dada aos santos” (Judas vs 3). Por que? Já nos dias apostólicos, “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” na igreja (Judas vs. 4). Era muito comum surgirem pregadores afirmando coisas que eram contrárias à fé cristã, o conjunto de crenças aceito pelas igrejas Cristãs. Paulo cita nominalmente Himeneu e Fileto, pregadores desviados da verdade (2 Tm 2.17,18). O perigo da má doutrina é sempre constante. Muitos se apostaram da fé e passaram a obedecer a ensinos de demônios, cauterizando a consciência e que ensinavam coisas absurdas no meio das igrejas (1 Tm 4.1-3).

A grande luta dos reformadores do Século XVI foi contra as distorções da palavra de Deus. Era necessário retornar as escrituras e considerar atentamente o que Jesus e os apóstolos ensinaram à igreja. Eles desenvolveram o princípio da Sola Scriptura, isto é, apenas as Escrituras Sagradas poderiam ser o fundamento daquilo que deveriam crer e dar as normas de como deveriam viver. Nem tradição, nem novas revelações ou novos ensinamentos, poderiam substituir ou serem acrescentados à Palavra de Deus, Antigo e Novo Testamentos.

Não é muito diferente em nossos dias.

Recentemente uma irmã que se converteu nesta igreja resolveu voltar e se filiar novamente à nossa comunidade depois de vários anos afastada. Ela participou de várias igrejas e ouviu muitas opiniões de pastores e ouviu várias doutrinas e linhas teológicas. Ela me disse que nós não fazemos a mínima ideia das loucuras e desvarios que tem sido ensinado em muitas comunidades nestes dias. Ela estava certa!

A exortação paulina parece cada vez mais atual: Cuida da boa doutrina. Cuidado com a má doutrina.

A má doutrina pode destruir a simplicidade de sua fé e tornar a vida um inferno de acusação, medo e culpa. Paulo diz a Timóteo que, cuidando dele e da doutrina salvaria tanto a si mesmo como a outros. A má doutrina pode levar–nos ao inferno, ainda que dê a impressão de que ela está caminhando em direção ao céu.

Em segundo lugar, Paulo fala ainda da sã doutrina, o que nos leva a considerar que existe seu oposto, a doutrina doente.

A doutrina bíblica é saudável, traz vida aos ouvintes e praticantes. A doutrina doente, neurotiza, sataniza e enlouquece seus seguidores. Não é por acaso que hospitais psiquiátricos estão repletos de pessoas seguidoras de religiões.  Princípios distorcidos podem enlouquecer as pessoas.

Em terceiro lugar, Paulo fala ainda de “outras doutrinas”(1 Tm 1.3). Paulo afirma que deixou Timóteo em Éfeso para que admoestasse certas pessoas a não ensinarem “outra doutrina”, isto é, havia naquela igreja, pessoas que estavam ensinando o que Deus nunca havia dito.

Na carta aos Gálatas, que foi escrita cerca de 30 anos depois da morte de Cristo, Paulo afirma que as pessoas da igreja da Galácia, estavam pervertendo o evangelho, passando da graça de Cristo para “outro evangelho” (Gl 1.6-9). O problema crucial é que não existe outro evangelho. Nada pode substituir o evangelho, ser colocado no seu lugar ou adicionado a ele. O evangelho ou é puro ou não é evangelho. Paulo afirma que ainda que um anjo vindo do céu, pregasse outro evangelho, deveria ser considerado maldito (Gl 1.8). Ainda que um pregador eloquente, uma profetisa ou profeta místico fizesse afirmações contrárias, deveriam ser considerados como enviados pelo diabo e rejeitados. 

Existe um “outro evangelho”, uma “outra doutrina”, sendo ensinado por aí, e não deveremos nunca aceitá-la. Rejeitar a verdadeira doutrina pode nos destruir espiritualmente, como afirma as Escrituras (1 Tm 4.16).

Conclusão:

Cuida de ti mesmo e da doutrina

Não apenas da doutrina, mas de si mesmo.

Não apenas de si mesmo, mas da doutrina.

Podemos estar cuidando muito bem de nós mesmos, mas desprezando o verdadeiro conhecimento de Deus.
Podemos nos tornar guardiões da doutrina e da fé cristã, como um grupo de templários modernos, de fariseus judaizantes, de puritanos calvinistas ou devotos arminianos ou ainda de pentecostais dos últimos dias, mas não estarmos cuidando da simplicidade da fé e da pureza que precisamos ter no nosso estilo de vida.
As duas situações são perigosas. Ambas podem nos destruir.

A sabedoria ensina que ao entrarmos num barco, precisamos remar não apenas de um lado, porque isto leva o barco a andar em circulo ao invés de seguir uma direção. Desenvolver espiritualidade distorcida traz desequilíbrio. O cuidado pessoal com o corpo, emoções, mente e alma precisa estar junto, andando com a defesa das verdades e doutrinas reveladas por Deus na sua palavra.



Anápolis 20.08.2014

8 comentários:

  1. Gostei muito do texto é muito bom e a proveitoso

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  2. Muito bom parabéns aprendi muito

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  3. Edificante, estava procurando exatamente este conteúdo

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  4. boa precisava ler algo assim muito bom mesmo DEUS te abençoe sempre por esta se despondo

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  5. Gostei dessa reflexão caro irmão, muiti boa nesmo.Aproveitando diga ao Pastor Erasmo que tenho saudades dele.Sou o Pastor Hamilton Barreto de Maceió Alagoas.Congregavamos IPR de maceio.

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