domingo, 18 de outubro de 2015

2 Co 3.1.11 O Grande impulso




Introdução

Este texto é um texto de contrastes - Paulo quer ensinar o que é a nova aliança, fazendo um paralelo com a velha.
Paulo diz que há duas alianças.
Velha - Tudo vem de mim;
Nova - Tudo vem de Deus.
O que é aliança? Acordo ou parte entre duas pessoas. O casamento é uma aliança na qual as pessoas assumem os compromissos do ato. As alianças sempre existiram na humanidade, mas uma é básica. A aliança com Deus.

Eis alguns contrastes:

1. Contraste do material
- Escrita com tintas - escrita pelo Espírito (3.3)
- Escrita com tábuas de pedra - Escrita nos corações (3.3)

2. Contraste na intensidade
Uma desvanescente, outra permanente (3.11)

3. Contraste nas fontes
Uma vem do homem, outra vem de Deus (3.15)

4. Contraste nos resultados
Morte x vida (3.7,8)

Contexto.
A segunda carta aos Coríntios é uma das cartas mais pessoas de Paulo. Ele defende seu apostolado e estabelece as bases do ministério cristão. A Igreja de Corinto estava assediada por líderes de sucesso, mas que não tinham procedimento correto.

Contrastes

1.      No material
Escrita com tintas - escrita pelo Espírito (3.3)
Escrita com tábuas de pedra - Escrita nos corações (3.3)


Neste texto, por duas vezes Paulo enfatiza o meio como a lei fora dada: Pedras. A Nova aliança, porém, Deus prometeu que seria escrita no coração (Ez 36.25-27). A Antiga aliança relaciona-se a pedras, a nova, pessoas. Deus está interessado não nas coisas exteriores, mas no nosso ser mais profundo.
O cristianismo falso é sempre preocupado com a importância das coisas: Pedras, rituais, templos, vitrais, órgãos, tradições, roupas, se o pastor vem de paletó, toga. Tudo se relaciona ao exterior, às formas. Na nova Aliança, o importante sãos as pessoas. As coisas são importantes como auxílio às pessoas. Por isto quando Jesus curou no sábado isto se transformou num escândalo. As tradições e a lei diziam que nada poderia ser feito, mesmo abençoar as pessoas. Os fariseus se preocupavam com coisas. Quantas vezes vemos esta atitude na Igreja. A reputação vem antes da pessoa. Tradições são mantidas para atender necessidades individuais. O que está em jogo é o status e a aceitação de alguém.


2. Na intensidade -
Desvanescente  x permanente (3.11).
Maior e menor glória (3.8)

A Lei, atrai, fascina e cativa. Os homens sonham em atingir um estágio de consagração pessoal que os capacite a cumprir seus gloriosos ideais de lei moral. Esta é a figura do rosto de Moisés. Quando seu rosto se iluminou, depois do encontro com Deus no Monte Sinai, ele manteve o véu mesmo quando o seu brilho já havia desaparecido. Paulo fala aqui também do rosto de Cristo, e o brilho permanente que ele dá. Simbolizam duas alianças.
No rosto de Moisés, as pessoas ainda acreditam que seus esforços são capazes de alcançar a Deus e estão constantemente olhando  para sua capacidade humana ( 3.15,16). Quando as pessoas miram no rosto de Cristo elas se colocam como instrumentos, mas reconhecem sua total incapacidade, não confiam em si mesmas, mas esperam em Deus (3.15).

Por que ainda costumamos optar pela lei, mesmo depois de convertidos?  Por causa da falsa justiça da carne. A Igreja da Galácia, 30 anos depois de ser fundada com base na nova aliança, já havia perdido completamente a referência do rosto de Cristo. “Oh Gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gl 3.1)

Como eu sei que tipo de rosto estou mirando ?
As obras da Lei (Moisés) servem ao meu próprio Eu, à carne, mesmo tendo toda aparência da nova aliança. Podemos Amar, trabalhar, criar, servir, mas sendo sempre dirigido para o proveito do Ego!
A fonte está contaminada!
Satanás toma o que você faz e inverte os motivos. Ao invés de fazer para Deus ele o distorce para dentro (satisfação da carne). É a carnalidade mais rebuscada, porque até os gestos mais sagrados: oração, dons, serviço ao próximo, são usados para exaltação do Eu, são carnais. O exemplo clássico é o do fariseu, que dava dízimos, jejuava, orava, mas sempre “de si para si”. É a vida distorcida - torna-se rival de Deus. O centro é você, que se acha merecedor de todo louvor. Nada é feito genuinamente para Deus, ainda que você utilize a falsa humildade.

2.      Na fonte
Justiça própria x justiça divina

Existem também esta grande diferença. As pessoas que vivem na lei estão sempre acentuando sua justiça própria. Os fariseus se orgulhavam de guardar os 327 mandamentos e 240 prescrições do VT, e isto minuciosamente ao invés de ser benção, trouxe maldição. Ficaram com orgulho espiritual.
O que o texto nos mostra aqui é exatamente diferente. “Nossa suficiência vem de Deus” (3.5). Mais adiante Paulo afirma: "Temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (4.7) Vasos de barro, material simples, de pouco valor (nada de orgulho). Quem vive na nova aliança reconhece que é de barro, às vezes rachado, mas há alguma coisa dentro, um poder sobrenatural, um tesouro inestimável. São recipientes das riquezas mais notáveis e do maior poder que se conhece, mas tudo vem de Deus!. "Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar algo, como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus"  (3.5).

4.   Nos resultados
 Justiça própria x justiça divina
Morte x Vida

Os resultados espirituais são completamente distintos. Quando miramos no rosto de Moisés temos um resultado completamente distinto de mirar no rosto de Cristo.

Ministério da Morte
x
Ministério da Vida

Vida ou morte? (2.1,6). São ideias fortes. 
Morte é, em si mesma um termo negativo. ausência de vida. O enfermo, não tendo sinal de vida está morto...  A vida possui características distintas. A morte é a ausência delas. Quais atitudes revelam a morte a morte?
A ausência de vida traz infelicidade, desalento, medo, frustração, enfado. A fonte determina todas as demais coisas. Em geral pensamos que nossas qualidades negativas resultem de momentâneas variações de humor, ou circunstâncias desfavoráveis, mas tanto Paulo como Jesus afirmam algo mais profundo. Revelam que estamos dependendo de algo que provém de nós, não de Deus. Ao falarmos de sentimentos negativos que revelam a carne em ação, pensamos numa ação maléfica patente, ou pecados que são socialmente discriminados. bebedices, tumultos, adultérios, etc.  Mas as manifestações da carne são mais sutis, e na maioria, aprovadas: Auto confiança, auto piedade, auto afirmação. Precisamos buscar a causa. Sempre na velha aliança, o eu está governando.
Em geral a carne traz depressão e revela nosso egoísmo. Queremos que a atenção esteja voltada para nós. A auto piedade tem a mesma fonte, e geram sentimentos de frustração ou rejeição.
Da mesma forma, a solidão. Ela demonstra uma preocupação excessiva comigo mesmo, que me impede de me dar e amparar as outras pessoas, já que estou preocupado comigo.  
A morte é a ausência das características da vida que Jesus veio dar. Vida é satisfação pessoal. A insatisfação pessoal, auto confiança, depressão, auto piedade, solidão, preocupação comigo mesmo, hipersensibilidade, revelam a ausência desta vida.
A lei, conquanto seja um ministério de morte, ainda assim, possui sua glória. Algumas pessoas não querem deixar a autopiedade, porque assim os outros dão atenção.

Culpa ou justiça?

A Antiga aliança produz senso de condenação, de culpa. Parece que quanto mais você faz, mas está vazio, menos reconhecimento você tem, e ama menos você.
A Nova Aliança produz justiça. Justiça não é apenas fazer o que é certo, mas ser o que é certo. Justiça é a qualidade de quem é aceitável e é aceito por Deus. A Bíblia diz que no Antigo Testamento, as pessoas faziam sacrifícios e holocaustos, Sacrifícios pelos pecados, sacrifícios pacíficos, sacrifícios anuais. Nada daquilo conseguia ainda realizar a pessoa. Ainda hoje, existem milhares de pessoas vivendo sob a culpa, fazendo rituais pesadíssimos, ofertante a deuses irados ou tentando agradar os deuses (religiões animistas e orientais). Trazem alimentos, constroem altares, fazem sacrifícios para receber favor das entidades. No Novo Testamente, porém, vemos que os sacrifícios acabaram. Jesus se fez maldição para nós, ele foi o sacrifício exigido por Deus e por isto ele tomou nosso lugar e assumiu nossa condição. “Pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4). A Bíblia diz mais, que em Jesus nós fomos “justificados”.  Declarados justos. Deus declara nossa justiça mediante Jesus. Somos aceitos por ele. Não precisamos lutar para fazer, mas fazer as coisas para Deus porque sermos amados, mas porque somos amados de Deus. A motivação não é a culpa, mas gratidão. Muitos cristãos estão querendo fazer de tudo para serem aceitos, quando Deus quer que façamos porque somos aceitos.
Você pode fazer tudo certo, e ainda assim ser um fracasso, por não encontrar a vida, pela tensão de realizar. Marta fazia, não foi aceita. Maria ouvia (tinha certeza de que era justa), e recebeu elogios de Cristo.
A glória possui momentâneo prazer. Uma obra bem feita produz auto aprovação que é agradável de se experimentar, mas logo vem a frustração. Na velha aliança, o EU é quem faz, somos auto-centrados. Quantos não tem procurado conselheiros sentindo-se culpados, pecadores e perdidos, porque não se lembrar que Deus já lhes ofereceu sua maravilhosa graça?  Se a pessoa soubesse que Deus a ama, teria paz interior suficiente para glorificar a Deus.

Desvanescente ou permanente?

A experiência de Moisés revela como a Lei produz glória passageira, e gera hipocrisia. Ao subir ao monte, viu seu rosto brilhar e para conversar com o povo de Israel, teve que colocar um veu. Com o passar dos dias o brilho acabou, mas ele continuou a manter o véu para que os filhos de Israel pensassem que a glória de Deus ainda estava lá. O véu nos protege e dá aos outros a impressão de espiritualidade. Muitos fazem as coisas para Deus, experimentam entusiasmo, mas logo perdem o estímulo e o interesse e desvanece a alegria.
O ministério de Jesus é da glória. Os que confiam em si mesmos, logo perdem o entusiasmo, os que confiam no Senhor, mesmo quando cansados são revigorados no Senhor e renovados para a obra. O apelo para que as pessoas confiem em seus recursos e habilidades naturais, muitas vezes pode provocar uma enorme onda de entusiasmo e vibração, mas dura apenas um determinado tempo, é temporário.

Condenação ou justiça?

A antiga aliança produz um inevitável senso de condenação e culpa. A Nova traz sensação de justiça - o que é justiça na Bíblia ?
Para corrigirmos a distorção tão presente neste conceito, temos que corrigir distorções; Justiça não é "fazer o que é certo" - Esse é um aspecto do seu significado. Mas, "ser o que é certo". A pessoa faz o que é justo, porque é justa. A nossa justiça está em Cristo (Rm.5.1).

A grande tensão
Por sermos facilmente seduzidos para a antiga aliança, é fácil vivermos debaixo da graça mas sob o estigma da culpa. A culpa surge quando achamos que as depende de nós (personalidade, força de vontade, dinheiro, coragem). Esta é a tendência Ocidental, afinal queremos ser um homem de ação. You can do it! Ou just do it! Como Marta. Vemos numa frenética atividade, com a sensação de frustração e cansaço. Não é o número de atividades que determina o fracasso de uma vida ou de uma Igreja - é a fonte da atividade. É carnal?  É para satisfação do ego, para "parecer" espiritual? É você quem opera ou Deus quem opera? Onde está o dedo de Deus nisto tudo? Fazer no Espírito traz paz. O que Deus quer de nós é a fidelidade. A nova aliança revigora nossas almas. "Tudo vem de Deus" (3.5)

O Grande impulso

Ray Stedman afirma que muitas vezes parecemos um homem que comprou um carro, mas não sabe que ele vem com motor. Esse homem empurra seu carro até sua casa, convida seus parentes para um passeio. Esposa ao lado, filhos no banco traseiro. Até que alguém indaga o que ele acha do carro. Ele responde que é maravilhoso, mostra o estofamento, a cor, aperta a buzina, mas apesar de tudo se sente muito cansado porque tem que empurrar o carro. Na descida sente-se bem, mas em qualquer subidinha, fica arquejando, suando e cansado. Então o amigo boquiaberto afirma: “meu amigo, você precisa de uma ajudazinha, e em nossa igreja, estamos realizando uma série de conferências, e esta semana o pregador falará sobre os seguintes assuntos.
2a. feira - Como se empurra o carro com o braço direito;
3a. feira – Como alavancar o carro com o ombro esquerdo;
4a. feira – Serão apresentados slides a cores, utilização de retro projetor para empurrar melhor com as costas
5a. feira - Estudos práticos com as costas, para empurrar com maior eficiência.
6a. feira  - Culto de consagração, no qual todos se dedicarão a empurrar os carros!

Não parece ridículo?
Não seria mais fácil abrir o motor do carro, explicar seu funcionamento, dar a partida, receber o combustível adequado e desfrutar da riqueza e conforto que um carro pode dar? Prá que empurrar se a força, a potência vem do motor. Não é esforço humano, é o poder que vem de dentro.
É exatamente assim que o cristianismo em grande parte está sendo vivido hoje. Temos empregado horas e horas procurando ensinar as pessoas a reunirem todos os seus recursos para realizar a obra de Deus, mas isto são vozes de sereia, do tipo "3 passos para ser feliz", 5 pontos para ser bem-sucedido, "Como transformar-se num fenômeno" e “Eficientes passos para se sentir realizado”. Tudo centralizado no homem. Todos oferecem vida vitoriosa, mas quando você chega aos 30 anos, sabe que é tudo mentira.
Por isto Paulo faz esta afirmação radical: O segredo não está em nós (3.4-6).  Nada vem de nós, tudo vem de Deus. Este é o segredo da suficiência humana. O que Paulo afirma é que a atividade que depender de recursos humanos para alcançar sucesso, no fim, resultará em frustração e futilidade.
Contudo, o que temos mobilizado é a carne, o recurso do espírito humano e as possibilidades da força de vontade. Mas o que precisamos fazer. Mostrar o motor, o gerador de força. Depois que aprender as noções básicas acerca do motor, conhecer sua potência. Toda a força é do gerador - Jesus. Você terá que girar o volante, mas a força é do Senhor. Temos que aprender a aplicar corretamente a força e fazer as decisões acertadas ao volante.

Conclusão.

Precisamos lembrar: A suficiência vem de Deus!
Você certamente vai querer fazer um pouquinho para Deus, afinal, você tem a impressão de que as coisas dependem de você. Mas tranquilize-se, quem faz é Deus! Paulo afirma que o segredo de uma vida plena e significativa reside na nova aliança (vs. 6).  Ele relembra o ato de Jesus tomando o cálice, e cuja verdade é. Jesus morreu por nós, para que possam viver em nós. É sua vida em nós que constitui o poder que nos capacita a viver a verdadeira vida cristã - Isto é nova aliança.
A Antiga é da letra, causa morte. A Nova, do Espírito, vivifica.
Os brilhos são diferentes. A velha, desvanescente. Há certo brilho, que rapidamente se desgasta. A nova é permanente, otimista, expressa integridade, gratidão, triunfo impactante.

O problema é que acreditamos que quem faz a obra somos nós. Velha aliança!  Quem faz é o Senhor... Como somos atraídos, ou melhor dizendo, fascinados, pelas obras da lei. No entanto, quem faz é Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário