Introdução
Este texto é um texto de contrastes - Paulo quer
ensinar o que é a nova aliança, fazendo um paralelo com a velha.
Paulo diz que há duas
alianças.
Velha - Tudo vem de mim;
Nova - Tudo vem de Deus.
O que é aliança? Acordo ou parte entre duas pessoas.
O casamento é uma aliança na qual as pessoas assumem os compromissos do ato. As
alianças sempre existiram na humanidade, mas uma é básica. A aliança com Deus.
Eis alguns contrastes:
1. Contraste do material
- Escrita com tintas -
escrita pelo Espírito (3.3)
- Escrita com tábuas de
pedra - Escrita nos corações (3.3)
2. Contraste na intensidade
Uma desvanescente, outra
permanente (3.11)
3. Contraste nas fontes
Uma vem do homem, outra vem
de Deus (3.15)
4. Contraste nos resultados
Morte x vida (3.7,8)
Contexto.
A segunda carta aos Coríntios é uma das cartas mais
pessoas de Paulo. Ele defende seu apostolado e estabelece as bases do
ministério cristão. A Igreja de Corinto estava assediada por líderes de
sucesso, mas que não tinham procedimento correto.
Contrastes
1.
No material
Escrita com tintas - escrita
pelo Espírito (3.3)
Escrita com tábuas de pedra
- Escrita nos corações (3.3)
Neste texto, por duas vezes Paulo enfatiza o meio como a lei fora dada: Pedras.
A Nova aliança, porém, Deus prometeu que seria escrita no coração (Ez
36.25-27). A Antiga aliança relaciona-se a pedras, a nova, pessoas. Deus está
interessado não nas coisas exteriores, mas no nosso ser mais profundo.
O cristianismo falso é sempre preocupado com a
importância das coisas: Pedras, rituais, templos, vitrais, órgãos, tradições,
roupas, se o pastor vem de paletó, toga. Tudo se relaciona ao exterior, às
formas. Na nova Aliança, o importante sãos as pessoas. As coisas são
importantes como auxílio às pessoas. Por isto quando Jesus curou no sábado isto
se transformou num escândalo. As tradições e a lei diziam que nada poderia ser
feito, mesmo abençoar as pessoas. Os fariseus se preocupavam com coisas.
Quantas vezes vemos esta atitude na Igreja. A reputação vem antes da pessoa.
Tradições são mantidas para atender necessidades individuais. O que está em
jogo é o status e a aceitação de alguém.
2. Na
intensidade -
Desvanescente x permanente (3.11).
Maior e menor glória (3.8)
A Lei, atrai, fascina e cativa. Os homens sonham em
atingir um estágio de consagração pessoal que os capacite a cumprir seus
gloriosos ideais de lei moral. Esta é a figura do rosto de Moisés. Quando seu
rosto se iluminou, depois do encontro com Deus no Monte Sinai, ele manteve o
véu mesmo quando o seu brilho já havia desaparecido. Paulo fala aqui também do rosto
de Cristo, e o brilho permanente que ele dá. Simbolizam duas alianças.
No rosto de Moisés, as pessoas ainda acreditam que
seus esforços são capazes de alcançar a Deus e estão constantemente
olhando para sua capacidade humana (
3.15,16). Quando as pessoas miram no rosto de Cristo elas se colocam como
instrumentos, mas reconhecem sua total incapacidade, não confiam em si mesmas,
mas esperam em Deus (3.15).
Por que ainda costumamos optar pela lei, mesmo
depois de convertidos? Por causa da
falsa justiça da carne. A Igreja da Galácia, 30 anos depois de ser fundada com
base na nova aliança, já havia perdido completamente a referência do rosto de
Cristo. “Oh Gálatas insensatos! Quem vos fascinou
a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gl
3.1)
Como eu sei
que tipo de rosto estou mirando ?
As obras da Lei (Moisés) servem ao meu próprio Eu, à
carne, mesmo tendo toda aparência da nova aliança. Podemos Amar, trabalhar, criar,
servir, mas sendo sempre dirigido para o proveito do Ego!
A fonte está contaminada!
Satanás toma o que você faz e inverte os motivos. Ao
invés de fazer para Deus ele o distorce para dentro (satisfação da carne). É a
carnalidade mais rebuscada, porque até os gestos mais sagrados: oração, dons, serviço
ao próximo, são usados para exaltação do Eu, são carnais. O exemplo clássico é
o do fariseu, que dava dízimos, jejuava, orava, mas sempre “de si para si”. É a
vida distorcida - torna-se rival de Deus. O centro é você, que se acha merecedor
de todo louvor. Nada é feito genuinamente para Deus, ainda que você utilize a
falsa humildade.
2. Na fonte
Justiça própria x justiça
divina
Existem também esta grande diferença. As pessoas que
vivem na lei estão sempre acentuando sua justiça própria. Os fariseus se
orgulhavam de guardar os 327 mandamentos e 240 prescrições do VT, e isto
minuciosamente ao invés de ser benção, trouxe maldição. Ficaram com orgulho
espiritual.
O que o texto nos mostra aqui é exatamente diferente.
“Nossa suficiência vem de Deus” (3.5).
Mais adiante Paulo afirma: "Temos
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e
não de nós" (4.7) Vasos de barro, material simples, de pouco valor
(nada de orgulho). Quem vive na nova aliança reconhece que é de barro, às vezes
rachado, mas há alguma coisa dentro, um poder sobrenatural, um tesouro
inestimável. São recipientes das riquezas mais notáveis e do maior poder que se
conhece, mas tudo vem de Deus!. "Não que por nós mesmos sejamos capazes
de pensar algo, como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus" (3.5).
4.
Nos resultados
Justiça própria x justiça divina
Morte x Vida
Os
resultados espirituais são completamente distintos. Quando miramos no rosto de
Moisés temos um resultado completamente distinto de mirar no rosto de Cristo.
Ministério da Morte
x
Ministério da Vida
Vida ou morte? (2.1,6). São ideias fortes.
Morte é,
em si mesma um termo negativo. ausência de vida. O enfermo, não tendo sinal de
vida está morto... A vida possui
características distintas. A morte é a ausência delas. Quais atitudes revelam a
morte a morte?
A ausência de vida traz infelicidade, desalento,
medo, frustração, enfado. A fonte determina todas as demais coisas. Em geral pensamos
que nossas qualidades negativas resultem de momentâneas variações de humor, ou
circunstâncias desfavoráveis, mas tanto Paulo como Jesus afirmam algo mais
profundo. Revelam que estamos dependendo de algo que provém de nós, não de
Deus. Ao falarmos de sentimentos negativos que revelam a carne em ação,
pensamos numa ação maléfica patente, ou pecados que são socialmente
discriminados. bebedices, tumultos, adultérios, etc. Mas as manifestações da carne são mais sutis,
e na maioria, aprovadas: Auto confiança, auto piedade, auto afirmação. Precisamos
buscar a causa. Sempre na velha aliança, o eu está governando.
Em geral a carne traz depressão e revela nosso egoísmo.
Queremos que a atenção esteja voltada para nós. A auto piedade tem a mesma
fonte, e geram sentimentos de frustração ou rejeição.
Da mesma forma, a solidão. Ela demonstra uma preocupação
excessiva comigo mesmo, que me impede de me dar e amparar as outras pessoas, já
que estou preocupado comigo.
A morte é a ausência das características da vida que
Jesus veio dar. Vida é satisfação pessoal. A insatisfação pessoal, auto confiança,
depressão, auto piedade, solidão, preocupação comigo mesmo, hipersensibilidade,
revelam a ausência desta vida.
A lei, conquanto seja um ministério de morte, ainda
assim, possui sua glória. Algumas pessoas não querem deixar a autopiedade,
porque assim os outros dão atenção.
Culpa ou justiça?
A Antiga aliança produz senso de condenação, de
culpa. Parece que quanto mais você faz, mas está vazio, menos reconhecimento
você tem, e ama menos você.
A Nova Aliança produz justiça. Justiça não é apenas
fazer o que é certo, mas ser o que é certo. Justiça é a qualidade de quem é
aceitável e é aceito por Deus. A Bíblia diz que no Antigo Testamento, as
pessoas faziam sacrifícios e holocaustos, Sacrifícios pelos pecados,
sacrifícios pacíficos, sacrifícios anuais. Nada daquilo conseguia ainda
realizar a pessoa. Ainda hoje, existem milhares de pessoas vivendo sob a culpa,
fazendo rituais pesadíssimos, ofertante a deuses irados ou tentando agradar os
deuses (religiões animistas e orientais). Trazem alimentos, constroem altares,
fazem sacrifícios para receber favor das entidades. No Novo Testamente, porém, vemos
que os sacrifícios acabaram. Jesus se fez maldição para nós, ele foi o
sacrifício exigido por Deus e por isto ele tomou nosso lugar e assumiu nossa condição.
“Pelas suas pisaduras fomos sarados”
(Is 53.4). A Bíblia diz mais, que em Jesus nós fomos “justificados”. Declarados justos. Deus declara nossa justiça
mediante Jesus. Somos aceitos por ele. Não precisamos lutar para fazer, mas
fazer as coisas para Deus porque sermos amados, mas porque somos amados de
Deus. A motivação não é a culpa, mas gratidão. Muitos cristãos estão querendo
fazer de tudo para serem aceitos, quando Deus quer que façamos porque somos
aceitos.
Você pode fazer tudo certo, e ainda assim ser um
fracasso, por não encontrar a vida, pela tensão de realizar. Marta fazia, não
foi aceita. Maria ouvia (tinha certeza de que era justa), e recebeu elogios de
Cristo.
A glória possui momentâneo prazer. Uma obra bem
feita produz auto aprovação que é agradável de se experimentar, mas logo vem a
frustração. Na velha aliança, o EU é quem faz, somos auto-centrados. Quantos
não tem procurado conselheiros sentindo-se culpados, pecadores e perdidos, porque
não se lembrar que Deus já lhes ofereceu sua maravilhosa graça? Se a pessoa soubesse que Deus a ama, teria
paz interior suficiente para glorificar a Deus.
Desvanescente
ou permanente?
A experiência de Moisés revela como a Lei produz
glória passageira, e gera hipocrisia. Ao subir ao monte, viu seu rosto brilhar
e para conversar com o povo de Israel, teve que colocar um veu. Com o passar
dos dias o brilho acabou, mas ele continuou a manter o véu para que os filhos
de Israel pensassem que a glória de Deus ainda estava lá. O véu nos protege e
dá aos outros a impressão de espiritualidade. Muitos fazem as coisas para Deus,
experimentam entusiasmo, mas logo perdem o estímulo e o interesse e desvanece a
alegria.
O ministério de Jesus é da glória. Os que confiam em
si mesmos, logo perdem o entusiasmo, os que confiam no Senhor, mesmo quando
cansados são revigorados no Senhor e renovados para a obra. O apelo para que as
pessoas confiem em seus recursos e habilidades naturais, muitas vezes pode
provocar uma enorme onda de entusiasmo e vibração, mas dura apenas um
determinado tempo, é temporário.
Condenação ou
justiça?
A
antiga aliança produz um inevitável senso
de condenação e culpa. A Nova traz sensação de justiça - o que é justiça na
Bíblia ?
Para corrigirmos a distorção tão presente neste
conceito, temos que corrigir distorções; Justiça não é "fazer o que é
certo" - Esse é um aspecto do seu significado. Mas, "ser o que é
certo". A pessoa faz o que é justo, porque é justa. A nossa justiça está
em Cristo (Rm.5.1).
A grande tensão
Por sermos facilmente seduzidos para a antiga
aliança, é fácil vivermos debaixo da graça mas sob o estigma da culpa. A culpa
surge quando achamos que as depende de nós (personalidade, força de vontade,
dinheiro, coragem). Esta é a tendência Ocidental, afinal queremos ser um homem
de ação. You can do it! Ou just do it! Como Marta. Vemos numa frenética
atividade, com a sensação de frustração e cansaço. Não é o número de atividades
que determina o fracasso de uma vida ou de uma Igreja - é a fonte da atividade.
É carnal? É para satisfação do ego, para
"parecer" espiritual? É você quem opera ou Deus quem opera? Onde está
o dedo de Deus nisto tudo? Fazer no Espírito traz paz. O que Deus quer de nós é
a fidelidade. A nova aliança revigora nossas almas. "Tudo vem de Deus" (3.5)
O Grande
impulso
Ray Stedman afirma que muitas vezes parecemos um
homem que comprou um carro, mas não sabe que ele vem com motor. Esse homem
empurra seu carro até sua casa, convida seus parentes para um passeio. Esposa
ao lado, filhos no banco traseiro. Até que alguém indaga o que ele acha do carro.
Ele responde que é maravilhoso, mostra o estofamento, a cor, aperta a buzina,
mas apesar de tudo se sente muito cansado porque tem que empurrar o carro. Na
descida sente-se bem, mas em qualquer subidinha, fica arquejando, suando e cansado.
Então o amigo boquiaberto afirma: “meu amigo, você precisa de uma ajudazinha, e
em nossa igreja, estamos realizando uma série de conferências, e esta semana o
pregador falará sobre os seguintes assuntos.
2a. feira - Como se empurra o carro com o braço
direito;
3a. feira – Como alavancar o carro com o ombro
esquerdo;
4a. feira – Serão apresentados slides a cores,
utilização de retro projetor para empurrar melhor com as costas
5a. feira - Estudos práticos com as costas, para
empurrar com maior eficiência.
6a. feira - Culto
de consagração, no qual todos se dedicarão a empurrar os carros!
Não parece ridículo?
Não seria mais fácil abrir o motor do carro,
explicar seu funcionamento, dar a partida, receber o combustível adequado e
desfrutar da riqueza e conforto que um carro pode dar? Prá que empurrar se a força,
a potência vem do motor. Não é esforço humano, é o poder que vem de dentro.
É exatamente assim que o cristianismo em grande
parte está sendo vivido hoje. Temos empregado horas e horas procurando ensinar
as pessoas a reunirem todos os seus recursos para realizar a obra de Deus, mas
isto são vozes de sereia, do tipo "3
passos para ser feliz", 5 pontos para ser bem-sucedido, "Como
transformar-se num fenômeno" e “Eficientes passos para se sentir
realizado”. Tudo centralizado no homem. Todos oferecem vida vitoriosa, mas
quando você chega aos 30 anos, sabe que é tudo mentira.
Por isto Paulo faz esta afirmação radical: O segredo
não está em nós (3.4-6). Nada vem de
nós, tudo vem de Deus. Este é o segredo da suficiência humana. O que Paulo
afirma é que a atividade que depender de recursos humanos para alcançar
sucesso, no fim, resultará em frustração e futilidade.
Contudo, o que temos mobilizado é a carne, o recurso
do espírito humano e as possibilidades da força de vontade. Mas o que
precisamos fazer. Mostrar o motor, o gerador de força. Depois que aprender as
noções básicas acerca do motor, conhecer sua potência. Toda a força é do
gerador - Jesus. Você terá que girar o volante, mas a força é do Senhor. Temos
que aprender a aplicar corretamente a força e fazer as decisões acertadas ao volante.
Conclusão.
Precisamos lembrar: A suficiência vem de Deus!
Você certamente vai querer fazer um pouquinho para
Deus, afinal, você tem a impressão de que as coisas dependem de você. Mas
tranquilize-se, quem faz é Deus! Paulo afirma que o segredo de uma vida plena e
significativa reside na nova aliança (vs. 6).
Ele relembra o ato de Jesus tomando o cálice, e cuja verdade é. Jesus
morreu por nós, para que possam viver em nós. É sua vida em nós que constitui o
poder que nos capacita a viver a verdadeira vida cristã - Isto é nova aliança.
A
Antiga é da letra, causa morte. A Nova, do Espírito, vivifica.
Os brilhos são diferentes. A velha, desvanescente.
Há certo brilho, que rapidamente se desgasta. A nova é permanente, otimista,
expressa integridade, gratidão, triunfo impactante.
O problema é que acreditamos que quem faz a obra
somos nós. Velha aliança! Quem faz é o
Senhor... Como somos atraídos, ou melhor dizendo, fascinados, pelas obras da lei. No entanto, quem faz é Deus.
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