sábado, 6 de fevereiro de 2016

1 Ts 1.1-10 Igrejas que fazem diferença


Introdução:

À medida que envelheço, tenho estado mais convencido de que precisamos de pastores modelos e igrejas modelos. As novas gerações e comunidades precisam de referências aprovadas. Não raramente ouço jovens dizendo que estão observando meu ministério e confesso que me sinto assustado, porque isto é uma enorme responsabilidade e desafio.

Paulo se refere à igreja de Tessalônica como uma igreja “modelo para todos os crentes da Macedônia e da Acaia” (1 Ts 1.7). O que havia nesta igreja que fazia diferença e inspirava a tantas outras comunidades?

Primeiro, a fé operosa – (1 Ts 1.3) Não uma fé abstrata, mas fé concreta. As pessoas de fato não se impressionam com nosso discurso, mas são atraídas por atitudes. isto fez de Tessalônica uma igreja modelo. Sua fé transformava-se em ato; o que criam, praticavam. Fé operosa produz frutos, manifesta Deus na cidade, gera desejo em outros de conhecer a mensagem que pregam.

Segundo, um amor abnegado - (1 Ts 1.3). Abnegação é um termo meio negativo e pejorativo na minha mente. Não sei se isto se dá porque há uma pessoa em minha família, que nunca parece querer nada, não ter vontade ou desejo algum, e todos dizem que ela é “abnegada”. Mas na verdade, amor abnegado tem realmente um pouco de tudo isto. Ele abre mão de direitos e privilégios para servir outros, não faz isto constrangida, mas voluntariamente. Assim era a igreja de Tessalônica.

Terceiro, firmeza da esperança - (1 Ts 1.3). Não uma esperança débil, frágil, pusilânime, permeada de dúvidas e incertezas. pelo contrário, suas convicções eram sólidas Não eram dúbias nem inconstante quanto ao que criam. Numa época de tanto relativismo moral e espiritual, de tantos paradoxos e desconstrução, é fácil desenvolvermos uma fé volátil e liquida, pós moderna. isto leva as pessoas a perderem a confiança rapidamente em Deus, quando as coisas não estão dando certas.

Quarto, identidade clara - (1 Ts 1.4). “Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição”. Uma das coisas mais fantásticas da vida é identidade e relacionamento. Esta igreja sabia que ele era escolhida por Deus, por isto sabia que era tratada de forma especial e amada – era um relacionamento firmado no amor. Eleição para muitos é um tema pesado, destinado àqueles que se aprofundam nos estudos teológicos, mas se lermos cuidadosamente nas Escrituras veremos que se trata de uma das grandes razões de gratidão. Saber que somos escolhidos de Deus, nos dá senso de pertencimento, identidade e amor. Um cântico evangélico brasileiro diz assim: “Nada como ser um redimido, nada como ser filho de Deus, e bem cedinho de manhã, saber que as misericórdias do Senhor, se renovaram”.

Quinta, uma igreja firmada na Palavra autenticada pelo Espirito – “Porque o nosso evangelho não chegou até vós, tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espirito Santo, e em plena convicção”. (1 Ts 1.5).Este é sempre um binômio positivo: Palavra e Poder. “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Lc 22.26). Esta igreja vivenciava a palavra de forma intensa, em plena convicção, não tinha dúvidas sobre a Palavra de Deus, porque via a palavra de forma prática na própria vida. A mensagem chegou com poder, e por isto não se distanciava da vida destes irmãos.

Sexto, Alegria ultracircunstancial – Tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espirito Santo” - (1 Ts 1.6). As circunstâncias não era favoráveis, os dias eram tensos, marcados por tribulação e escassez, mas esta igreja estava experimentando no meio de tudo isto, a alegria do Espirito Santo. Havia muita oposição política e satânica, os crentes estavam acossados e instigados por causa de suas convicções, em meio a “muita tribulação”, mas algo surpreendente acontecia em seus corações. A alegria deles estava relacionada à palavra, à identidade de amor que tinham com Deus, à manifestação do Espirito Santo no seu meio. Você tem experimentado gozo e regojizo em sua vida?

Sétimo, ruptura com deuses falsos – “...e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus” - (1 Ts 1.9). A primeira e mais dramática conversão espiritual é dos deuses falsos para o Deus verdadeiro. Aquele povo havia rompido com tradições culturais, familiares, religiosas, que eram contra o Deus verdadeiro. Eles rejeitaram os seus ídolos, em quem haviam anteriormente colocado toda sua confiança em tempos pregressos. Eventualmente esta ruptura produz grandes estardalhaços: “...que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio”. A atitude destes irmãos em seguir o Deus verdadeiro, causou impacto e se tornou assunto nas rodas de conversa. Não foi algo fácil. Quando Gideão decidiu romper com os ídolos de sua casa, a Bíblia diz que seu pai ficou contra ele (embora o tivesse defendido da morte), e toda sua aldeia quis matá-lo.

Conclusão

Estas são algumas características desta igreja que se tornou referência e modelo naqueles dias.

Se você me perguntasse hoje sobre alguns dos anseios de minha alma eu diria que gostaria de pastorear uma igreja que fosse refúgio e descanso para as pessoas cansadas, trouxesse graça e esperança ao coração das pessoas, e que inspirasse esta geração. Eu gostaria de ser pastor de uma igreja na qual pudessem olhar para ela e desejassem imitar as coisas boas e saudáveis que ela produz, e que, inspirasse também as próximas gerações, a cidade e atraísse outras pessoas com uma direção profunda, sábia e abençoadora em direção a Deus.

Algum tempo atrás,  veio à nossa igreja um casal com dois filhos. Eles chegaram desconfiados e arredios. Ele havia sido pastor de uma das igrejas mais fundamentalistas deste país, e sofreram muito e apesar de serem crentes, não tinham vontade de se envolver com nenhuma outra igreja, mas com o passar do tempo, viram que sua atitude não era correta. É assim o coração dos crentes... Deus os fez para viver em comunidade, já que não existe corpo sem junção de membros.  Eles procuraram o dono de uma livraria cristã da cidade, querendo saber de uma igreja na qual ele recomendaria para adorar a Deus e trazer seus filhos. Aquele rapaz, que não é de nossa igreja, lhe disse que nos recomendaria. Ele veio, se envolveu, participou de nossa comunidade até se transferir, em plena comunhão, de nossa cidade para São Paulo.

Nossa igreja chegou a 1.011 membros em 2015, contando as congregações e membros menores. Mais do que um numero simbólico e marcante, meu desejo é que esta igreja se torne referência de graça, do evangelho, de saúde e santidade para muitas outras igrejas e pastores jovens, que eles pudessem olhar para nosso jeito de ser e fazer ministério e dissessem: “Esta igreja é uma boa referência para nós”.

Assim foi a igreja de Tessalônica.


Será que receberemos graça de Deus para vivermos assim?

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