Introdução:
À medida que envelheço, tenho
estado mais convencido de que precisamos de pastores modelos e igrejas modelos.
As novas gerações e comunidades precisam de referências aprovadas. Não
raramente ouço jovens dizendo que estão observando meu ministério e confesso
que me sinto assustado, porque isto é uma enorme responsabilidade e desafio.
Paulo se refere à igreja de
Tessalônica como uma igreja “modelo para todos os crentes da Macedônia e da
Acaia” (1 Ts 1.7). O que havia nesta igreja que fazia diferença e inspirava a
tantas outras comunidades?
Primeiro, a fé operosa –
(1 Ts 1.3) Não uma fé abstrata, mas fé concreta. As pessoas de fato não se
impressionam com nosso discurso, mas são atraídas por atitudes. isto fez de
Tessalônica uma igreja modelo. Sua fé transformava-se em ato; o que criam,
praticavam. Fé operosa produz frutos, manifesta Deus na cidade, gera desejo em
outros de conhecer a mensagem que pregam.
Segundo, um amor abnegado
- (1 Ts 1.3). Abnegação é um termo meio negativo e pejorativo na minha mente.
Não sei se isto se dá porque há uma pessoa em minha família, que nunca parece
querer nada, não ter vontade ou desejo algum, e todos dizem que ela é
“abnegada”. Mas na verdade, amor abnegado tem realmente um pouco de tudo isto.
Ele abre mão de direitos e privilégios para servir outros, não faz isto constrangida,
mas voluntariamente. Assim era a igreja de Tessalônica.
Terceiro, firmeza da esperança
- (1 Ts 1.3). Não uma esperança débil, frágil, pusilânime, permeada de dúvidas
e incertezas. pelo contrário, suas convicções eram sólidas Não eram dúbias nem
inconstante quanto ao que criam. Numa época de tanto relativismo moral e
espiritual, de tantos paradoxos e desconstrução, é fácil desenvolvermos uma fé
volátil e liquida, pós moderna. isto leva as pessoas a perderem a confiança
rapidamente em Deus, quando as coisas não estão dando certas.
Quarto, identidade clara -
(1 Ts 1.4). “Reconhecendo, irmãos, amados
de Deus, a vossa eleição”. Uma das coisas mais fantásticas da vida é
identidade e relacionamento. Esta igreja sabia que ele era escolhida por Deus,
por isto sabia que era tratada de forma especial e amada – era um relacionamento
firmado no amor. Eleição para muitos é um tema pesado, destinado àqueles que se
aprofundam nos estudos teológicos, mas se lermos cuidadosamente nas Escrituras
veremos que se trata de uma das grandes razões de gratidão. Saber que somos
escolhidos de Deus, nos dá senso de pertencimento, identidade e amor. Um
cântico evangélico brasileiro diz assim: “Nada como ser um redimido, nada como
ser filho de Deus, e bem cedinho de manhã, saber que as misericórdias do
Senhor, se renovaram”.
Quinta, uma igreja firmada na
Palavra autenticada pelo Espirito – “Porque o nosso evangelho não chegou até vós, tão somente em palavra,
mas, sobretudo, em poder, no Espirito Santo, e em plena convicção”. (1 Ts
1.5).Este é sempre um binômio positivo: Palavra e Poder. “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Lc
22.26). Esta igreja vivenciava a palavra de forma intensa, em plena convicção,
não tinha dúvidas sobre a Palavra de Deus, porque via a palavra de forma
prática na própria vida. A mensagem chegou com poder, e por isto não se
distanciava da vida destes irmãos.
Sexto, Alegria
ultracircunstancial – “Tendo
recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do
Espirito Santo” - (1 Ts 1.6). As circunstâncias não era favoráveis, os dias
eram tensos, marcados por tribulação e escassez, mas esta igreja estava
experimentando no meio de tudo isto, a alegria do Espirito Santo. Havia muita
oposição política e satânica, os crentes estavam acossados e instigados por
causa de suas convicções, em meio a “muita tribulação”, mas algo surpreendente
acontecia em seus corações. A alegria deles estava relacionada à palavra, à
identidade de amor que tinham com Deus, à manifestação do Espirito Santo no seu
meio. Você tem experimentado gozo e regojizo em sua vida?
Sétimo, ruptura com deuses falsos
– “...e como, deixando os ídolos,
vos convertestes a Deus” - (1 Ts 1.9). A primeira e mais dramática
conversão espiritual é dos deuses falsos para o Deus verdadeiro. Aquele povo
havia rompido com tradições culturais, familiares, religiosas, que eram contra
o Deus verdadeiro. Eles rejeitaram os seus ídolos, em quem haviam anteriormente
colocado toda sua confiança em tempos pregressos. Eventualmente esta ruptura
produz grandes estardalhaços: “...que
repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio”. A atitude destes irmãos
em seguir o Deus verdadeiro, causou impacto e se tornou assunto nas rodas de
conversa. Não foi algo fácil. Quando
Gideão decidiu romper com os ídolos de sua casa, a Bíblia diz que seu pai ficou
contra ele (embora o tivesse defendido da morte), e toda sua aldeia quis
matá-lo.
Conclusão
Estas são algumas características
desta igreja que se tornou referência e modelo naqueles dias.
Se você me perguntasse hoje sobre
alguns dos anseios de minha alma eu diria que gostaria de pastorear uma igreja
que fosse refúgio e descanso para as pessoas cansadas, trouxesse graça e
esperança ao coração das pessoas, e que inspirasse esta geração. Eu gostaria de
ser pastor de uma igreja na qual pudessem olhar para ela e desejassem imitar as
coisas boas e saudáveis que ela produz, e que, inspirasse também as próximas
gerações, a cidade e atraísse outras pessoas com uma direção profunda, sábia e
abençoadora em direção a Deus.
Algum tempo atrás, veio à nossa igreja um casal com dois filhos.
Eles chegaram desconfiados e arredios. Ele havia sido pastor de uma das igrejas
mais fundamentalistas deste país, e sofreram muito e apesar de serem crentes,
não tinham vontade de se envolver com nenhuma outra igreja, mas com o passar do
tempo, viram que sua atitude não era correta. É assim o coração dos crentes...
Deus os fez para viver em comunidade, já que não existe corpo sem junção de
membros. Eles procuraram o dono de uma
livraria cristã da cidade, querendo saber de uma igreja na qual ele
recomendaria para adorar a Deus e trazer seus filhos. Aquele rapaz, que não é
de nossa igreja, lhe disse que nos recomendaria. Ele veio, se envolveu,
participou de nossa comunidade até se transferir, em plena comunhão, de nossa
cidade para São Paulo.
Nossa igreja chegou a 1.011
membros em 2015, contando as congregações e membros menores. Mais do que um
numero simbólico e marcante, meu desejo é que esta igreja se torne referência
de graça, do evangelho, de saúde e santidade para muitas outras igrejas e
pastores jovens, que eles pudessem olhar para nosso jeito de ser e fazer
ministério e dissessem: “Esta igreja é uma boa referência para nós”.
Assim foi a igreja de
Tessalônica.
Será que receberemos graça de
Deus para vivermos assim?
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