sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Rm 6.15-23 A colheita do pecado



Introdução:

Estamos nos dias de carnaval, uma festa que, como o próprio nome sugere, é dedicada à carne. Afinal, não é assim que sugerem as músicas? “Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Vamos fazer um pecado rasgado, suado a todo vapor”, e Noite dos mascarados: “Mas é carnaval, não me diga mais quem é você. Amanhã, tudo volta ao normal, deixe a festa acabar, deixe o barco correr, deixe o dia raiar que hoje eu sou, da manheira que você me quer. O que você pedir, eu lhe dou, seja você quem for, seja o que Deus quiser. Seja você quem for, seja o que Deus quiser”, ambas de Chico Buarque. As letras, explicitamente revelam o que há nos motivos do carnaval. Nada de restrição, nada de ética, nada de compromisso. Vamos para gandaia, seja o que Deus quiser.

Qual é o resultado, qual a colheita que a humanidade recebe com a satisfação da carne, e por agir de acordo com os impulsos?

Neste texto, Paulo afirma que, sem Jesus, o homem continuamente entrega seu corpo para os impulsos da carne. O termo “oferecer” aparece 3 x (Rm 6.16,19), dando a ideia de uma atitude espontânea e deliberada. Podemos oferecer os membros do corpo ao pecado, como instrumento da iniquidade; ou à Deus, como instrumento da justiça (Rm 6.13).

Paulo faz uma pergunta provocativa: “Naquele tempo, que resultado colhestes?” (Rm 6.21). Quais são os resultados de viver a vida para atender paixões carnais? Quais os resultados do pecado?

1.     Pecado produz vergonha – (Rm 6.21). Ele afirma que o resultado era “as coisas de que agora vos envergonhais”. A plantação do pecado, traz desonra e vergonha.

Já vi muita gente envergonhada com o pecado. Eventualmente tenho que lembrar tais pessoas do poder restaurador da graça, porque correm o risco de viverem para sempre debaixo da condenação do diabo. Comportamentos escusos, ao serem revelados, trazem desonra e consternação, tem o poder de gerar um mecanismo retroativo de culpa e acusação. Pecados ocultos e mantidos em segredo, mesmo quando não trazidos à tona, energizam Satanás, nosso acusador, transformando a vida num ciclo de dor e tristeza.

Quanta humilhação e vergonha o pecado gera.

2.     Pecado gera dor – É muito comum pessoas adoecerem com a vida de pecado. Davi afirma que “enquanto calou seus pecados, envelheceram seus ossos” (Sl 32.3). A descrição que Davi faz do peso que sentiu pelo seu pecado é parecida com a descrição de um inferno.

Veja o Sl 38:3-8: “Não há parte as na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeças as minhas iniquidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Tornam-se infectas e purulentas as minhas chagas, por causa da minha loucura. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo. Ardem-me os lombos e não há parte sã na minha carne”.

Não é esta uma declaração de grande dor? Existe algum pecado na sua vida que está causando tristeza? Este texto nos convida a aproximarmos de Cristo para experimentar o perdão e a liberdade que só ele pode oferecer.

3.     Pecado gera escravidão – Em Rm 6.13-14 Paulo exorta os irmãos a não oferecerem os membros de seu corpo ao pecado, como instrumentos da iniquidade, para que o pecado não dominasse suas vidas. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós”.
Quando vivemos a vida para satisfação da carne, o resultado é que, aquilo que fazemos por curiosidade, diversão e prazer, passa a dominar e escravizar. Uma pessoa começa fumando uma “maconhinha” que julga inofensiva, quando menos espera, lá está precisando de doses mais fortes, sustentando a indústria do crime comprando droga na mão de traficantes, abrindo-se para experimentar outro tipo de droga, e incapaz de romper com aquilo que julgava inofensivo.

O pecado domina, enlaça e aprisiona o ser humano de tal forma que ele não consegue se desvencilhar de suas tramas. Pedro fala a Simão, o mágico, que ele estava preso por “laços de iniquidade”. Ele era um homem espiritualizado, gostava de ocultismo, magia, manifestações sobrenaturais, e com o passar do tempo, aquilo se tornou uma obsessão, e mesmo quando veio para a igreja e se batizou, estes laços estavam aprisionando sua vida, e ele não tinha liberdade para experimentar a benção de viver em Cristo.

Há alguma coisa enlaçando sua vida? Impedindo-o de continuar? De ser livre?

4.     Pecado gera condenação e morte – A verdade é que, apesar da inflação, o salário do pecado continua o mesmo: “O salário do pecado é a morte!”

Tenho defendido uma tese polêmica e controvertida, de que o pecado mata mais cedo. Perdi três amigos de minha idade, cujas mortes estavam relacionados a escolhas morais que fizeram, dentre elas, droga, promiscuidade e abandono de Deus. A morte e a tragédia, certamente atingem a todos, indistintamente, mas existem pessoas que se aproximam perigosamente desta “geografia da morte”.

Em 1980 me formei no seminário de Campinas, éramos então, a maior turma de todos os tempos e seminários presbiterianos no Brasil. 41 formandos. De minha turma de pastores, apenas 1 faleceu no ano passado, todos os demais estão vivos. E eu sou o caçulinha do grupo. Não é surpreendente? Pessoas morrem muito cedo quando desobedecem as leis de Deus, da vida e da natureza. Por cruzarem esta linha de fogo. No ano passado, no Brasil, 56 mil pessoas foram assassinadas, 80% deles, jovens entre 15-25 anos, e destes, 80% relacionados ao tráfico de drogas.

Paulo diz que “O salário do pecado é a morte!” (Rm 6.23), mas ele não estava se referindo à morte física, mas eterna. O pecado não apenas destrói a saúde e nos expõe à morte física, mas traz danos eternos, nos afasta espiritualmente de Deus e eternamente da sua gloria.

Conclusão:

Felizmente, porém, este texto não termina com esta nota de pesar, mas dando esperança. Não apenas descreve os efeitos deletérios do pecado, mas fala da surpreendente obra da graça de Deus. O texto diz: ““O salário do pecado é a morte! Mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo jesus”. Afirma ainda,Mas graças a Deus, porque, outrora escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração, à forma de doutrina a que fostes entregues, e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm 6.17-18). Veja como as conjunções adversativas, “mas e contudo”, mostram a eficácia da nova realidade gerada pela obra de Cristo.

o que isto nos ensina:

A.     A graça de Deus muda nossa situação – Ela nos liberta do poder do pecado e nos transforma em servos da justiça. que maravilhosa mudança! Não servos da iniquidade, não mais escravos do pecado, não mais condenados à morte eterna, mas livres, para, de coração, obedecer as verdades do evangelho e fazer a vontade de Deus;

B.     A graça muda nossa disposição – Paulo fala que quando éramos escravos do pecado, oferecíamos os membros para a escravidão, mas agora, em Cristo, voluntariamente, servimos à justiça e santificação (Rm 6.19). Não mais para as trevas, mas para Deus, para que ele seja glorificado.

C.     A graça muda nossa condição – Não mais condenados, mas justificados. Não mais destinados à morte, mas à vida eterna.

Quando somos atraídos a Deus, recebemos gratuitamente a vida eterna. você não paga por ela. É gratuita. Você não a merece, é 0800. Nada do que você faça será capaz de torná-lo merecedor, senão seria trabalho, e não graça. Você não pode pagar pela culpa do pecado. Jesus fez isto por você. Ele levou sobre si sua dor, vergonha, escravidão, humilhação.

Esta semana tive uma conversa profunda e franca com uma pessoa que esteve afastada da comunhão da igreja por 20 anos. Ele teve uma queda moral, e isto trouxe muita confusão, vergonha e dor para sua família e seu coração. Ele disse que não voltou antes, e estava relutante em retornar agora, porque seu pecado tinha decepcionado e machucado muitas pessoas, e sentia que não tinha direito de retornar. Virando-se prá mim, perguntou: “Você me entende, né?” e eu lhe respondi: “Não!” Ele então ficou meio indeciso, e eu lhe disse: “Isto que você está afirmando contraria o Evangelho. Não é isto que aprendemos nas Escrituras Sagradas. O tempo do exílio acabou”.

O Evangelho muda nossa condição. Nossa sentença era morte, mas agora é vida. Era condenação, mas agora, aceitação; era vergonha, mas agora gratidão e exultação. o salário de nossas atitudes e decisões morais, de uma vida acorrentada pelos laços de iniquidade, trazem juízo e condenação, mas a obra de Cristo muda nosso status e condição. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de deus é a vida eterna”.

É isto que o evangelho ensina! “Uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça!”(Rm 6.18).

Portanto, ofereçam agora, livremente a Deus, os seus membros, talentos e corpo, para servirem à justiça e ao seu Reino. A obra de Deus é gratuita. nada pode ser feito para que sejamos resgatado da nossa condição, mas ele nos redimiu. Então, como forma de gratidão e louvor, ofereçamos nossos membros não mais ao pecado, mas a Deus, como instrumentos de justiça. 





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