Introdução:
Estamos nos dias de carnaval, uma
festa que, como o próprio nome sugere, é dedicada à carne. Afinal, não é assim
que sugerem as músicas? “Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Vamos
fazer um pecado rasgado, suado a todo vapor”, e Noite dos mascarados: “Mas é
carnaval, não me diga mais quem é você. Amanhã, tudo volta ao normal, deixe a
festa acabar, deixe o barco correr, deixe o dia raiar que hoje eu sou, da
manheira que você me quer. O que você pedir, eu lhe dou, seja você quem for,
seja o que Deus quiser. Seja você quem for, seja o que Deus quiser”, ambas de
Chico Buarque. As letras, explicitamente revelam o que há nos motivos do
carnaval. Nada de restrição, nada de ética, nada de compromisso. Vamos para
gandaia, seja o que Deus quiser.
Qual é o resultado, qual a
colheita que a humanidade recebe com a satisfação da carne, e por agir de
acordo com os impulsos?
Neste texto, Paulo afirma que,
sem Jesus, o homem continuamente entrega seu corpo para os impulsos da carne. O
termo “oferecer” aparece 3 x (Rm 6.16,19), dando a ideia de uma atitude
espontânea e deliberada. Podemos oferecer os membros do corpo ao pecado, como
instrumento da iniquidade; ou à Deus, como instrumento da justiça (Rm 6.13).
Paulo faz uma pergunta
provocativa: “Naquele tempo, que
resultado colhestes?” (Rm 6.21). Quais são os resultados de viver a vida
para atender paixões carnais? Quais os resultados do pecado?
1. Pecado produz vergonha – (Rm 6.21). Ele
afirma que o resultado era “as coisas de que agora vos envergonhais”. A
plantação do pecado, traz desonra e vergonha.
Já vi muita gente envergonhada
com o pecado. Eventualmente tenho que lembrar tais pessoas do poder restaurador
da graça, porque correm o risco de viverem para sempre debaixo da condenação do
diabo. Comportamentos escusos, ao serem revelados, trazem desonra e
consternação, tem o poder de gerar um mecanismo retroativo de culpa e acusação.
Pecados ocultos e mantidos em segredo, mesmo quando não trazidos à tona,
energizam Satanás, nosso acusador, transformando a vida num ciclo de dor e
tristeza.
Quanta humilhação e vergonha o
pecado gera.
2. Pecado gera dor – É muito comum pessoas
adoecerem com a vida de pecado. Davi afirma que “enquanto calou seus pecados, envelheceram seus ossos” (Sl 32.3). A
descrição que Davi faz do peso que sentiu pelo seu pecado é parecida com a
descrição de um inferno.
Veja o Sl 38:3-8: “Não há parte as na minha carne, por causa
da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois
já se elevam acima de minha cabeças as minhas iniquidades; como fardos pesados,
excedem as minhas forças. Tornam-se infectas e purulentas as minhas chagas, por
causa da minha loucura. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o
dia todo. Ardem-me os lombos e não há parte sã na minha carne”.
Não é esta uma declaração de
grande dor? Existe algum pecado na sua vida que está causando tristeza? Este
texto nos convida a aproximarmos de Cristo para experimentar o perdão e a
liberdade que só ele pode oferecer.
3. Pecado gera escravidão – Em Rm 6.13-14
Paulo exorta os irmãos a não oferecerem os membros de seu corpo ao pecado, como
instrumentos da iniquidade, para que o pecado não dominasse suas vidas. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós”.
Quando vivemos
a vida para satisfação da carne, o resultado é que, aquilo que fazemos por
curiosidade, diversão e prazer, passa a dominar e escravizar. Uma pessoa começa
fumando uma “maconhinha” que julga inofensiva, quando menos espera, lá está
precisando de doses mais fortes, sustentando a indústria do crime comprando
droga na mão de traficantes, abrindo-se para experimentar outro tipo de droga,
e incapaz de romper com aquilo que julgava inofensivo.
O pecado
domina, enlaça e aprisiona o ser humano de tal forma que ele não consegue se
desvencilhar de suas tramas. Pedro fala a Simão, o mágico, que ele estava preso
por “laços de iniquidade”. Ele era um
homem espiritualizado, gostava de ocultismo, magia, manifestações
sobrenaturais, e com o passar do tempo, aquilo se tornou uma obsessão, e mesmo
quando veio para a igreja e se batizou, estes laços estavam aprisionando sua
vida, e ele não tinha liberdade para experimentar a benção de viver em Cristo.
Há alguma
coisa enlaçando sua vida? Impedindo-o de continuar? De ser livre?
4. Pecado gera condenação e morte – A
verdade é que, apesar da inflação, o salário do pecado continua o mesmo: “O salário do pecado é a morte!”
Tenho defendido uma tese polêmica
e controvertida, de que o pecado mata mais cedo. Perdi três amigos de minha
idade, cujas mortes estavam relacionados a escolhas morais que fizeram, dentre
elas, droga, promiscuidade e abandono de Deus. A morte e a tragédia, certamente
atingem a todos, indistintamente, mas existem pessoas que se aproximam
perigosamente desta “geografia da morte”.
Em 1980 me formei no seminário de
Campinas, éramos então, a maior turma de todos os tempos e seminários
presbiterianos no Brasil. 41 formandos. De minha turma de pastores, apenas 1
faleceu no ano passado, todos os demais estão vivos. E eu sou o caçulinha do
grupo. Não é surpreendente? Pessoas morrem muito cedo quando desobedecem as
leis de Deus, da vida e da natureza. Por cruzarem esta linha de fogo. No ano
passado, no Brasil, 56 mil pessoas foram assassinadas, 80% deles, jovens entre
15-25 anos, e destes, 80% relacionados ao tráfico de drogas.
Paulo diz que “O salário do pecado é a morte!” (Rm
6.23), mas ele não estava se referindo à morte física, mas eterna. O pecado não
apenas destrói a saúde e nos expõe à morte física, mas traz danos eternos, nos
afasta espiritualmente de Deus e eternamente da sua gloria.
Conclusão:
Felizmente, porém, este texto não
termina com esta nota de pesar, mas dando esperança. Não apenas descreve os
efeitos deletérios do pecado, mas fala da surpreendente obra da graça de Deus.
O texto diz: ““O salário do pecado é a
morte! Mas, o dom gratuito de Deus é
a vida eterna em Cristo jesus”. Afirma ainda, “Mas graças a Deus, porque,
outrora escravos do pecado, contudo,
viestes a obedecer de coração, à forma de doutrina a que fostes entregues, e,
uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm 6.17-18). Veja como as conjunções adversativas, “mas e contudo”, mostram a eficácia da nova
realidade gerada pela obra de Cristo.
o que isto nos ensina:
A. A
graça de Deus muda nossa situação – Ela nos liberta do poder do pecado
e nos transforma em servos da justiça. que maravilhosa mudança! Não servos da
iniquidade, não mais escravos do pecado, não mais condenados à morte eterna,
mas livres, para, de coração, obedecer as verdades do evangelho e fazer a
vontade de Deus;
B. A
graça muda nossa disposição – Paulo fala que quando éramos escravos do
pecado, oferecíamos os membros para a escravidão, mas agora, em Cristo, voluntariamente,
servimos à justiça e santificação (Rm 6.19). Não mais para as trevas, mas para
Deus, para que ele seja glorificado.
C. A graça
muda nossa condição – Não mais condenados, mas justificados. Não mais
destinados à morte, mas à vida eterna.
Quando somos atraídos a Deus,
recebemos gratuitamente a vida eterna. você não paga por ela. É gratuita. Você
não a merece, é 0800. Nada do que você faça será capaz de torná-lo merecedor,
senão seria trabalho, e não graça. Você não pode pagar pela culpa do pecado.
Jesus fez isto por você. Ele levou sobre si sua dor, vergonha, escravidão,
humilhação.
Esta semana tive uma conversa
profunda e franca com uma pessoa que esteve afastada da comunhão da igreja por
20 anos. Ele teve uma queda moral, e isto trouxe muita confusão, vergonha e dor
para sua família e seu coração. Ele disse que não voltou antes, e estava
relutante em retornar agora, porque seu pecado tinha decepcionado e machucado
muitas pessoas, e sentia que não tinha direito de retornar. Virando-se prá mim,
perguntou: “Você me entende, né?” e eu lhe respondi: “Não!” Ele então ficou
meio indeciso, e eu lhe disse: “Isto que você está afirmando contraria o
Evangelho. Não é isto que aprendemos nas Escrituras Sagradas. O tempo do exílio
acabou”.
O Evangelho muda nossa condição.
Nossa sentença era morte, mas agora é vida. Era condenação, mas agora,
aceitação; era vergonha, mas agora gratidão e exultação. o salário de nossas
atitudes e decisões morais, de uma vida acorrentada pelos laços de iniquidade,
trazem juízo e condenação, mas a obra de Cristo muda nosso status e condição. “O salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de deus é a vida eterna”.
É isto que o evangelho ensina! “Uma vez libertados do pecado, fostes feitos
servos da justiça!”(Rm 6.18).
Portanto, ofereçam agora, livremente a Deus, os seus membros, talentos e
corpo, para servirem à justiça e ao seu Reino. A obra de Deus é gratuita. nada
pode ser feito para que sejamos resgatado da nossa condição, mas ele nos
redimiu. Então, como forma de gratidão e louvor, ofereçamos nossos membros não
mais ao pecado, mas a Deus, como instrumentos de justiça.
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