segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Ex 16 A Provisão de Deus


 Resultado de imagem para imagem o maná dos ceus



















Introdução:

Uma das grandes preocupações da vida está relacionado à provisão: 
            - Não vai faltar o necessário?
           - Terei o suficiente?
            - E quando chegar à velhice?

Um filho percebeu que sua mãe de 85 anos de idade, estava muito preocupada com as finanças. Com cuidado aproximou-se dela e perguntou:
- “Mãe, por que a senhora está tão preocupada?” E a ouvir sua resposta ele fez uma planilha e coloquei todos os recursos que ela possuía e suas despesas mensais e afirmou:
-“Se a senhora gastar o que tem gastado mensalmente, o dinheiro da senhora é suficiente para mais 20 anos”. E ela, ainda ansiosa respondeu:
-“Por isto mesmo, depois de 20 anos eu não sei como viverei!”

Tememos não ter o suficiente.
Apesar de nos referirmos a Deus como o Deus da provisão, vivemos ansiosos quanto ao futuro. Um dos nomes hebraicos para Deus é “Jeová-Jiré”,  cuja tradução mais apropriada é o “Deus da provisão”.

Este texto descreve um povo ansioso quanto ao sustento de Deus, preocupado com sua sobrevivência. Quando somos dominados pela ansiedade, algumas coisas acontecem:

A.     Murmuração – “Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto” (Ex 16.2). Este é o primeiro resultado. Logo que surgiu um problema, lá estava o povo murmurando.

B.     Murmuração contagia! - “Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto” (Ex 16.2). Não apenas uma fração da comunidade, mas toda ela.

C.     Murmuração nos leva a antecipar o pior: “Nos trouxestes a este deserto para matardes de fome toda esta multidão?” (Ex 16.3).

Eles havia saído do Egito havia pouco tempo. No 14o. dia do primeiro mês, e este era o 15o. Dia do segundo mês. Apenas um mês e um dia foram suficientes para que a ansiedade viesse forte. Eles levaram provisões que dariam para viver ainda muito tempo, entretanto, perderam toda capacidade de fazer raciocínio. E já estavam desesperados, antecipando a fome.

D.    Murmuração tira o impacto da celebração e da gratidão – O clima de luto dominava a congregação. Nenhuma gratidão, nem alegria, apenas desespero.

Tinham visto a ação de Deus contra os egípcios, viram a intervenção sobrenatural em Mara (Ex 15.22-27), tudo isto no espaço de um mês, mas o que os dominava era a angústia e o medo.

E.     Murmuração nos faz hostilizar as pessoas – ““Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto” (Ex 16.2). Ela procura um bode expiatório.

É muito fácil encontrar alguém para culpar quando as coisas não vão bem. Basta observar a sua casa. Não é assim que fazemos? Quando estamos descontentes logo acusamos alguém. A primeira que pudermos será considerada culpada.

F.     Murmuração é essencialmente, uma queixa contra Deus – As vossas murmurações não são contra nós, e sim contra o Senhor” (Ex 16.8). Murmuração é sempre contra Deus.

O Salmo 37.4 afirma: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará aos desejos do teu coração”. A murmuração é o oposto. Perdemos a alegria em Deus, afinal ele é o responsável pela miséria e fracasso que estamos atravessando. Ele não é Todo-poderoso? Por que ele então não se move para trazer livramento?

Como a murmuração é resolvida?
Por todas as razões enumeradas acima, e por ela ser tão danosa para nossas emoções e a vida espiritual, a murmuração precisa ser tratada. Este texto nos mostra exatamente como resolveram a questão:

1.    Moisés levou o povo a se aproximar de Deus: “Chegai-vos à presença do Senhor” (Ex 16.9). Diante da Deus é que tratamos a situação e o coração. Diante dele que as coisas se resolvem.

2.    Deus revela sua provisão – Deus já tinha um plano para aquela situação que viviam. Ele é o Deus da provisão, ele vai cuidar.

O grande problema diante da preocupação, não é a situação em si, mas o coração incrédulo , que perde a capacidade de crer. O nosso problema não é o sustento, mas a falta de fé.
Alguns anos atrás estava numa das reuniões de oração da igreja, orando com dois diáconos da igreja. Um desabafou. Advogado, dependendo de uma justiça morosa como a nossa, as causas não eram julgadas e por conseguinte os seus proventos não chegavam. – “O Senhor pode orar por isto, pastor?” Era o anseio daquele coração de um pai de família.
O outro diácono também abriu seu coração. Trabalhando com representantes de roupas, tinha recebido naquela semana a noticia de que uma das empresas, com a qual estava ligado cerca de 15 anos, e que era responsável por 50% do seu faturamento, estava fechando as portas. – “Queria que vocês orassem por isto, estou aflito”.
Naquela hora, veio ao meu coração um sentimento e eu compartilhei com os dois. –“Deus afirmou que ele é o Deus da provisão. Que ele irá, em Cristo Jesus, suprir cada uma de nossas necessidades. Então entendo que precisamos orar não é pela provisão, que é responsabilidade de Deus. Mas por fé. Precisamos crer que, suas promessas se cumprirão. Não é assim que deveríamos considerar?

3.    Sua provisão é suficiente – “Colhei cada um segundo o que pode comer” (Ex 16.16).

O Maná é um bom exemplo da provisão divina. O que você puder comer, vai poder colher. Deus não permite extravagância, mas  assegura o básico. Nem excesso, nem carência.
Não sobejava o que colhera muito, nem faltava o que colhera pouco, pois colheram cada um quanto podia comer” (Ex 16.18). Nem mais, nem menos. O suficiente. O bastante.

4.    A ambição revela-se tola. “Disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para a manhã seguinte” (Ex 16.19). A ordem foi dada, mas alguns “inseguros”, “prevenidos”, estas seriam as palavras que escolheriam para nos justificar, resolveram ignorar a recomendação divina.

O resultado? “Deixaram do maná para a manhã seguinte; porém deu bichos e cheirava mal. E Moisés se indignou contra eles” (Ex 16.20).
Perceberam?
A palavra certa para tal situação é “desobediência”. “Não deram ouvidos a Moisés”.

5.    Quando houver necessidade de dose dupla, ele vai cuidar! Ao sexto dia, colheram em dobro, dois gômeres para cada um; e os principais da congregação vieram e contaram-no a Moisés” (Ex 16.22).

Haverá momentos em que Deus vai providenciar dose extra. Deus manda o dobro para o sábado, porque naquele dia todos deveriam descansar. A ordem é clara: Pode descansar! Não precisa exagerar! Nem ficar ansioso. Deus manda para dias comuns e para dias especiais. Infelizmente o tolo não quer descansar.
O problema é que muitos não querem descansar. Muitos estão querendo colher no sábado, mas no sábado, Deus não dá, porque ele já deu na sexta. Regra simples: Pode colher no sábado, mas no sábado não se pode colher. A colheita que tentamos fazer no sábado, é sempre desastrosa e infrutífera.

6.    Deus dará permanentemente – E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos limites da terra de Canaã” (Ex 16.35). Sua provisão não é temporária.

Durante quarenta anos Deus deu. Sempre. Nunca faltou. Que impressionante!!!
Quando não caiu mais o maná, era porque ele já havia disposto outros recursos. Quando falta de um jeito, Deus dará de outro.

7.    Deus deseja que sua provisão se torne motivo de louvor ao seu nome “Disse Moisés: "O Senhor ordenou-lhes que recolham um jarro de maná e guardem-no para as futuras gerações, para que vejam o pão que lhes dei no deserto, quando os tirei do Egito". Então Moisés disse a Arão: "Ponha numa vasilha a medida de um jarro de maná, e coloque-a diante do Senhor, para que seja conservado para as futuras gerações" (Ex 16.32,33).
Por que Deus pediu para que recolhessem um jarro de maná para as futuras gerações? Para servir de testemunho e louvor. Nossos filhos precisam saber de como Deus nos tem dado. A murmuração e ingratidão roubam de nós a capacidade de ensinar adoração aos nossos filhos. Eles aprendem a suspeitar de Deus ao invés de glorificar a Deus. Eles crescem inseguros, ansiosos, sem capacidade de desfrutar, sem descanso (trabalhando aos sábados), descontentes e murmuradores.
Deus deseja que seu povo o glorifique através da provisão que ele dá.
Você tem sido grato a Deus?

Conclusão: O maná de Deus

Há uma coisa sobre o maná, que pode passar desapercebido por nós ao lermos a bíblia. A provisão de Deus é sempre exaltada na Bíblia, mas Jesus a toma para dar um sentido muito mais amplo e maior ao maná.

Veja o que ele diz em Jo.31-33:

“Os nossos antepassados comeram o maná no deserto; como está escrito: ‘Ele lhes deu a comer pão do céu’". Declarou-lhes Jesus: "Digo-lhes a verdade: Não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo". Disseram eles: "Senhor, dá-nos sempre desse pão! " Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.

Jesus afirma que o maná no deserto, na verdade, era uma referência a algo muito maior. Falava de sua vinda. Ele era o maná verdadeiro, que desceu do céu e dá vida ao mundo.
Com isto Jesus demonstra que, por detrás da ansiedade do homem, da sua insegurança, há uma anseio por um alimento muito mais profundo. O nosso descontentamento só pode ser saciado com o pão da vida. "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”. Nada, além de Jesus, poderá saciar nossa fome. Nada satisfaz, nem sacia, senão este pão da vida que desceu dos céus.

Você reclama da vida, da provisão?
Sua murmuração tem um motivo muito mais profundo. Ela não tem causa no seu estômago, mas no seu coração.

O maná aponta para Cristo.

O pão da vida, que desceu dos céus, Cristo, ele dá vida ao mundo, ele sacia nossa fome e desejo por coisas muito mais profundas, que desconhecemos. Tratamos de nossas crises perifericamente, mas precisamos aprofundar esta inquietação da qual temos sido vitimados.

sábado, 19 de janeiro de 2019

At 18 Fala, e não te cales! (Paulo em Corinto)




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Introdução

Corinto foi uma das cidades onde Paulo gastou mais tempo em seu ministério. Ali ele ficou por 1 ano e meio (At 18.11). Em Éfeso ficaria por dois anos (At 19.10). ao contrário de Filipos, Bereia e Atenas onde sua passagem foi rápida. Depois de ter saído de Atenas, a cidade intelectual do império romano, ele segue para Corinto, a capital da sensualidade. Atenas e Corinto foram afetadas de forma direta por dois grandes problemas espirituais: O orgulho intelectual e a luxúria sensual. Em Corinto, por causa de seus portos, muitas ideias e culturas conviviam juntos. Era uma sociedade plural.

Corinto ficava cerca de 100kms de Atenas e era a capital da Acaia, uma cidade portuária e centro de comércio localizado entre o mar Adriático e o mar Egeu. Era uma cidade muito bonita e também o centro do culto da deusa Afrodite, deusa do sexo. Havia um grande templo dedicado a esta deusa onde todas as noites, milhares de sacerdotes vinham da cidade para realizar cerimônias. Peter Wagner afirma que havia mil mulheres, chamadas “santas”, que iniciavam os devotos na arte do amor. Por isto Corinto era conhecida por ser um centro de sensualidade em todo império romano. Não muito diferente de muitas cidades modernas marcadas por sensualidade.

Corinto era completamente pagã e imoral. A cidade estava cheia de templos pagãos e na alta acrópole estava o templo de Afrodite, a deusa grega do amor. “A partir do século V a.C., a expressão “corintianizar” significava ser sexualmente imoral” (Bíblia de Genebra).

Paulo vai descrever algumas destas atitudes de licenciosidade moral e perversão, na sua primeira carta ao descrever esta cidade. A falta de significado e vazio surgiram como consequência do paganismo. Apesar de conhecer toda situação moral e espiritual da cidade, Paulo chega confiante no poder do Evangelho para alcançar e transformar as pessoas. Paulo estabelece uma base forte do evangelho na cidade e posteriormente escreveria 3 cartas a esta igreja, sendo que uma delas se perdeu.

Sua estratégia

A abordagem missionária de Paulo seguia um padrão muito característico. Nestes poucos versículos observamos sua forma de penetrar na cidade e alcançar vidas. Ainda hoje alguns destes princípios podem ser referência para a ação urbana da igreja na evangelização.

A.    Aproveitando os pontos de contato - Paulo segue o mesmo padrão missionário que vimos nas demais cidades. Ele sempre começava pelas sinagogas. “Testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus”. Muitos judeus que moravam em Roma se mudaram para Corinto por causa da perseguição. “Cláudio decretou que todos os judeus se retirassem de Roma” (At 18.2).

Paulo conhecia muito bem as Escrituras Sagradas e por isto podia falar aos judeus relatando as profecias messiânicas. Quando posteriormente escreveu àquela igreja ele afirmou que a cruz de Cristo se transformava para muitos numa “pedra de escândalo” (1 Co 1.23). Quando o expulsaram da sinagoga ele dirigiu-se à casa de Ticio, justo. O texto grego dá a ideia de que sua casa era separada da sinagoga apenas por uma parede. Ali ele continuou pregando e Crispo, o principal da sinagoga se converteu, bem como muitos outros da cidade de Corinto que ouviram o evangelho e foram batizados.

B.    Crie relacionamentos – ”Paulo se aproximou deles” (At 18.2). Este versículo  mostra como Paulo fazia para alcançar as pessoas. Ele se aproximava delas. Uma das formas mais efetivas de evangelização é a amizade. Joseph Aldrich escreveu interessante livro chamado: “Amizade, a chave da evangelização”.

Experts afirmam que um dos grandes obstáculos na efetividade da evangelização tem sido o fato de que as igrejas se transformam em guetos, distanciando-se das pessoas não crentes. Deveríamos investir, intencionalmente, em amizades com pessoas não cristãs, para que assim pudéssemos testemunhar-lhes o evangelho. 

C.    Aproveite o ambiente de trabalho  - Paulo, Priscila e Áquila eram do mesmo ofício (At 18.2). Para sua sobrevivência ele construía tendas e isto o levou a se aproximar de Priscila e Áquila que tinham a mesma profissão.

Ray Stedman afirma que este casal conheceu a Cristo através de Paulo. Eles vieram de Roma por causa da perseguição que o Imperador Cláudio moveu contra os judeus e o nome deles é frequentemente citado no livro de Atos. Posteriormente viajaram com Paulo para Éfeso.
Paulo os conduziu a Cristo no ambiente de trabalho. Este é um dos melhores locais para que o evangelho se torne conhecido das pessoas. Ao interagir, conversar e estabelecer contatos e amizades Jesus pode ser comunicado à vida das pessoas.
Isto se aplica a empresários, profissionais liberais, trabalhadores de indústrias, oficiais. Geralmente  pessoas com a mesma linguagem e as mesmas preocupações podem ser alcançadas pelo testemunho de seus colegas.

D.   Preste atenção a “pessoas em movimento” – Cláudio provocou uma diáspora em Roma, quando decretou em 49 d.C, que os judeus saíssem da cidade. “Suetônio (Claud, XXV,4) afirma que o motivo foram os tumultos relacionados com um Chresto (conflitos entre judeus e cristãos)”. Bíblia Shedd.

Pelo fato do mundo ser tão dinâmico, as pessoas estão constantemente mudando de domicilio. Já recebi vários membros em nossa igreja que vieram por transferência. Muitos vem do interior para as grandes cidades procurando oportunidades de trabalho e melhor educação, ao mesmo  funcionários de grandes empresas e corporações se mudam para o interior, em busca de melhores salários.

A igreja precisa estar atenta às pessoas que chegam à sua cidade para melhor cuidar delas. Quando elas chegam deixam seus familiares, tradições e amigos. Se forem bem acolhidas pela igreja, a evangelização e o crescimento da igreja serão mais eficientes. Lares poderiam se abrir para acolher estudantes universitários, e acolher pessoas que ainda estão deslocadas por terem chegado recentemente à cidade.

E.    Esteja atento às novas oportunidades – Paulo sofre oposição dos judeus (At 18.6), e o ambiente fica tenso com altercações e discussões, e ao invés de dispender grande energia na resolução destes conflitos, resolve investir em novas oportunidades e encontrar novos caminhos.

E onde estava a oportunidade? A Bíblia diz que na casa ao lado da sinagoga, já que o principal líder se converte.

Deus muitas vezes fecha portas. A sinagoga não mais receberia Paulo, mas ele sai e entra na casa do vizinho, um homem temente a Deus, chamado Tício, o justo, aparentemente um prosélito que morava ao lado da sinagoga. Provavelmente Paulo já havia conversado com aquele homem e agora sua casa tornou-se o centro de suas atividades de pregação. Apesar de ter saído da sinagoga no meio de forte oposição, seu trabalho não fora em vão. “Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor com toda sua casa” (At 18.8), e assim, uma nova família agrega à igreja. A Bíblia afirma ainda que “muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados”(At 18.8).
Quando Paulo afirma “vou para os gentios”, na verdade ele estava ampliando sua visão e enxergando novas oportunidades. Logo os frutos apareceram no meio dos gentios.

F.     Seja estratégico – Corinto era uma cidade estratégica. O porto dava acesso a uma infinidade de outras cidades, não estava muito longe de Roma, por esta razão antes de ir para Tessalônica, Paulo passou por duas cidades, Anfípolis e Apolônia, e não se deteve nelas.

As pessoas que estavam naquelas cidades não precisavam do evangelho? Claro que sim. Mas a razão de ir para as cidades principais era o fato de serem estratégicas na difusão do evangelho.

Qual era o objetivo de Paulo em Corinto? Transformá-la num centro de irradiação da fé na Acaia. A comunidade cristã era formada por pessoas simples e pobres. Não havia, nesse meio, “muitos sábios segundo a carne, nem muitos de família prestigiosa” (1 Co 1.26) mas alcançados pelo poder do evangelho se transformaram em testemunhas poderosas em toda aquela região.

“Por que Paulo escolheu Corinto? Por que ele permaneceu dezoito meses nessa cidade?  Paulo era um missionário estrategista. Ele escolhia as cidades para as quais se dirigia com muito critério e cuidado. Corinto era uma das maiores e mais importantes cidades do mundo como também Roma, Éfeso e Alexandria. Levantarei aqui algumas razões pelas quais o apóstolo Paulo escolheu a cidade de Corinto, para plantar uma igreja. Em primeiro lugar, a razão geográfica. Corinto era uma cidade grega, de grande importância. Ela ficava bem próxima de Atenas, a grande capital da Grécia, e a capital Igreja, o povo chamado por Deus. Corinto era uma cidade banhada por dois mares, o mar Egeu e o mar Jônico. Em Corinto, ficava um dos mais importantes portos da época, o porto de Cencréia. Portanto, a cidade de Corinto recebia gente de várias partes do mundo todos os dias. Era uma cidade onde pessoas de diversas culturas fervilhavam pelas ruas e praças diariamente; uma cidade de intenso intercâmbio cultural. Corinto era uma cidade cosmopolita. O mundo inteiro estava dentro dela. Evangelizar Corinto era um plano estratégico, pois o evangelho a partir de Corinto poderia se espalhar e alcançar o mundo inteiro. Essa foi uma das razões por que Paulo se concentrou nessa cidade. Em segundo lugar, a razão social. Corinto era uma grande e importante cidade. Era riquíssima, em virtude do seu intercâmbio comercial com outras cidades importantes do mundo. A maior parte do comércio entre o Oriente e o Ocidente do Mediterrâneo optava passar por Corinto. Não apenas o comércio era robusto, mas, também, Corinto era uma cidade florescente com respeito à cultura. Havia um grande auditório musical (odeon) localizado em Corinto, com capacidade para dezoito mil pessoas sentadas. Quando Paulo chegou a Corinto, ela já era uma cidade nova. Uma igreja numa cidade nova e florescente tem mais probabilidade de crescimento do que em uma cidade antiga. O florescimento da cidade favorecia a semeadura do evangelho e pavimentava o caminho para a plantação de uma nova igreja. Em terceiro lugar, a razão cultural. Plantar uma igreja em Corinto era abrir janelas de evangelização para o mundo. Pessoas entravam e saíam de Corinto todos os dias. Essa cidade fazia conexão com o mundo inteiro. Paulo entendia que o maior “produto” a ser exportado daquela cidade cosmopolita era o evangelho de Cristo” (Hernandes Dias Lopes).

Missionários profissionais ou profissionais missionários?

Paulo era um missionário ou um construtor de tendas? Na verdade uma coisa não é oposta a outra, mas estabelece a conexão para a efetividade da missão.

Hoje em dia, uma discussão muito interessante tem surgido na reflexão sobre missões: qual é mais efetivo: missionário profissional ou profissional missionário?

O missionário “profissional”, é aquele que recebe treinamento específico na área teológica para ser um pastor ou obreiro em um campo novo ou não alcançado. Ele vai para um seminário, onde é preparado e equipado para pregar o evangelho. Ele recebe da igreja ou de pessoas que tem visão missionária e vai para o campo sustentado pelas igrejas locais. Pode ser também um profissional liberado, mas que ainda assim precisa de recursos da igreja e segue com dinheiro destinado a missões.

O profissional missionário é alguém que tem formação “secular”. Ele é um engenheiro, médico, professor, que se preparou academicamente para trabalhar no mundo dos negócios, mas quer transformar sua profissão num instrumento de evangelização. Muitos fazem do seu trabalho ou de sua empresa um campo missionário. Empresários deveriam pensar na possibilidade de abrir empresas, que se manteriam, ou até mesmo dariam lucro, em lugares com pouca oportunidade de trabalho, para abençoar regiões com alto índice de pobreza e miséria e transformar este lugar uma base missionária.

A MPC do Brasil tem procurado encorajar jovens a se tornarem professores,  em todos os níveis. A academia do Brasil tem sido desprezada pela igreja de forma geral e as escolas públicas e universidades estão nas mãos de pessoas ateias, com forte formação marxista/leninista. Não deveríamos ter cristãos competentes, lecionando nestes espaços e dialogando com vários segmentos científicos e influenciando a cosmovisão cristã nos meios acadêmicos?

E o que fazer com as crianças que também são doutrinadas pelos professores evolucionistas nas escolas? Ou defensores da ideologia do gênero? Não deveríamos ter pessoas qualificadas influenciando o pensamento dos futuros profissionais?

O mesmo precisa acontecer nos campos missionários.
Durante quase 10 anos a Igreja de Anápolis foi parceira de um agrônomo que decidiu viajar dedicar sua vida em países pobres da África e trabalhar com comunidades nativas, num ambiente muçulmano, dando noções modernas de agricultura. Mas neste caso, ele ainda recebia da igreja e não produzia para seu sustento.

Entretanto, existem hoje missões como Interserve Ministries, que enviam profissionais para trabalhar em países muçulmanos. Eles não recebem das igrejas, mas das empresas cristãs que os contratam e ali em um ambiente não cristão, dão testemunho do evangelho. Uma filha de um ex-pastor de nossa igreja, decidiu com seu esposo ser contratado e enviado por uma empresa de TI, e trabalhar na Arábia Saudita, onde ficaram por quase sete anos, recebendo pelo seu trabalho e dando testemunho de Cristo.  Outra missão bem conhecida é “Tentmakers” (fazedores de tendas), que encoraja estudantes cristãos a servirem com sua formação no reino de Deus.

Veja o testemunho de um destes profissionais:
Nós somos fazedores de tendas. Como o apostolo Paulo, nosso salario vem de profissões convencionais, como o apóstolo Paulo em At 18.1-3. Desta forma podemos evangelizar, pregar, fazer uma determinada tarefa, ou servir em uma determinada área quando somos chamados por Deus. Muitas vezes você gostaria de estar num determinado lugar, fazendo o que Deus chamou você a fazer como um apologeta, mas seja cuidadosa nas suas aspirações. Deus deseja que você esteja exatamente onde ele te quer, porque fazedores de tendas tornam-se pessoas que executam as obras de Deus”.
Se você deseja ler mais sobre esta assunto, um bom artigo para começar é

Recentemente Angola estava precisando de professores secundaristas para suas escolas. Eles davam pacote salarial razoável e boas condições de trabalho para professores brasileiros.
A Funai, que está nas mãos de antropólogos descrentes e marxistas, tem fechado todas as portas para aqueles que desejam trabalhar na obra missionária indígena, mas sempre há vagas para odontólogos, enfermeiros, médicos ou professores que se dispõem a trabalhar nas aldeias, recebendo salário do governo brasileiro, uma boa oportunidade de emprego.

Como é que Paulo, um homem instruído “aos pés de Gamaliel”, também sabia fabricar tendas? (At 22.3). Ele recebeu treinamento. Paulo era de Tarso, Cilícia, região famosa por um tecido chamado cilicium, usado para fabricar tendas. Sendo assim, é provável que Paulo tenha aprendido esse ofício ainda jovem. Era um trabalho árduo, mas através dele Paulo se sustentava no campo missionário. A Bíblia Shedd afirma que a expressão “fazer tendas” poderia ser melhor traduzida como “trabalhar em couro”. Paulo teria aprendido a profissão na mocidade, pois era costume entre judeus ricos e pobres, dar treinamento manual aos filhos. Um ditado judeu dizia: “quem não dá ao filho uma profissão, o transforma em um ladrão”.

Você tem chamado missionário?
O último sermão que ouvi do Dr. Russel Shedd foi na Missão Vida. Ele afirmou: “Não vejo no Novo Testamento nenhuma pessoa sendo chamada para ser pastor ou missionário, mas chamado para ser servo”. Ele contou que, em 1954, foi a Nova York, para ser examinado pelo comitê da Igreja Batista da qual fazia parte para sua ordenação. Naquela época lhe perguntaram: “você tem certeza de seu chamado?” E ele respondeu afirmativamente. Mas agora, dizia ele, se me perguntarem se tenho certeza do meu chamado para o ministério, minha resposta será não!
Ele afirmou que no Antigo Testamento era muito comum pessoas serem chamadas para determinados ofícios como sacerdotes, levitas e profetas, mas no Novo Testamento, a ênfase está em sermos fieis discípulos. Somos chamados para ser servos. O que Deus vai fazer conosco é problema dele.

Pastores deveriam ser remunerados?
A resposta é, sim e não!
Por que os pastores recebem salário de suas igrejas? Porque as igrejas entenderam que os mesmos poderiam dessa forma, se consagrar e dedicar integralmente à obra e ministério pastoral. Não é fácil conciliar as demandas de uma igreja, na medida em que ela vai crescendo, tendo ao mesmo tempo um pastorado e um emprego que consome todo tempo e energia. Então, por causa da dinâmica eclesiástica, as igrejas preferem pagar seus pastores para darem tempo integral e foco naquilo que fazem.

Paulo trabalhava apenas quando precisava. Quando chegava ofertas de outras igrejas ele não hesitava em deixar seu trabalho para um segundo plano. A igreja de Filipos entendeu isto. Paulo escreve elogiando a visão desta igreja.

Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus” (Fp 4.15-18). A oferta missionária é descrita por Paulo como “aroma suave, aceitável e aprazível a Deus” (RA).

Quando Silas e Timóteo desceram da macedônia, Paulo se entregou totalmente a palavra” (At 17.5). Antes sua atenção estava dividida, mas agora ele podia se dedicar plenamente com a oferta que recebeu. Nem todas pessoas e igrejas tem sensibilidade no tocante ao dinheiro. Paulo não considerava a fabricação de tendas sua vocação, ou carreira. Ele trabalhava nisso apenas para se sustentar enquanto realizava seu ministério. O resultado? “Muitos dos coríntios  . . . começaram a crer” (At 18.5-8).

Fala, e não te cales!

A oposição dos judeus pode ter sido dura para Paulo. Ele já vinha de rejeição em outras cidades, e agora, o desânimo poderia estar atingindo seu coração. De noite, Paulo tem uma visão que traz um novo vigor.

“Certa noite o Senhor falou a Paulo em visão: Não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade. Assim, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus” (At 18.9-11).

O que Deus fala a Paulo, literalmente é: “para de ter medo, continue falando”. Isto parece demonstrar que ele, de fato, estava com medo. Na primeira carta aos coríntios ele afirma: “E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês” (1 Co 2.3). Paulo sabia a natureza do seu ministério em contraste com uma cultura tão carregada de idolatria e luxúria. Sua mensagem confrontava as trevas.

Quando o ministério cristão é exercido com fidelidade, sempre atinge as estruturas da cidade, e o resultado é que Satanás contra ataca. Surgem hostilidades, oposição, desconforto. A mensagem de Cristo desestabiliza o status quo.
Esta é razão da manifestação do Senhor a Paulo. Não temas!

Tenho muito povo nesta cidade

O que o Senhor diz a Paulo nesta visão é que existe um povo, que Paulo não conhece, mas que pertence a Deus. Este é o povo eleito de Deus.
Em Atos 13.48 lemos: “creram todos os que foram destinados para a vida eterna”. Existe um povo escolhido por Deus antes da fundação do mundo, que ao ouvir a mensagem, vai responder em fé a esta mensagem. Jesus ensinou sobre isto: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”. São as ovelhas de Cristo, que ainda estão fora do aprisco, que ao ouvirem a voz do pastor amado responderão com fé e o seguirão.
Deus conhece os que são seus.
Os que são seus reconhecem o chamado do bom pastor – e o seguem!

Muitos dizem: Para que evangelizar se as pessoas são eleitas?
Este texto analisa esta questão por uma angulo diferente: “Porque há pessoas eleitas, devemos evangelizar”. É Isto que Deus fala a Paulo: “Fala e não te cales, porque tenho muita gente nesta cidade”. Não deixe de falar porque há pessoas que precisam ouvir. O povo de Deus está por ai, e isto deve nos encorajar a pregar, afinal, não sabemos quem é escolhido ou não.

A doutrina da eleição encoraja a evangelização.

Aqueles que hoje são fortes opositores e reativos quanto à Palavra, podem ser alcançadas pela mensagem do evangelho. Os eleitos ouvirão a voz do Senhor e a seguirão. Elas não seguirão a voz do mercenário, porque são de Cristo.

Isto dá ânimo a Paulo para continuar em Corinto, por um ano e meio. Cheio de expectativa. A voz de Cristo ecoava em seu coração: “Tenho muito povo nesta cidade”. Uma outra tradução diz: “Há muitas pessoas aqui que ainda não vieram a mim, ainda!” Eles ainda eram pagãos, não tinham ainda se tornado cristãos, mas o Senhor já os conhecia. A igreja de Corinto se tornou uma grande e forte igreja, causando impacto na cultura daquela cidade.

Conclusão

A ordem de Deus é “Fala, e não te cales!”

Muitas vidas precisam ser alcançadas. Deus deu aos seus discípulos as ferramentas, o conteúdo e as estratégias para alcançar cidades como Corinto.

Muitas vezes nos assustamos com a depravação moral de nossos contemporâneos. Será que temos hoje no Brasil alguma cidade que usa a religiosidade para motivos tão depravados quanto a cidade de Corinto?
Como devemos olhar tal cidade. Desanimados pela sua situação de podridão moral e licenciosidade aliada à sacralidade? Ou conscientes de que Deus conhece os seus e que há muito povo a ser alcançado e que a graça de Deus vai nos dar vitória?

Uma porta se fecha? Oposição ao evangelho? Nada disto difere da experiência de Paulo. Mas em contextos de oposição, ainda assim, Deus a pessoa a ser alcançada encontra-se ao lado da igreja, como estava Ticio. Ou quem sabe, o líder religioso da região, como Crispo, ou ainda, grande número de pessoas que são atraídas a Jesus pelo poder do Espírito Santo?

A ordem de Deus é clara: “Fala e não te cales, porque ainda tenho muito povo nesta cidade”. Devemos olhar o campo com fé, enxergando oportunidades, crendo na ação do Espírito Santo, no poder da mensagem que pregamos. Deus ainda tem muito povo na nossa cidade.