Introdução
Corinto foi uma das cidades onde
Paulo gastou mais tempo em seu ministério. Ali ele ficou por 1 ano e meio (At
18.11). Em Éfeso ficaria por dois anos (At 19.10). ao contrário de Filipos,
Bereia e Atenas onde sua passagem foi rápida. Depois de ter saído de Atenas, a
cidade intelectual do império romano, ele segue para Corinto, a capital da
sensualidade. Atenas e Corinto foram afetadas de forma direta por dois grandes
problemas espirituais: O orgulho intelectual e a luxúria sensual. Em Corinto, por
causa de seus portos, muitas ideias e culturas conviviam juntos. Era uma
sociedade plural.
Corinto ficava cerca de 100kms de
Atenas e era a capital da Acaia, uma cidade portuária e centro de comércio localizado
entre o mar Adriático e o mar Egeu. Era uma cidade muito bonita e também o
centro do culto da deusa Afrodite, deusa do sexo. Havia um grande templo
dedicado a esta deusa onde todas as noites, milhares de sacerdotes vinham da
cidade para realizar cerimônias. Peter Wagner afirma que havia mil mulheres,
chamadas “santas”, que iniciavam os devotos na arte do amor. Por isto Corinto
era conhecida por ser um centro de sensualidade em todo império romano. Não
muito diferente de muitas cidades modernas marcadas por sensualidade.
Corinto era completamente pagã e
imoral. A cidade estava cheia de templos pagãos e na alta acrópole estava o
templo de Afrodite, a deusa grega do amor. “A partir do século V a.C., a
expressão “corintianizar” significava ser sexualmente imoral” (Bíblia de
Genebra).
Paulo vai descrever algumas
destas atitudes de licenciosidade moral e perversão, na sua primeira carta ao
descrever esta cidade. A falta de significado e vazio surgiram como consequência
do paganismo. Apesar de conhecer toda situação moral e espiritual da cidade,
Paulo chega confiante no poder do Evangelho para alcançar e transformar as
pessoas. Paulo estabelece uma base forte do evangelho na cidade e
posteriormente escreveria 3 cartas a esta igreja, sendo que uma delas se perdeu.
Sua estratégia
A abordagem missionária de Paulo
seguia um padrão muito característico. Nestes poucos versículos observamos sua
forma de penetrar na cidade e alcançar vidas. Ainda hoje alguns destes
princípios podem ser referência para a ação urbana da igreja na evangelização.
A. Aproveitando os pontos de contato - Paulo segue o mesmo padrão
missionário que vimos nas demais cidades. Ele sempre começava pelas sinagogas. “Testemunhando aos judeus que o Cristo é
Jesus”. Muitos judeus que moravam em Roma se mudaram para Corinto por causa
da perseguição. “Cláudio decretou que todos
os judeus se retirassem de Roma” (At 18.2).
Paulo conhecia muito bem as
Escrituras Sagradas e por isto podia falar aos judeus relatando as profecias
messiânicas. Quando posteriormente escreveu àquela igreja ele afirmou que a
cruz de Cristo se transformava para muitos numa “pedra de escândalo” (1 Co 1.23). Quando o expulsaram da sinagoga
ele dirigiu-se à casa de Ticio, justo. O texto grego dá a ideia de que sua casa
era separada da sinagoga apenas por uma parede. Ali ele continuou pregando e
Crispo, o principal da sinagoga se converteu, bem como muitos outros da cidade
de Corinto que ouviram o evangelho e foram batizados.
B. Crie relacionamentos – ”Paulo se aproximou deles” (At 18.2). Este versículo mostra como Paulo fazia para alcançar as
pessoas. Ele se aproximava delas. Uma das formas mais efetivas de evangelização
é a amizade. Joseph Aldrich escreveu interessante livro chamado: “Amizade, a
chave da evangelização”.
Experts afirmam que um dos
grandes obstáculos na efetividade da evangelização tem sido o fato de que as
igrejas se transformam em guetos, distanciando-se das pessoas não crentes.
Deveríamos investir, intencionalmente, em amizades com pessoas não cristãs,
para que assim pudéssemos testemunhar-lhes o evangelho.
C. Aproveite o ambiente de trabalho
- Paulo, Priscila e Áquila eram do mesmo ofício (At 18.2). Para sua
sobrevivência ele construía tendas e isto o levou a se aproximar de Priscila e
Áquila que tinham a mesma profissão.
Ray Stedman afirma que este casal
conheceu a Cristo através de Paulo. Eles vieram de Roma por causa da
perseguição que o Imperador Cláudio moveu contra os judeus e o nome deles é
frequentemente citado no livro de Atos. Posteriormente viajaram com Paulo para
Éfeso.
Paulo os conduziu a Cristo no
ambiente de trabalho. Este é um dos melhores locais para que o evangelho se
torne conhecido das pessoas. Ao interagir, conversar e estabelecer contatos e
amizades Jesus pode ser comunicado à vida das pessoas.
Isto se aplica a empresários,
profissionais liberais, trabalhadores de indústrias, oficiais. Geralmente pessoas com a mesma linguagem e as mesmas
preocupações podem ser alcançadas pelo testemunho de seus colegas.
D. Preste atenção a “pessoas em
movimento” –
Cláudio provocou uma diáspora em Roma, quando decretou em 49 d.C, que os judeus
saíssem da cidade. “Suetônio (Claud, XXV,4) afirma que o motivo foram os
tumultos relacionados com um Chresto (conflitos entre judeus e cristãos)”.
Bíblia Shedd.
Pelo fato do mundo ser tão
dinâmico, as pessoas estão constantemente mudando de domicilio. Já recebi
vários membros em nossa igreja que vieram por transferência. Muitos vem do
interior para as grandes cidades procurando oportunidades de trabalho e melhor
educação, ao mesmo funcionários de
grandes empresas e corporações se mudam para o interior, em busca de melhores
salários.
A igreja precisa estar atenta às
pessoas que chegam à sua cidade para melhor cuidar delas. Quando elas chegam deixam
seus familiares, tradições e amigos. Se forem bem acolhidas pela igreja, a
evangelização e o crescimento da igreja serão mais eficientes. Lares poderiam
se abrir para acolher estudantes universitários, e acolher pessoas que ainda estão
deslocadas por terem chegado recentemente à cidade.
E. Esteja atento às novas
oportunidades – Paulo
sofre oposição dos judeus (At 18.6), e o ambiente fica tenso com altercações e
discussões, e ao invés de dispender grande energia na resolução destes
conflitos, resolve investir em novas oportunidades e encontrar novos caminhos.
E onde estava a oportunidade? A
Bíblia diz que na casa ao lado da sinagoga, já que o principal líder se
converte.
Deus muitas vezes fecha portas. A
sinagoga não mais receberia Paulo, mas ele sai e entra na casa do vizinho, um
homem temente a Deus, chamado Tício, o justo, aparentemente um prosélito que
morava ao lado da sinagoga. Provavelmente Paulo já havia conversado com aquele
homem e agora sua casa tornou-se o centro de suas atividades de pregação. Apesar
de ter saído da sinagoga no meio de forte oposição, seu trabalho não fora em
vão. “Crispo, o principal da sinagoga,
creu no Senhor com toda sua casa” (At 18.8), e assim, uma nova família
agrega à igreja. A Bíblia afirma ainda que “muitos
dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados”(At 18.8).
Quando Paulo afirma “vou para os gentios”, na verdade ele
estava ampliando sua visão e enxergando novas oportunidades. Logo os frutos
apareceram no meio dos gentios.
F. Seja estratégico – Corinto era uma cidade
estratégica. O porto dava acesso a uma infinidade de outras cidades, não estava
muito longe de Roma, por esta razão antes de ir para Tessalônica, Paulo passou
por duas cidades, Anfípolis e Apolônia, e não se deteve nelas.
As pessoas que estavam naquelas
cidades não precisavam do evangelho? Claro que sim. Mas a razão de ir para as
cidades principais era o fato de serem estratégicas na difusão do evangelho.
Qual era o objetivo de Paulo em
Corinto? Transformá-la num centro de irradiação da fé na Acaia. A comunidade
cristã era formada por pessoas simples e pobres. Não havia, nesse meio, “muitos sábios segundo a carne, nem muitos de
família prestigiosa” (1 Co 1.26) mas alcançados pelo poder do evangelho se
transformaram em testemunhas poderosas em toda aquela região.
“Por que Paulo
escolheu Corinto? Por que ele permaneceu dezoito meses nessa cidade? Paulo era um missionário estrategista. Ele
escolhia as cidades para as quais se dirigia com muito critério e cuidado.
Corinto era uma das maiores e mais importantes cidades do mundo como também
Roma, Éfeso e Alexandria. Levantarei aqui algumas razões pelas quais o apóstolo
Paulo escolheu a cidade de Corinto, para plantar uma igreja. Em primeiro lugar,
a razão geográfica. Corinto era uma cidade grega, de grande importância. Ela ficava
bem próxima de Atenas, a grande capital da Grécia, e a capital Igreja, o povo
chamado por Deus. Corinto era uma cidade banhada por dois mares, o mar Egeu e o
mar Jônico. Em Corinto, ficava um dos mais importantes portos da época, o porto
de Cencréia. Portanto, a cidade de Corinto recebia gente de várias partes do
mundo todos os dias. Era uma cidade onde pessoas de diversas culturas
fervilhavam pelas ruas e praças diariamente; uma cidade de intenso intercâmbio
cultural. Corinto era uma cidade cosmopolita. O mundo inteiro estava dentro
dela. Evangelizar Corinto era um plano estratégico, pois o evangelho a partir
de Corinto poderia se espalhar e alcançar o mundo inteiro. Essa foi uma das
razões por que Paulo se concentrou nessa cidade. Em segundo lugar, a razão
social. Corinto era uma grande e importante cidade. Era riquíssima, em virtude
do seu intercâmbio comercial com outras cidades importantes do mundo. A maior
parte do comércio entre o Oriente e o Ocidente do Mediterrâneo optava passar
por Corinto. Não apenas o comércio era robusto, mas, também, Corinto era uma
cidade florescente com respeito à cultura. Havia um grande auditório musical
(odeon) localizado em Corinto, com capacidade para dezoito mil pessoas
sentadas. Quando Paulo chegou a Corinto, ela já era uma cidade nova. Uma igreja
numa cidade nova e florescente tem mais probabilidade de crescimento do que em
uma cidade antiga. O florescimento da cidade favorecia a semeadura do evangelho
e pavimentava o caminho para a plantação de uma nova igreja. Em terceiro lugar,
a razão cultural. Plantar uma igreja em Corinto era abrir janelas de
evangelização para o mundo. Pessoas entravam e saíam de Corinto todos os dias.
Essa cidade fazia conexão com o mundo inteiro. Paulo entendia que o maior
“produto” a ser exportado daquela cidade cosmopolita era o evangelho de Cristo”
(Hernandes Dias Lopes).
Missionários profissionais ou profissionais missionários?
Paulo era um missionário ou um
construtor de tendas? Na verdade uma coisa não é oposta a outra, mas estabelece
a conexão para a efetividade da missão.
Hoje em dia, uma discussão muito
interessante tem surgido na reflexão sobre missões: qual é mais efetivo:
missionário profissional ou profissional missionário?
O missionário “profissional”, é aquele que recebe treinamento específico na área
teológica para ser um pastor ou obreiro em um campo novo ou não alcançado. Ele
vai para um seminário, onde é preparado e equipado para pregar o evangelho. Ele
recebe da igreja ou de pessoas que tem visão missionária e vai para o campo
sustentado pelas igrejas locais. Pode ser também um profissional liberado, mas
que ainda assim precisa de recursos da igreja e segue com dinheiro destinado a
missões.
O profissional missionário é alguém que tem formação “secular”. Ele é um engenheiro,
médico, professor, que se preparou academicamente para trabalhar no mundo dos
negócios, mas quer transformar sua profissão num instrumento de evangelização.
Muitos fazem do seu trabalho ou de sua empresa um campo missionário.
Empresários deveriam pensar na possibilidade de abrir empresas, que se
manteriam, ou até mesmo dariam lucro, em lugares com pouca oportunidade de
trabalho, para abençoar regiões com alto índice de pobreza e miséria e
transformar este lugar uma base missionária.
A MPC do Brasil tem procurado encorajar
jovens a se tornarem professores, em
todos os níveis. A academia do Brasil tem sido desprezada pela igreja de forma
geral e as escolas públicas e universidades estão nas mãos de pessoas ateias,
com forte formação marxista/leninista. Não deveríamos ter cristãos competentes,
lecionando nestes espaços e dialogando com vários segmentos científicos e
influenciando a cosmovisão cristã nos meios acadêmicos?
E o que fazer com as crianças que
também são doutrinadas pelos professores evolucionistas nas escolas? Ou
defensores da ideologia do gênero? Não deveríamos ter pessoas qualificadas
influenciando o pensamento dos futuros profissionais?
O mesmo precisa acontecer nos
campos missionários.
Durante quase 10 anos a Igreja de
Anápolis foi parceira de um agrônomo que decidiu viajar dedicar sua vida em
países pobres da África e trabalhar com comunidades nativas, num ambiente
muçulmano, dando noções modernas de agricultura. Mas neste caso, ele ainda recebia
da igreja e não produzia para seu sustento.
Entretanto, existem hoje missões
como Interserve Ministries, que
enviam profissionais para trabalhar em países muçulmanos. Eles não recebem das
igrejas, mas das empresas cristãs que os contratam e ali em um ambiente não
cristão, dão testemunho do evangelho. Uma filha de um ex-pastor de nossa
igreja, decidiu com seu esposo ser contratado e enviado por uma empresa de TI,
e trabalhar na Arábia Saudita, onde ficaram por quase sete anos, recebendo pelo
seu trabalho e dando testemunho de Cristo.
Outra missão bem conhecida é “Tentmakers” (fazedores de tendas), que
encoraja estudantes cristãos a servirem com sua formação no reino de Deus.
Veja o testemunho de um destes
profissionais:
“Nós somos fazedores de tendas.
Como o apostolo Paulo, nosso salario vem de profissões convencionais, como o
apóstolo Paulo em At 18.1-3. Desta forma podemos evangelizar, pregar, fazer uma
determinada tarefa, ou servir em uma determinada área quando somos chamados por
Deus. Muitas vezes você gostaria de estar num determinado lugar, fazendo o que
Deus chamou você a fazer como um apologeta, mas seja cuidadosa nas suas
aspirações. Deus deseja que você esteja exatamente onde ele te quer, porque
fazedores de tendas tornam-se pessoas que executam as obras de Deus”.
Se você deseja ler mais sobre
esta assunto, um bom artigo para começar é
Recentemente Angola estava precisando
de professores secundaristas para suas escolas. Eles davam pacote salarial
razoável e boas condições de trabalho para professores brasileiros.
A Funai, que está nas mãos de
antropólogos descrentes e marxistas, tem fechado todas as portas para aqueles
que desejam trabalhar na obra missionária indígena, mas sempre há vagas para odontólogos,
enfermeiros, médicos ou professores que se dispõem a trabalhar nas aldeias, recebendo
salário do governo brasileiro, uma boa oportunidade de emprego.
Como é que Paulo, um homem
instruído “aos pés de Gamaliel”, também sabia fabricar tendas? (At 22.3). Ele
recebeu treinamento. Paulo era de Tarso, Cilícia, região famosa por um tecido
chamado cilicium, usado
para fabricar tendas. Sendo assim, é provável que Paulo tenha aprendido esse
ofício ainda jovem. Era um trabalho árduo, mas através dele Paulo se sustentava
no campo missionário. A Bíblia Shedd afirma que a expressão “fazer tendas”
poderia ser melhor traduzida como “trabalhar em couro”. Paulo teria aprendido a
profissão na mocidade, pois era costume entre judeus ricos e pobres, dar
treinamento manual aos filhos. Um ditado judeu dizia: “quem não dá ao filho uma
profissão, o transforma em um ladrão”.
Você tem chamado missionário?
O último sermão que ouvi do Dr.
Russel Shedd foi na Missão Vida. Ele afirmou: “Não vejo no Novo Testamento
nenhuma pessoa sendo chamada para ser pastor ou missionário, mas chamado para
ser servo”. Ele contou que, em 1954, foi a Nova York, para ser examinado pelo
comitê da Igreja Batista da qual fazia parte para sua ordenação. Naquela época
lhe perguntaram: “você tem certeza de seu chamado?” E ele respondeu
afirmativamente. Mas agora, dizia ele, se me perguntarem se tenho certeza do
meu chamado para o ministério, minha resposta será não!
Ele afirmou que no Antigo
Testamento era muito comum pessoas serem chamadas para determinados ofícios
como sacerdotes, levitas e profetas, mas no Novo Testamento, a ênfase está em
sermos fieis discípulos. Somos chamados para ser servos. O que Deus vai fazer
conosco é problema dele.
Pastores deveriam ser remunerados?
A resposta é, sim e não!
Por que os pastores recebem
salário de suas igrejas? Porque as igrejas entenderam que os mesmos poderiam
dessa forma, se consagrar e dedicar integralmente à obra e ministério pastoral.
Não é fácil conciliar as demandas de uma igreja, na medida em que ela vai
crescendo, tendo ao mesmo tempo um pastorado e um emprego que consome todo
tempo e energia. Então, por causa da dinâmica eclesiástica, as igrejas preferem
pagar seus pastores para darem tempo integral e foco naquilo que fazem.
Paulo trabalhava apenas quando
precisava. Quando chegava ofertas de outras igrejas ele não hesitava em deixar
seu trabalho para um segundo plano. A igreja de Filipos entendeu isto. Paulo
escreve elogiando a visão desta igreja.
“Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho,
quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a
dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram
ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Não que eu esteja
procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi
tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que
recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de
aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus” (Fp 4.15-18). A
oferta missionária é descrita por Paulo como “aroma suave, aceitável e aprazível
a Deus” (RA).
“Quando Silas e Timóteo desceram da macedônia, Paulo se entregou
totalmente a palavra” (At 17.5). Antes sua atenção estava dividida, mas
agora ele podia se dedicar plenamente com a oferta que recebeu. Nem todas
pessoas e igrejas tem sensibilidade no tocante ao dinheiro. Paulo não
considerava a fabricação de tendas sua vocação, ou carreira. Ele trabalhava
nisso apenas para se sustentar enquanto realizava seu ministério. O resultado? “Muitos dos
coríntios . . . começaram a crer” (At 18.5-8).
Fala, e não te cales!
A oposição dos judeus pode ter
sido dura para Paulo. Ele já vinha de rejeição em outras cidades, e agora, o
desânimo poderia estar atingindo seu coração. De noite, Paulo tem uma visão que
traz um novo vigor.
“Certa noite o Senhor falou a
Paulo em visão: Não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois estou
com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente
nesta cidade. Assim, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a
palavra de Deus” (At 18.9-11).
O que Deus fala a Paulo,
literalmente é: “para de ter medo, continue falando”. Isto parece demonstrar
que ele, de fato, estava com medo. Na primeira carta aos coríntios ele afirma:
“E foi com fraqueza, temor e com muito
tremor que estive entre vocês” (1 Co 2.3). Paulo sabia a natureza do seu
ministério em contraste com uma cultura tão carregada de idolatria e luxúria.
Sua mensagem confrontava as trevas.
Quando o ministério cristão é
exercido com fidelidade, sempre atinge as estruturas da cidade, e o resultado é
que Satanás contra ataca. Surgem hostilidades, oposição, desconforto. A
mensagem de Cristo desestabiliza o status quo.
Esta é razão da manifestação do
Senhor a Paulo. Não temas!
Tenho muito povo nesta cidade
O que o Senhor diz a Paulo nesta
visão é que existe um povo, que Paulo não conhece, mas que pertence a Deus.
Este é o povo eleito de Deus.
Em Atos 13.48 lemos: “creram todos os que foram destinados para a
vida eterna”. Existe um povo escolhido por Deus antes da fundação do mundo,
que ao ouvir a mensagem, vai responder em fé a esta mensagem. Jesus ensinou
sobre isto: “As minhas ovelhas ouvem a
minha voz e me seguem”. São as ovelhas de Cristo, que ainda estão fora do
aprisco, que ao ouvirem a voz do pastor amado responderão com fé e o seguirão.
Deus conhece os que são seus.
Os que são seus reconhecem o
chamado do bom pastor – e o seguem!
Muitos dizem: Para que
evangelizar se as pessoas são eleitas?
Este texto analisa esta questão
por uma angulo diferente: “Porque há pessoas eleitas, devemos evangelizar”. É
Isto que Deus fala a Paulo: “Fala e não
te cales, porque tenho muita gente nesta cidade”. Não deixe de falar porque
há pessoas que precisam ouvir. O povo de Deus está por ai, e isto deve nos
encorajar a pregar, afinal, não sabemos quem é escolhido ou não.
A doutrina da eleição encoraja a
evangelização.
Aqueles que hoje são fortes opositores
e reativos quanto à Palavra, podem ser alcançadas pela mensagem do evangelho.
Os eleitos ouvirão a voz do Senhor e a seguirão. Elas não seguirão a voz do
mercenário, porque são de Cristo.
Isto dá ânimo a Paulo para
continuar em Corinto, por um ano e meio. Cheio de expectativa. A voz de Cristo
ecoava em seu coração: “Tenho muito povo
nesta cidade”. Uma outra tradução diz: “Há
muitas pessoas aqui que ainda não vieram a mim, ainda!” Eles ainda eram
pagãos, não tinham ainda se tornado cristãos, mas o Senhor já os conhecia. A
igreja de Corinto se tornou uma grande e forte igreja, causando impacto na
cultura daquela cidade.
Conclusão
A ordem de Deus é “Fala, e não te
cales!”
Muitas vidas precisam ser alcançadas.
Deus deu aos seus discípulos as ferramentas, o conteúdo e as estratégias para alcançar
cidades como Corinto.
Muitas vezes nos assustamos com a
depravação moral de nossos contemporâneos. Será que temos hoje no Brasil alguma
cidade que usa a religiosidade para motivos tão depravados quanto a cidade de
Corinto?
Como devemos olhar tal cidade.
Desanimados pela sua situação de podridão moral e licenciosidade aliada à
sacralidade? Ou conscientes de que Deus conhece os seus e que há muito povo a
ser alcançado e que a graça de Deus vai nos dar vitória?
Uma porta se fecha? Oposição ao
evangelho? Nada disto difere da experiência de Paulo. Mas em contextos de oposição,
ainda assim, Deus a pessoa a ser alcançada encontra-se ao lado da igreja, como
estava Ticio. Ou quem sabe, o líder religioso da região, como Crispo, ou ainda,
grande número de pessoas que são atraídas a Jesus pelo poder do Espírito Santo?
A ordem de Deus é clara: “Fala e não te cales, porque ainda tenho
muito povo nesta cidade”. Devemos olhar o campo com fé, enxergando
oportunidades, crendo na ação do Espírito Santo, no poder da mensagem que
pregamos. Deus ainda tem muito povo na nossa cidade.