Introdução:
Em sua segunda viagem missionária Paulo
ministrou em várias cidades da Macedônia, entre elas Filipos, Tessalônica e
Bereia, de onde foi praticamente, expulso da cidade.Dali segue para Atenas, onde permaneceu sozinho, aguardando a chegada de
seus colegas de trabalho Silas e Timóteo.
O discurso
de Paulo em Atenas (Atos 17,16-34) é importantíssimo para nossa reflexão atual,
porque trata diretamente da relação entre gregos e cristãos, entre a cosmovisão
cristã com a sociedade secularizada e pagã. Este é, sem dúvida, o grande
desafio na obra missionaria, evangelística e para os pregadores contemporâneos.
Como comunicar, de forma relevante, a mensagem do evangelho a uma geração que
desconhece Deus? Ou que se cerca de outros deuses e discursos religiosos? O
discurso de Paulo reflete o primeiro encontro entre filosofia grega e fé
cristã.
O livro de Atos
dos Apóstolos, narra inúmeras situações em que a mensagem de Cristo é
pregada aos judeus nas sinagogas, mas o discurso de Paulo em Atenas que se dá
por volta do ano 50-52 d.C., no Areópago, tem uma abordagem completamente
distinta. Paulo sequer cita o Antigo Testamento. Os atenienses desconheciam e
não se importavam com um livro que era sagrado para um povo específico: os judeus.O mesmo
acontece hoje quando, no meio secularizado, citamos a Bíblia como autoridade.
Percebendo a forma como se construía o pensamento dos atenienses, bem como seu temor supersticioso (deisidaimonia, religiosidade vs. 22) já que havia imagens para todas as divindades, incluindo uma dedicada ao ‘Deus desconhecido’ (agnôstô Theô), Paulo parte da reflexão filosófica, citando poetas; e da religiosidade, para pregar com relevância a mensagem de Jesus. Seus interlocutores são os filósofos epicuristas e estóicos, escolas filosóficas muito influentes naqueles dia. Este texto serve de paradigma para compreender melhor a relação entre fé cristã e filosofia no mundo antigo e como pregar o evangelho a uma geração que não possui qualquer vinculo intelectual com o pensamento judaico cristão.
Percebendo a forma como se construía o pensamento dos atenienses, bem como seu temor supersticioso (deisidaimonia, religiosidade vs. 22) já que havia imagens para todas as divindades, incluindo uma dedicada ao ‘Deus desconhecido’ (agnôstô Theô), Paulo parte da reflexão filosófica, citando poetas; e da religiosidade, para pregar com relevância a mensagem de Jesus. Seus interlocutores são os filósofos epicuristas e estóicos, escolas filosóficas muito influentes naqueles dia. Este texto serve de paradigma para compreender melhor a relação entre fé cristã e filosofia no mundo antigo e como pregar o evangelho a uma geração que não possui qualquer vinculo intelectual com o pensamento judaico cristão.
Atos 17.16-34 é, sem discussão, uma das
passagens mais relevantes em toda as Escrituras para a igreja em nossos dias.
Como John Stott escreveu esta passagem responde o tipo de pergunta que que a
igreja pós-moderna enfrenta.
Perguntas como:
“Qual deve ser a reação de um cristão
que visita uma cidade que é dominada por ideologias ou religiões não cristãs,
uma cidade que pode ser esteticamente magnífica e culturalmente sofisticada,
mas moralmente decadente e espiritualmente morta?
Como lidar com uma cultura religiosa,
mas dominada por um pensamento pagão?
Como reagir e responder a ideologia
não-cristã? Ao ceticismo?
Como responder à questão: “o importante é ter fé” não
importa qual é o seu Deus? As pessoas de Atenas eram religiosas. Paulo afirma:
“Em tudo vos vejo acentuadamente
religiosos” (At 20.22), mas ainda assim estavam perdidos na superstição e
idolatria.
Stott afirma que temos aqui quatro
estágios da reação de Paulo em Atenas: O que ele viu, sentiu, fez e pregou.
Primeiro: O que Paulo viu?
Paulo estava à espera Silas e Timóteo
que ficaram em Bereia de onde fora expulso pela perseguição. Enquanto esperava andou
e observou cuidadosamente a religiosidade do povo: “Porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei
também um altar no qual está escrito: AO DEUS DESCONHECIDO” (AT 17.23). Seu
olhar era intencional e atento. E algo lhe chamou a atenção: “a idolatria dominante na cidade” (At
17.16).
Atenas, em seu auge (Séc V a.C) foi a
maior cidade do mundo. A arte, literatura, a arquitetura e as filosofias que
existiam influenciavam a cultura grega e ainda são o ponto de partida para a
reflexão filosófica até hoje, no pensamento ocidental. Atenas era o lar de
alguns dos filósofos mais influentes da história, como Péricles, Sócrates,
Platão e Aristóteles. Corinto era a capital da província, mas Atenas era a
maior cidade. Os romanos dominavam pela força, mas os gregos pela mente. A cidade que era o berço da cultura mundial estava imersa numa
profunda cegueira espiritual, encharcada de um maligno obscurantismo
espiritual.
Petrônio, um escritor contemporâneo de Paulo, afirmou que era mais fácil um deus em Atenas do que um homem. Estima-se que a
população de Atenas fosse de 10.000 habitantes, mas havia cerca de 30.000
estátuas públicas associadas à idolatria. Havia mais estátuas dos deuses em
Atenas do que em toda a Grécia.
Lá se encontrava ainda o maravilhoso
templo na colina da cidade, o Partenon, dedicado à deusa Atena, com suas
magníficas colunas. O templo feito de ouro e mármore possuía 17 colunas
laterais e 8 colunas de largura. A estátua da deusa podia ser vista a sessenta
quilômetros de distância. Paulo sentiu uma forte tristeza e indignação, ao ver
como a cidade estava entregue ao obscurantismo religioso.
Não faltava religião. O povo
estava farto de religião. O que faltava era o conhecimento do Evangelho do
Senhor Jesus Cristo; daquele que morreu na cruz e ressuscitou dentre os mortos,
única esperança para a humanidade.
Segundo: O que Paulo sentiu?
“Enquanto
Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria
dominante na cidade” (At 17.16).
A expressão “se revoltava” (paroxuno) tem a raiz da palavra
“paroxismo”, em português, que significa “estimular, irritar, provocar, causar
ira”. Era utilizada em referência a um ataque epilético ou convulsão. Paulo
experimentou uma reação visceral de indignação. Ele teve uma “epilepsia
espiritual”.
Certamente ele ficou impressionado com
a arquitetura de Atenas, com obras de arte espalhada por todos os lados sendo
que a maioria era de ídolos. Mas sua possível reação de encantamento
transformou-se em tristeza, porque todos aqueles nichos refletiam a
tendência à idolatria e o afastamento de Deus. Isto causou-lhe uma reação
profunda e visceral . A cidade de Atenas estava sufocada pelos
ídolos.
Terceiro: O que Paulo fez?
É interessante pensar sobre isto,
porque Paulo não ficou lamentando a situação caótica da sociedade, mas decidiu
confrontar aquela situação. Paulo procurou locais onde poderia, de alguma
forma, falar da verdade de Jesus.
O texto descreve pelo menos três
ambientes em que Paulo ensinou:
a. Sinagoga – “Por
isso, dissertava na sinagoga entre judeus e gentios piedosos” (At 17.17). É
Importante enfatizar a expressão “por isso”. Ao observar toda condição
espiritual daquela cidade, Paulo decidiu pregar àqueles que imediatamente
poderiam estar ligados à Lei e às profecias. Ele se dirigiu estrategicamente
aos judeus.
b. Praça – “...também, na praça, todos os dias, entre os que se encontravam ali”(At
17.17). Estando numa cidade pagã e pluralista, ele sabia que os atenienses não
ficariam à vontade de entrar numa sinagoga judaica, por isto ele sai da sua
zona de conforto, deixa as paredes e se dirige aos locais públicos, onde os
debates de ideias aconteciam. Naquele ambiente “universitário”, os filósofos e estóicos passaram a discutir com
ele, a ponto de ter sido chamado de “tagarela”, e receber o desprezo e zombaria
ao ser considerado “pregador de estranhos
deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição” (At 17.18). Com razão, sua
mensagem era “bizarra”, como ele mesmo definiu: A mensagem da cruz é “escândalo
par os judeus e loucura para os gentios”.
A palavra “tagarela” (spermologos) estava relacionada a várias
espécies de pássaros que se alimentam de grãos e era usada para descrever
mestres que, não tendo ideias próprias, acabavam plagiando os outros, aderindo
às opiniões de vários autores. É um termo de escárnio equivalente a “papagaio”, como declarou Eugene Peterson.
c. Areópago – “Então,
tomando-o consigo, o levaram ao Areópago dizendo, Poderemos saber que nova
doutrina é essa que ensinas?” (At 17.19). O areópago já era um lugar mais
elitizado, em forma de teatro. O ambiente ali era de muita discussão
filosófica, e os atenienses apreciavam a multiplicidade de ideias: “Pois todos os de Atenas e os estrangeiros
residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as ultimas
novidades”(At 17.21).
Ao observarmos que ele foi levado ao
Areópago, devemos entender que sua mensagem causou tanta agitação entre os
filósofos que estes o levaram perante o principal conselho legislativo e
judicial de Atenas. O areópago se referia a um tribunal de juízes que consistia
de trinta atenienses aristocráticos, e era um dos tribunais mais respeitáveis
do mundo gentio.
Paulo nasceu em Tarso, uma das três
grandes cidades universitárias do mundo romano, as outras duas era Atenas e
Alexandria (Egito). Tarso foi profundamente influenciada pela cultura grega.
Paulo era um judeu helenista. O diálogo começou com uma pergunta: “Posto que nos trazes aos ouvidos coisas
estranhas, queremos saber o que vem a ser isso?” (At 17.20). Eles não
tinham interesse genuíno no Evangelho, mas a novidade da mensagem lhes atraiu e
valeu a Paulo o convite para o Areópago.
.
Quarto: O que Paulo pregou?
O texto afirma que Paulo teve que
enfrentar dois conhecidos grupos filosóficos que “contendiam com ele”: Os epicureus e os estóicos (At 17.18).
Que linha de pensamento estes dois
grupos defendiam?
Duas correntes filosóficas
Epicureus
Os epicureus eram seguidores de um
filósofo grego chamado Epicuro (342- 270 a.C). De acordo com Epicuro, o
objetivo principal da vida era atingir o máximo de prazer e a quantidade mínima
de dor. Pregavam e
acreditavam que o sentido e o propósito da vida era a satisfação do desejo, já
que a vida é só o aqui e o agora. Não acreditavam na vida após a morte, no
juízo final, nem no céu e muito menos no inferno. Para eles, ou os deuses não existiam,
ou não exerciam influência alguma nos seus negócios. Viviam apenas para testar os
deleites da carne e desfrutarem todos os prazeres. Eles eram hedonistas. Se
você pensa desta maneira, certamente você está muito distanciado da visão
cristã. Na verdade, a visão epicurista não difere da realidade da nossa cultura
atual.
A filosofia epicurista é a sementeira a
partir do qual o hedonismo moderno cresceu. Considere seus colegas de trabalho que não conhecem a
Jesus, a sociedade brasileira, os artistas do cinema e da TV. Não agem
exatamente assim? Trata-se de uma sociedade dominada pelo prazer, que não pensa
no destino de alma e que um dia terá que prestar contas a Deus. A síntese desta
filosofia é “comamos e bebamos porque amanhã morreremos”, não tem preocupação
com o amanhã; talvez você pense assim: A vida passa e tenho que aproveitar a
vida, procurando satisfazer os desejos e paixões. Paulo confronta essa linha de
pensamento.
Estóicos
Os estoicos eram discípulos do pensador
Zenão (332-260 a.C.). Eram panteístas e fatalistas e acreditavam que forças
impessoais controlavam todas as circunstâncias da vida. Eles se orgulhavam de
sua capacidade de aceitar o que viesse. Ou seja, os estoicos ensinavam que a
vida é cheia de momentos bons e ruins, e que ninguém é capaz de evitar o mau,
então, é preciso manter-se sereno em qualquer circunstância. Na filosofia
estóica não havia esperança. Não havia para onde correr, já que a vida era determinada pelo
fatalismo, pelo destino cego e implacável; as pessoas viviam à mercê do acaso e
do destino. Não há como mudar, a vida vai para onde tem que ir, não adianta
crer em nada, nem manter a esperança. Estamos fadados às coincidências e
acasos.
Mas o evangelho ensina outra
coisa:
É possível mudar. Sair da escravidão do pecado, ser liberto. Há uma nova vida em Jesus. Ele se manifestou para libertar, perdoar, transformar e fazer novas todas as coisas. Ele pode mudar sua vida, e transformar sua história. Jesus continua libertando os cativos e transformando vidas, por isso a filosofia estóica está equivocada. É possível mudar, quando Deus opera no coração do homem. Aquelas pessoas eram cultas, mas cegas espiritualmente.
É possível mudar. Sair da escravidão do pecado, ser liberto. Há uma nova vida em Jesus. Ele se manifestou para libertar, perdoar, transformar e fazer novas todas as coisas. Ele pode mudar sua vida, e transformar sua história. Jesus continua libertando os cativos e transformando vidas, por isso a filosofia estóica está equivocada. É possível mudar, quando Deus opera no coração do homem. Aquelas pessoas eram cultas, mas cegas espiritualmente.
O conteúdo
da mensagem
Paulo começou sabiamente com um ponto
de referência na cultura. Esta é, certamente, o mais adequado quando se procura
comunicar a um mundo secularizado. É preciso descobrir os pontos de contato.
Paulo não abriu um pergaminho como fazia ao pregar em uma sinagoga; no entanto,
o que ele disse foi completamente bíblico.
Em seguida, começou a falar sobre o
Deus vivo e verdadeiro aos atenienses. Paulo compartilhou cinco verdades sobre
Deus.
1.
Ele é o criador dos céus e da
terra – “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele
existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por
mãos humanas” (At 17.24).
A primeira declaração das
Escrituras é: “No princípio criou Deus os
céus e a terra” (Gn 1.1). Precisamos afirmar o lugar de Deus em relação à
criação. O mundo não é produto de uma
explosão cósmica ou de um processo evolutivo. Como diz Adauto Lourenco: “Precisamos
ter mais fé para crer na evolução, do que crer que Deus criou todas as coisas”.
É mais fácil você acreditar que pegando um milhão de letras e jogando no ar,
elas formariam um dicionário do que acreditar que uma explosão deu fruto a este
Cosmos com suas leis e ordem.
O Dr. Marshall Niremberg, Prêmio
Nobel de biologia descobriu que o ser humano adulto tem 60 trilhões de células
vivas, e, em cada uma dessas células há um 1,70m de fita DNA, onde são gravados
e computadorizados todos seus dados genéticos, a cor dos seus olhos, a cor da
sua pele, etc. Se você pegar a fita DNA do seu corpo e “espichá-la”, você terá
102 trilhões de metros de fita DNA, você tem 102 bilhões de quilômetros de vida
DNA. Daria para dar diversas voltas no sistema planetário. Códigos de vida não
se originam do nada e do acaso, foi preciso uma mente inteligência sábia e
onipotente para criar essas coisas. A vida não é produto do acaso; a vida é
feita pela mão de um Deus Todo-Poderoso.
A biologia moderna, com sua ênfase no evolucionismo, e
de forma mais complexa na “geração espontânea”, faz de tudo para descartar a
ideia de Deus por detrás da criação, mas o Deus que adoramos é o Deus criador
dos céus e da terra, e “pela fé
entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o
visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hb 11.3).
Ele é o Deus criador, “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele
existe...” (At 17.24). Paulo começa declarando que existe um Deus que criou
todas as coisas. Este é o ponto de partida para a evangelização: Deus, pessoal
e propositadamente, criou todas as coisas. É também o ponto final lógico do
culto cristão. Romanos 11.36 nos lembra que a criação leva à doxologia: “Por que dele e por meio dele e para ele são
todas as coisas”. A mensagem de Paulo contrariava a visão dos estóicos,
panteístas que acreditavam que tudo fazia parte de Deus. Eles não tinham a
cosmovisão de um Deus criador.
A afirmação ousada do apóstolo de que
Deus criou o mundo e todas as coisas era poderosa e perturbadora para os
atenienses ouvirem. Este era um dos problemas fundamentais em Atenas. Eles
realmente não acreditavam que Deus criou os céus e a terra. E que por isto era “...
Senhor do céu e da terra...” (At
17.24).
Por meio da natureza podemos
perceber a ação de um Deus Todo-Poderoso.
Conta-se que na revolução
francesa decidiram fechar templos, queimar bíblias e impor uma sociedade ateia,
e um mensageiro chegou a uma cidade interiorana e disse a um camponês cristão:
– Eu vim aqui pra fechar o templo
da sua igreja, queimar a sua Bíblia e banir a tola ideia de Deus.
E aquele camponês respondeu
bravamente:
– O senhor pode queimar o templo
da minha igreja, pode queimar a Bíblia, mas antes do senhor banir da minha
mente a ideia de Deus, o senhor vai ter que, primeiro, apagar as estrelas do
céu, porque enquanto elas brilharem eu saberei que Deus existe e que Ele é o
criador de todas as coisas!
O Deus a quem servimos é o
criador dos céus e da terra, essa é a primeira verdade que Paulo anuncia na
capital da cultura, a cidade de Atenas.
2.
Ele é o Deus da providência – “Nem é servido
por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a
todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17.25)
Ele é Poderoso e soberano. Não
precisa de nada, não se submete a nenhuma vontade, regra ou convenção humana,
que ele mesmo não tenha criado. Alguém afirmou: “não gosto deste negócio de um
Deus sobre o qual não temos controle”. Pois a verdade é que não temos qualquer
controle sobre o Todo-Poderoso. Este é o Deus da bíblia.
A grande tentação da idolatria é
que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, mas o homem resolver fazer
deuses à sua imagem e semelhança. O fascínio da idolatria é exatamente este.
Queremos deuses que pudessem manipular, controlar e domesticar, não um Deus
Todo-Poderoso.
Deus não precisa de coisa alguma.
Nem do nosso louvor, nem do nosso dízimo, nem que a gente venha à igreja. Ele
não é um Deus nem maior nem menor porque eu o ignoro ou porque eu o adoro. Ele
é Ele! (Jo 23.13). Se afirmo que ele não existe, ele não vai deixar de existir.
Se afirmo que ele existe, não é isto que o faz existir, já que sua existência
não depende de nós.
“Pois, Ele mesmo é quem dá vida, respiração e tudo mais”. Mais
adiante lemos: “pois nele vivemos, e nos
movemos, e existimos” (At 17.28). É Ele que nos dá a vida, preserva a
saúde, dá o fôlego da vida, envia o sol e a chuva para o ímpio e para o
cristão, dá o pão de cada dia. É Deus quem dá a benção de ter paladar e coloca
sabores, os mais diversos, nos frutos que estão à mesa; Deus nos tem cercado de
bondade, Ele preserva a vida. Ele é o dono de tudo. Senhor e sustentador do céu
e da terra. Ele governa tudo.
Por esta razão, Deus não cabe
dentro de estruturas ou construções. “... não habita em santuários feitos
por mãos humanas”
(At 17.24). Não se limita a templos construídos por mãos humanas: “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a
terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do
meu repouso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a
existir, diz o SENHOR, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido
de espírito e que treme da minha palavra” (Is 66.1–2). Ele é o Deus
provedor “Nem é servido por mãos humanas,
como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida,
respiração e tudo mais” (At 17.25).
3.
Deus controla os eventos da história – “...de um só
fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado
os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”(At
17.26) –
Não apenas criou, mas sustenta a natureza.
Ele “fixou os
tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”(At 17.26). e
“não se deixou ficar sem testemunho de si
mesmo, fazendo o bem, dando-nos chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso
coração de fartura e alegria” (At 14.17).
O profeta Jeremias descreve assim a relação de Deus
com sua criação: “Assim diz o Senhor, que
dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da
noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas” (Jr 31.35). A natureza é
controlada por Deus.
Impressiona-me a previsibilidade das estações:
No Centro Oeste do Brasil, todos os anos, as coisas
acontecem do mesmo jeito: Durante 4 meses raramente chove (Maio a Agosto).
Quando a chuva cai, a natureza brota por toda parte. No calor de agosto, o
lavrador prepara a terra, a chuva é ansiosamente esperada, e mais uma vez a
semente será colocada na terra trazendo fartura e abundância de cereais. A
previsibilidade aponta para um Deus harmônico.
Assim é o nosso Deus
Esta compreensão destrói o falso conceito deísta que afirma
que Deus criou a natureza, mas não se importa com ela. O Deus que adoramos está
presente na natureza, nos seus ciclos e estações, e em todas as coisas vivas. Ele é o sustentador de todas as coisas.
Deus não apenas criou, mas cuida da criação. Deus sustenta a criação.
4. Deus é
Senhor de todos os homens – “Sendo ele
Senhor do céu e da terra” (At 17.24).
Um dos ensinamentos mais claros na Bíblia é de Jesus
como Senhor. O Novo Testamento chama Jesus de salvador 22 e duas vezes e 665 de
Senhor. Precisamos crer em Jesus como Senhor, diante do qual todo joelho um dia
se dobrará. Todos os poderosos um dia terão que se curvar diante de Deus.
Ele é o Deus soberano “de um só fez toda a raça humana para habitar
sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos
e os limites da sua habitação” (At 17.26). Ele controla a vida e o destino
dos homens e das nações. Na verdade, Deus determinou tudo! A ascensão e a queda
de nações e impérios estão em Suas mãos (Dn 2.36; Lc 21.24). Deus estabeleceu
os limites de sua habitação, determinando suas conquistas. Esta mensagem era
contrária aos estóicos que achavam que tudo acontecia por acaso e destino. Ele
é o Deus que se revela “para buscarem a
Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada
um de nós” (At 17.27).
Mesmo sendo soberano Ele não é tão
distante que não pode ser encontrado. Trata-se da revelação natural de Deus na
consciência humana (Rm 2.14-15). Mesmo aqueles que nunca ouviram o evangelho
ainda são responsáveis perante Deus por falhar em viver de acordo com a
revelação natural. Paulo cita um dos
poetas gregos e isto demonstra que os gregos não podiam alegar ignorância. Até
mesmo seus poetas reconheciam a revelação de Deus na natureza. O poeta
Epimênides observou que “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, Embora
Paulo pudesse citar tais verdades partindo do Antigo Testamento, ele escolheu,
ambientar sua palavra à audiência pagã, que não estava familiarizada com as
Escrituras. Ele usa citações dos poetas gregos para refutar a visão ateniense
da natureza de Deus.
5.
Deus é o autor da salvação – “Ora, não levou Deus em conta os tempos da
ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se
arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que ha de julgar o mundo com
justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.27).
Paulo pregou Jesus e a ressurreição.
Por que é importante falar deste tema?
Porque a morte de Jesus é o ponto central das
Escrituras, é o remédio que Deus providenciou para resolver o problema central
da raça humana que é o pecado. O pecado entrou na história e causou um terrível
estrago. O pecado nos tornou escravos dos desejos e paixões, e nos distanciou
de Deus. Fomos criados para sua glória, mas lamentavelmente vivemos apenas para
nossa glória pessoal e nos rebelamos contra o criador. Nenhum mérito humano
pode reparar este dano causado pelo pecado, nem nos tornar suficientes para
ganhar a salvação. Não há ninguém que consiga agradar a Deus. O pecado causou
um grande abismo, separando-nos de Deus. Jesus pagou nossas dívidas e nos
perdoou, por meio do seu sangue. Por isto Paulo prega a Jesus, porque nenhuma
mensagem cristã é completa se não falarmos de Cristo.
A Bíblia afirma que Deus vai julgar o segredo do
coração dos homens. Por isto, sem Jesus estamos todos perdidos. O homem não
pode salvar-se a si mesmo. Deus enviou seu único filho, Jesus e fez cair sobre
ele a iniquidade de todos nós. Em Jesus somos libertos e perdoados, nenhuma
condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Ele sofreu a penalidade do
nosso pecado, e todo aquele que nele crer e nele confiar, tem a vida eterna.
Esta é a grande mensagem da salvação.
É bom refletir no fato de que muitos confessarão a
Jesus como Senhor obrigatoriamente no dia do juízo, mas não serão salvos. Jesus
afirma que “Aquele que me confessar
diante dos homens, também eu o confessarei diante do Pai”. É necessário
confessar hoje, no tempo presente, a Cristo como Senhor. Alguns pressupõem que
não estão fazendo nada errado, e não
precisam se arrepender de coisa alguma, mas a situação do ser humano é pior:
precisamos nos arrepender não apenas daquilo que fazemos, mas daquilo que
somos. Por mais religioso ou moralista que você seja, você é pecador. Nosso
problema nas igrejas de hoje é que muitos estão crendo, sem se arrependerem. É
preciso arrependimento para a salvação. Precisamos nos arrepender de nossa
justiça própria, de viver uma vida achando que somos bons e não precisamos de
um salvador.
A verdade é que, pelas obras, méritos e religiosidade,
ninguém será salvo. Nossa salvação é obra exclusiva de Jesus Cristo, e por isto
precisamos confessá-lo e depositar toda nossa confiança no seu sacrifício do
calvário, para sermos salvos.
Os atenienses deveriam se arrepender.
Paulo utiliza a palavra “arrependimento” em seu sentido etimológico, “mudar a
mente”. Eles deveriam mudar a forma de pensar sobre Deus. Ele não é um ídolo
feito por mãos humanas, mas o Criador, Sustentador e Senhor de tudo. Os
atenienses deveriam se arrepender porque o julgamento estava próximo. Deus
julgará o mundo “por meio de um homem que
destinou”. O Senhor Jesus Cristo é o juiz de todos os homens. Crer em
Cristo leva à salvação; não crer em Cristo leva à destruição. Não há salvação fora
de Jesus. Embora tenha sido morto pelos judeus, Deus “o ressuscitou dentre os
mortos”. Sua ressurreição mostrou a aprovação de Deus e o qualificou como juiz.
Conclusão:
Como responder ao evangelho?
Diante do discurso de Paulo, três
respostas foram dadas:
A. O grupo dos zombadores (At 17.34) – Quando o evangelho é pregado esta é uma
resposta comum: oposição e escárnio. As pessoas não costumam ser diferentes dos
intelectuais atenienses.
“Quando
ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A
respeito disso te ouviremos noutra ocasião” (At 17.32). A resposta à
mensagem era previsível, considerando o desprezo que seus ouvintes expressaram
anteriormente ao chamá-lo de “tagarela” (cf. At 17.18). Quando ouviram falar da
ressurreição de mortos, alguns zombaram. Os epicureus não acreditavam na
ressurreição, achavam que a morte era o fim da vida.
B. O grupo dos indiferentes – (At 17.34) – Outro grupo tem uma atitude de desprezo:
“A respeito disto te ouviremos em outra
ocasião”. O que eles afirmam é que não é importante refletir sobre isto nos
dias atuais. Tais pessoas adiam suas decisões. São muitos os que pensam e agem
assim.
Há
uma estória que diz que houve uma assembleia no inferno e os demônios estavam
preocupados, porque pessoas estavam sendo libertas e saindo das suas garras, e
então, decidiram criar um plano, um projeto para impedir as pessoas de crerem
em Jesus. Um demônio se levantou e disse:
–
Eu tenho uma solução, vamos dizer que a Bíblia é uma mentira, uma bobagem, que
papel aceita tudo e esse livro já tem mais de dois mil anos e não merece mais
crédito no século da ciência. Então levantou um demônio mais experiente e
disse:
–
Essa não vai colar, porque esse livro tem enfrentado as fogueiras, a
intolerância, os críticos, e este livro é uma bigorna que tem quebrado todos os
martelos dos céticos.
Então,
levantou-se outro demônio e disse:
–
Bom, então vamos dizer que o homem é bom, que ele não precisa de Deus, que ele
pode chegar até ao céu pelos seus esforços, pelos seus méritos.
Então
outro demônio, ainda mais experiente, pediu a palavra e disse:
–
Isso não vai funcionar porque quando o homem reconhece que é pecador e põe sua
confiança no Filho de Deus, ele vai ser salvo, não tem jeito. E muitas outras
propostas foram sendo levantadas. Nenhuma satisfez até que o maioral do inferno
se levantou e disse:
–
Eu tenho uma solução. Vamos dizer para o homem que a Bíblia é verdade, vamos
dizer para o homem que ele é pecador, vamos dizer para o homem que só Jesus
Cristo salva, mas vamos falar um pouco mais. Vamos levar o homem a tomar essa
decisão mais tarde, agora não, agora é cedo, depois quem sabe…
Este
é o perigo fatal, porque seu amanhã pode não existir. E a Bíblia diz: “Se hoje
ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração”. Hoje é o dia, agora é o
tempo, não amanhã. O amanhã pode não existir.
C. Confiança e entrega (At 17.34) – O
último grupo é marcado por aqueles que creram e se agregaram à igreja de
Cristo.
Alguns entenderam a mensagem e
foram convencidos de sua verdade. É preciso tomar esta decisão na vida. É
preciso se render a Cristo, nascer de novo, receber a Jesus como Salvador e
Senhor. Entre nós e Deus há um grande abismo e só através de Cristo poderemos
ser resgatados. Muitos disseram a Paulo: “A
respeito disso te ouviremos noutra ocasião” (At 17.32). Entretanto, Paulo
saiu do meio deles logo em seguida e nunca mais voltou (At 17.33). O ministério
de Paulo em Atenas foi um fracasso? Apesar de não haver registro de uma igreja
fundada em Atenas, alguns homens acreditaram na pregação, entre eles, Dionísio,
membro do Areópago, um homem de muita influência em Atenas. Lucas também
menciona uma mulher chamada Damaris (At 17.34).
Conclusão:
No dia 31 de
outubro de 1989, aconteceu um fatídico crime na agência do Banco Itaú em São
Bernardo do Campo, quando sete assaltantes entraram e uma criança começou a
chorar no colo da sua mãe. Então, um daqueles assaltantes dirigiu-se à mãe e
disse: Faça calar essa criança, senão eu a mato. A criança, mais perturbada
ainda, não conseguiu calar a sua voz, e aquele assaltante, friamente,
covardemente, impiedosamente matou aquela criança e a sua mãe.
Naquele dia do
crime, a polícia matou cinco daqueles sete criminosos, mas aquele que tinha
assassinado a criança escapou. Tratava-se de “Paulinho Bang-Bang”, um moço de
classe média da cidade de Piracicaba, que, brigado com o pai, saiu de casa,
mergulhou nas drogas e no crime. Para espanto da nação brasileira, o pai
daquela menina assassinada, que também ficou viúvo, era um crente no Senhor
Jesus Cristo; e ele disse no Jornal Nacional, para o Brasil inteiro ouvir:
Aquele homem matou minha mulher e minha filha barbaramente, porque não conhecia
o Deus que eu conheço; eu o perdoo porque ele não conhecia o meu Jesus”. E não
apenas o perdoou, mas enviou à cadeia um missionário e evangelista, para levar
uma Bíblia e falar-lhe do amor de Deus, e quando aquele evangelista foi à prisão,
“Paulinho Bang-Bang”, em vez de acolher a palavra, pegou um punhal, feito por
ele na prisão, objetivando enterrá-lo no peito do evangelista. Quando ele
ergueu a mão para sacrificar aquele que trazia a boa notícia do Evangelho foi
quebrado pelo poder de Deus, perdeu a articulação do braço e do corpo e ali
mesmo caiu sem nenhuma força para prosseguir com seu intento. Quando ele se
levantou, era uma nova criatura. À semelhança de Saulo de Tarso era um homem
convertido. Aquele homem era “Paulinho Bang-Bang”,
agora um pastor evangélico, transformado pelo poder de Deus.
Platão relata uma história sobre um
filósofo chamado Tales, que viveu cerca de um século e meio antes dele. O
filósofo estava andando por uma estrada olhando para o alto, estudando as
estrelas, quando tropeçou em um poço. Após ouvir seus gritos de socorro, uma
criada puxou-o para fora. Tales disse que estava tão ansioso para saber sobre
as coisas do céu, que não conseguiu ver o que estava debaixo dos seus próprios
pés.
Muitos são assim. Eles se preocupam com
perguntas elevadas, mas não querem enfrentar o seu próprio pecado e a
necessidade de um Salvador antes de morrer.
Que decisão você vai tomar?
Qual é a sua escolha?
Você já confiou nEle como Salvador e
Senhor?
Você já abriu seu
coração para Ele?
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