sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Nm 11 Crise de liderança ou crise teológica?



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Introdução:

Liderar não é uma tarefa fácil. Não é sem razão que as pessoas em geral correm de qualquer compromisso no qual se tornam lideres. Muitos lideres se sentem cansados, irritados e com grandes possibilidades de um colapso emocional.

Wayne Cordeiro que relata como o cansaço na liderança o levou a um desmoronamento psicológico, afirma que pessoas muito exigidas tendem ao desabamento, e infelizmente isto está acontecendo cada vez mais cedo no mundo empresarial.

Em Números 11, Moisés está lidando mais uma vez com questionamentos, acusações e murmurações. Quando as coisas se tornam tensas a quem as pessoas se dirigem? “O povo clamou a Moisés” (Nm 11.2). “Então, Moisés ouviu chorar o povo por famílias, cada um à porta de sua tenda” (Nm 11.10). Ele era o pára-raio. Como sempre acontece nestas horas, ele se sente pressionado e irritado com a situação. Os fatos não eram novos, e talvez por isto mesmo seu aborrecimento se torna mais explicito. Parece que as coisas não mudam, a situação insiste em se repetir e aparentemente as pessoas não avançam.

Quando a crise de liderança se torna uma crise teológica...

O que observamos no texto é que, após mais esta investida, Moisés se aborreceu com Deus. “E pareceu mal aos olhos de Moisés... Disse Moisés ao Senhor” (Nm 11.10-11). Ao perceber a ira de Deus contra os repetidos achaques do povo, Moisés entra em colapso: “Disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e porque não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?” (Nm 11.11). Ele está cansado e irritado, mas o problema deixou de ser o peso da liderança em si, para um questionamento sobre o chamado da liderança. Por que Deus fez isto comigo, me chamando para a liderança?

Parece que a dificuldade em liderar bem, tem a ver mais com uma questão espiritual que qualquer coisa. A crise não é de liderança, mas de teologia e fé, como podemos perceber na vida de Moisés.

Crises comuns

A liderança traz alguns problemas intrínsecos ao exercício da função, mas os líderes facilmente desenvolvem crises. Eis algumas deles perceptíveis na reação de Moisés:

A.   Vitimismo – Moisés se sente vítima. Em geral quando isto acontece achamos que tudo e todos estão contra nós. O processo de vitimização pode ser contra Deus, contra as pessoas ou contra a situação. Por que Deus permite que isto aconteça comigo.

Disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e porque não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?” (Nm 11.11). o complexo de vítima nos torna um mártir sofredor, dominados pelo auto-piedade. O vitimismo nos leva a um poço de sentimentos negativos e a necessidade de culpar a sociedade, a vida, o mundo, o destino e mesmo Deus, e fazer deles os responsáveis pelas nossas mazelas. A pessoa vitimizada se enreda em teorias conspiratórias que a enfraquecem.

Você já se sentiu vítima?
Certa vez assumi o pastorado de uma igreja que estava passando por uma situação financeira muito complicada. Eu sempre havia trabalhado em igrejas e nunca havia grandes problemas em ter meu salário integral no final do mês, mas agora, eu sempre recebia meu pagamento fracionado. É uma situação bem difícil para administrar porque você não tem como planejar sua economia doméstica. Num mês particularmente difícil, já era o dia 25 de Agosto e não havia ainda recebido todo o salário do mês de Julho. O dinheiro de alguma forma sempre aparecia, mas agora, com financiamento da casa própria, eu estava preocupado. Indo para minha casa, lembro nitidamente o sentimento avassalador que veio sobre mim de abandono. O que estou fazendo? Por que estou insistindo nisto? Eu sentia muito dó de mim, a auto-piedade estava toda em evidência. Que situação complicada. Nesta hora, porém, uma compreensão bem profunda de Deus veio sobre o meu  coração: “Eu estou contigo, continue fazendo o que te chamei para fazer. É por esta razão que te trouxe aqui”.

B.    Impotência – Moisés tinha diante de si, uma reclamação do povo impossível de ser resolvida com os recursos que possuíam. O povo reclamava da ausência de carne para comer. Mesmo quando Deus deu a solução, ele ainda não acreditou. Como dar comida a dois milhões de pessoas? “Donde teria eu carne para dar a todo este povo?” (Nm 11.3).

Moisés se depara com a crise dos recursos.
Qual líder nunca teve que lidar com tal situação?

As pessoas afirmam que “Money follows vision”, mas a realidade é que sinto que sempre tenho mais visão que dinheiro. As necessidades sempre são maiores que os recursos. Nestas horas, é natural o senso de impotência. Como equacionar esta situação. “Onde compraremos pães para lhes dar a comer?” (Jo 6.5). Esta foi a questão que Jesus colocou diante de Filipe e que ele não soube responder. A verdade é que, muitas vezes, não há respostas, os recursos são limitados e as necessidades são maiores que as possibilidades.
Quanto a Filipe, a Bíblia diz que Jesus fez esta pergunta para o experimentar.

Muitas vezes a impotência é a forma de Deus para que seja revelado nosso caráter, confiança e fé.

Moisés aparentemente não passou no teste porque quando Deus afirmou que mandaria carne, ele ironizou: “Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual estou; e tu dissestes: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar que lhes bastem?” (Nm 11.21-22). Era como se Moisés dissesse a Deus: “Tá de brincadeira comigo?”

Tanto no caso de Filipe quanto de Moisés, o problema só seria resolvido se Deus agisse. Líderes cristãos precisam entender isto. A impotência gera dependência. Ou Deus faz ou nada acontece. A impotência nos humilha: “Não que por nós mesmos sejamos capazes de fazer alguma coisa como se partisse de nós”. É Deus fazendo. A impotência humana sempre abre possibilidades para vermos a poderosa ação do Deus a quem servimos. Afinal: “Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor?” (Nm 11.23). O que é realmente difícil para Deus. Haverá alguma coisa demasiadamente difícil para Ele?

C.    Solidão – Esta é uma das mais comuns reclamações daqueles que lideram. Moisés também sente este peso. “Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais” (Nm 11.14). Mas, na verdade, quem disse que deveria ser um projeto solitário?

Em Ex 18.13-27, vemos o mesmo problema sendo relatado na Bíblia. Lá se encontra Moisés, isolado, sozinho, soberano, estressado e estressando o povo, por uma leitura equivocada de seu chamado. O problema da solidão na liderança não é a função, mas quem assume a função. Não é da liderança, mas do líder.

Quem disse que o líder deve caminhar sozinho?
a.     A visão de Deus era para a formação de um colegiado – “Então, descerei e ali falarei contigo, tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente” (Ex.11.16). Nem o próprio Deus, que é soberano e auto suficiente, escolheu viver uma vida solitária. O Deus dos cristãos é um Deus que vive em comunidade. Ele é um Deus trino: Pai, Filho e o Espírito Santo, que vivem em perfeita comunhão, cada um tendo funções específicas e vivendo harmoniosamente.

b.    Jesus recusou a solidão – Para exercer eficazmente seu ministério, decidiu formar um colegiado. “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.13). Ele escolheu. Ele se relacionou com estes homens. Ele nos capacitou. Ele designou e deu autoridade enviando-os a pregar. O modelo de liderança de Jesus não é solitário.

c.     Jetro, sogro de Moisés, criticou o modelo centralizador e solitário – Ex 18.13-27. Jetro era um homem do deserto, mas ao ver Moisés afadigado, o criticou severamente. Não apenas criticou, mas deu um modelo que pode ser aplicado a qualquer instituição ainda hoje. Uma gestão de seleção, treinamento, acompanhamento, delegação.

d.    A Igreja apostólica não tinha uma liderança centralizadora e isolada – Várias vezes veremos a igreja se reunindo para discutir assuntos mais pesados e deliberar sobre o assunto. Em alguns momentos tais reuniões são tensas. Em Atos 11 vemos a discussão sobre a inserção dos gentios na nova igreja. Em Atos 15, um grande debate sobre a circuncisão. Paulo nunca anda sozinho no seu pastorado. Barnabé nunca está só. Presbíteros eram eleitos em cada comunidade para liderar a igreja. (1 Tm 3; Tt 1.4).

e.     As modernas técnicas de gerenciamento e liderança não recomendam o modelo isolado de liderança. Nenhum modelo atual de liderança, depois de anos e estudos sobre este assunto, recomenda um modelo autocrático de gestão. A liderança isolada não capacita, corre risco de implosão na ausência do seu mentor e impede que uma organização cresça.

Então, porque insistimos em liderar sozinhos?
Primeiro, porque há um senso de onipotência e valor. Muitas pessoas acham que o importante não é a instituição nem as conquistas desta instituição, mas ele mesmo. O senso messiânico pode ser desastroso.
Segundo, o desejo de controlar e ser apreciado. Muitos encontram seu valor em realizações e aplausos, e por causa da baixa auto-estima, precisam de um modelo doentio e neurótico de liderança. Seu valor encontra-se na sua função e não naquilo que ele é enquanto pessoa.
Terceiro, síndrome do insubstituível. Muitos acham que “se eu não fizer, ninguém fará”. Creem num nível profundo que as coisas só acontecem se ele estiver no controle, ninguém poderá fazer o que ele faz. O problema é que “o cemitério está cheio de gente insubstituível”. A fábula do galo que canta para o sol nascer, que tem uma ideia de que não haverá sol sem seu canto, já é bem conhecida de todos nós. Um dia, porém, para sua angústia, acorda tarde e percebe que o sol não dependia do seu canto.

D.   Reputação – No fundo, uma das grandes crises do líder é o medo do fracasso. E se eu não conseguir? Se os recursos não aparecerem? Se o nosso projeto não for adiante? Muitos perdem a ousadia pelo medo, afinal, “o medo de perder não deixa a gente ganhar”. Moisés estava com medo do fracasso. “Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos, não me deixes ver a minha miséria” (Nm 11.15).

Veja como isto comprometeu seriamente a teologia de Moisés: “Se assim me tratas, mata-me de uma vez”. Não é a primeira vez que um líder pede para morrer, por causa de falsas pressuposições teológicas. Elias fez isto: “...Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor que meus pais” (1 Rs 19.4); Jonas: “Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer que viver” (Jn 4.3).

Nestes três personagens temos um problema teológico aliado à liderança.

Moisés estava com medo de perder a reputação. “Como ficará a minha honra?” “O que falarão de mim?” Moisés diz literalmente: não me deixes ver a minha miséria” (Nm 11.15).

O problema da reputação é que ela depende do ângulo de leitura de quem está de fora. Saul queria honra quando foi desaprovado por Deus. “Pequei. Honra-me porém, agora, diante do meu povo e diante de Israel” (1 Sm 15.30). Que honra ele requeria? Que reputação ele queria manter?

Nossa reputação está em Deus. Ou não está.

Certo dia minha esposa me perguntou: “Você não teme que a igreja, um dia, por alguma razão lhe mande embora?” Naquele momento estremeci, não porque acho que devo ficar para sempre numa comunidade, mas preocupado com minha imagem e o que iriam falar de mim. Depois, recomposto, disse: “Não! Deus tem o controle de minha vida, e se ele quiser que eu saia daqui, ele vai colocar isto no coração dos homens que tem este poder para realizar mudanças na comunidade”.

John E. Haggai afirma que se você perder tudo, mas mantiver sua integridade, todas as coisas serão reconstruídas. O problema não é a reputação, mas a integridade. Não é o que dizem, mas como Deus nos vê. Muitos líderes estão aspirando uma vida de reputação diante dos homens, quando deveriam estar preocupados em saber como Deus os vê.

Como Deus trata as crises de Moisés?

No meio de todas as inquietações de Moisés, Deus não apenas trata a situação, mas trata o coração de Moisés e dá orientações práticas para o seu desempenho como líder.

Primeiramente, Deus orienta Moisés a fazer de forma diferente – vou chamar isto de Revisão.

Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos”. (Nm 11.6). Dois aspectos podem ser percebidos aqui. Moisés não precisava inventar a roda, nem se desesperar, pois os homens que ele precisava já estavam lá. Deus mostra ainda num segundo plano que não apenas estes homens se encontram disponíveis, mas que Moisés já sabia da existência deles e já os reconhecia, só não dava oportunidade porque seu desejo de manter a primazia e a exclusividade faziam parte de sua índole.

Deus tenta levar Moisés a estabelecer uma liderança individual para uma liderança comunitária. Os homens estavam ali presentes, apenas precisavam ter oportunidades.
Todos os anos faço um programa de treinamento de lideres na igreja que pastoreio. Eu chamo isto de líderes potenciais. Tento atrair homens que estão subutilizados ou esquecidos na comunidade e os desafio a uma caminhada de amizade e reflexão comigo. O convite não está atrelado a um cargo de liderança, mas desta forma não apenas ganhamos com as amizades que eles desenvolvem comigo, como também entre eles.
Liderança precisa de renovação e revisão.
Muitas vezes a forma de  fazer as coisas e as pessoas que sempre fizeram precisam ser renovadas. Por isto um programa continuado de liderança pode ajudar, em muito, a trazer novas ideias e novos conceitos. Afinal, “mais da mesma coisa nos leva para um mesmo lugar”.
Ao pedir que Moisés escolhesse setenta homens para liderar com ele, Deus o obriga a criar uma nova dinâmica e metodologia, que serviria de parâmetro para as novas gerações. Esta revisão de processos e sistemas, era indispensável e fundamental.

Em segundo lugar, Deus reserva a Moisés o direito de escolha – isto é Seleção.

“...Ajunta-me setenta, que sabes serem anciãos” (Nm 11.6).
Deus dá a Moisés a responsabilidade de apontar os homens. Isto é desafiador!
Em geral, a comunidade aponta, isto é perigoso!

Esta é uma permanente tensão quando se trata de escolha de líderes em igrejas democráticas. A igreja nem sempre tem as informações que os líderes possuem quanto ao caráter e atitudes, que eventualmente não são morais, mas que tem a ver com dificuldade de administrar sua ira, seu humor, sua casa, relacionamentos. Se a pessoa se relaciona bem a nível público, é simpática, ou eventualmente possui liderança financeira ou politica na cidade, isto pode parecer que se trata de um bom líder, mas isto nem sempre é verdade.

Deus dá a Moisés a responsabilidade e tarefa de escolher.
Certo pastor no Rio de Janeiro, estava organizando uma igreja recém plantada, e então abriu seu coração para a nova igreja e disse que queria indicar alguns homens que já andavam com ele por algum tempo e queria o voto de confiança da igreja na sua indicação. Todos os três homens foram eleitos sem nenhum problema. A igreja não teve nenhuma crise quanto a isto, mas sabemos que em outros contextos isto pode ser impossível e inviável- e até mesmo perigoso, quando se trata de um pastor que tenta controlar a comunidade com gestos politiqueiros.

Em terceiro lugar, Deus ordena que aqueles homens aprendam ao lado de Moisés – isto é treinamento.

...Para que assistam ali contigo” (Nm 11.16).
A liderança precisava aprender vendo o trabalho de Moisés. Como aplicar as leis, como entender as leis, como tratar dos problemas diários que exigiam um parecer “jurídico” da questão. Eles precisavam estar ao lado do seu líder.

Estes homens entrariam em ação, mas com coordenação e revisão constante de Moisés. Somente as causas mais complexas seriam trazidas a Moisés. Estes homens estariam “assistindo” com Moisés, e não apenas assistindo o trabalho de Moisés. Estariam lado a lado.

Sem treinamento e capacitação, perde-se a eficiência e corre-se o risco de muitas atitudes errôneas. Gosto muito da ideia de um colegiado onde temos homens mais maduros ao lado de jovens líderes. O homem mais velho tende a ser tradicional, perigosamente acomodado, com dificuldade de perceber novas estratégias e métodos, mas ao mesmo tempo, dão solidez e consistência nas atividades de liderança. Esta associação é um treinamento perfeito, que eventualmente pode entrar numa rota de colisão e divergências, mas que ajuda o crescimento da comunidade como um todo.

Em quarto lugar, Deus orienta Moisés a delegar autoridade aos auxiliares. Isto é empoderamento.

E os trarás perante a tenda da congregação” (Nm 11.16).
Aqueles que assumem liderança precisam de ter reconhecimento publico da comunidade. É assim que se faz nas Igrejas Reformadas quando se trata de oficialato, ou mesmo de nomeação para determinados ministérios. Trazer à frente da comunidade, fazer votos, orar, ordenar, dá um peso necessário para que a autoridade seja delegada aos novos líderes. Os liderados precisam entender que aqueles homens receberam autoridade e estão investidos na função.

Este empoderamento não é meramente institucional, mas espiritual.
Deus afirma a Moisés: “Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente” (Nm 11.17).
Tratava-se, portanto, não de um mero ato litúrgico, mas de uma cobertura espiritual. Deus mesmo estava empenhado nisto.

Para o exercício da função, é necessário mais que a confirmação da denominação e o reconhecimento da comunidade, é fundamental que Deus mesmo derrame do seu Espírito para capacitar sua liderança à função delegada pelo próprio Deus. Por esta razão, “O Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais” (Nm 11.22). As manifestações sobrenaturais foram singulares pois tinham o propósito de apenas evidenciar que Deus estava confirmando o ministério daqueles homens.

Conclusão

A grande crise da liderança quase nunca é apenas administrativa, funcional ou institucional. A grande crise da liderança acontece quando perdemos a capacidade de agir de acordo com o projeto de Deus. Deixamos de crer no seu poder e nos seus santos propósitos.

Moisés, quando acuado, entrou num relacionamento de culpa, acusação, vitimismo e seu coração precisou ser pastoreado pelo próprio Deus. Deus colocou o coração de Moisés na correta perspectiva, mais uma vez.

Muitas crises que julgamos ser gerenciais, podem na verdade revelar aspectos mais profundos da nossa crise teológica, da nossa perda da esperança e falta de fé, da incapacidade de crer no poder de Deus. Quando Deus prometeu que daria comida a toda nação israelita, seu coração estava incrédulo e até mesmo cínico.

Deus precisou colocar o coração de Moisés no seu poder e não na força das circunstâncias e nas críticas comunitárias, como ele estava fazendo. Era necessário olhar para Deus, ver as possibilidades que sempre estão presentes quando andamos com Deus. A mão do Senhor não se encurtou. Deus não deixou de ser Deus. A situação de oposição não limitou Deus. Não há coisa demasiadamente difícil para ele. A falta de recursos não limita o poder do Deus, que faz todas as coisas pela palavra do seu poder. 

Questões para reflexão:

1.     Até que ponto minha falta de fé e esperança tem tirado a motivação e a alegria da minha liderança?

2.     O que fazer para identificar se as lutas da liderança estão relacionadas a um modelo inadequado de fazer as coisas ou a questões espirituais não resolvidas no coração?

3.    Qual dos problemas enumerados acima podem estar sufocando minha criatividade e trabalho?

a.     Vitimismo
b.    Impotência
c.     Solidão
d.    Reputação

Discuta com alguém sobre estes assuntos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Jo 14.1 Não se turbe o vosso coração


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Introdução

Esta palavra de Jesus foi dita num contexto de muita tristeza. Ele havia declarado sua morte, e os discípulos ficaram muito tristes ao ouvir seu relato. Pedro havia questionado e Jesus disse que ele seria o primeiro a negá-lo. Também no capítulo 13 de João Jesus aponta o traidor, e o clima estava muito tenso, algo pesado estava na atmosfera, grande apreensão entre os discípulos, e foi neste ambiente de tristeza que Jesus fez esta declaração.
A palavra de Jesus se aplica muitas vezes à nossa vida, quando a apreensão está presente, os temores afloram, a insegurança norteia a vida, a doença chega e o luto está presente.
Jesus nos encoraja: “Não se turbe o vosso coração!”
A mensagem de Jesus é fundamental para nossa caminhada.
Esta palavra tem três resultados:

1.     Ela tira a confusão e a angústia – Jesus percebia a angústia e a tensão no coração dos seus discípulos. Ele havia anunciado sua morte (Jo 13.33); Pedro fora advertido (Jo 13.36-38).
O que vai acontecer agora?
E depois da morte de Jesus?
O que nos espera?
Qual segurança podemos ter?

Jesus então afirma: “Não se turbe o vosso coração”.
Corações inseguros quanto às verdades espirituais facilmente se desesperam e se angustiam.

            Como lidar com a morte?
                        O que nos espera no além?
                                    Qual a certeza sobre a vida eterna?

A única forma de encerrar a angústia encontra-se aqui: “credes em Deus, crede também em mim”. A falta de fé desestabiliza e gera inquietação.
A fé é o antídoto para o coração atribulado.
Precisamos nos firmar em Deus e em Cristo. A confiança em Deus é  ultra circunstancial. 

2.     Ela orienta – Depois de exortar os angustiados corações, Jesus anuncia uma promessa: “na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14.33).

É bom saber que após a morte não vamos para um lugar sem endereço, nem para um lugar vazio, para o nihilismo. Não caminhamos para o nada, para uma região desabitada. Vamos para a casa do Pai. Voltamos para Deus.
Quando meu sogro, um homem de fé profunda faleceu, alguém fez o seguinte comentário: “Ele não partiu, mas voltou para casa”. Que profunda verdade. A morte não é o fim, mas o retorno.
Por isto a Bíblia ensina: “O pó volte à terra, como o era, e o espírito volte à Deus, que o deu” (Ec 12.7). A carne vai apodrecer, vai se desfazer, mas não nossa alma. Somos seres eternos, e ansiamos pela eternidade. Esta é a razão pela qual pessoas de todos os níveis sociais e em todas as culturas possuem este arquétipo divino. Há um inconsciente coletivo da divindade. Eclesiastes afirma que “Deus pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.8).
A Bíblia fala que “é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Co 15.54).
A razão de descansarmos quanto às coisas eternas é o fato de que Cristo nos garantiu receber na casa do Pai.

Isto orienta.

Os discípulos não sabiam como seria este processo. “Senhor, não sabemos para onde vais, como saber o caminho?” (Jo 14.5). Talvez seja esta a insegurança de muitos. Todo mundo precisa de um caminho.

Num mundo plural, com tantas religiões e ofertas religiosas, Jesus foi categórico. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

Ele não afirma ser uma dentre as muitas opções, mas afirma sua exclusividade e singularidade. “Eu sou O caminho”. E para que ninguém pudesse ter qualquer dúvida sobre o que desejava ensinar afirma categoricamente: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

Jesus não é uma alternativa entre as alternativas, um caminho entre caminhos, uma verdade entre verdades, uma vida entre outras vidas. Ele é O caminho. Artigo definido singular. Único. Exclusivo. Qualquer outro caminho é engodo, engano e desilusão.

Minha mãe teve 9 irmãos e todos já morreram. A última faleceu com 89 anos. Ela era uma mulher de vida muito complicada, mas no final de sua existência se aproximou do evangelho. Na última visita que minha mãe lhe fez, ela perguntou à sua irmã se ela tinha medo da morte. E ela respondeu confiantemente: “Quem tem Jesus não tem medo de morrer!”

3.    A mensagem de Jesus traz esperança – “Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar, e quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.2-5).

Jesus fala de coisas eternas, profere verdades espirituais. Ou cremos nisto ou não cremos, mas foi isto que ele ensinou.

Muitos financiam casas por 30 anos. Há até um programa do governo conhecido como “Minha casa, minha vida”, que alguns afirmar ser “minha casa, minha dívida”, porque ficamos endividados pela vida inteira. Mas a mansão celestial não tem preço, Jesus nos dá gratuitamente. Não precisamos pagar IPTU, seguros, apólices. Ninguém pode comprá-la, é gratuita. Ele nos garantiu que vai preparar este lugar para nós, basta que creiamos naquilo que ele fez.

Jesus afirmou: “Quem crê em mim, tem a vida eterna” (Jo 6.47). basta abrir o coração e receber sua salvação, entender o que Cristo fez, confiar nele para sua salvação. O céu é uma dádiva, um dom, não está baseado em conquistas morais ou espirituais. Não podemos comprá-lo.

Você já entregou sua vida a Cristo?
Você já entendeu que não pode salvar a si mesmo?

Conclusão:
A mensagem de Jesus tira toda confusão, angústia, e nos enche de certeza, porque quem prometeu é fiel. Ele foi preparar lugar para seu povo, para todos aquele que nele creem.