Introdução:
Liderar não é uma tarefa fácil.
Não é sem razão que as pessoas em geral correm de qualquer compromisso no qual
se tornam lideres. Muitos lideres se sentem cansados, irritados e com grandes
possibilidades de um colapso emocional.
Wayne Cordeiro que relata como o
cansaço na liderança o levou a um desmoronamento psicológico, afirma que
pessoas muito exigidas tendem ao desabamento, e infelizmente isto está
acontecendo cada vez mais cedo no mundo empresarial.
Em Números 11, Moisés está
lidando mais uma vez com questionamentos, acusações e murmurações. Quando as
coisas se tornam tensas a quem as pessoas se dirigem? “O povo clamou a Moisés” (Nm 11.2). “Então, Moisés ouviu chorar o povo por famílias, cada um à porta de sua
tenda” (Nm 11.10). Ele era o pára-raio. Como sempre acontece nestas horas,
ele se sente pressionado e irritado com a situação. Os fatos não eram novos, e
talvez por isto mesmo seu aborrecimento se torna mais explicito. Parece que as
coisas não mudam, a situação insiste em se repetir e aparentemente as pessoas
não avançam.
Quando a crise de liderança se torna uma crise teológica...
O que observamos no texto é que,
após mais esta investida, Moisés se aborreceu com Deus. “E pareceu mal aos olhos de Moisés... Disse Moisés ao Senhor” (Nm
11.10-11). Ao perceber a ira de Deus contra os repetidos achaques do povo,
Moisés entra em colapso: “Disse Moisés ao
Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e porque não achei favor aos teus
olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?” (Nm 11.11).
Ele está cansado e irritado, mas o problema deixou de ser o peso da liderança
em si, para um questionamento sobre o chamado da liderança. Por que Deus fez
isto comigo, me chamando para a liderança?
Parece que a dificuldade em
liderar bem, tem a ver mais com uma questão espiritual que qualquer coisa. A
crise não é de liderança, mas de teologia e fé, como podemos perceber na vida
de Moisés.
Crises comuns
A liderança traz alguns problemas
intrínsecos ao exercício da função, mas os líderes facilmente desenvolvem
crises. Eis algumas deles perceptíveis na reação de Moisés:
A.
Vitimismo – Moisés se sente vítima. Em geral
quando isto acontece achamos que tudo e todos estão contra nós. O processo de
vitimização pode ser contra Deus, contra as pessoas ou contra a situação. Por
que Deus permite que isto aconteça comigo.
“Disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e porque não
achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este
povo?” (Nm 11.11). o complexo de vítima nos torna um mártir sofredor,
dominados pelo auto-piedade. O vitimismo nos leva a um poço de sentimentos
negativos e a necessidade de culpar a sociedade, a vida, o mundo, o destino e
mesmo Deus, e fazer deles os responsáveis pelas nossas mazelas. A pessoa
vitimizada se enreda em teorias conspiratórias que a enfraquecem.
Você já se sentiu vítima?
Certa vez assumi o pastorado de
uma igreja que estava passando por uma situação financeira muito complicada. Eu
sempre havia trabalhado em igrejas e nunca havia grandes problemas em ter meu
salário integral no final do mês, mas agora, eu sempre recebia meu pagamento
fracionado. É uma situação bem difícil para administrar porque você não tem
como planejar sua economia doméstica. Num mês particularmente difícil, já era o
dia 25 de Agosto e não havia ainda recebido todo o salário do mês de Julho. O
dinheiro de alguma forma sempre aparecia, mas agora, com financiamento da casa
própria, eu estava preocupado. Indo para minha casa, lembro nitidamente o
sentimento avassalador que veio sobre mim de abandono. O que estou fazendo? Por
que estou insistindo nisto? Eu sentia muito dó de mim, a auto-piedade estava
toda em evidência. Que situação complicada. Nesta hora, porém, uma compreensão
bem profunda de Deus veio sobre o meu
coração: “Eu estou contigo, continue fazendo o que te chamei para fazer.
É por esta razão que te trouxe aqui”.
B.
Impotência – Moisés tinha diante de si, uma
reclamação do povo impossível de ser resolvida com os recursos que possuíam. O
povo reclamava da ausência de carne para comer. Mesmo quando Deus deu a
solução, ele ainda não acreditou. Como dar comida a dois milhões de pessoas? “Donde teria eu carne para dar a todo este
povo?” (Nm 11.3).
Moisés se depara com a crise dos
recursos.
Qual líder nunca teve que lidar
com tal situação?
As pessoas afirmam que “Money follows vision”, mas a realidade é
que sinto que sempre tenho mais visão que dinheiro. As necessidades sempre são
maiores que os recursos. Nestas horas, é natural o senso de impotência. Como
equacionar esta situação. “Onde
compraremos pães para lhes dar a comer?” (Jo 6.5). Esta foi a questão que
Jesus colocou diante de Filipe e que ele não soube responder. A verdade é que,
muitas vezes, não há respostas, os recursos são limitados e as necessidades são
maiores que as possibilidades.
Quanto a Filipe, a Bíblia diz que
Jesus fez esta pergunta para o experimentar.
Muitas vezes a impotência é a
forma de Deus para que seja revelado nosso caráter, confiança e fé.
Moisés aparentemente não passou
no teste porque quando Deus afirmou que mandaria carne, ele ironizou: “Seiscentos mil homens de pé é este povo no
meio do qual estou; e tu dissestes: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês
inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão
para eles todos os peixes do mar que lhes bastem?” (Nm 11.21-22). Era como
se Moisés dissesse a Deus: “Tá de brincadeira comigo?”
Tanto no caso de Filipe quanto de
Moisés, o problema só seria resolvido se Deus agisse. Líderes cristãos precisam
entender isto. A impotência gera dependência. Ou Deus faz ou nada acontece. A
impotência nos humilha: “Não que por nós
mesmos sejamos capazes de fazer alguma coisa como se partisse de nós”. É
Deus fazendo. A impotência humana sempre abre possibilidades para vermos a
poderosa ação do Deus a quem servimos. Afinal: “Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor?” (Nm 11.23). O que é
realmente difícil para Deus. Haverá alguma coisa demasiadamente difícil para
Ele?
C.
Solidão – Esta é uma das mais comuns
reclamações daqueles que lideram. Moisés também sente este peso. “Eu sozinho não posso levar todo este povo,
pois me é pesado demais” (Nm 11.14). Mas, na verdade, quem disse que
deveria ser um projeto solitário?
Em Ex 18.13-27, vemos o mesmo
problema sendo relatado na Bíblia. Lá se encontra Moisés, isolado, sozinho,
soberano, estressado e estressando o povo, por uma leitura equivocada de seu
chamado. O problema da solidão na liderança não é a função, mas quem assume a
função. Não é da liderança, mas do líder.
Quem disse que o líder deve
caminhar sozinho?
a. A visão de Deus era para a
formação de um colegiado – “Então,
descerei e ali falarei contigo, tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei
sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente”
(Ex.11.16). Nem o próprio Deus, que é soberano e auto suficiente, escolheu
viver uma vida solitária. O Deus dos cristãos é um Deus que vive em comunidade.
Ele é um Deus trino: Pai, Filho e o Espírito Santo, que vivem em perfeita
comunhão, cada um tendo funções específicas e vivendo harmoniosamente.
b. Jesus recusou a solidão – Para
exercer eficazmente seu ministério, decidiu formar um colegiado. “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele
mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele
e para os enviar a pregar” (Mc 3.13). Ele escolheu. Ele se relacionou com
estes homens. Ele nos capacitou. Ele designou e deu autoridade enviando-os a
pregar. O modelo de liderança de Jesus não é solitário.
c. Jetro, sogro de Moisés, criticou
o modelo centralizador e solitário – Ex 18.13-27. Jetro era um homem do
deserto, mas ao ver Moisés afadigado, o criticou severamente. Não apenas
criticou, mas deu um modelo que pode ser aplicado a qualquer instituição ainda
hoje. Uma gestão de seleção, treinamento, acompanhamento, delegação.
d. A Igreja apostólica não tinha uma
liderança centralizadora e isolada – Várias vezes veremos a igreja se reunindo
para discutir assuntos mais pesados e deliberar sobre o assunto. Em alguns
momentos tais reuniões são tensas. Em Atos 11 vemos a discussão sobre a
inserção dos gentios na nova igreja. Em Atos 15, um grande debate sobre a
circuncisão. Paulo nunca anda sozinho no seu pastorado. Barnabé nunca está só.
Presbíteros eram eleitos em cada comunidade para liderar a igreja. (1 Tm 3; Tt
1.4).
e. As modernas técnicas de
gerenciamento e liderança não recomendam o modelo isolado de liderança. Nenhum
modelo atual de liderança, depois de anos e estudos sobre este assunto,
recomenda um modelo autocrático de gestão. A liderança isolada não capacita,
corre risco de implosão na ausência do seu mentor e impede que uma organização
cresça.
Então, porque insistimos em
liderar sozinhos?
Primeiro, porque há um senso de
onipotência e valor. Muitas pessoas acham que o importante não é a instituição
nem as conquistas desta instituição, mas ele mesmo. O senso messiânico pode ser
desastroso.
Segundo, o desejo de controlar e
ser apreciado. Muitos encontram seu valor em realizações e aplausos, e por
causa da baixa auto-estima, precisam de um modelo doentio e neurótico de
liderança. Seu valor encontra-se na sua função e não naquilo que ele é enquanto
pessoa.
Terceiro, síndrome do
insubstituível. Muitos acham que “se eu não fizer, ninguém fará”. Creem num
nível profundo que as coisas só acontecem se ele estiver no controle, ninguém
poderá fazer o que ele faz. O problema é que “o cemitério está cheio de gente
insubstituível”. A fábula do galo que canta para o sol nascer, que tem uma
ideia de que não haverá sol sem seu canto, já é bem conhecida de todos nós. Um
dia, porém, para sua angústia, acorda tarde e percebe que o sol não dependia do
seu canto.
D.
Reputação – No fundo, uma das grandes crises
do líder é o medo do fracasso. E se eu não conseguir? Se os recursos não
aparecerem? Se o nosso projeto não for adiante? Muitos perdem a ousadia pelo
medo, afinal, “o medo de perder não deixa a gente ganhar”. Moisés estava com
medo do fracasso. “Se assim me tratas,
mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos, não me
deixes ver a minha miséria” (Nm 11.15).
Veja como isto comprometeu
seriamente a teologia de Moisés: “Se
assim me tratas, mata-me de uma vez”. Não é a primeira vez que um líder
pede para morrer, por causa de falsas pressuposições teológicas. Elias fez isto:
“...Basta; toma agora, ó Senhor, a minha
alma, pois não sou melhor que meus pais” (1 Rs 19.4); Jonas: “Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida,
porque melhor me é morrer que viver” (Jn 4.3).
Nestes três personagens temos um
problema teológico aliado à liderança.
Moisés estava com medo de perder
a reputação. “Como ficará a minha honra?” “O que falarão de mim?” Moisés diz
literalmente: não me deixes ver a minha
miséria” (Nm 11.15).
O problema da reputação é que ela
depende do ângulo de leitura de quem está de fora. Saul queria honra quando foi
desaprovado por Deus. “Pequei. Honra-me
porém, agora, diante do meu povo e diante de Israel” (1 Sm 15.30). Que
honra ele requeria? Que reputação ele queria manter?
Nossa reputação está em Deus. Ou
não está.
Certo dia minha esposa me
perguntou: “Você não teme que a igreja, um dia, por alguma razão lhe mande
embora?” Naquele momento estremeci, não porque acho que devo ficar para sempre
numa comunidade, mas preocupado com minha imagem e o que iriam falar de mim.
Depois, recomposto, disse: “Não! Deus tem o controle de minha vida, e se ele
quiser que eu saia daqui, ele vai colocar isto no coração dos homens que tem
este poder para realizar mudanças na comunidade”.
John E. Haggai afirma que se você
perder tudo, mas mantiver sua integridade, todas as coisas serão reconstruídas.
O problema não é a reputação, mas a integridade. Não é o que dizem, mas como
Deus nos vê. Muitos líderes estão aspirando uma vida de reputação diante dos
homens, quando deveriam estar preocupados em saber como Deus os vê.
Como Deus trata as crises de Moisés?
No meio de todas as inquietações
de Moisés, Deus não apenas trata a situação, mas trata o coração de Moisés e dá
orientações práticas para o seu desempenho como líder.
Primeiramente, Deus orienta
Moisés a fazer de forma diferente – vou chamar isto de Revisão.
“Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem
anciãos”. (Nm 11.6). Dois aspectos podem ser percebidos aqui. Moisés não
precisava inventar a roda, nem se desesperar, pois os homens que ele precisava
já estavam lá. Deus mostra ainda num segundo plano que não apenas estes homens
se encontram disponíveis, mas que Moisés já sabia da existência deles e já os
reconhecia, só não dava oportunidade porque seu desejo de manter a primazia e a
exclusividade faziam parte de sua índole.
Deus tenta levar Moisés a
estabelecer uma liderança individual para uma liderança comunitária. Os homens
estavam ali presentes, apenas precisavam ter oportunidades.
Todos os anos faço um programa de
treinamento de lideres na igreja que pastoreio. Eu chamo isto de líderes
potenciais. Tento atrair homens que estão subutilizados ou esquecidos na
comunidade e os desafio a uma caminhada de amizade e reflexão comigo. O convite
não está atrelado a um cargo de liderança, mas desta forma não apenas ganhamos
com as amizades que eles desenvolvem comigo, como também entre eles.
Liderança precisa de renovação e
revisão.
Muitas vezes a forma de fazer as coisas e as pessoas que sempre
fizeram precisam ser renovadas. Por isto um programa continuado de liderança
pode ajudar, em muito, a trazer novas ideias e novos conceitos. Afinal, “mais
da mesma coisa nos leva para um mesmo lugar”.
Ao pedir que Moisés escolhesse
setenta homens para liderar com ele, Deus o obriga a criar uma nova dinâmica e
metodologia, que serviria de parâmetro para as novas gerações. Esta revisão de processos e sistemas, era
indispensável e fundamental.
Em segundo lugar, Deus reserva a
Moisés o direito de escolha – isto é Seleção.
“...Ajunta-me setenta, que sabes serem anciãos” (Nm 11.6).
Deus dá a Moisés a
responsabilidade de apontar os homens. Isto é desafiador!
Em geral, a comunidade aponta,
isto é perigoso!
Esta é uma permanente tensão
quando se trata de escolha de líderes em igrejas democráticas. A igreja nem
sempre tem as informações que os líderes possuem quanto ao caráter e atitudes,
que eventualmente não são morais, mas que tem a ver com dificuldade de
administrar sua ira, seu humor, sua casa, relacionamentos. Se a pessoa se
relaciona bem a nível público, é simpática, ou eventualmente possui liderança
financeira ou politica na cidade, isto pode parecer que se trata de um bom
líder, mas isto nem sempre é verdade.
Deus dá a Moisés a
responsabilidade e tarefa de escolher.
Certo pastor no Rio de Janeiro,
estava organizando uma igreja recém plantada, e então abriu seu coração para a
nova igreja e disse que queria indicar alguns homens que já andavam com ele por
algum tempo e queria o voto de confiança da igreja na sua indicação. Todos os
três homens foram eleitos sem nenhum problema. A igreja não teve nenhuma crise
quanto a isto, mas sabemos que em outros contextos isto pode ser impossível e
inviável- e até mesmo perigoso, quando se trata de um pastor que tenta controlar
a comunidade com gestos politiqueiros.
Em terceiro lugar, Deus ordena
que aqueles homens aprendam ao lado de Moisés – isto é treinamento.
“...Para que assistam ali contigo” (Nm 11.16).
A liderança precisava aprender
vendo o trabalho de Moisés. Como aplicar as leis, como entender as leis, como
tratar dos problemas diários que exigiam um parecer “jurídico” da questão. Eles
precisavam estar ao lado do seu líder.
Estes homens entrariam em ação,
mas com coordenação e revisão constante de Moisés. Somente as causas mais
complexas seriam trazidas a Moisés. Estes homens estariam “assistindo” com
Moisés, e não apenas assistindo o trabalho de Moisés. Estariam lado a lado.
Sem treinamento e capacitação,
perde-se a eficiência e corre-se o risco de muitas atitudes errôneas. Gosto
muito da ideia de um colegiado onde temos homens mais maduros ao lado de jovens
líderes. O homem mais velho tende a ser tradicional, perigosamente acomodado, com
dificuldade de perceber novas estratégias e métodos, mas ao mesmo tempo, dão solidez
e consistência nas atividades de liderança. Esta associação é um treinamento
perfeito, que eventualmente pode entrar numa rota de colisão e divergências,
mas que ajuda o crescimento da comunidade como um todo.
Em quarto lugar, Deus orienta
Moisés a delegar autoridade aos auxiliares. Isto é empoderamento.
“E os trarás perante a tenda da
congregação” (Nm
11.16).
Aqueles que assumem liderança
precisam de ter reconhecimento publico da comunidade. É assim que se faz nas
Igrejas Reformadas quando se trata de oficialato, ou mesmo de nomeação para
determinados ministérios. Trazer à frente da comunidade, fazer votos, orar,
ordenar, dá um peso necessário para que a autoridade seja delegada aos novos
líderes. Os liderados precisam entender que aqueles homens receberam autoridade
e estão investidos na função.
Este empoderamento não é
meramente institucional, mas espiritual.
Deus afirma a Moisés: “Então, descerei e ali falarei contigo;
tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a
carga do povo, para que não a leves tu somente” (Nm 11.17).
Tratava-se, portanto, não de um
mero ato litúrgico, mas de uma cobertura espiritual. Deus mesmo estava
empenhado nisto.
Para o exercício da função, é
necessário mais que a confirmação da denominação e o reconhecimento da
comunidade, é fundamental que Deus mesmo derrame do seu Espírito para capacitar
sua liderança à função delegada pelo próprio Deus. Por esta razão, “O Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e
tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos;
quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais”
(Nm 11.22). As manifestações sobrenaturais foram singulares pois tinham o
propósito de apenas evidenciar que Deus estava confirmando o ministério
daqueles homens.
Conclusão
A grande crise da liderança quase
nunca é apenas administrativa, funcional ou institucional. A grande crise da
liderança acontece quando perdemos a capacidade de agir de acordo com o projeto
de Deus. Deixamos de crer no seu poder e nos seus santos propósitos.
Moisés, quando acuado, entrou num
relacionamento de culpa, acusação, vitimismo e seu coração precisou ser
pastoreado pelo próprio Deus. Deus colocou o coração de Moisés na correta
perspectiva, mais uma vez.
Muitas crises que julgamos ser
gerenciais, podem na verdade revelar aspectos mais profundos da nossa crise
teológica, da nossa perda da esperança e falta de fé, da incapacidade de crer
no poder de Deus. Quando Deus prometeu que daria comida a toda nação israelita,
seu coração estava incrédulo e até mesmo cínico.
Deus precisou colocar o coração
de Moisés no seu poder e não na força das circunstâncias e nas críticas
comunitárias, como ele estava fazendo. Era necessário olhar para Deus, ver as
possibilidades que sempre estão presentes quando andamos com Deus. A mão do
Senhor não se encurtou. Deus não deixou de ser Deus. A situação de oposição não
limitou Deus. Não há coisa demasiadamente difícil para ele. A falta de recursos
não limita o poder do Deus, que faz todas as coisas pela palavra do seu
poder.
Questões para reflexão:
1. Até que ponto minha falta de fé e
esperança tem tirado a motivação e a alegria da minha liderança?
2. O que fazer para identificar se as
lutas da liderança estão relacionadas a um modelo inadequado de fazer as coisas
ou a questões espirituais não resolvidas no coração?
3. Qual dos problemas enumerados
acima podem estar sufocando minha criatividade e trabalho?
a.
Vitimismo
b.
Impotência
c.
Solidão
d.
Reputação
Discuta com alguém sobre estes
assuntos.
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