A importância das
mães na formação espiritual
2 Cr 22.1-4; 2 Tm 3.14-15
Introdução:
Não temos dúvida alguma que “a mão
que balança os berço, rege o mundo”. Culturas são forjadas pela influência
materna. Infelizmente muitas mães esquecem ou negligenciam esta realidade. Mães
são fundamentais na formação espiritual e moral de seus filhos.
Um texto que me chama a atenção
de forma especial encontra-se em Atos 2.8, quando diz que o Espírito Santo foi
derramado sobre pessoas provenientes de diferentes regiões, e cada uma ouvia
falar “em sua língua materna”. Por que não comunicou na língua comum do povo
que era o hebraico, ou na língua mais erudita e universal conhecida de
praticamente todos naqueles dias que era o grego? A questão é que “a língua
materna”, é a linguagem que a criança ouve enquanto é amamentada. É a linguagem
do coração. E isto faz toda diferença, porque tal linguagem é assimilada num
nível mais que intelectual – o nível visceral!
Veja como os valores e fé são
desenvolvidos ao lado da mãe:
Conceitos
Preconceitos
Racismo
Valores
Relativismo
Espiritualidade
A forma como se lida com valores,
fé, conceitos, tudo isto é transmitido, muito antes da criança ter qualquer
contato com o mundo externo.
Tudo isto se aprende, de forma
profunda, na caminhada com a mãe.
Fala-se muito da sociedade
patriarcal, mas a revolução está nas mãos das mães.
Ralph Waldo Emerson afirma: “os
homens são o que as mães fazem deles”.
Ha um ditado hebraico, que
considera um tanto herético na sua raiz que afirma: “Deus não pode estar em
todos os lugares, por isto fez as mães”.
Paradigmas Bíblicos
Para justificar meus argumentos,
analisei alguns reis da Bíblia, porque tenho observado que, quase sempre,
quando um rei é fiel a Deus, isto se deve à influência de sua mãe; o mesmo se
dá quando o rei é infiel – quase sempre em razão da mãe ser uma pessoa sem
intimidade cm Deus.
Observe o texto lido no início:
Ele fala de Acazias, um rei que
assumiu o trono muito cedo. Ele tinha apenas 22 anos de idade. Seu reinado foi
curto e desastroso, porque seria exterminado numa aliança tola que fez com
outro rei, de Israel, chamado Jorão. Ele morreu por estar no lugar errado, na
companhia errada, na hora errada, mas isto também fazia parte do propósito de Deus
para Israel.
Por que seu reinado foi tão desastroso?
“Sua mãe, filha de Onri, chamava-se Atalia. Ele também andou nos
caminhos da casa de Acabe; porque sua mãe era quem o aconselhava a proceder
iniquamente” (2 Rs 22.3). A influência de sua mãe foi desastrosa sobre sua
vida. Seu erro se deu porque quem o aconselhava era sua própria mãe, uma mulher
maluca, que posteriormente mataria todos seus netos para assumir o trono.
Atalia foi a única mulher que se tornou rainha, com este ato sórdido contra sua
própria descendência. Ela governou por seis anos. Absolutamente maluca.
Diante disto, serve o alerta:
Mães não podem perder tempo, se desejam ver seus filhos amando a Deus. Deve
começar cedo, de forma intencional, direta, comunicando princípios morais e
éticos, mas acima de tudo, transmitindo sua fé. Temos pouco tempo para fazer
isto. Quando os filhos chegarem à escola, as influências que receberão já poderão
orientar num sentido diferente do seu, então, esteja atento, para que, até lá, muitos
valores e conceitos já estejam bem definidos na mente dos seus filhos.
Bateseba: a mãe de Salomão
Não há nenhum relato na Bíblia da
honra que um rei tenha dado a sua mãe como fez Salomão. “Mandou por um trono à sua mão direita” (1 Rs 2.10), para sua mãe
estar ao seu lado.
Alguns comentaristas acreditam
que esta era uma forma de “redenção pública”, que Salomão quis fazer de sua
mãe, que foi o pivô de um escândalo pavoroso em Israel, quando se envolveu
adulterinamente com o Rei Davi. MacIntoshi afirma: “Sua vida (de Salomão),
tornou-se uma tentativa de auto-afirmação, pois pesva sob seus ombros ter
nascido de uma mãe questionada como Bateseba”.
A presença de sua mãe pesou muito
sobre o homem que Salomão se tornaria. Ele desejava ter uma imagem pública e
isto se tornou mais importante que sua obediência. Ele se tornou narcisista,
auto-absorvido, com intensas ambições, desejo de aclamação pública, trazendo
enorme ônus de impostos sobre seus súditos para sustentar sua opulência e luxo,
embora seu coração raramente estivesse satisfeito. MacIntoshi acredita que isto
aconteceu por causa de sua mãe.
Naamá, mãe de Roboão
Roboão assumiu o trono de
Salomão. Sua mãe era amonita (1 Rs 14.21). Ora, no contexto bíblico, embora
fossem aparentados do povo de Israel, já que eram descendentes de Ló, este povo
cresceu absolutamente afastado da fé no Deus de Israel. Eles estavam tão
distantes espiritualmente, que sequer poderiam entrar no templo. E eles fizeram
um deus a quem adoravam, um ídolo, chamado Milcom (1 Rs 11.5). Salomão, talvez
por estar impressionado com a beleza de Naamá, casou-se com ela e construiu um
templo a este deus pagão em Jerusalém, provavelmente para agradá-la.
Qual foi o resultado da fé desta
mulher pagã na vida do futuro rei de Israel? Ele se tornou absolutamente pagão
e idólatra. O que sua mãe lhe ensinou chegou ao seu coração, e por isto, “fez Judá o que era mau perante o Senhor; e,
com os pecados que cometeu, o provocou a zelo, mais do que fizeram os seus
pais” (1 Rs 14.22). Nos dias de Roboão, Israel tomou uma direção espiritual
muito pior do que jamais Israel tinha experimentado.
Quem estava por detrás disto
tudo? A influência pagã de Naamá, mãe de Roboão.
Maaca, mãe de Abias e Asa
Quando Roboão morreu, Abias
assume seu lugar. O nome de sua mãe era Maaca, filha de Absalão (1 Rs 15.2,10).
O fato dela ser filha de Absalão,
o belíssimo rei de Israel que conspirou contra seu próprio pai, Davi, para
assumir o trono, já diz muito sobre suas experiências. Ela foi criada no
palácio, ainda que seu pai fosse um traidor. Se ela se parecia em beleza com
seu pai, certamente era uma mulher de uma beleza estonteante. Ao mesmo tempo,
deve ter ouvido muitos cochichos e ter sido alvo de controvérsia por ter sido
filha de Absalão. Não deve ter sido fácil. Depois de sua morte, surgem os
filhos marcados por estigmas.
O primeiro filho desta menina que
agora se torna rei é Abias. Ele seguiu as orientações de sua mãe, mas reinou
apenas três anos (A Bíblia não relata as causas de sua morte, mas qualquer
doença infecto contagiosa neste tempo poderia ser fatal, porque não existiam
tratamentos à base de antibióticos). Seu irmão, Asa, assumiu seu lugar, desta
forma, Maacá se torna mãe de dois reis.
Embora fosse filho de Maacá, Asa
se converteu e tomou os caminhos do
Senhor. A Bíblia afirma que ele foi um homem reto e piedoso diante de Deus,
como podemos explicar isto? Não seria este um exemplo de que as mães não
influenciam tanto a vida de seus filhos?
Para entender isto, precisamos
ler 1 Rs 15.9-13: “No
vigésimo ano do reinado de Jeroboão, rei de Israel, Asa tornou-se rei de Judá,
e reinou quarenta e um anos em Jerusalém. O nome da sua avó era Maaca, filha de
Absalão. Asa fez o que o Senhor aprova, tal como Davi, seu predecessor.
Expulsou do país os prostitutos cultuais e se desfez de todos os ídolos que seu
pai havia feito. Chegou até a depor sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, pois ela
havia feito um poste sagrado repugnante. Asa derrubou o poste e o queimou no
vale do Cedrom”.
A fidelidade de Asa lhe custou um
alto preço. Uma profunda crise familiar com sua mãe. O que lemos? Asa destruiu
os altares de sua mãe, mas para fazer isto ele teve que confrontá-la e tirar o
cargo politico honorifico que ela possuía de rainha-mãe. Embora a Bíblia não
entre nos detalhes, podemos imaginar como isto foi pesado.
Primeiro, pense no que fez Asa?
Ele quebrou os ídolos, as imagens de sua mãe.
Tente traduzir isto para nossos
dias.
Um filho decide quebrar as
imagens que a mãe venera e está espalhado na casa da mãe. Não é isto uma forma
de agressão? Intolerância religiosa? A visão pós moderna não admite uma coisa
destas. Sua posição radical para efetuar a limpeza idolátrica de Israel foi tão
profunda que para isto ele teve de retirar sua mãe do cargo que ocupava. Outra
crise, agora, politica.
Esta foi a única forma que Asa
encontrou para quebrar o paganismo que sua mãe estava trazendo para Israel. Seu
irmão Abias, a seguiu na orientação espiritual, mas Asa se converteu e tomou
outro caminho, mas isto lhe custou muito caro dentro de casa. Dias de muitos
conflitos e disputas, altercações e maledicências.
Jezabel, mãe de Azarias e Jorão
De todos os nefastos exemplos de
mães bíblicas, entretanto, nenhum se compara ao de Jezabel. Ela influenciou
diretamente seu marido, Acabe. Ela era filha de Etbaal, rei dos sidônios, e
levou seu marido a se tornar um adepto de Baal e até mesmo construir templos e
altares em Samaria, capital de Israel (1 Rs 16.31); literalmente, ela paganizou
Israel. Nenhuma mulher trouxe um resultado de trevas tão grande para Israel
quanto esta mulher.
Além de sua influência deletéria
e maligna sobre seu marido, ela consegue discipular tão bem seus filhos, que
eles se tornam fortes defensores de Baal.
O primeiro deles, Acazias, quando
enfrentou um grave problema de saúde, resolveu buscar orientação em Ecrom, de
uma entidade espiritual chamada “Baal-zebube”,
que traduzido literalmente seria
“deus das moscas”(2 Rs 1.2). o próprio nome desta entidade, nos induz a pensar
de que deus se tratava.
Ao saber disto, Elias, o profeta,
se interpõe: “Porventura, não há Deus em
Israel, para irdes consultar Baal-zebube, Deus de Ecrom?” (2 Rs 1.3).
Acazias morre daquela
enfermidade.
Seu outro irmão, Jorão, assume o
trono.
Embora pouco conhecido dos
leitores da Bíblia, este rei tem ódio de Deus e profundo antagonista. Todos os
relatos dele demonstram isto, embora ele tivesse visto algumas manifestações
poderosas de Deus em seus dias, pois viveu nos tempos de Eliseu, sucessor de
Elias. Os capítulos 3-9 do segundo livro de Reis, falam deste rei. Sua oposição
a Deus não é algo superficial, mas visceral. Ele se opõe a Deus, ele tem ódio de
Deus, ele ridiculariza os profetas.
A única razão para entender
tamanha oposição reside na visão idolátrica de sua mãe. Jezabel fez bem o seu
papel de ensinar a mentira do diabo aos seus filhos. O problema é que nós,
quando somos bons para ensinar nossos filhos, somos apenas mais ou menos na
eficácia; mas mães diabólicas, quando são boas para ensinar o erro e a
perversidade, tornam-se ótimas...
Jorão morreria pelas mãos de Jeú,
e a dinastia de Jezabel acabe. Lamentavelmente os outros deuses que sucederam,
foram também infiéis. Israel parece ter se contaminado para sempre.
Conclusão:
Eunice: A Mãe de Timóteo
O texto de 2 Tm 3.14-15 que lemos
no início, aponta nesta direção. Paulo exorta Timóteo a permanecer firme
naquilo que ele havia aprendido, “desde a
infância”. O termo que ele usa para infância é sugestivo, em grego, brephos, que se refere à criança de
colo. Paulo afirma que Timóteo sabia as sagradas letras, as Escrituras
Sagradas, desde que ele era menino de colo. Sua mãe, Eunice, não perdeu tempo,
e ensinava ao seu filho as verdades de Deus, reveladas no Antigo Testamento.
Uma mãe que não entende isto e
demora-se para começar a ensinar seu filho nas verdades do Evangelho é tola ou
descuidada. Os dias são maus, seus filhos precisam saber o que é certo e
errado, o que é aprovado ou não, mas acima de tudo, quem é o Deus de suas
vidas.
Para concluir, algumas recomendações
finais:
1. Culturas são forjadas pela
influência materna. Mães são fundamentais na formação espiritual e moral de
seus filhos. Portanto não perca tempo. Ensine e inculque as verdades da Bíblia
no coração dos seus filhos. Mães de oração, podem forjar verdadeiros discípulos
de Cristo. Não podemos descuidar, nem relaxar. É dentro de casa que venceremos
grandes batalha espirituais. Nossos filhos precisam ser preparados, para
reproduzir o evangelho e amar a Cristo.
2. Não menospreze seu papel de mãe.
Você não pode ignorar seu poder de influência. Orações de mães, transmissão das
verdades bíblicas, precisam ser mais intencionais e intensificadas. Muitas
vezes achamos que o que fazemos parece não fazer efeito e desistimos de fazer.
Não despreze a Palavra de Deus que diz: “Ensina
a criança o que caminho em que deve andar e ainda quando for velha, não se
desviará dele” (Pv 22.6).
3. Comece cedo. Certa vez um colega
meu, falando sobre este assunto, me perguntou: “como seus filhos aprendem a
falar?” E a resposta óbvia é: “ouvindo”. Portanto, por que ignorar o fato de
que nossos filhos estão em processo de aprendizado espiritual, desde o berço?
4. Dependa do Espírito Santo. Ele
pode comunicar e transmitir as verdades de Jesus aos seus filhos, falando-lhes
da linguagem materna. Quantos testemunhos já ouvi de pessoas que, querendo se
afastar do caminho do Senhor, lembrava-se dos ensinos da mãe, dos conselhos que
ela dava, dos ensinamentos espirituais recebidos, e tinham que retroceder, por
causa da linguagem materna que havia sido comunicado aos seus corações, desde
cedo.
5. Não se deixe desencorajar. Certo
pai ouviu seu filho na adolescência lhe dizer: “Eu não vou mais à igreja, eu
não gosto de igreja. Quem gosta de igreja é o Senhor. Eu não!” E o pai lhe
respondeu: “primeiro, você vai à igreja, porque você ainda depende de mim, da
minha direção, da minha autoridade e dos meus recursos. Segundo, quando você
tiver condições de conduzir a sua vida pessoal, sem nossa orientação e decidir
viver sem Deus, você poderá fazer, mas quero dizer que eu e sua mãe estaremos
sempre orando por você e será bem difícil para você viver sem Deus, porque
jamais deixaremos de amar você e de cuidar de você!”. Muitas vezes.
Lamentavelmente, decidimos muito facilmente de nossos filhos.
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