domingo, 14 de fevereiro de 2021

Jz 1.27-36 Lidando com situações aparentemente imutáveis



 

 

Introdução:

 

Todos temos que conviver com situações que gostaríamos de mudar em nós, ou em outras pessoas, ou em determinadas circunstâncias, mas não conseguimos ver mudanças. Chegamos a pensar que as coisas não mudam, as pessoas não mudam, e nós mesmos não mudamos.

 

Muitas vezes ficamos tristes com determinadas situações. Queríamos ver mudanças em nós e nas pessoas com as quais convivemos mas as coisas insistem em ser exatamente as mesmas. Será que há esperança para nós? Será que o evangelho pode mudar as pessoas? 

 

Tive um colega na faculdade cujo apelido era “Luiz Gambira”, porque gostava de fazer troca, vender uma coisa e comprar outra. Um outro colega recebeu o apelido de “extremo”, porque tudo para ele era superlativo e exagerado, seja nas emoções ou nas atitudes. Este colega era muito briguento e irritado. Estávamos jogando futebol, quando o “Luiz Gambira” errou um gol fácil. O “Extremo” ficou irritado e começou a gritar e discutir com ele. Gambira então tirou seu óculos com o qual praticava esportes, ajoelhou no chão e disse: “Pelo amor de Deus, pare de brigar comigo. Você acha que quando eu erro o gol é porque eu quero? Eu errei, porque não consegui mesmo.”

 

Este texto que lemos nos faz perceber isto:

§  Hobabe teve que viver com os amalequitas – 1.16

§  Judá não conseguiu expulsar os filisteus – 1.19

§  Benjamin não conseguiu expulsar os cananeus – 1.27-28

§  Efraim Judá não conseguiu expulsar os cananeus – 1.29

§  Zebulon não conseguiu expulsar os cananeus – 1.30

§  Aser não conseguiu expulsar os cananeus – 1.31-32

§  Naftali não conseguiu expulsar os filisteus – 1.33

§  Dã não conseguiu vencer alguns amorreus 

 

A ordem de Deus era clara para que tirassem todos estes povos do meio da terra prometida, entretanto, eles não conseguiram realizar aquilo que deveria ser feito. Isto me leva a considerar que não dá para ter sempre a situação ideal. Precisamos aprender a conviver com realidades que insistem em não mudar.

 

Por exemplo: 

A.   Nem sempre é possível mudar tudo numa instituição. 

                                               i.     Bom Samaritano – Esta é uma associação da igreja que é uma benção para a cidade. 50 anos de serviço. Entretanto, existe coisas estruturais que parecem não avançar. Isto gera um certo desconforto.

                                             ii.     Site da igreja – Durante anos tivemos que conviver com a deficiência de nosso site. Finalmente conseguimos pagar caro para que alguém fizesse nosso site. Em vão... as coisas simplesmente não aconteciam. Foram anos de irritação. Até que finalmente parece ter sido normalizado.

 

Ou nós, como liderança éramos incapazes de resolver o problema, ou não tínhamos condições de contratar uma equipe, ou era impossível lidar com as deficiências internas que tínhamos.

 

B.    Nem sempre dá para mudar as coisas no casamento.

 

As pessoas eventualmente encontram grandes dificuldades para acertar áreas e formas de fazer as coisas. Será que não há um mínimo de razoabilidade e coerência que nos leve como pessoas maduras a ter uma convivência menos conflitivas. Menos competitiva? 

 

Isto me levou a escrever um texto chamado “História de portas abertas”. 

 

Trivialidade é um dos grandes desafios do casamento. O que fazer com as roupas que não conseguem chegar sozinhas ao cabide... Sapatos que não andam até o guarda roupas... Maridos que não conseguem escovar sem respingar o espelho ou fazer a barba sem sujar a pia... Rolo do papel higiênico virado para o lugar errado, pasta espremida pelo meio? Certo homem chegou até mesmo a colocar um aviso na pasta de dente: "Aperte meu traseiro".

Chapman narra sua epopéia familiar num incidente trivial que se tornou um grande problema no seu relacionamento  com a esposa, que nunca fechava as portas dos armários e insistia em manter seu guarda roupa abertos... para ele, a equação poderia ser sintetizada no seguinte: Ela sabia abrir portas e gavetas mas não fechá-las. Sua experiência familiar demonstra como é difícil conseguir mudanças de hábitos e comportamentos arraigados.

 

Diante da situação que o irritava profundamente, resolveu tomar algumas iniciativas, para  corrigir o problema:


1ª Tentativa: Ele começou dizendo para sua esposa: “Dá para fechar as portas? Eu sempre me enrosco na porta das gavetas, além do mais, com o passar dos tempos, as portas tendem a empenar, se não estiverem adequadamente fechadas”. Apesar da insistência e de sua clara irritação, a atitude de sua esposa não mudava. As coisas continuavam da mesma forma. 
Ele entendeu que não é fácil mudar um hábito... e por isto esperou dias, semana inteiras, pacientemente embora estivesse fervendo por dentro, desejando que sua esposa aprendesse o simples ato de fechar os armários. Nada mudou. 
Diante disto ele pensou: Ela pode não ter ouvido o que disse. E por estar cursando pedagogia, resolveu usar um pouco de didática. 

2ª Tentativa: Resolveu demonstrar como é fácil fechar as portas dos armários. No banheiro ele disse ironicamente: “Esta rodinha se encaixa naquela canaleta. Você a fecha apenas com um dedo...”  Na cozinha mostrou: “É só se aproximar do imã que ele fecha a porta para você”. Ele afirma que naquele dia ele ficou certo de que ela havia entendido, afinal, uso de recursos áudio visuais torna a comunicação mais clara... Apesar disto, no dia seguinte as coisas estavam do mesmo jeito. Ele resolveu esperar mais alguns dias...que se tornaram meses, contudo as portas e gavetas ainda continuavam abertas.

3ª. Tentativa: Por não ter obtido a resposta desejada, resolver fazer um sermão. Depois de 9 meses e das duas abordagens iniciais, ele disse irritado: "Você faz faculdade, é uma pessoa espiritual, mas não consegue fechar uma gaveta? Será que você é incapaz mentalmente?”. A resposta não veio, e agora ela se tornara ainda mais reativa. Nada mudou. Um dia, ao chegar em casa viu que sua filha estava com pontos no canto de um dos olhos. Ela caíra e se cortara no canto de uma gaveta aberta. Ele disse que ficou orgulhoso de sua reação tranquila. Não passou um sermão mas pensou: “Agora ela vai aprender. Ela se recusou a me ouvir...então Deus está falando com ela...” Mas depois de tudo isto, as gavetas continuaram abertas!

 

Onze meses depois entendeu: “Ela nunca vai fechar as gavetas. Finalmente a ficha caiu! Enquanto sua mente assimilava o impacto desta "revelação” foi até a biblioteca e fiz um plano, escrevendo tudo o que vinha a mente”. Já ouviram falar disto? Quando estiver enfrentando situações complexas, escreva as idéias que lhe vierem à cabeça, mesmo as que forem malucas, as boas, as úteis e aquelas que você considera brilhantes. Depois de pronto, leia a lista e decida pela melhor alternativa. Quatro idéias vieram à sua mente:

A. “Posso me separar dela” - Esta ideia já viera antes. Mas como estava no seminário sabia que se separasse dela, nenhuma igreja o convidaria para pastorear...

B. “Se eu me casar de novo vou perguntar a mulher: Você fecha as gavetas?”

C. “Talvez, eu fique infeliz pelo resto de minha vida”. Então raciocinou melhor e disse para si mesmo: “Porque um adulto escolheria viver infeliz pelo resto da vida?”

D. “Poderia aceitar isto como uma realidade, e daqui pra frente eu mesmo fecharia as gavetas, sempre!”

 

Diante da escolha da melhor opção, outras pessoas lhe trouxeram idéias originais:
-Colocar molas para fechar automaticamente – ele não sabia que isto era possível...
-Arrancar todas as portas dos armários.

Diante de todas as possibilidades, finalmente decidiu pela última, a letra “D”, fazendo o seguinte cálculo:  

3 segundos para fechar os armários da cozinha.
7 segundos para os do banheiro.
Chegou à conclusão que conseguiria encontrar este tempo na programação do seu atarefado dia.

Então chegou em casa e disse:
- “Carolyn, quanto às gavetas...”
Ela o interrompeu irritada:
-“Por favor, não toque neste assunto outra vez”...
-“Deixe-me terminar: de hoje em diante, enquanto eu viver.. Esse será meu trabalho. Fecharei as portas e gavetas”.
Sabe o que ela disse?
- “Tudo bem... E saiu da sala”...

Chapman concluiu que para ele nada fora nada extraordinário, mas definitivamente sua decisão foi um ponto crítico na vida. Desde então, as gavetas não mais o incomodam. Quando entra em casa fecha todas elas, afinal, isto faz parte do seu trabalho!

Você precisa estar consciente de que, em certas coisas, seu cônjuge não pode ou não quer mudar. Nenhum cônjuge atenderá todos seus pedidos. Chapman afirma que chegou a pensar que isto era uma espécie de incapacidade genética. 

Então, como você vai lidar com tais aspectos? Não é melhor entender que o amor aceita  imperfeições?


Alguns passam 15 anos reclamando sobre as luzes acesas: "O que há de tão difícil em apagar a luz quando se sai de um cômodo? O interruptor funciona para os dois lados. Se economizássemos, poderíamos fazer uma viagem...” Pode ser que o outro nunca mude. Talvez ele só saiba acender, mas não apagar...

 

Com o passar do tempo, descobrimos que, na maioria das vezes, não podemos transformar os outros. Quando muito, podemos transformar a nós mesmos. Talvez esta realidade seja como a abordagem que C.S.Lewis fez sobre a oração. “A oração não transforma o coração de Deus, mas transforma o nosso coração”. Oração não é uma forma de induzir Deus a mudar a sua maneira de pensar, mas um caminho para alinhar sua visão à visão de Deus, e sentir prazer nos seus planos.

 

Quando aprendemos a aceitar determinadas coisas, ao invés de brigarmos por elas, pode ser que o resultado seja muito melhor do que alcançaríamos se insistíssemos em transformar o outro com nossa lógica, apenas para satisfazermos uma necessidade pessoal de aprovação e controle.

 

C.    Nem sempre conseguimos mudar a nós mesmos

 

Existem razões inconscientes, familiares, limitações próprias, que nem sempre são resultado de teimosia ou de indisposição. 

 

Graças a Deus, aprendemos pelo evangelho que Deus não precisa de pessoas boas para realizar coisas boas. Deus pode fazer muita coisa através de nós, em nós, e, à despeito de nós. 

O livro de juízes é um bom exemplo disto. Vemos no meio do povo de Deus cenas fortes de sexo, violência, estupro, brutalidade, fraudes, líderes imperfeitos, inconsequentes, inseguros e depravados. Isto me faz lembrar de uma frase de Lutero que diz: “quando olho para mim, não vejo como me salvar; quando olho para Cristo, não vejo como me perder”. Louvado seja Deus pela sua infinita graça.

 

Alguns riscos diante de situações imutáveis

 

1.     Podemos nos acomodar e nos justificar: Não tem jeito para mim mesmo! 

 

Rev. Walmir Soares (irmão mais velho do Pr. Walvir, que é amigo de muitas pessoas aqui da região e pastoreou a igreja do Setor Sul), certa vez ouviu de um membro de sua igreja: “Pastor, ore por mim, pois sou um crentinho sem vergonha!” E teve como resposta: “Não existem crentes sem vergonhas. Existem sem vergonhas que se dizem crentes”.

 

É muito fácil nos acomodarmos com a síndrome de Gabriela:

 

Eu nasci assim, eu cresci assim

Eu sou mesmo assim

Vou ser sempre assim

Gabriela, sempre Gabriela

 

Quem me batizou, quem me iluminou

Pouco me importou, e assim que eu sou

Gabriela, sempre Gabriela

 

2.     Podemos perder a esperança de lutar por mudanças. 

 

Com o passar dos tempos vamos nos atendo às duras realidades e deixando de lutar para que coisas melhores aconteçam. Perdemos a capacidade de sonhar, crer que coisas novas aconteçam. Perdemos a perspectiva das promessas de Deus, como ditas em Isaías: “Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz, porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios no ermo”(Is 43.19).

 

3.     Podemos perder a expectativa do Evangelho 

 

O Evangelho tem a ver com mudanças: “Novo nascimento”, “Nova vida”, “Nova criatura”, “novo estilo de vida”, “novo tempo”. 

 

No Evangelho de João 5.1-9 encontramos o relato do encontro de Jesus com o paralítico. Ele vivia nesta situação de invalidez e dependência por 38 anos, esperando uma resposta mágica de um suposto anjo que descia do céu e movia a água no Tanque de Betesda. Ao se aproximar dele, e sabendo de sua real situação, ele faz uma pergunta estranha: “Queres ser curado?”  A estranheza está no fato de que parece óbvio que aquele homem queria ser curado. Para nossa adequação, poderíamos perguntar: “Queres ser transformado?” Partimos do pressuposto de que toda pessoa enferma quer ser transformada, mas será que isto é verdade? Nem todos querem. Temos visto que muitas pessoas, apesar de doentes e inválidas, transformam o seu estilo de vida patológico em um modo doente de vida. Parecem querer viver desta forma. A doença, o pecado, a invalidez, de alguma forma parece ser conveniente. O processo de mudança nem sempre é fácil e a pessoa se acostuma com seu estado de miséria e mendicância. A verdade é que o homem não responde a Jesus se quer ser curado, mas justifica seu estado de dependência. Ele se vê como vítima de um sistema que não lhe dá chance de sair deste ciclo de paralisia. 

 

A pergunta de Jesus, pode ser feita a cada um de nós: “Queres ser curado? Queres ser transformado? Queres experimentar as coisas excelentes de Deus que podem ser encontradas em Jesus?”

 

A verdade, é que, não mudamos, por não desejarmos mudança, ou por não encontrarmos poder para mudança, e assim continuamos adoecidos. Parece que o Evangelho tem poder de nos preparar para viver a eternidade, mas não para uma vida vitoriosa no tempo presente, experimentando as coisas excelentes que se encontram na vida de Cristo que nos foi aplicada pelo Espírito Santo. Continuamos a ter corações miseráveis, somos cônjuges autocentrados, usamos a raiva para intimidar as pessoas, estamos presos à luxúria, aos vícios, aos prazeres efêmeros da carne. Manipulamos e controlamos para conseguir o que queremos, estamos aprisionados pelos ídolos do coração e em laços de iniquidade, temos uma face pública para impressionar as pessoas e manter as aparências, mas o coração continua precisando de transformação profunda. O que há de errado em nosso discipulado? No processo de sermos realmente seguidores de Cristo?

 

Ouvi certa vez uma frase que dizia: “Ficamos satisfeitos com nossa insatisfação espiritual. Talvez estejamos lidando com o mesmo pecado que estávamos há décadas, mas, pelo menos, estamos frustrados com isto” (Kent Carlson), e nos justificamos assim. A verdade, é que há uma questão crucial que chamamos de intencionalidade. Nós precisamos querer. Precisamos nos arrepender do nominalismo evangélico para abraçar a vida do reino de Deus e experimentar “as coisas excelentes” que nos são comunicadas pelo Espírito que em nós habita quando cremos.

 

Os pais do deserto, que buscavam por uma vida espiritual profunda e significativa, identificaram quatro aspectos fundamentais no processo de formação espiritual:

 

Primeiro, a transformação acontece nos detalhes específicos do coração

O problema é que, quando decidimos colocar todos os aspectos da vida sob o crivo da luz de Cristo, quando permitimos que a luz de Cristo ilumine os porões escuros de nossa alma, nos assustamos com a grandeza do nosso pecado. Quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais percebemos a pequenez do coração, a mesquinharia, a magnitude daquilo que precisa ser mudado dentro de nós. Há tantas áreas precisando de reparos, que ao invés de olharmos de forma direta para o nosso mal, somos tentados a generalizar. “Perdoa a multidão de meus pecados”, ou “eu sei que sou um pecador”, mas nunca falamos para Deus qual é o nosso pecado.

Certamente é mais fácil admitir que sou pecador que declarar: “Sou um lascivo”, ou “sou um mentiroso”. O problema é que se não considerarmos a especificidade do mal seremos impedidos de entrar em contato com ele. Nas generalizações ninguém cresce, mas nos escondemos, porque ninguém é exposto.

Somos realmente transformados quando intencionalmente escolhemos revelar os detalhes atormentadores. A verdadeira mudança acontece quando a confissão se torna invasiva. “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”(Hb 4.12). A palavra de Deus vai penetrar em áreas abscônditas e indivisíveis de nosso ser.

Pecado precisa ser nomeado. Quanto mais genérico for a confissão menos efeito trará. Pecado tem nome, geografia, história. Muitas vezes com longa duração e influência em nossa vida.

 

Segundo, Aja contraintuivamente

 

Este é o segundo aspecto fundamental no processo de formação espiritual que os pais do deserto identificaram.

Ao entrarmos em contato com nossa natureza caída, e considerar nosso pecado, percebemos o quanto nossas atitudes são automáticas, na maioria das vezes sequer percebemos o mal que elas geram e quanto isto fere as pessoas e desagrada a Deus. Simplesmente fazemos porque sempre fizemos. Simples assim.

Não percebemos como a luxúria está presente nos olhares lascivos que temos. Não consideramos o quanto nosso mau humor é agressivo e ranzinza, não precisamos fazer esforço para nos irritarmos com o motorista que nos corta no trânsito. Nossa raiva faz parte da rotina da vida e reina absoluta em nossas atitudes.

Portanto, para superar hábitos arraigados e o “fútil procedimento que nossos pais nos legaram” (1 Pe 1.18), esta herança de futilidade que social e culturalmente desenvolvemos, há uma regra estranha mas transformadora: “faça o oposto daquilo que você quer fazer”. 
Se seu coração está sempre conduzindo você à depressão ou a ansiedade, se sua relação com dinheiro está sempre te afastando da generosidade, faça o oposto daquilo que sua natureza pecaminosa pede. A palavra de Deus nos exorta: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Uma outra tradução deste texto diz: “Não façais provisões para a carne”. A carne, os meus instintos, a natureza ávida e voraz não pode ser satisfeita, se eu quiser experimentar as coisas excelentes.

 

Se uma pessoa é controladora precisa se colocar em situações onde outra pessoa está no comando. A pessoa absorta em si mesma, precisa parar o que está fazendo e ouvir. O solitário precisa de relacionamentos. Os sociáveis precisam de solitude, e a pessoa sempre pronta a explodir precisa aprender a colocar sua agressividade explosiva sob controle.

 

“Uma atitude contraintuitiva nos leva para além dos limites da nossa zona de conforto e a um território não-familiar, onde somos mais dependentes de Deus” (Kent Carlson).

 

Terceiro, precisamos colocar nossa identidade no centro das forças

Um dos grandes desafios que temos é aprender a identificar quem somos no meio das batalhas. No meio da dor facilmente nos esquecemos que somos filhos amados, e questionamos o Pai amado se as coisas não estão mais sob controle. em situações de provação e tentação nos esquecemos que somos filhos da luz e cedemos às trevas.  Esquecemos quem somos em Deus.


Filhos Amados e Filhos da luz

Quando Jesus sai do batismo, Deus afirma sua identidade: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”. Deus queria lembrar a Jesus sua relação e identidade com o Pai, porque em seguida ele passaria pelo deserto. Da mesma forma, precisamos lembrar que o que nos define não é o que fazemos, nem o que dizem que somos, nem aquilo que acontece conosco, de bom ou de ruim, mas o que somos aos olhos de Deus.

“Formamos uma barreira que isola nosso lado obscuro. Odiamos nossos pecados, mas também os amamos. Queremos nos ver livres da luta, mas queremos permanecer nelas. Não as suportamos mas não podemos imaginar a vida sem elas. Momentos de raiva nos dão alguns momentos de liberdade, onde podemos ser incorrigíveis sem nos preocupar com o que os outros pensam. Quando estouramos em raiva, conseguimos o que queremos. A luxúria nos oferece satisfação sexual sem a inconveniência da intimidade. A correria nos faz sentir necessários e importantes. A preocupação sustenta nosso falso senso de controle. A mentira mantém nosso verdadeiro eu na obscuridade”(Kent Carlson).

Desta forma vamos construindo uma falsa identidade.

É impossível experimentar as coisas excelentes de Deus vivendo desta forma.

Jesus nos dá liberdade, e onde está o Espírito do Senhor, ai há liberdade. Mas o que seremos sem a raiva, a luxúria, o medo ou o controle? A incerteza nos mantém e nos solidifica como pessoas superficiais. Não entramos em contato com nosso mal. Precisamos do dinheiro para manter nossa falsa identidade; precisamos do poder, de sermos aceitos; precisamos da reputação e de tantos outros ídolos do coração, e nem sequer percebemos que estas coisas que amamos e queremos tanto são exatamente aquilo que cria em nós um falso ego e nos leva a perder a centralidade da vida que se encontra em Deus.

Precisamos descobrir que podemos lidar com passado com coragem e com nosso pecado com ousadia. Nossa reputação e valor encontram-se em Cristo. Nossa identidade está escondida nele. “fomos sepultados na morte com ele”. Pelo seu sangue fomos colocados em outro patamar de sermos “sinceros e inculpáveis no Dia de Cristo”. (Fp 1.10). Só assim seremos capazes de experimentar as coisas excelentes.

 

Quarto, a transformação pessoal traz implicações muito além das individuais

 

Isto é, quando Deus efetua uma transformação pessoal em nossa história, isto afeta todos os relacionamentos.

Certo homem era conhecido por sua ira. Ele explodia com as pessoas que amava, gritava com os motoristas na rua, estava sempre se metendo em dificuldades com seus colegas no trabalho, e então percebeu que isto estava atrapalhando seu crescimento espiritual, prejudicando sua família e trazendo desonra para o Evangelho. Procurou tratar da sua ira, tentando descobrir suas raízes mais profundas e Deus trouxe mudanças significativas para sua vida. Sua raiva diminuiu, ele não reagia de forma tão abrupta quanto antes e lidava com as crises com maior serenidade.

O que ele não esperava era o efeito que isto causaria na sua casa. Sua esposa e filhos haviam aprendido a conviver com uma pessoa raivosa e agora sua transformação estava afetando todo o sistema da casa. O casal percebeu que sem as crises de raiva, era possível tratar de questões matrimoniais não resolvidas, e os filhos estavam dormindo melhor, se tornaram mais calmos e confortáveis quando o ambiente era turbulento.

Sua mudança trouxe mudança ao seu redor.

A sua transformação pessoal estava provocando benéficos efeitos em toda a família.

Quando Deus muda a vida de uma pessoa, isto traz impacto nas pessoas de nossa convivência e passamos a experimentar as “coisas excelentes”, que estão interligadas ao evangelho.

 

Conclusão:

O povo judeu, ao entrar na terra prometida, se viu envolvido em situações aparentemente insolúveis. 

Na medida em que lemos o livro de juízes, percebemos que, pelo fato das pessoas se acomodarem ao status quo, e não conseguiram fazer o que Deus queria que fizesse, três coisas graves aconteceram:

 

1.     A cultura do mundo engoliu a próxima geração – “Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel.
Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram aos baalins. Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira. Porquanto deixaram o Senhor e serviram a Baal e a Astarote.”
 (Jz 2.10-13).

 

2.     Os cananeus impediram que a conquista da terra fosse definitiva – “Os amorreus arredaram os filhos de Dã até às montanhas e não os deixavam descer ao vale.” (Jz 1.34). O povo de Deus, não pode conquistar a terra por inteira. Os cultos pagãos ainda floresciam, a mensagem da libertação do Deus de Israel não teve efeito para aquela região, porque não houve uma transformação na cultura e religiosidade daquele povo que morava em Canaã.  

 

Quando o evangelho fala de mudanças pessoais, ou familiares, ou institucionais, ele não está falando daquilo que o homem pode fazer, mas daquilo que Deus pode fazer através de nós, ou a despeito de nós. Confissão de pecados, arrependimento, dependência de Deus, oração, podem ser revolucionários em nossa história.

 

Você quer ser curado? Você quer ver coisas sendo transformadas em sua vida? Você crê que o evangelho pode capacitar você a ter uma vida de vitória em Cristo! Você crê que Deus pode mudar sua vida, sua família, sua instituição?

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