sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Mc 16.15 O Desafio kerigmático da igreja

 



 

 

 

Introdução

 

A tarefa básica da igreja é dar glória ao nome de Deus. Só conseguimos cumprir a nossa vocação se Deus for glorificado em nossas vidas. Nada do que fazemos é tão importante quanto dar glória ao seu nome. Entretanto, a forma como damos glória a Deus é obedecendo à sua palavra e fazendo sua obra. Deus é glorificado na obediência. Fazer a obra missionária e pregar o evangelho, traz glória ao nome de Deus.

 

Pregar o evangelho. Esta foi a missão que Jesus deu aos seus discípulos: “Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16.15)

 

Precisamos entender que igreja não é um clube social. Não é feita para gerar um agradável encontro de pessoas da mesma classe social e que nos faz sentir bem. A igreja não existe para si mesma. Nem para satisfação e bem estar de seus membros, (embora ela cumpra este papel de forma abençoadora), nem para auto manutenção. Igreja é uma comunidade que se reúne em torno de uma mensagem, e tem como alvo fundamental a pregação do evangelho.

 

A própria etimologia da palavra igreja traz esta ideia.

 

A palavra IGREJA provém de um substantivo composto. A palavra grega ἐκκλησία [Ekklesía] que é a combinação da preposição ἐκ [ek] ou εξ [ex] com o verbo καλέω [kaléo], sendo que ek ou ex tem o sentido de "para fora" e kaléo o sentido de "eu chamo" ou "eu convoco". O resultado seria o substantivo ἐκκλησία [Ekklesia] com o sentido etimológico de "chamados para fora" ou "convocados para fora".

 

Neste texto sucinto de Marcos, encontramos quatro aspectos importantes sobre a obra missionária da igreja:

 

1. O Imperativo: “Ide!”

 

É importante ter este DNA na igreja. Somos chamados para sair das quatro paredes. O imperativo aqui não é “vinde”, mas “ide”. É mandamento de Cristo aos seus discípulos. Não é para ajuntar, é para espalhar.

 

Quando a igreja perde a compreensão deste mandato evangelístico, ela perde sua identidade e missão. Tenho tido muitas crises quando ouço os irmãos dizendo: “vamos fazer um acampamento só prá nós da Igreja.” Na minha cabeça não faz sentido. Quem somos “nós da igreja?” Onde fica ordem de Cristo de ir, avançar, pregar o evangelho a toda criatura?’

 

Um texto de Isaías me desafia tremendamente:

Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas.” (Is 54.2-3) Este é o chamado de Cristo para sua igreja. Para firmar bem as estacas (o que tem a ver com a firmeza teológica e doutrinária), estender o toldo da habitação, e alongar as cordas. Isto tem a ver com crescimento de igreja, com a expansão do reino.

 

Algumas perguntas devem estar presentes na igreja: Como se tornar parceira da evangelização no mundo, como alcançar amigos e vizinhos para Cristo? Isto faz parte do DNA de uma igreja cristocêntrica e bíblica.


2. A extensão da missão: O alcance – “Ide por todo mundo.”(Mc 16.15). Esta é a extensão da obra evangelística. Impactar o mundo inteiro.

 

Na verdade a expressão “todo o mundo" em grego é “panta ta etnia” que aponta não apenas para países e grupos geopolíticos, mas para grupos étnicos. Para vocês terem ideia do que estamos falando, apenas no Brasil existem 248 etnias, falando línguas nativas. Trata-se de um enorme desafio missionário.

 

Esta foi a compreensão de John Wesley, líder do movimento metodista, que afirmava: “Minha paróquia é o mundo”. Ele entendia que seu desafio não era apenas na sua comunidade local, mas todas as pessoas.

 

Na Grande Comissão, dada aos seus discípulos, Jesus lhes disse: “Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra; portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar todas as coisas. E eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.18-20). O mandamento de Cristo claramente aponta para “todas as nações.”


Quando estava perto de seu retorno ao Pai, após a ressurreição, ao se reunir com seus discípulos em Betânia no seu último recado lhes disse: 
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.”(At 1.8). Ele não queria que seus discípulos perdessem o foco e a missão.

 

É bom observar que o texto fala da missão que deve acontecer localmente e em todo mundo, ao mesmo tempo. “Tanto em Jerusalém, como em toda Judeia.” Muitos dão a este texto a ideia de sucessividade, um após o outro. Evangelizar primeiro o local onde estamos e depois, se tivermos condições, e se sobrar tempo e recurso, alcançar lugares mais longínquos. Jesus está dizendo o contrário: Evangelizem aqui e lá, ao mesmo tempo, não hierarquicamente. Isto é simultaneidade.

3. O conteúdo da Missão - " Ide por todo mundo, pregai o evangelho" (Mc 16.15). O conteúdo da mensagem é o evangelho. Então precisamos entender o que é Evangelho.

 

A igreja tem uma mensagem central: O Evangelho. As boas novas.

 

Mark Dever, no seu livro “Nove marcas de uma igreja saudável”, faz as seguintes considerações sobre o conteúdo do Evangelho, as Boas Novas.

 

A.   As Boas novas não são apenas para que tudo esteja bem conosco. Fazer as pessoas se sentirem felizes acerca de si mesmas. Muitas vezes a mensagem é agressiva, pois aponta para o pecado e para a necessidade de arrependimento. Ninguém  consegue entender as boas novas da salvação, cujo foco está na graça, se não entender a grave realidade de seu pecado.

 

B.    As Boas Novas não são apenas que Deus é amor. Como pais sabemos que o amor nem sempre é deixar nossos filhos fazerem o que querem. De fato, o amor às vezes pune. Muitas vezes temos a falsa compreensão de que Deus é amor e nos esquecemos que ele é santo e justo.

 

C.    As Boas novas não são apenas para dizer que Jesus quer ser nosso amigo. Alguns anos atrás, no Rotary Club de Anápolis, Dr. James Fanstone, missionário inglês, ao ouvir este comentário ele disse: “Sem, ele é nosso amigo, mas é muito mais que isto. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele é nosso Salvador. Ele é Deus e deseja ser Senhor de nossa vida.”

 

Várias vezes Jesus afirmou aos seus discípulos que ele ‘veio para morrer.” A cruz está no centro da mensagem do Evangelho, e nos aponta para quatro formas de linguagem:

 

i.               Uma linguagem comercial. Fomos redimidos. O que significa redenção? Isto nos aponta para a realidade de que um preço foi pago, fomos comprados pelo seu sangue.

 

ii.              Uma linguagem relacional: Fomos reconciliados com Deus. Como criaturas rebeldes e independentes, nos afastamos de Deus. Cristo veio nos reaproximar do Pai, e ele fez isto através de sua morte.

 

iii.            Uma Linguagem jurídica: Trata da realidade de nossa culpa e condenação diante de Deus. Por meio de sua morte, Cristo nos “justificou” diante de Deus. Declarou justo pessoas que eram injustas. Ele nos “imputou” sua justiça, e nos deu uma justiça que não temos (Rm 8.1) O termo propiciação que aparece na Bíblia significa “satisfação de uma justiça diante de Deus pelos nossos pecados.”

 

iv.            Uma Linguagem militar: A obra de Cristo para nos libertar é descrita como uma batalha de potências. “Ele nos transportou do império das trevas para o reino do Filho de seu amor.” (Col 1.13). Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.” (Col 2.14,15)

 

Portanto, Cristo é muito mais que nosso amigo. Sua obra é muito mais ampla e abrangente.

 

D.   As boas novas não são apenas para nos dizer que devemos viver corretamente. Não é apenas um aditivo que pode tornar melhor nossas vidas que já são boas. Nem para ajudar Deus a nos salvar, como se, com nossas virtudes, Deus pudesse no salvar. O Evangelho não é sobre o que fazemos, mas sobre o que Deus fez. Não é sobre mim, é sobre Deus.

 

Por isto o Evangelho nos fala de Arrependimento e Fé. Com frequência estes dois termos estão próximos na Bíblia: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1.15)  “Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo].” (At 20.21).

 

O que é arrependimento?

Levantar as mãos em um culto? Vir à frente? Preencher um cartão de decisão? Não! É a resposta que devemos dar quando sabemos da  justiça e santidade de Deus e quem somos diante dele. É preciso desmascarar as defesas e reconhecer nossa condição desesperadora moral e espiritualmente diante de Deus.

 

O que é fé? Antes de entender o que é fé, talvez seja importante saber o que não é fé:

 

A.    Não é fé na fé – Muitos afirmam: “O importante é crer”. Não é assim que Jesus nos ensina. Não basta crer, mas é necessário que saibamos em que cremos. Fé sem objeto se transforma em superstição e crendice.

 

B.     Fé não é mera concordância intelectual. Não é apenas concordar que existe um Deus, ou um ser superior. Tiago afirma: “Crês tu que Deus é um só, fazes bem, pois até o diabo crê e treme” (Tg 2.13). O diabo crê! Ele não é incrédulo. Na verdade tem mais fé que muitos homens, porque ele sabe de tudo que acontece no mundo espiritual. Mas que tipo de fé que é esta? O diabo é um ser sem salvação. Ele está condenado e será lançado no lago de fogo.

 

C.    Fé não é sensação – Numa época pós-moderna, onde o que valida para muitos o significado da verdade e mentira são as emoções, é necessário que se esclareça isto. Jesus não diz: “Aquele que sentir um arrepio, ou se emocionar com as coisas que fiz, será salvo”, e sim “Quem crer e for batizado, será salvo”. Muitos já choraram diante de Deus, mas estão perdidos; muitos sentiram calafrios em reuniões com conteúdo emotivo, e estão longe do Senhor; muitos viram manifestações sobrenaturais, e ainda não creem e vão para o inferno; muitos choraram em acampamentos, emocionados ao redor de uma fogueira ou de um culto mais emotivo, mas se recusam a serem verdadeiramente discípulos de Cristo e se renderem incondicionalmente ao seu chamado.

 

D.    Não é uma experiência temporal – Trata-se daquele tipo de fé de pessoas desesperadas e desenganadas, que estando diante de situações de grandes crises e aflições, e não encontrando outra saída, buscam respostas imediatas através da oração, de campanhas, de concentrações de milagres mas logo que a situação se resolve, voltam ao mesmo estilo de vida, e nunca depositam sua confiança realmente em Cristo, porque na verdade queriam apenas a solução imediata de seu sofrimento, mas não possuem fé bíblica genuína, que traz salvação.

 

O que é fé:

 

  1. Deixar de confiar em mim mesmo para salvação – Entender a real situação aos olhos de Deus e o que Cristo fez. Isto se dá quando  entendo o que Cristo fez por mim na cruz, então me rendo à sua obra maravilhosa e me aproximo dele buscando sua graça. Jesus foi até aquela cruz para me trazer salvação.

 

  1. Colocar minha confiança inteiramente na obra de Cristo – A Bíblia afirma que somos salvos da “ira de Deus”, nosso pecado nos separou de Deus, e a consequência do pecado é morte (Rm 6.23). Salvação bíblica se refere à libertação da consequência do pecado e envolve, portanto, remoção do pecado. Esta é uma obra que só Deus pode realizar, e ele fez isto através da obra de seu Filho amado. Só Deus pode remover pecado e nos livrar da penalidade do pecado.



4. O impacto da missão - "Quem crer e for batizado, será salvo; quem, porém, não crer, será condenado" (Mc 16.16).

 

A mensagem tem implicações eternas. Tanto para dar vida, como para condenar. “Quem crê será salvo”. Que maravilhosa promessa. Mas ao mesmo tempo há um alerta: “Quem não crê, está condenado.”

 

O Evangelho é simples e direto: “Quem crer e for batizado, será salvo; quem, porém, não crer, será condenado” (Mc 16.16). Você pode achar simplista o raciocínio, ou não concordar com a afirmação enfática que Jesus faz, mas esta é a essência do evangelho. Billy Graham afirma que “a salvação é tão simples que qualquer criança pode entender, mas é tão profunda que os teólogos tem gasto muitas horas na história, com longas discussões sobre seu profundo sentido”.

 

Este texto nos coloca diante da necessidade de algumas definições. Uma delas é sobre o crer, outra sobre o batismo.

 

Este texto pode dar ideia de que sem o batismo, não há salvação, e isto não é verdade, pois o Senhor Jesus, diante do ladrão na cruz, que não havia sido batizado, ouviu de Jesus a declaração: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. A promessa de salvação de Jesus não condicionava ao batismo. Isto destrói a falsa doutrina da regeneração batismal, que afirma que o batismo salva.

 

Ao mesmo tempo, precisamos observar que o batismo, conquanto não seja salvador em si mesmo, é um sinal para aqueles que creem e se tornam discípulos de Cristo. Na Grande Comissão ele ordena aos seus discípulos que batizem aqueles que se convertessem e se tornassem seus discípulos.

 

O batismo é um sinal público de algo que aconteceu no meu coração. Salvação envolve dois processos: Um privado e outro público. Precisamos crer de coração, na obra salvadora de Cristo; mas há também um ato público, que implica em confessar a Jesus como Senhor. Declarar que somos seus discípulos, e assumir uma posição diante de todos de que somos discípulos de Cristo. Alguns se recusam ao batismo. Afinal, dizem eles, batismo é apenas um ritual, e não salva. Este tipo de raciocínio nos distancia da obediência à Cristo. Se você é discípulo e seu mestre lhe ordena que faça isto, porque você se recusa? Se você encontra dificuldade na coisa mais simples, como você vai lidar com as coisas mais complexas da fé e do discipulado? E ainda surge outra pergunta: Por que você está com tanta dificuldade de se submeter à ordenança dada por Deus?

 

Quem crer e for batizado, será salvo; quem, porém, não crer, será condenado”. Diante de Deus só temos duas possibilidades: Salvação ou condenação.

 

Recentemente o pregador americano Rob Bell, em entrevista às paginas amarelas da Veja (Nov 2012), declarou que céu e inferno não existem. Outro pregador, respondendo à esta provocação disse: “Na Bíblia Jesus menciona a palavra céu 145 vezes, e inferno 42. Quem está certo: O pregador moderno ou Cristo?”

 

A porta está aberta para salvação. Hoje é o tempo sobremodo oportuno. Se você ainda não tomou uma decisão por Jesus, de submeter seu projeto de vida, ao convite que ele lhe faz, esta é a hora da tomada de posição. Quem crê no Filho, tem a vida, quem não crê, sobre ele permanece a ira divina. Benção ou maldição? Salvação ou perdição.

 

Quero concluir com duas perguntas diretas:

1.     Você Já compreendeu o plano da salvação e está firme no Evangelho?

2.     Você já foi batizado? Se não, porque ainda não?

 

É Fundamental entender o que Deus nos chamou a fazer. Qual é o seu plano para nossa vida. E crermos no evangelho para nossa salvação.

 

Que Deus nos ajude!

 

 

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