domingo, 11 de dezembro de 2022

2 Co 4.1-7 Antídoto para o desânimo

 


 

Introdução

 

É fácil desfalecer, desanimar, desacreditar da vida, amargurar-se, frustrar-se com as injustiças, com as pessoas, com a igreja e até mesmo com Deus. Quando isto acontece nos tornamos mau humorados e ranzinzas, passamos a desacreditar da vida e tratar as experiencias com cinismo.

 

É fácil também esgotar-se emocional e fisicamente. Os teóricos chamam isto de burnout. Vivemos numa sociedade onde isto tem se tornado mais intenso, em pessoas muito jovens ainda e de forma mais frequente. Em 2021, cerca de 20 mil pessoas cometeram suicídio no Japão, e a taxa no Brasil também é alarmante: 14 mil pessoas. É muito fácil se desiludir da vida e desfalecer.

 

1.     A nova aliança como base para o encoramento

 

Por isto a afirmação inicial deste texto nos desafia tanto:

“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos.” (2 Co 4.1)


Ele afirma que há algo que pode nos ajudar a não desfalecermos. Existe um poder capacitador que nos possibilita ficar firme em meio a situações desencorajadoras. De que ele está falando?

 

Ele começa com a afirmação: “pelo que, tendo este ministério... não desfalecemos.” De que Paulo está falando?

 

No texto anterior ele faz um contraste entre a Antiga e Nova Aliança. Ele demonstra que a Antiga Aliança tem diferença de intensidade, fonte e resultados diferentes. O que precisamos aprender na Nova aliança que contrasta de forma tão profunda com a antiga aliança? Precisamos entender como age este ministério e porque ele é tão eficaz contra o desânimo.

 

A antiga aliança está firmada no homem, naquilo que somos capazes de fazer, enquanto o novo está centrado em Cristo, naquilo que ele fez. As fontes são diferentes. Na antiga precisa fazer, no novo, Jesus já fez. Este ministério é “segundo a misericórdia de Deus.” A antiga aliança faz brotar dois sentimentos que são desastrosos para nossa vida:

 

A.    Orgulho

B.    Depressão

 

Orgulho - Se a antiga aliança se baseia na performance, todos os resultados que obtenho estão focados nas minhas habilidades, competências, estratégias, esforços, zelo, espiritualidade e moralidade. Quando você faz as coisas e vê bons resultados, você fica cheio de você mesmo, você não fica admirado com o que Cristo fez, mas com o que você fez.

 

Depressão – Por outro lado, se não consigo atingir meus alvos, sinto-me frustrado e desencorajado.

 

A antiga aliança diz: “faço, logo sou aceito!” É performática! A nova aliança: “sou aceito, por isto faço”. Os motivos são diferentes. No primeiro, ao fazer, busco a aprovação; no segundo, ao fazer quero demonstrar gratidão, pois reconheço quanto Deus já fez.

 

Na antiga aliança a frustração virá. As pessoas não reconhecem o seu esforço, afinal “me dei tanto!” Me frustro também pela minha incapacidade de realizar as coisas da forma como Deus espera. Surge no coração o sentimento: “Miserável homem que sou, quem me livrará o corpo desta morte!” Eu sei que sou incapaz e como dependo dos meus esforços estarei sempre me sentindo desanimado.

 

Um bom exemplo bíblico é de Marta e Maria. Marta representa a antiga aliança, Maria a nova. Marta quer fazer, ela busca aprovação, ela precisa provar o quanto é importante, disposta a servir. Maria, por outro lado, se interessa em ouvir o mestre, em assentar ao seu lado, em descansar. O resultado é que Marta andava “inquieta e agitada”, ela começou a julgar sua irmã. O resultado foi cansaço e desencorajamento.

 

O ministério da antiga aliança trará desanimo, frustração e cansaço. Ele está centrado no esforço humano. A fonte é o meu EU. É o modelo Moisés. Precisa de aplauso, de admiração, mesmo que, para isto, seja necessária uma máscara. A Nova aliança, está baseada na misericórdia de Deus. Não tem a ver comigo, mas com Cristo. Somos apenas “vasos de barro”, o tesouro é Cristo m nós (2 Co 4.7).

 

2.     A Vida de integridade como fonte de encorajamento.

 

O que acontece quando estamos na nova aliança? A dinâmica do encorajamento se dá por procurarmos viver num estilo de transparência. “Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” (2 Co 4.2)

 

A falta de integridade gera cansaço e vergonha, traz desânimo e tristeza. Por que estas coisas se ocultam? Porque não gostaríamos que elas fossem colocadas no telão. Elas geram desencorajamento. Viver numa vida dupla traz angústia e cansaço.

 

Cinco coisas neste texto são ditas sobre integridade:

A.    Integridade deve ser intencional - "Rejeitamos as coisas que por vergonhosa se ocultam". É um ato decisão espiritual.

 

B.     Integridade deve ser fundamentada na transparência – “Coisas que se ocultam.” O comportamento de hipocrisia, deixa vermelho aqueles que praticam. Manter as coisas em segredo nos escraviza à mentira e ao engano.

C.    Integridade rejeita a manipulação – “não andando com astúcia.” A astúcia é própria daqueles que fazem sempre as coisas com "artimanhas" para induzir ao erro. Astúcia é um engodo. Não precisamos de artifícios, meia-verdades, dar a impressão de qualquer coisa, motivos pecaminosos para obtermos resultados.

 

D.    Integridade se baseia no absoluto desejo de conservar a pureza da palavra de Deus - ...” Nem adulterando a Palavra de Deus.” Adulterar a Palavra é colocar rótulos falsos em produtos, é diluir água no leite. Não precisamos envelopar a verdade num pacote promocional para atrair as pessoas a fé. A Palavra de Deus não precisa ser atualizada. Ela é fonte limpa à qual podemos beber sem medo de sermos contaminados.

 

E.     Integridade tem a ver com consciência – “Antes, nos recomendamos à consciência de todo homem.”

 

A integridade é uma das razões pelas quais Paulo não se sente desanimado. Verdade é a coisa mais encorajadora, renovadora e atrativa do mundo. Colocar a esperança em mentira ou sustentar a vida em astúcia traz grandes danos. Somos renovados quando nos firmamos na consciência tranquila e verdadeira.

 

3.     A dinâmica da salvação como ponto de partida para o encorajamento

 

No vs. 3, Paulo fala da dinâmica da salvação. Por que alguns não se convertem? Por que muitos parecem cegos às verdades do evangelho? “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Co 4.3,4).


O que este texto diz é assustador. Ele fala da ação do diabo para impedir a fé. “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos.” Falta de fé é um problema espiritual. Satanás cega a compreensão, o entendimento. Quando pregamos o evangelho precisamos entender a dinâmica da fé.

 

A parábola do semeador, narrada por Jesus é relatada em três evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas. No relato de Marcos, há uma observação interessante: “São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles.” (Mc 4.15) Jesus afirma que Satanás arranca a semente do coração do homem, enquanto a palavra é semeada. Não dá tempo sequer de aprofundar, não consegue penetrar. Portanto, podemos entender que enquanto pregamos a palavra há uma luta espiritual no coração do ouvinte. A boa semente da palavra de Deus é semeada, mas o diabo não quer que esta palavra crie raiz e gere vida.

 

4.     O foco certo para encorajamento – “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.” (2 Co 4.5)

 

Facilmente nos desanimamos quando invertemos a mensagem e começamos a pregar a nós mesmos. Se o centro de nossa vida somos nós mesmos, perdemos o foco. Se o centro da igreja formos nós mesmos, perdemos. O que fazemos não é sobre nós mesmos, mas sobre Cristo. “Nós pregamos a Cristo como Senhor.” Nossa vida e nossa mensagem precisam ser cristocêntricos.

 

Eventualmente nos cansamos porque queremos que os holofotes sejam colocados em nós. Quando Pedro e João sobem ao templo para orar, eles se encontraram com um homem coxo de nascença pedindo esmolas e Pedro, fitando-o disse: Olha para nós. Quando aquele homem olhou, Pedro dirigiu seu olhar para o foco certo: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6). Pedro leva aquele homem a coloca os olhos no lugar correto. Em Jesus, o Nazareno. O que eles tinham para dar vinha de Jesus. Jesus era o centro!

 

Temos exercido o ministério e estamos cansados, porque estamos ensimesmados. Esquecemos de quem realmente importa em tudo que fazemos.

 

5.     O que nos encoraja?

 

A compreensão do que Deus fez em nossas vidas: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.” (2 Co 4.6)

 

Já experimentamos sua graça. A luz do evangelho já resplandeceu em nossos corações. Ao fazermos as coisas, o fazemos entendendo o que Cristo fez por nós, seu grande amor e misericórdia em nos salvar. Ele mesmo resplandeceu em nosso coração. Isto traz grande alegria e ânimo para nossas almas. Sua graça nos alcançou, ele fez o evangelho de Cristo iluminar as nossas trevas, e nos deu conhecimento da glória de Deus.

 

Conclusão

Há muitas pessoas desanimadas, frustradas, tristes, sem esperança, desencorajadas, no fim da linha, perdendo a alegria interior.

 

Em 2022 perdemos um querido colega de nossa equipe pastoral. Pr. Edson Caetano (Pr. Black). Naquela ocasião, desafiei muitos de seus amigos que conheciam a pureza e firmeza da fé que o Black sustentava. Sua fé era simples. Mesmo quando já estava bastante debilitado, nunca perdeu a oportunidade de sonhar o ministério e ministrar à vida das pessoas. Ele nunca perdeu a fé no Evangelho, nunca desanimou diante da doença, e sempre falava de Cristo e de sua graça.

 

Este é o antidoto para a esperança, para lutar contra a maldade e injustiça no presente século, para não desanimarmos. Precisamos ter o foco correto, precisamos firmar nosso olhar na graça de Deus, precisamos nos alegrar na graça de Deus eu nos tirou das trevas, e nos possibilitou enxergar seu grande amor.

 

Paulo afirma: “Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos.” (2 Co 4.1) Nós não vamos desfalecer. Como diz uma música muito cantada por nós.

 

Rompendo Em Fé

Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul

 

Cada vez que a minha fé é provada

Tu me dás a chance de crescer um pouco mais

As montanhas e vales, desertos e mares

Que atravesso me levam para perto de Ti

 

Minhas provações não são maiores do que o meu Deus

E não vão me impedir de caminhar

Se diante de mim não se abrir o mar

Deus vai me fazer andar por sobre as águas

 

Rompendo em fé

Minha vida se revestirá do Teu poder

Rompendo em fé

Com ousadia, vou mover no sobrenatural

 

Vou lutar e vencer

Vou plantar e colher

A cada dia vou viver rompendo em fé





 

 

 

Um comentário:

  1. Que texto maravilhoso. Precisa ler isso...Glórias a Deus por sua vida Pastor Samuel..

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