Introdução
A Nova Era é um conhecido movimento anticristão, cujo propósito é basicamente promover uma filosofia transcendental, que tente satisfazer o anelo religioso do homem, descartando ou combatendo abertamente a obra de Cristo e a fé cristã. Eles afirmam que com a chegada do ano 2000, iniciou-se a “Era do aquário” e encerrou-se a “Era de peixes” (símbolo do cristianismo) e desta forma, o mundo sofreria uma grande transformação religiosa, pondo fim ao cristianismo.
A Igreja de Cristo não precisa ficar assustada com estas teorias conspiratórias. Em todas as épocas surgem novas teorias com roupagens diferentes. É fundamental que nos apeguemos a Palavra de Deus e fiquemos seguros sobre suas declarações. Jesus afirmou de forma segura e clara ele que edificará sua igreja. Portanto, precisamos relembrar que Jesus tem um compromisso pessoal com seu projeto, em edificar sua igreja e “as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18) Portanto, não devemos temer o que o diabo pode fazer contra a igreja. A vitória do povo de Deus é certa. A Igreja redimida prevalecerá, porque pertence a Cristo, e ele mesmo declarou: “Eu edificarei a minha igreja.”
Lutero, anos depois, reiterou isto no seu famoso hino, Castelo Forte:
“Se nos quisessem derrotar, demônios não contados,
não poderiam dominar, nem ver-nos assustados.
O príncipe do mal, com seu plano inferno.
Já condenado está. vencido cairá, por uma só palavra”.
A grande ameaça à fé cristã não vem de fora, mas de dentro. O diabo não pode derrotar a igreja, mas a infidelidade sim. Jesus não tem compromisso com igreja infiel, mas com seu povo, obediente e fiel. É esta igreja que Jesus está edificando, e esta igreja, prevalecerá.
Contexto
Nesta passagem, o apóstolo lembra três grandes perigos que cercam o povo de Deus, e adverte a igreja de Corinto contra estes inimigos:
1. A graça barata - “E nós, na qualidade de cooperadores com ele, vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus” (2 Co 6.1)
Tudo o que temos e o que somos é fruto da graça de Deus. Jesus é o autor e consumador de nossa fé. (Hb 12.2) Ele mesmo toma a iniciativa da nossa salvação, e nos preserva para a salvação. “Tudo provém de Deus” (2 Co 5.18). A graça é a doutrina distintiva da fé cristã. Num debate interreligioso em Londres, com a presença de representantes de várias religiões, indagaram a cada um dos debatedores, qual era o diferencial de sua religião. C. S. Lewis respondeu sem pestanejar: “No cristianismo é a graça!” Todas as religiões do mundo advogam que salvação é resultado do esforço humano, é uma conquista, um mérito. No cristianismo, entretanto, a salvação não é meritória, é dom de Deus, um presente gratuito que é dado, por meio de Cristo.
Na medida em que vamos estudando a graça, e nos aprofundando neste conceito tão genuinamente bíblico, corremos o risco de numa determinada hora, vermos pessoas confusas. Elas afirmam: “Se é tudo pela graça, então não precisamos fazer nada?” Desta forma surge uma tendência para o antinomianismo, que é o desprezo por toda lei e toda obediência e se manifesta uma grave distorção da graça de Deus. Se sou salvo pela graça, então posso pecar com liberdade, já que não depende de mim?
Se você pensa assim, ou se já ouviu raciocínio semelhante, é bom saber que não será a primeira vez na história. Os cristãos de Roma, ficaram confusos em relação graça de Deus e afirmaram: “Que diremos, pois? Permaneceremos no peado, para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). O raciocínio é o seguinte: “Se tudo vem de Deus, então não precisamos nos esforçar, e podemos continuar vivendo na prática do pecado. Afinal, o próprio Paulo não afirmou que “onde abundou o pecado superabundou a graça?” (Rm 5.20). Então, vamos pecar mais para que a graça seja maior”
Paulo afirma que isto é impossível, porque a conversão genuína tem o poder de mudar a natureza humana. Transformar um velho homem, segundo suas concupiscências em um novo homem, criado em Cristo Jesus em justiça e retidão procedentes da verdade. O Espírito Santo o regenera, transformar a natureza do ser humano. Quando os irmãos de Roma fazem esta pergunta sobre pecar mais para que a graça pudesse ser mais abundante, Paulo os leva a refletir sobre a nova natureza que eles receberam em Cristo. Quem despreza a graça não entendeu ainda o significado de novo nascimento e regeneracao, e ao tratar a graça de forma vazia, sem dar o devido peso e reconhecimento a esta graça estará crucificando o mestre duas vezes, desvalorizando aquilo que é valorizado por Deus.
Dietrich Bonhoeffer no livro “Discipulado” afirma:
“A graça barata é inimiga mortal da Igreja, a nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa”. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, do batismo sem disciplina. A Igreja cristã tem batizado, confirmado, absolvido toda uma geração sem fazer perguntas, sem condições, deram coisas santas aos zombadores... é a graça do discipulado sem a cruz, é a aceitação da salvação sem a aceitação do senhorio.”
Continua ainda:
“Como corvos, reunimo-nos em torno da carcaça da graça barata. Dela, absorvemos o veneno que matou os seguidores de Jesus. É também a graça que concedemos a nós mesmos. Funciona como um passe que permite ao cristão viver da mesma maneira que antes. A vida sob a graça barata, de fato, não difere da vida sob o pecado; a pessoa não segue a Cristo, porque a graça barata justifica o pecador sem transformar o pecador.”
“Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, por custar a vida ao homem, e é graça sim, por dar-lhe a vida. Não pode ser barato aquilo que custou caro a Deus, e sobretudo por Deus não ter achado que seu filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida. Com a secularização crescente da Igreja, a graça passa a ser propriedade comum de um mundo cristão, tornou-se graça barata. A graça não dispensa a obediência, antes a compromete mais seriamente. Engana-se quem julga que por causa da graça somos dispensados do zelo cristão e do discipulado.”
Bonhoeffer diz ainda:
“Haverá afronta mais diabólica para a graça que pecar confiado nessa mesma graça que Deus nos concede?”
Isto na verdade é cinismo.
“A graça que custa muito é um tesouro escondido no campo pelo qual as pessoas vão e vendem tudo o que têm com alegria […] A graça que custa muito é o evangelho que deve ser buscado repetidas vezes, o dom que deve ser pedido, a porta na qual se deve bater. Ela custa muito porque nos chama ao discipulado; é graça, porque nos chama a seguir a Jesus Cristo. Custa muito, porque condena o pecado; é graça, porque justifica o pecador. Sobretudo, a graça custa muito, porque custou muito para Deus, porque custa para Deus a vida de seu Filho […] e porque nada que custe muito para Deus pode custar pouco para nós.”
Para Bonhoeffer, a distinção essencial entre “graça barata” e “graça que custa muito” está no fato de que a segunda reconhece a correlação entre graça e discipulado, enquanto a primeira ignora completamente essa correlação. É “pregação do perdão sem arrependimento […] [é] a Ceia do Senhor sem confissão de pecado; é absolvição sem confissão pessoal. Graça barata é graça sem discipulado, graça sem a cruz, graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado”.
A justificação é um dom da graça, mas não é um dom que isenta os cristãos da responsabilidade. Pelo contrário, a libertação do pecado por meio da graça (que custa muito) possibilita a capacidade de seguir a Cristo.
O apóstolo Judas, que escreveu uma pequena epístola desconhecida da maioria dos crentes, adverte contra aqueles que “transformam a graça de Deus em libertinagem.” (vs. 3) Perverter o conceito da graça é sempre um grande risco para a alma humana. Não são poucos os que se perdem por desprezarem a maravilhosa graça de Cristo.
O texto de nossa reflexão afirma:
“E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus.” (2 Co 6.1) Precisamos estar atentos a esta advertência. Podemos estar barateando a graça de Deus. Isto é um grande risco para nossa alma.
2. O perigo da procrastinação - “Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação.” (2 Co 6.2)
O Deus das Escrituras Sagradas, que é Eterno, vive o paradoxo de um senso de urgência por causa da condição humana: somos temporais e passamos. Por isto a advertência bíblica é que “agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação.“ Agora, não depois; hoje, não amanhã.
Na noite do dia 8 de outubro de 1871, um domingo, Dwight L. Moody pregou a um grande auditório em Chicago, EUA. Em linguagem vívida ele descrevia o julgamento de Cristo perante as autoridades. Em sua conclusão ele deu ênfase às palavras de Pilatos: "Que farei então com Jesus chamado Cristo?" Enquanto Moody pregava, um grande incêndio teve início em um estábulo e Chicago foi consumida em chamas. Os 185.bombeiros da cidade com 17 carros puxados a cavalo, 23 carros só com mangueiras, e 4 com escadas, foram incapazes de deter o avanço do fogo. Na manhã de terça-feira, 17.500 edifícios tinham sido destruídos, com um prejuízo calculado em torno de 400 milhões de dólares. Trezentas pessoas tinham morrido e cerca de 100 mil tinham ficado desabrigadas. Sensibilizado, Moody entrou em crise ao considerar a possibilidade de que pessoas que o ouviram no domingo à noite poderiam ter morrido e foram condenadas espiritualmente porque não entregaram o coração a Jesus naquela mesma noite! Mais tarde, ele declarou: "De agora em diante prefiro ter cortada uma de minhas mãos a dar a qualquer auditório uma semana para decidir entregar-se a Cristo!"
A Palavra de Deus exorta:
“Hoje, se ouvirdes sua voz, não endureçais vosso coração.”
O amanhã é uma possibilidade, não uma certeza. O amanhã pode nunca chegar. Agora é o tempo em que podemos responder ao convite de Jesus, hoje é o tempo da aceitação, o tempo aceitável da parte do Senhor.
Procrastinar é adiar, transferir, deixar para depois aquilo que deve ser feito hoje. Milhares de pessoas se perdem na vida porque estão sempre deixando para depois decisões que precisam ser tomadas agora. É o obeso, que precisa reorientar seus hábitos, mas que está sempre deixando para amanhã. A pessoa que precisa começar a estudar, mas está sempre postergando para o ano que vem. A pessoa consumidora que precisa parar de gastar para equilibrar as finanças, mas compulsivamente continua comprando e assumindo dívidas. Da mesma forma, muitos precisam abandonar o pecado mas estão sempre deixando para outra hora, que precisam se render a Cristo mas não o fazem de imediato, deixando sempre para depois.
Martinho Lutero conta uma elucidativa história a este respeito:
Certo dia, nas profundezas dos infernos, houve uma grande reunião para a qual, satanás convocou todos os seus diabos. E, reunidos, ele mostrou sua preocupação com o progresso da fé entre os homens e pediu sugestões aos chefes de suas hostes.
Um deu a opinião de que era preciso desencadear o ateísmo e desmoralizar a
crença em Deus.
O príncipe das trevas trovejou furioso: “Não vês que não dá resultado? A crença em Deus já é por demais arraigada na mente do homem, não serve”
O Outro sugeriu:
“O melhor é desmoralizar o pecado e insinuar que não existe essa coisa chamada pecado, tudo é lícito, assim o homem se perderá mais cedo do que se espera”.
Satanás replicou furioso:
“Também não serve, os homens tem experimentado os efeitos da bebida, da luxúria, do crime e tem se dado muito mal e estão ficando escaldados, enquanto isso, espalha-se pelo mundo a legião de pregadores da salvação, isto também não serve.”
Levantou-se um diabo novo, tecnocrata, estrategista, midiático, e conhecido planejador que deu a seguinte sugestão:
“O melhor que faríamos não é nada disso. Deixe-se a crença em Deus e os percalços que os pregadores levantam contra o pecado. Vamos dizer ao homem que tudo isto é muito certo, mas que não se apressem, não precisam correr para a salvação. Que sempre adiem a decisão de irem para Deus, que terão muito tempo para fazer isto depois. A demora é uma arma. Vamos encorajá-los a fazerem tudo a longo prazo! “
E nas profundezas infernais Satanás aprovou imediatamente a proposta e houve um estrondo de aplausos pela genial ideia sugerida pelos estrategistas do inferno
O que o diabo sugere é que as pessoas adiem seu retorno a Deus. Aí está o perigo: O estágio, a demora, a tardança em buscar a Deus. O profeta insiste: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iniquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”. (Is 55.6-7). Não se pode adiar aquilo que é urgente. Os gregos diziam que a oportunidade é um cara cabeludo na frente e careca atrás.
Por esta razão este texto ensina: “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação.” Hoje é o tempo da oportunidade. Esta é a hora de nos voltarmos urgentemente a Deus.
Quando éramos criança no interior do Tocantins, havia um pássaro noturno, que alguns chamam de curiango outros de caboré. Ele tem um cântico engraçado e meu pai quando ouvia brincava conosco perguntando. Sabe o que ele está falando? “Amanhã eu vou!” creio que até hoje o curiango continua dizendo a mesma coisa. Ele nunca irá, porque sua atitude é de ir amanhã, como as antigas plaquinhas que eram encontradas em mercadinhos de ponta de rua, cujo dono escrevia nelas: Fiado só amanhã! O freguês chegava no mercadinho e o recado estava dado. Mas se ele chegasse no outro dia, o que acontecia? A placa continuava dizendo: “só amanhã!”
Assim tem sido a vida de tantas pessoas que estão postergando, adiando, deixando para amanhã a necessidade de assumir sua fé com Jesus, se comprometerem pra valer com Cristo, tomarem a atitude de se batizarem. Ficam indefinidamente adiando o compromisso inadiável de se renderem a Cristo.
3. O perigo das brechas - “Não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado.” (2 Co 6.3)
Satanás age nas brechas. Ele não quer o confronto, e nem deseja ser percebido porque quando ele se revela é facilmente denunciado. Por isto age com sutileza. O mal é como o fungo e o mofo, age melhor e mais eficaz na penumbra. Satanás é sutil e ardiloso, tem a arma da sutileza. Pelas brechas é que ele pode adentrar as igrejas, os lares e fazer um estrago em nossas vidas.
Por exemplo.
Se você deixa a brecha da amargura, de relacionamentos mau curados, é a partir daí que ele vai trabalhar.
Se você deixa a brecha do ódio, ele vai te controlar por meio dele. Assim como acontece na melancolia e na tristeza. Ele sempre age a partir da forma como você permite e baixa a guarda. Nossas tendências são conhecidas por ele, ele sabe quais são nossas fraquezas, a obsessão pela luxúria e o domínio da avareza sobre nós. Ele sabe a hora e o lugar de nos tentar porque conhece nossa mente e emoções, e ocupa os espaços vazios. Ele joga no contra-ataque.
Rev. Júlio A. Ferrreira: “Não temo a perseguição, nem o sofrimento da Igreja, temo apenas a infidelidade.”
Podemos dizer que não precisamos temer nem o inferno, nem as potestades, antes a forma como temos conduzido nossas vidas. Nossa ética, mau humorado, indiscrição.
Uma brecha pode destruir toda uma estrutura, veja o caso de uma represa. Se uma abertura é feita em um dique, torna-se impossível deter a pressão da água pois ela rapidamente pressiona aquela pequena abertura e com violência se transforma em uma enxurrada e destrói toda a estrutura. Da mesma maneira o desentendimento se desenvolve rapidamente, a partir de uma pequena brecha. Uma pequena confrontação pode rapidamente se escalonar numa verdadeira briga.
Certa vez ouvi uma pessoa afirmando que o ministério pastoral normalmente perde sua autoridade, não por grandes erros que um pastor comete, mas pelos pequenos deslizes que vão se amontoando. Da mesma forma, um casamento não é destruído geralmente por grandes pecados, mas por pequenas falhas acumuladas, que rapidamente se tornam fonte de grande amargura e dor.
Precisamos nos proteger contra as brechas espirituais.
Paulo afirma neste texto que não devemos dar nenhum motivo de escândalo, para que o ministério não seja censurado. Quando damos motivos de escândalo, o que fazemos se torna censurado, o testemunho é enfraquecido, e a glória de Deus é vilipendiada. Isto é o que tem acontecido tantas vezes na vida da igreja. Os pequenos espaços abertos dão grandes motivos de escárnio e enfraquece a verdade da Palavra de Deus.
A palavra “brecha” aparece algumas vezes na Bíblia, em três delas de forma bem significativa:
Em Jr. 39:2 lemos: “Era o undécimo ano de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, quando se fez a brecha na cidade. Então, entraram todos os principies da Babilônia e se assentaram na porta...” O profeta registra pormenorizadamente o ano, o mês e o dia em que a brecha foi aberta. Jerusalém caiu quando os inimigos encontraram brecha. A partir deste momento, a invasão não havia mais retorno, e a cidade foi destruída. É isto que acontece conosco. Brechas abrem caminhos, criam avenidas, pelas quais o inimigo pode penetrar e nos destruir. Portanto, esteja atento às brechas emocionais, mentais e espirituais que você está permitindo que sejam abertas. É por estas vias que o inimigo nos destrói.
Um outro texto mencionado na Bíblia encontra-se em Neemias: “Tendo ouvido Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha nenhuma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais...” (Ne 6.1) Este texto nos fala do trabalho e da luta de Neemias, para que todos as brechas do muro de Jerusalém fossem corrigidas. Até que finalmente ele fechou todos aqueles espaços pelos quais inimigos poderiam atacar a cidade. Quando os inimigos ouviram que já não existia qualquer brecha, eles ficaram atônitos. Eles sabiam que sem as brechas, seria impossível qualquer ação efetiva contra a cidade, e por isto se mobilizaram para desestabilizar Neemias.
Paulo afirma que não devemos dar nenhum motivo de escândalo, para que o ministério não seja censurado. Não deixar espaços, não deixar brechas. Precisamos proteger nossa mente e coração, nossos lares, nossa igreja, nosso trabalho, com uma cuidadosa e zelosa atitude de não deixar nada que nos comprometa, que sacrifique nossa consciência e que possa desonrar a Deus.
O terceiro texto encontra-se em Isaias:
“Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável.” (Is 58.12).
Gosto muito desta ideia bíblica. O chamado do povo de Deus é para edificar antigas ruinas, tirar entulhos, pavimentar caminhos. Somos chamados para reparar brechas. Quantas vezes olhamos para a vida de tantas pessoas deixando marcas destrutivas na sua história, que as enlaçarão e se tornarão um enorme peso para suas vidas. O texto bíblico afirma que o povo de Deus é chamado para reparar brechas. Há muitas brechas que precisam ser imediatamente reparadas, porque são espaços que o diabo usará para nos destruir.
O chamado de Deus é para que possamos tapar os buracos, impedir o avanço das brechas.
As brechas tornam a vida cristã censurável, a mensagem desacreditada, e deixa o cristianismo com o flanco aberto para o inimigo. Temos sido derrotados mais pelos escândalos da Igreja que por qualquer obra de Satanás. A obra do inimigo é enfraquecida quando a Igreja possui autoridade, vive uma vida de santidade no poder do Espírito. Que é que o diabo quando a igreja é totalmente comprometida com Jesus?
Nas brechas o inimigo faz estrago. Sem brechas, sua eficácia é enfraquecida. Nas brechas rompem-se as represas d’água e grandes prejuízos e destruição são gerados.
No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, se rompeu, liberando uma onda de rejeitos de minério de ferro, atingindo matas, rios e comunidades. Entre os locais atingidos pela lama, estavam uma parte da área administrativa onde havia funcionários, hotéis, sítios, fazendas e casas de moradores locais causando a morte de 272 pessoas e espalhando resíduos de minério pela bacia do Rio Paraopeba. O rompimento desta barragem foi uma das maiores tragédias ambientais do Brasil e seu dano destruiu muitas vidas e causou muito sofrimento em muitos familiares pelas preciosas vidas que se perderam.
Quais são nossas brechas mais comuns?
Dúvidas - Quando deixamos de crer na obra de Deus, no seu amor e na sua graça, quando questionamos sua palavra e a possibilidade de sua ação na nossa vida. Satanás é mestre em gerar dúvidas e questionamentos. Quantas pessoas estão fracas na fé porque são assoladas por inquietações de ordem intelectual e não conseguem se render às verdades do Evangelho porque estão sendo consumidas pela dúvida.
Incredulidade - Como Deus pode operar em nossa vida se não temos capacidade de crer nas verdades bíblicas e nas promessas do Evangelho? Jesus afirmou ao pai que trouxe seu filho endemoninhado para que ele o curasse: “Tudo é possível ao que crê.” E aquele homem respondeu pusilanimemente: “Eu creio, Senhor. Ajuda-me na minha falta de fé.” (Mc 9.24). Talvez sua fé esteja como a deste homem. Crendo sem crer. Quantas vezes não estamos vivendo exatamente assim, tendo uma fé dialética, que diz crer, mas que ao mesmo tempo esbarra nas suas dificuldades pessoais e precisa orar a Deus para que o ajude na sua falta de fé.
Pecados pessoais ou coletivos – Este é outra poderosa brecha espiritual. Quando estamos vivendo em pecado, tentando conciliar nosso culto com um estilo de vida ambíguo, e somos devorados pelo inimigo. O diabo desautoriza e humilha pessoas assim, que tentam levar a vida com um pé na igreja e outro no mundo. Com uma vida dupla, como médico e o monstro. As brechas fragilizam nosso testemunho.
Conclusão
Existe uma conhecida fábula sobre um camelo que diz o seguinte:
Certa vez, um homem amarrou o seu camelo do lado de fora de sua tenda em uma noite fria no deserto. Mais tarde, deparou-se com o camelo esfregando o focinho no tecido da tenda. O homem deu uma paulada no focinho do animal, e este rapidamente se retirou.
Logo depois o camelo enfiou o focinho na tenda e disse ao seu dono “Está tão frio aqui e você tem essa tenda grande e quente. Não faz mal se eu deixar apenas o focinho aqui dentro, faz?”. O homem pensou e concordou com o pedido do camelo.
Uma hora mais tarde, o homem foi surpreendido com a cabeça do camelo inteira dentro da tenda, e o camelo fez mais um pedido: “Tomei um pouquinho mais de espaço e assim fico mais confortável. Acho que não há nenhum problema, não é ?”. Mais uma vez o homem concordou com o pedido do animal.
Durante a madrugada, o homem acordou diversas vezes, e percebeu que o corpo do camelo estava cada vez mais dentro da tenda, e a cada investida, o animal sempre era atendido pelo dono. Horas depois, o homem acordou e percebeu que ele estava deitado fora da tenda e o seu camelo estava confortavelmente dormindo no interior da mesma.
Que Deus nos dê a graça de recebermos a fé salvadora, com muita alegria, temor e reverencia, não com desprezo, barateando a obra maravilhosa de Cristo.
Que Deus nos ajude a tomarmos as posições e atitudes que precisam ser tomadas no dia de hoje. Não deixando para amanhã aquilo que não deve ser adiado, principalmente nosso compromisso com Jesus
Que Deus nos dê a graça de vivermos uma fé vigorosa, sólida, sem darmos motivos de escândalo, para que a Palavra de Deus não seja ridicularizada.
Que Deus nos ajude!
Amém. Maravilhoso texto. Deus o abençoe Pastor Samuel.
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