“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.”
(1 Tm 6.17-19)
As Escrituras Sagradas falam muito de dinheiro. Existem aproximadamente 300 versículos sobre anjos, 500 sobre amor, 700 sobre fé e, segundo Howard Dayton, um estudioso sobre este assunto, há mais de 2.350 versículos falando sobre dinheiro e riquezas, além disto, mais da metade das parábolas de Jesus fala sobre dinheiro.
Por que Deus falou muito sobre dinheiro na Bíblia? Ele sabe que administração financeira e a maneira como lidamos com dinheiro é algo extremamente importante para nossas vidas.
Na semana passada falamos sobre dinheiro na perspectiva do livro de provérbios. Naturalmente não pudemos falar de todos os princípios sobre finanças presentes neste livro. Hoje daremos uma olhada no Novo Testamento, e da mesma forma, apenas destacaremos alguns princípios financeiros. Vejamos alguns deles:
1. Trabalhe
A Bíblia é repleta de orientações quanto a este assunto. O livro de Provérbios possui algumas frases que são até cômicas sobre a atitude da pessoa preguiçosa e nos exorta: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; considera os seus caminhos e sê sábio.” (Pv 6.6) “O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar a boca.” (Pv 19.24 “Diz o preguiçoso: um leão está lá fora; serei morto no meio da rua.” (Pv 22.13)
No Novo Testamento vemos o apóstolo Paulo falando de forma dura contra um provável grupo de pessoas da Igreja de Tessalônica que estava sempre se escudando na lei do melhor esforço e não queria trabalhar. Sua análise é direta e dura sobre o assunto: “Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” (1 Ts 3.10-13)
Se alguém não trabalha, é bom que não coma! Ele estava ouvindo alguns comentários sobre irmãos que eram folgados e que não queria trabalhar. Nos Estados Unidos, existe uma corrente social chamada de “No Work.” Eles afirmam que não irão trabalhar, que não querem pagar impostos para o governo e vão assim se justificando. No Brasil existe um grupo conhecido como “Nem, nem.” Isto é, não trabalha e não estuda. Contra isto Paulo recomenda: “há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia”, óbvio, pessoas que não trabalham precisam fazer alguma coisa, e falar dos outros se torna algo para se fazer.
O pensamento calvinista sobre o dinheiro sempre foi gerador de muitos recursos. Nações formadas no genuíno pensamento cristão, são geradoras de riquezas, porque o trabalho é visto como benção, não como castigo ou maldição. A visão da igreja reformada é que o trabalho dignifica o homem e glorifica a Deus.
Recentemente Elon Musk deu uma entrevista a um grupo de empresários árabes, afirmando que por causa do processo de mecanização e industrialização, haverá cada vez menos necessidade de trabalhadores, e que será necessário considerar a possibilidade de um “salário básico”, em muitas sociedades, mas que o grande problema que ele via está no fato de que, ainda que não haverá menos alimento e produtividade por causa da tecnologia, há uma grave questão relacionada ao trabalho: Ele produz significado. Então, ainda que tenhamos renda suficiente e abundância, teremos um grande desafio que é dar sentido, já que o trabalho tem esta tarefa de emprestar valor ao ser humano e o que tais pessoas farão se não trabalharem?
Há uma famosa frase de Luiz Gonzaga que diz: “uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão."
2. Não produza apenas para você.
A Palavra de Deus afirma: “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” (Ef 4.28)
Não sabemos se alguns irmãos de Éfeso viviam em um estilo de vida desregrado ou desonesto antes de se converterem, mas agora, se tornando discípulos de Cristo, deveriam mudar sua forma de viver, por isto a exortação: “Não furtem mais!” Mas quando olhamos de forma mais profunda neste texto observamos que a orientação era ainda mais ampla: “Antes trabalhe... para que tenha com que acudir ao necessitado.”
Trabalhar para acudir ao que precisa é uma recomendação subversiva. Nossos recursos e nossos bens não devem servir apenas para nós mesmos, mas devem ir além. Que privilégio temos na vida de poder usar o dinheiro, não apenas para nosso sustento, mas para abençoar outras vidas.
Nós não produzimos apenas para nós mesmos, mas para outros. Nosso ganho tem uma dimensão comunitária, uma visão social e de solidariedade. Portanto, não pense no seu dinheiro apenas para si. Joao Calvino orientava os discípulos de Cristo que vivessem com apenas 80% do que ganhavam. 10% deveriam ser investidos em bens duradouros e 10% deveriam ser usados para doar.
O objetivo do dinheiro na perspectiva bíblica é, economizar, investir, desfrutar e repartir. A melhor forma de lutar contra a ganância é a generosidade
Uma das frases mais conhecidas de John Wesley diz: “Ganhe tudo o que puder, poupe tudo o que puder, doe tudo o que puder.” Frase simples, mas que possui ensinamentos profundos sobre a questão financeira. São princípios que podem mudar a história de vida das pessoas.
Tome cuidado com os excessos. Alguns anos atrás uma pessoa de nossa família passou numa loja de sapatos e viu um sapato que a agradou muito. Ela é apaixonada por sapatos, e tinha na época mais de 200 pares. Mesmo assim, decidiu comprar mais um, mesmo tendo uma leve sensação de desconforto. Ao chegar em casa, descobriu a razão: Ela não estava desconfortável porque estava comprando mais um sapato, mas porque já tinha comprado o mesmo modelo e não se lembrava mais.
É clássica a afirmação: “Na maioria das vezes compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos.”
Não há problema em desfrutar do seu dinheiro, mas aprenda igualmente a repartir e abençoar o reino de Deus, sua igreja local, a obra missionaria e pessoas que precisam de ajuda. Eventualmente você vai ter que ir aprendendo a disponibilizar seus bens, é um exercício de solidariedade e uma luta contra o acúmulo, o desperdício e a avareza. A grande riqueza e a grande pobreza são igualmente patológicas para a sociedade
Você tem sido fiel na contribuição da sua igreja local? Você tem investido na obra missionária? Qual foi a pessoa que você socorreu financeiramente? Alguma família pobre, algum estudante?
3. Dê mais valor ao ser que o ter
Somos uma sociedade que avalia as pessoas pelas suas posses. Isto não é saudável nem bíblico.
Veja o que nos ensina a Palavra de Deus:
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.” (1 Tm 6.9-10)
Há um componente de tentação na ambição. Querer ter mais não é em si um problema, mas se você se torna obsessivo em enriquecer, Você pode cair em ruina espiritual e se atormentar com muitos sofrimentos. Dinheiro traz alegria, mas pode ser a razão de nossa angústia e sofrimento. não é prospero pelo quanto você acumula, mas pelo quanto você abençoa.
Os ídolos nos fazem crer que se não tivermos determinadas coisas não podemos ser feliz. O famoso psicólogo americano da década de 70-80, Karl Meninger, no seu livro: “Pecados de nossa época”, relata a terapia que estava fazendo com um dos homens mais ricos que conheceu, mas que também era apegado aos seus bens e avarento, Aquele homem vivia constantemente angustiado e nas sessões de terapia, ele reconheceu que seu grande mal era o apego ao dinheiro. Diante disto, Meninger sugeriu que ele doasse parte de seus bens, mas aquele homem, quase desesperado disse: “Eu sei que isto seria importante para minha vida, mas não posso imaginar abrir mão de qualquer bem que possua, eu sofro intensamente só de pensar em dar mesmo uma pequena parte.”
Paulo está falando disto: muitos que querem ficar ricos, atormentaram-se com muitos males e desviaram-se da fé. Que grande perigo o dinheiro, que pode ser uma benção, pode também se transformar em nosso coração. No afã de enriquecer muitos quebram princípios, perdem o caráter e a honra. “A abundância material sem caráter é o caminho mais certo para a destruição.” (Thomas Jefferson)
Você precisa ficar alerta com o risco do seu coração de achar que você vale mais quem tem mais. Aprenda a doar, seja generoso, é uma forma de valorizar mais o ser do que o ter.
4. Olhe para além da prosperidade financeira, contemple a herança eterna.
Jesus afirmou: “Buscai o rei de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6.33) É fundamental dar mais valor aos tesouros dos céus que da terra. Invista no reino de Deus, viva para a glória de Deus. Acúmulo de riqueza não é prosperidade na visão bíblica. Por isto Paulo escreve a Timóteo dizendo:
“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Tm 6.17-19)
Precisamos acumular tesouros nos céus A grande riqueza é a vida eterna. Como pastores, precisamos exortar os ricos do presente século, a serem generosos, e acumularem sólido fundamento, para se se apoderarem da verdadeira vida. Qual é a verdadeira vida?
Jesus contou a parábola de um homem rico, orgulhoso, cheio de empáfia, que certa noite olhou para a grande abundância de bens: “Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Lucas. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.19,20)
Nosso tesouro tem que estar nos céus. Prosperidade significa dar mais valor aos valores espirituais que aos valores materiais. Dinheiro precisa ser colocado no lugar certo
Qual a maior riqueza que você pode ter? Ser filho de Deus e herdeiros com Cristo, essa é a grande riqueza da vida. No que investir a vida? Invista nas coisas eternas. Você é do Senhor. As pessoas que só investem no lucro, em riquezas materiais, podem passar a viver perigosamente em função do dinheiro, transformando-o num ídolo do coração. A Palavra de Deus afirma: “Quem investe a vida no Reino e na justiça d’Ele recebe, já neste mundo, o cêntuplo; no futuro, a vida eterna.” (Mt 19.29).
Jesus advertiu que a riqueza tem apenas poder temporário e enganoso e não é eterna como as riquezas espirituais. Riquezas materiais são enganosas e não possuem valores duradouros, além do mais, podem ser levadas pela variação da bolsa, pela queda do mercado, por ladrões, fogo, guerra ou inflação. E diante da enfermidade e da morte, muitas vezes não podem comprar a vida nem a saúde, veja a situação de Michael Schumacher, o famoso corredor de fórmula 1, que já completou 10 anos, desde que em dezembro de 2013, sofreu um grave acidente enquanto esquiava. Apesar de todo cuidado da família e todos os recursos médicos, sua situação permanece irreversível. Seu dinheiro não pode salvá-lo. Um homem enfermo pode desesperadamente oferecer milhões ao médico, pela cura, mas mesmo nada assim, eventualmente nada o impede de morrer.
A maior riqueza do mundo é o Evangelho. “De que vale ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Esta pergunta de Jesus deve nos colocar no local correto, trazer a nossa mente para o ponto de ajuste, dar foco à nossa existência. Não há nada mais importante o glorioso do que ser alcançado pelo amor de Cristo e ser filho de Deus.
Isso só é possível pela obra de Cristo. Ele é a coisa mais importante, porque somente Cristo garante nossa vida eterna. Que adianta ser rico e perder tudo na morte? Em Cristo a morte é só um passo para uma vida plena. Somos ricos pela graça. Somos os mais ricos dos seres humanos, pois temos uma herança eterna. A sua justiça nos tornou inocentes e o seu sacrifício nos fez aceitáveis.
Quando tinha 28 anos de idade, enquanto caminhava nos campos perto de sua casa, Rhea Miller lembrou-se da batalha travada por seu pai contra o álcool, e como o Senhor o libertara. Certa vez, seu pai comentou que preferia ter Jesus do que todo o ouro e prata do mundo, e do que todas as casas e terras que o dinheiro pudesse comprar.
Foi nesse momento de meditação, que ele escreveu a letra desse maravilhoso hino. Rhea era um excelente pianista, e ele próprio criou uma melodia para sua poesia. No entanto, mais tarde, outra pessoa, George Shea, famoso cantor das cruzadas evangelísticas de Billy Graham, ao ler a letra do hino, criou a melodia que todos conhecemos hoje. George Shea (1909-2013) faleceu no dia 16 de abril de 2013, aos 104 anos. George Shea (1909-2013) faleceu no dia 16 de abril de 2013, aos 104 anos, 85 anos depois de ter colocado a melodia nesta letra. Ela diz assim:
Jesus
é melhor sim, que ouro e bens
Jesus é melhor do que tudo que tens
Melhor que riquezas e posições
Melhor muito mais do que milhões
Jesus
é mais puro que a linda flor
Jesus é o sol da justiça e do amor
Jesus é a fonte que satisfaz
Caminho do bem, verdade e paz
Pode
ser um rei com poder nas mãos
Mas do mal escravo sim
Mil vezes prefiro o meu jesus
E servi-lo até o fim
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