“Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios; que faremos a
esta nossa irmã,
no dia em que for pedida? Se ela for um muro, edificaremos sobre
ele uma torre de prata; se for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro.”
(Cânticos 8.8,9)
Na palestra de
hoje, quero abordar o tema proposto, sob duas vertentes: 1º. Momento:
Uma Abordagem
bíblico-teológica- Tentando encontrar uma pista de leitura; 2º Momento:
Aplicações práticas para educadores e pais.
1º.
Momento:
Uma Abordagem
bíblico-teológica- Tentando encontrar uma pista de leitura
Eu já expus o
Livro de cantares em vários lugares, em diferentes ocasiões para públicos
distintos. Estudar este livro é fascinante especialmente quando você descobre
sua pista hermenêutica, foi melhor sugerida por Heinrich Georg August
Ewald (1803-1875) teólogo protestante
alemão, em 1824, portanto, 200 anos atrás. Ele levanta a hipótese
do drama com três personagens nos ajuda a compreensão e nos faz ver o livro com
outros olhos. Sua abordagem é pertinente e plausível. Se você quiser saber um
pouco mais existem outros artigos que já escrevi sobre esta linha hermenêutica
e você pode também encontrá-la no meu livro “Teologia do Afeto”. Todo segundo
capítulo é dedicado a esta discussão.
Heinrich
Ewald, foi um renomado teólogo e estudioso da Bíblia do século XIX, apresentou
uma visão singular sobre o Cântico dos Cânticos, um livro poético do Antigo
Testamento que, por sua natureza erótica e linguagem sensual, gerou diversas
interpretações ao longo da história.
Ewald
propôs uma leitura do Cântico dos Cânticos, defendendo a teoria do triângulo
amoroso. Segundo essa teoria, a obra não se trata de um diálogo entre Salomão e
a Sulamita, como tradicionalmente interpretado, mas sim de um triângulo amoroso
envolvendo:
- A Sulamita: Uma jovem pastora
apaixonada por um pastor anônimo.
- O Pastor: Amado da Sulamita, com quem
ela deseja se unir.
- Salomão: Rei de Israel, que também
se apaixona pela Sulamita e tenta conquistá-la.
A
linguagem utilizada para se referir ao "amado" da Sulamita varia,
sugerindo a presença de dois personagens distintos. Alguns diálogos podem ser
interpretados como a Sulamita resistindo às investidas de Salomão, enquanto em
outros, ela parece se entregar a seus desejos.
A visão
de Heinrich Ewald sobre o Cântico dos Cânticos, embora controversa, oferece uma
perspectiva interessante e desafiadora sobre a obra. Ao considerar diferentes
interpretações, podemos enriquecer nossa compreensão dessa obra literária
complexa e atemporal.
Embora
Ewald tenha feito diversas análises e interpretações do Cântico dos Cânticos ao
longo de sua obra, elas não estão reunidas em um único volume dedicado
exclusivamente a essa obra bíblica. Suas análises podem ser encontradas no
“Comentário sobre o Cântico dos Cânticos: que está presente na obra
"História do Povo de Israel" (Geschichte des Volkes Israel).
O texto de Ct
8.8,9, entretanto, não parece se encaixar muito bem na fluidez da narrativa
bíblica. Eles pareciam fora do contexto e até mesmo surgindo de forma abrupta.
O que significam estas palavras? “Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios;
que faremos a esta nossa irmã?”
Numa palestra
para um grupo menor, citei estes dois versículos dizendo que eles me pareciam
não se encaixar claramente na estrutura do texto. Eu expressei minha dúvida
indagando qual seria seu significado no contexto Cantares. Qual seria o
significado destes versículos? Eles me pareciam soltos e desconexos
Uma mulher
presente, com extrema lucidez, sugeriu algo muito especial, e passou a fazer
todo sentido: Não estaria o autor dando um alerta e uma orientação sobre como
devemos cuidar da próxima geração? Considerando a relevância da mensagem de
Cantares, não seria uma recomendação para olharmos nossas crianças que ainda
sequer chegaram à puberdade e que estão sendo impactadas por uma estrutura e
sistema social tão pesado? O texto está falando da geração que ainda está
desabrochando: são meninas que nem sequer possuem seios. São tenras, novas, e
precisam de cuidado, como uma frágil flor que precisa de adubo apropriado,
precisa ser regada e cuidada.
Temos neste
texto um alerta, uma pergunta e duas diretrizes:
1. Alerta:
"Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios." A nova
geração está ai, entre nós. são as crianças crescendo entre nós. Uma irmãzinha
ainda antes da puberdade, antes da menstruação, mas que já sofre os impactos do
ambiente e da cultura que a cerca.
2. Pergunta:
"Que faremos a esta nossa irmã, no dia em que for pedida?
" Antes de seu casamento, antes de seu namoro, o que devemos
fazer? Qual deve ser a direção dos pais e avós, daqueles que tem a
responsabilidade de conduzir, guiar e orientar? Elas precisam de direção, onde
está o manual de orientação, o plano mestre para conduzir estas crianças com
segurança, antes que se casem. Quando se casarem já deverão estar preparadas.
Alguém perguntou a um sábio quando deveria começar a educação de uma criança, e
ele respondeu: "vinte anos antes dela nascer."
3. Duas
diretrizes: "Se ela for um muro, edificaremos sobre ele uma torre de
prata; se for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro.” Como podemos
ver, as recomendações são diferentes, a personalidades diferentes. Uma é muro,
outra é porta. Por serem diferentes, a cada uma destas meninas, as respostas
devem ser diferentes. Pessoas distintas exigem orientação distinta. Educação de
filhos é um grande desafio, porque as regras não podem ser iguais.
Então,
precisamos aprofundar nossa compreensão deste livro para extrair as lições que
brotam do texto. Quem deve causar impacto não é o pregador, mas a palavra. Como
dizia Lutero: “a Bíblia é como um leão, não precisamos defendê-la, apenas
soltá-la.”
Precisamos
encontrar uma linha de interpretação. O problema é que ninguém se aproxima do
texto bíblico sem pressuposições. São muitos os métodos adotados na abordagem
da Bíblia, mas queremos seguir o Método Histórico Gramatical que é adotado pela
Reforma Protestante.
Recusamos o
método histórico crítico, ou A Crítica das Formas, também conhecida como
"Formgeschichte", um método de interpretação bíblica que se concentra
na análise das formas literárias presentes nos textos bíblicos, e que, apesar
de trazer uma boa compreensão textual, tem três problemas:
Excesso de Foco
na Forma: Há o risco de focar excessivamente na forma literária e
negligenciar o conteúdo e a mensagem do texto.
A crítica das
formas tem dois problemas:
Subjetividade: A análise das formas literárias pode ser subjetiva, levando
a diferentes interpretações por parte dos estudiosos.
Desvalorização
da Inspiração Divina: Por causa de sua base liberal, se recusa a ver a
bíblia como totalmente inspirada e inerrante e esvazia a importância da
inspiração divina da Bíblia.
Rejeitamos o
Método Alegórico de Interpretação Bíblica, que
sempre busca ir além do significado literal dos textos, buscando interpretações
simbólicas e figuradas. Esse método, com raízes na filosofia grega antiga,
ganhou força na Alexandria do século III d.C., com Clemente e Orígenes como
seus principais proponentes, pois, ao invés de interpretar o texto naturalmente
quer encontrar significados mais profundos em elementos como Personagens,
eventos, números e objetos, abusando da subjetividade, onde a interpretação
depende da imaginação do intérprete, distancia o texto do seu significado
original e sempre desvalorizar o sentido histórico da Bíblia.
Os pregadores
neopentecostais usam e abusam deste método, pregando mensagens subjetivas e
imaginativas, mas sem conexão real com o texto lido. O maior e mais conhecido
defensor da alegoria da
Bíblia foi Filo
de Alexandria:
Rejeitamos ainda
as linhas de interpretação bíblica como a mítica que tenta fazer com que as narrativas transmitam
ensinamentos e valores por meio de símbolos e metáforas, em vez de fatos
históricos, e a psicológica, que reduz a Bíblia a um mero texto psicológico,
negligenciando sua dimensão espiritual e teológica. A interpretação mitica vê
neste texto um diálogo entre a Alma e Deus.
O Método histórico gramatical,
adotado pela reforma, é um dos mais tradicionais e
rigorosos, e busca compreender o significado original dos textos bíblicos,
levando em consideração o contexto histórico e cultural em que foram escritos,
bem como as nuances da língua original.
Seus Princípios
Fundamentais são:
· Análise
Histórica: analisa o contexto em que os textos bíblicos foram
escritos, buscando entender os eventos, costumes e crenças da época.
· Análise
Linguística: análise minuciosa da língua original dos textos
bíblicos, focando na gramática, vocabulário e estilo literário.
· Interpretação
Original: qual o significado original que os autores
pretendiam transmitir em seus escritos.
Quatro passos são usados por este
método:
· Observação: Leitura
atenta do texto, identificando palavras-chave, estrutura e estilo literário.
· Análise: Investigação
do contexto histórico e cultural do texto, incluindo costumes, eventos e
crenças da época.
· Interpretação: Determinação
do significado original do texto, levando em consideração os resultados da
análise histórica e linguística.
· Aplicação: Aplicação
dos ensinamentos do texto à vida do leitor, de forma consistente com o
significado original.
No Método
histórico gramatical busca-se o sentido natural do texto. O que Deus
queria dizer aos escritores. A bíblia foi escrita por cerca de 40
escritores, mas apenas um autor. O Rev. Wilson Souza de Belo Horizonte afirma:
“Se Deus não disse o que teria dito, porque não disse o que teria de dizer?”
Então, precisamos nos aproximar de
Cantares, da forma mais natural possível.
Duas observações
diretas no texto:
No Cap 4, existe
a descrição de um corpo feminino descrito de baixo pra cima
Cap 7 - Corpo
feminino descrito de cima para baixo
Interpretações
ortodoxas mais aceitas:
§ Judaísmo: Israel e Iahweh
§ Catolicismo: Maria & Jesus
§ Protestantismo: igreja e Cristo
§ Versão King James Version: Christ
Speaks/ Church speaks.
Em 1824,
Heinrich Ewald suscitou uma questão gramatical e exegética. Salomão não seria o
autor de Cantares, mas um dos personagens aparecendo cinco vezes nas
narrativas: (Ct 3.7,9,11 e 8.11,12)
De início,
surge, entretanto, uma questão gramatical: Como explicar a
preposição לִ “Lama” (hebraico), que surge no
capítulo 1.1? “Cântico dos cânticos de Salomão?
שִׁיר SHYRהַשִּׁירִיםHASHYRYMאֲשֶׁרASHERלִשְׁלֹמֹה: LISHËLOMOH:
Uma tradução diz: “Que é de Salomão.”
Várias possibilidades:
a. De
– no sentido de autoria.
b. De
– no sentido de que pertence a Salomão. O dono do pergaminho é de Salomão,
fazia parte de sua biblioteca ou do palácio.
c. De
– No sentido que “o assunto” é Salomão.
Por ser Salomão um dos personagens do
texto, citado cinco vezes, Heinrich Ewald acredita tratar-se de um texto que
fala sobre Salomão, e que esta é uma forma de criticar o monarca, sem correr o
risco de ser executado pela realeza.
Cantares seria um cântico sapiencial
com quatro personagens centrais:
O rei Salomão
A Sulamita
O pastor – o amado da Sulamita
As filhas de Jerusalém: que cuidam do harém.
Este drama seria
dividido em cinco atos:
Primeiro Ato: 1.1–2.7
Segundo Ato: 2.8-3.5
Terceiro Ato: 3.6 – 5.8
Quarto Ato: 5.9-8.4
Epilogo: 8.5-8.14
A Sulamita era
uma das filhas de Israel, de cor negra (Ct 2.5-6), que um dia atraiu os olhos
de Salomão, um rei lascivo. Salomão paga mil siclos por esta adolescente, filha
de uma família de camponês, e a leva para fazer parte do seu harém e ser
possuída quando e se o rei desejasse. A estrutura social permitia este tipo de
transação. Ela foi vendida, o dote foi pago, e até chegar ao palácio algumas
pessoas ficaram responsáveis por proteger o “patrimônio” do rei, recebendo o
pagamento de 200 siclos.
A menina segue
para o palácio, para viver numa estrutura totalmente diferente da que ela
conhecia. Vindo da zona rural elevada para um ambiente de púrpura, vaidade e
luxúria. Isto poderia ser o sonho de consumo de muitas pessoas, mas não foi o
seu caso. Ela estava enamorada de um camponês, e seu amor estava voltado para
ele e não para atender os caprichos de Salomão. Ela visivelmente encontra-se
indisposta, e isto se revela no refrão que se repete quatro vezes no texto de
Cantares, quando ela repete insistentemente e de forma até mesmo agressiva, às
filhas de Jerusalém, as mulheres do harém, que precisam prepará-la para ser
possuída pelo rei.
“Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não desperteis
nem acordeis o amor, até que este o queira.” (2.7; 3.5;5.8; 8.4)
Este refrão é
essencial na compreensão textual. Sua insistência revela a essência do texto.
Percebe-se oposição, tensão, confrontação. Não se trata de uma linguagem
fraterna, mas de uma palavra de revolta e resistência. Há alguma coisa que o
narrador do texto deseja revelar. A Sulamita se opõe à lógica do palácio e
resiste à dinâmica do harém. Há um desconforto implícito no texto. Ela desafia
e resiste às sugestões das “filhas de Jerusalém”, as mulheres do harém.
Pressionada, sem querer se envolver com o rei, as mulheres responsáveis em
cuidar do harém tentam convencê-la que pertencer ao harém do rei é muito
interessante, mas ela as “conjura”. Conjurar é um termo forte...
Lendo
superficialmente o livro de Cantares, certamente o texto que nos parece central
está no último capítulo: "As muitas águas não poderiam apagar o amor,
nem os rios afogá-lo. ainda que alguém desse todos os bens pela sua casa, seria
de todo desprezado." (Ct 8.6-7) Há dissociação intencional entre
dinheiro e amor, entre pagamento e fidelidade.
O livro de
Cantares é um livro de resistência, de luta e oposição. A Sulamita resiste
bravamente porque no final ela declara orgulhosamente: “A vinha que me
pertence está ao meu dispor; tu, ó Salomão, terás os mil siclos, e os que
guardam o fruto dela, duzentos.” (Ct 8.12). O dote exuberante do rei,
é devolvido. Isto traz prejuízo à família havia recebido o dote do rei.
No final do
livro há uma nota de dignidade e orgulho pessoal ao afirmar: “Eu sou um
muro, e os meus seios como as suas torres; sendo eu assim, fui tida por digna
de confiança do meu amado.” (Ct 8.10).
A expressão “A
vinha que me pertence está ao meu dispor”, é uma nota de vitória, que
se opõe ao lamento e dor expressos no início do livro, quando declarou: “a
vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” (Ct 1.6d) No texto
inicial está explicita sua dor, culpa e impotência em não poder ser dona de si
mesma, e não proteger aquilo que lhe pertence, que é o seu corpo. Privada de
sua dignidade, ela lamenta sua incapacidade de proteger-se.
O texto revela
vários conflitos:
1. Estilo
de vida de luxo do palácio (1.4) X Simplicidade da zona rural. (1.16)
2. A
sofisticação das recâmaras, quarto de intimidade (3.9-10) X Ambiente rústico
(4.9; 7.12)
3. Entre
a cor da pele da Sulamita (2.5,6) e as mulheres do harém
4. Entre
a Sulamita e as filhas de Jerusalém. “Conjuro-vos” é o refrão que divide cada
um dos atos dos dramas. Uma expressão forte.
5. Conflito
entre abertura e fechamento. Ele possui uma relação dialética entre se entregar
e se afastar.
a. Muro
(8.10) x abertura (4.14-16)
Ela vê o sexo como algo bom, e ela é
aberta à intimidade, mas muitas vezes se coloca em franca oposição ao outro. Seu
beijo é doce ao paladar (7.9-10). Por duas vezes ela descreve um casal em posição
sexual (2.6; 8.3)
6. Conflito
entre o rei e suas propostas boçais (1.9-11), e a linguagem sensual, intimista
e sensível do amado (2.10b)
7. Conflito
entre o assédio barato e as propostas esdrúxulas do rei (6.8-9) e a linguagem
pessoal: “minha irmã”, “noiva minha” (4.7-12). Uma linguagem é
de intimidade, outra é de resistência.
8. Conflito
entre o fracasso inicial da Sulamita “a vinha que pertence eu não a guardei” (1.6)
x seu orgulho pessoal e dignidade no final “A vinha que me pertence está a
meu dispor.” (8.12)
9. Conflito
entre a presença do rei (1.12) x o amado ausente: “Onde apascenta os
rebanhos” (1.7) “galgando sobre os montes.” (2.8) “Ele tem
saudades” (7.16). “Pra onde foi o teu amado?” (1.7; 6.1) “que é o
teu amado?” As filhas de Jerusalém não o conhecem (5.9); ela quer sair do
palácio (4.6)
10. A doçura da voz do
amado (2.10; 5.16) x as interpolações malsucedidas do rei: “As éguas de
Faraó eu te comparo.” (1.9)
11. As filhas de Jerusalém
tentam convencê-la do privilégio de fazer parte do harém real. Falam da
suntuosidade da liteira do rei. (3.7) e do quarto do rei (3.10). X
A conjuração: “Não acordeis nem desperteis o amor até que este o queira.”
- Não force a barra! Amor tem que ser espontâneo, não é objeto de
compra e barganha.
Ela indaga: “Por que quereis
contemplar a sulamita na dança de Maanaim?” (6.13)
Curiosamente a
expressão “eu sou um muro” (Ct 8.10), vem logo depois da discussão em
torno da irmãzinha que “ainda não tem seios” (Ct 8.8) e que precisa
de proteção e de portas, estruturas de defesa. Ela declara sua dignidade e
autonomia, revelando sua vitória contra tudo e todos. Fala de sua superação,
logo depois da indagação sobre o que fazer com as crianças, ainda sem seios,
puras e tenras, que precisam ser cuidadas.
2º.
Momento:
Aplicações
práticas para educadores e pais.
Que fazer
com a próxima geração?
O grande desafio
proposto é “O que fazer com a próxima geração?” Este é o grande desafio de
pais e avós crentes, que querem comunicar o evangelho à próxima geração de
forma eficiente e transformadora. Era um desafio no sistema pecaminoso de
Israel, nos dias de Salomão, e se constitui em uma imensa tarefa nas novas gerações
que estão sendo levadas por estruturas tão iniquas e pervertidas.
A irmãzinha
que ainda não tem seios, é a criança, crescendo num ambiente onde se
mercantiliza as crianças, que são vendidas como mercadorias. De um sistema que
sexualiza as crianças com orientações que são ensinadas antes mesma de serem
capazes de discernir o certo do errado, e antes de terem noções sobre o
significado do que é sexo.
O grande
problema: A cultura desvirtuada moralmente não fere apenas os adultos, que são
bombardeados por uma cultura pluralista, subjetivista, relativista e que leva
os pais a nem sempre estarem certos de que a orientação que estão trazendo é
justa, correta e saudável. Os pais estão confusos, na maioria das vezes, por
princípios contrários aos valores bíblicos, mas não sabem orientar, proteger e
disciplinar os filhos, e tem que lidar entre a culpa, de serem rígidos, ou da
flexibilidade e frouxidão, que os impossibilita de exercerem uma disciplina
bíblica. A confusão de valores atinge diretamente filhos e filhas.
A cosmovisão
cristã é multifacetada pelo secularismo, paganismo e valores morais muito
baixos, uma sociedade que pressiona: tolerância, aceitação, concordância. Não
podemos mais ser protestantes, precisamos ser “concordantes.” Os amigos,
vizinhos, colegas de trabalho estão sempre questionando nosso estilo de viver.
Na verdade, Pedro percebia esta mesma tensão na cultura do primeiro século: “Por
isto, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de
devassidão.” (1 Pe 4.4) Como responder as tentações, provocações e
induções que a sociedade pagã traz?
Várias vezes
tenho sido inquirido como pastor, por membros de nossa igreja sobre “casamento
homossexual.” Um cristão poderia participar de uma cerimônia destas? Muitos são
amigos e gostariam de apoiar. Então, tenho que cuidadosamente dizer que
participar significa “concordar”. Que a aproximação correta deveria dizer: “Eu
amo muito você, mas você conhece minha posição como cristão acerca deste
assunto. Isto não me transforma em alguém homofóbico, mas vai contra a minha
consciência. Seu casamento não muda o meu carinho por você, mas não quero estar
em uma cerimônia apoiando algo com o qual eu não concordo.” Nem sempre as
pessoas são capazes de ter uma posição clara, amorosa e firme com assuntos como
este.
Muitos pais
crentes estão agora com o dilema: “Aceitam os filhos (e as filhas), que tem
vida sexual ativa, trazerem seus namorados e dormirem juntos em sua casa?
Isto se reflete
na educação e disciplina de nossos filhos. O que fazer com “a irmãzinha
que ainda não tem seios?” Com crianças tenras que precisam de
orientação e direção? Como protegê-las de um sistema perverso e tão
antibíblico?
Veja o que aconteceu em Israel.
Em Jz 2.10-11,
logo após a morte de Moisés e Josué, o povo parece ter perdido a noção da lei e
do significado de ser povo de Deus. De uma geração para outra teve uma quebra
violenta. A próxima geração não conhecia o senhor e nem sabia dos milagres que
Deus havia feito entre eles. Eles perderam a relação com Yahweh e não receberem
sequer, a comunicação feita através da tradição oral, dos feitos do Senhor, e
começaram a viver atrás de astarotes e baalins, ídolos da terra.
O Salmo 78 é um
texto desafiador. Nos fala dos cuidados que precisamos ter com os filhos, os filhos
dos filhos, e “os filhos que ainda hão de nascer” (Sl 78.6). O que fazemos hoje
impactará nossos netos, trinetos, tetranetos, que ainda não conhecemos e nem
viremos a conhecer. Um legado passa de geração para geração, e o que fazemos
hoje tem efeito não apenas sobre a nossa geração, ou a próxima geração, mas
nosso olhar, atenção e cuidado deve atingir aqueles que ainda hão de nascer
Olhando com antecipação o cuidado que
precisamos ter com a nova geração?
No livro “Point
Men”, Steve Farrar afirma que: “A única matéria prima que Deus tem para fazer
um homem é um garoto, a única matéria para mulher são as meninas.” Portanto, a
matéria prima que temos em mãos é algo muito precioso para nossas vidas.
Precisamos de cuidar das novas gerações. Este foi e será o grande desafio para
a igreja.
Duas questões são extremamente
importantes:
ü Sua fé está chegando a filhos e netos?
ü Que tipo de fé estamos deixando?
“Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios; que faremos a
esta nossa irmã,
no dia em que for pedida?”
Feito estas
considerações, podemos tentar responder a esta pergunta provocativa, instigante
e forte que é feita neste texto bíblico.
1. Precisamos
estar muito atentos ao sistema. Temos em Cantares três sistemas complexos e
interligados: A dinâmica da família, a estrutura social e a estrutura de poder.
O sistema torna
a depravação algo sistêmico como vemos em Gn 19.4 que afirma que jovens e
velhos se uniram para fazer uma orgia com os hóspedes de Ló. Pecados sistêmicos
são parte de uma cultura e passam de uma geração para outra. São pecados
sociais, não apenas individual. Pecados coletivos que atingem e permeiam uma
cultura específica.
Este texto nos mostra a pressão
atinge famílias, sociedade, e estruturas de poder. Num primeiro plano,
observamos aqui a família sendo impactada.
a. A dinâmica da Família
– a família está debaixo da opressão da cultura e do sistema. Ct 8.10 –
Salomão pagou “o dote” à família. E a levou para ser parte do harém. Qual o
papel desta família? Ela poderia lidar de forma diferente com as fontes de
poder?
Na análise de
Emilio Garófalo sobre Ester (Ester na casa da Pérsia), ele afirma que podemos
ver Ester como vítima, vilã e pecadora. E que isto tem relação direta com todos
nós. Ao falar de Ester como vítima, ele analisa a realidade do poder, quando um
rei, quase onipotente, resolve pegar jovens recém-saídas da adolescência, para
um “test drive”, e descobrir qual delas poderia substituir à rebelde rainha que
se recusou a comparecer a seu chamado na frente de seus súditos maiores, num
ato de rebeldia sem precedentes. Os soldados agora saem em busca de meninas
bonitas, de pele macia, de beleza estonteante, rostos bem formados, corpo
durinho, para pertencer ao rei, que a usaria e, se não aprovada, seria
descartada. Ela é levada para o harém de Artaxerxes, para ser selecionada entre
muitas, é uma menina linda, cheia de vida, adolescente. Seus tios não podem
dizer não, e neste sentido ela é vítima. Neste sentido, Ester é vítima.
Ao perceber a
dinâmica do poder no palácio, Ester aprende que tem tudo o que o sistema
deseja, ela é bonita, fina, educada, esperta, articulada, e torna-se simpática
e amiga daquele que dava as coordenadas para as moças que estavam à disposição
do rei. Ela é orientada pelo eunuco chefe, e aprende a lidar com o sistema,
muda seu nome, nega sua origem e fé, ela era Hadasha (nome hebraico), e agora
adota nome persa (Ester). Ela nega a sua identidade de povo de Deus para
sobreviver num sistema pesado. Ela aprende as regras do comportamento social e
se adequa. Neste sentido ela é pecadora. É muito difícil rejeitar o mundo
quando você tem aquilo que o mundo quer de você: seja beleza, sexo, poder,
inteligência, charme, educação. Neste sentido, Ester é vilã. Ela aprende a
lidar com as forças do poder.
Por último,
Garófalo fala de Ester como alguém em quem a graça de Deus opera, pois neste
turbilhão de dores e malandragens, Deus ainda assim a usa, dentro dos seus
planos para livrar o povo de Israel de um grande massacre. Deus tem o poder de
operar no meio do caos e das demandas de um mundo em queda, mesmo quando
estamos rodeados de regimes e monarquias poderosas, sistemas opressivos e
inescrupulosos, que demandam uma postura de resignação e aceitação.
No Livro de
Cantares. a família da Sulamita, da mesma forma não tinha como rejeitar a forma
dominadora de Salomão. Num sistema monárquico, alguém poderia questionar ou
fazer alguma coisa contra a vontade do rei? Ignorando os sentimentos da
Sulamita, a família, talvez, até mesmo considerasse um privilégio que sua filha
fosse para o palácio e eles recebessem um dote tão magnífico. A família não
tinha força para confrontar o palácio. A filha de uma família pobre, que amava
outro homem, é levada para o harém, para estar à disposição do rei. Daí sua
tristeza e desabafo logo no início de Cantares: “A vinha que me pertence,
esta eu não guardei.” (Ct 1.6). Só quando ela supera todo este processo de
exploração e abuso, conseguirá afirmar: “A vinha que me pertence está a meu
dispor.” (Ct 8.12) Ela declara orgulhosamente que a vinha não estará a
dispor do poder, do dinheiro e do sistema. Nem nas mãos dos homens que acham
que é possível comprar e vender o amor.
Quando eu
pergunto qual o texto que a maioria das pessoas se lembra de Cantares, elas
citam Ct 8.7: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios
afogá-lo. Ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de
todo desprezado.”
No texto de
Cantares, temos que olhar a família, oprimida e violentada, mas ao mesmo tempo
pecadora e adequada ao sistema. Que ao receber uma “boa quantia em dinheiro”
pelo dote, libera sua filha, exerce seu papel perverso nesta corrente de
opressão e reproduz o sistema. A família encontra-se debaixo de uma estrutura
de opressão. Pecadora, vitimizada e oprimida.
Será diferente em nossos dias?
Como nossas
famílias estão sendo sufocadas pela cultura do narcisismo, idolatrização do
corpo, ditadura da beleza e padrões sociais? Famílias pobres sofrem pelo poder
dos poderosos que compram, vendem, abusam do poder pecuniário. Famílias ricas,
por sua vez, são engolidas num desejo de atender as expectativas sociais e de
elites depravadas, filhos e filhas são esmagadas pela sexualidade precoce,
expostas a sociedades desorientadas espiritualmente.
Como poderemos nos livrar de um
sistema tão feroz e demoníaco?
b. A estrutura social: filhas de
Jerusalém.
As filhas de
Jerusalém demonstram que há todo uma estrutura social, sustentada pela elite e
propaganda, para convencer-nos de que está tudo certo do jeito que está, que se
entregar ao poderoso Salomão, por causa de seu luxo e opulência, é um
privilégio. Vemos aqui as vozes da sociedade personificadas nas mulheres que
foram também arrastadas para o harém, impotentes, e que, na medida em que o
tempo passa, adotam a postura da exploração e defendem este círculo doentio
para sustentar a luxúria real. Tendo 300 mulheres e 700 concubinas no seu
harém, Salomão poderia se dar ao luxo de possuir uma mulher diferente, todos os
dias, por três anos seguidos, sem retornar à primeira com a qual dormiu.
A Sulamita se
torna a voz transgressora que questiona. Há uma clara oposição no harém. As
filhas de Jerusalém não entendem, enquanto a Sulamita tenta sobreviver com seu
discurso tão adverso ao sistema:
“Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem
desperteis
o amor, até que este o queira.”
Conjuração é uma
palavra forte, de oposição e confronto. A Sulamita está pressionada, massacrada
por todo discurso do poder que não faz sentido no seu coração. Ela está
reagindo, veementemente, tentando se proteger.
Como será que
nossas filhas e filhos estão se protegendo do discurso do sexo livre? Da
ideologia do gênero, do uso de maconha, da moral relativa, da subjetividade e
fluidez dos afetos, da pluralidade de sentidos em contraste com a exclusividade
do evangelho? Uma adolescente de 14 anos, filha da igreja, reclamou com sua mãe
que estava se sentindo acuada porque todas suas colegas já tinham tido sexo com
sua idade, e apesar de ter suas convicções tão claras, ela sofria
constrangimento das suas colegas. Nossos filhos, bebem álcool cada vez mais
cedo e estão pressionados a fumar maconha. Só nós não vemos. “O tempo passou na
janela, só Carolina não viu.”
As mulheres do
harém acham que ser possuída pelo rei é algo fantástico, elas indagam: “Que
é o teu amado mais do que outro amado?” (Ct 5.9) As meninas do harém
não conseguem entender este amor da sulamita por um pobretão se ela tem no
palácio a oportunidade de ter sexo com o rei, tão admirado por todos, cuja
recâmara é tão suntuoso, com design moderno, luxuoso. (Ct 3.9-10)
c. A Estrutura
de poder do palácio que oprime, acha que pode comprar tudo com dinheiro. Tudo é
permitido para quem tem poder!
Por último,
temos a estrutura dos poderosos. O livro de cantares é um livro de
questionamento de sistemas: Família, sociedade, e os poderosos. Criando uma
tríade maligna, um ciclo sistêmico e perverso.
São forças
agindo poderosamente. Pecado não é algo apenas individual. Pecados sistêmicos e
estruturais. Cultura caída. Pecaminosa. Dominada por valores morais distantes e
estranhos à ética cristã e aos padrões do Deus de Israel.
As filhas são
pressionadas a terem sexo. Virgindade é um problema. Os garotos são
pressionados para usar drogas, recebendo nudes de garotas aos 12 e 13 anos no
celular. Envolvidos com bebida alcoólica e indo pra cama muito cedo e com um
número cada vez mais de parceiros. Quem não se encaixa está fora da estrutura.
É questionado na masculinidade e feminilidade. Pré adolescentes são obrigados a
“assumir sua identidade sexual” como se a identidade sexual não existisse e
cada um pudesse escolher o sexo que terá. Contudo, é bom lembrar que, ao
nascer, nenhum pai ou mãe olha para uma criança e fica em dúvida se é homem ou
mulher, nem planeja ir ao um sex shop e cobrar um pênis ou vagina, de acordo
com o cliente. Ao nascerem, os pais já colocam no quarto a plaquinha: “it’s a
boy. It’s a girl.” Qual é a dúvida mesmo?
Crianças que
ainda nem sabem o que é sexo, agora estão sendo obrigadas a “fazer escolhas”
sobre sua “identidade sexual”. Todas estas coisas são formas de controle e
pressão que os sistemas possuem.
Precisamos
proteger as novas gerações. O que faremos com nossa irmãzinha que ainda não tem
seios? Conceitos pagãos avassaladores assolam as igrejas, pressionam as
famílias. Os pais da Sulamita cederam a filha, e talvez, até tivessem gostado
de ter feito um negócio tão bom: Vender a filha por mil siclos para ser
possuída pelo homem mais importante da nação judaica. O rei de Israel.
A filha diz que
amava outro homem, ela não quer ir para o palácio. Ela não está interessada
pelo rei, ela ama alguém da sua aldeia, mas a família, impotente, permite,
aprova ou até mesmo a empurra para ir o palácio. O sistema é muito mais forte
que imaginamos.
Os Guiness,
discípulo de Francis Schaeffer, descreve o sistema como uma jiboia, que atrai
sua presa, hipnotiza, e quando esta percebe o perigo, já era tarde, ela está
enredada, e morrerá sufocada em poucos minutos.
Sistemas
esvaziam o conceito de sacralidade. Em Sodoma e Gomorra os genros ridicularizam
de Ló quando este falou que Deus iria destruir a cidade. A ideia secularizada
não permite que as pessoas pensem que o sagrado interfira na história, que Deus
possa agir no tempo. As filhas de Ló também não acreditaram. Elas foram tiradas
à força. A mulher de Ló, submissa, também segue arrastada, mas seu coração não
consegue romper com o luxo, comodidades e conforto que tinha na cidade, como
uma mulher de posse. O sistema também enfraquece os valores no coração de Ló, e
isto é perceptível quando ele se envolve sexualmente com suas filhas. O álcool
pode quebrar as resistências morais de uma pessoa, mas não retira a
consciência. A pessoa é responsabilizada pelos seus atos se os pratica sob o
efeito do álcool.
Todos estes
efeitos danosos do pecado atingem família, sociedade, igreja. A cosmovisão é
afetada, novos comportamentos e atos são incorporados. É a força do sistema.
Por isto a
Bíblia recomenda:
“Não ameis o mundo, se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele."
“Não vos conformeis com o mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente.” (Rm 12.1)
Há um esquema,
um molde, uma estrutura na forma de pensar que facilmente adotamos sem julgar,
sem estabelecer juízo crítico, incorporando-os ao nosso estilo de vida.
É preciso
renovar a mente. Paulo afirma:
“Se antes conhecemos a Cristo segundo a carne,
já agora não o conhecemos deste modo.” (2 Co 5.16
A mente de
Cristo precisa tomar a nossa mente. Não basta ser crente, é preciso pensar como
Cristo.
2. Precisamos entender que a nova geração
precisa de cuidados.
Irmãzinha sem
seios... o que fazer? Nem chegou a puberdade.... antes do namoro, antes do
casamento. que faremos a esta nossa irmã, no dia em que for
pedida?
Precisamos
cuidar das crianças quando ainda são muito tenras. A pressão social é cada vez
mais precoce sobre as crianças e família. A estrutura de poder reforça esta
pressão pelo sucesso, popularidade, aceitação social, e a dinâmica do capital
se torna idolátrica nas nossas famílias que lidam com o dinheiro como um
verdadeiro Deus, Mamom.
Precisamos de um
diligente cuidado com a nova geração. Não podemos demorar, tem que ser feito
com antecedência... atenção... é para agora. O que faremos com nossa irmãzinha
que não tem seios?
Em Ex 8, o povo
de Deus está saindo do Egito. Quando Moisés fala que teriam que prestar um
culto a Deus, Faraó responde que os adultos poderiam ir, mas as crianças
ficariam no Egito. (Ex 10.10-11) Entretanto Moisés afirma que deveriam ir pelo
deserto, caminho de três dias (Ex 8.27). Tinham que sair para bem longe do
Egito. Faraó propõe que as crianças fiquem (Ex 10.10,11) Moisés diz não. O
diabo não se preocupa conosco, desde que deixemos nossos filhos no mundo, nas
mãos de Faraó, assimilando a cultura do Egito.
Muitos pais
estão cultuando, mas os filhos estão ficando para trás. Este é o tempo que
temos para influenciar nossos filhos.
Com 14 anos o poder de influência da
família é cada vez menor
Com 18 anos, pouca influência da
família
O que fazer com meninas que ainda não
tem seios?
O texto fala das duas possibilidades?
“Se ela for um muro, edificaremos
sobre ele uma torre de prata; se for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de
cedro.” (Ct 8.9).
É necessário observar que as crianças
possuem duas possibilidades: de serem muros ou de serem portas. Qual o
significado de cada uma destas vertentes?
Qual é a ideia
de muro?
Muro é ideia de
resistência, e foi esta uma das declarações finais da Sulamita quando diz: “Eu
sou um muro, sendo assim, fui tida por digna de confiança do meu amado.” (Ct
8.10). Dizer que é um muro, é um ponto de honra. Há muitas mulheres ouvindo
cantadas e sendo assediadas, mas ao invés de dizerem não com veemência, agem
com instabilidade e frouxidão. Mulheres precisam ser muro de resistência para
sistemas e homens inescrupulosos, mas precisam também ter grande liberdade
sexual para dizer ao seu amado:
“Levanta-te vento norte, e vem tudo vento sul, assopra no meu
jardim,
Para que se derramem os seus aromas.
Ah! Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos
excelentes!”
Ct 4.16
Esta é uma
linguagem de alguém que é aberta e celebra a sexualidade. Mas esta mulher é um
muro, quando precisa ser. Quando o rei, a assedia e galanteia, tentando
conquistá-la, ele diz:
“os teus beijos são como bom vinho...” (Ct 7.9
Qual a resposta
que ela dá?
“Vinho que escoa suavemente para o meu amado.” (Ct
7.9)
O que ela diz ao
rei é que seus beijos são bons, mas não para seu bico... seus lábios anseiam e
se entregam para o amado.
Quando o rei se
insinua para ela, ela diz:
“Tomara fosses como meu irmão...” (Ct 8.1)
“A sua mão esquerda estaria (condicional presente) debaixo da
minha cabeça,
e a sua direita me abraçaria” (Ct
8.3)
Ela deixa claro ao rei que se o rei fosse seu amado, ele teria
tudo dela, mas como ele é “apenas” o rei, ele jamais colocará sua mão esquerda
debaixo de sua cabeça. Ela está descrevendo a posição sexual.
A Sulamita é aberta quando precisa
ser,
Mas ela é um muro, também quando
precisa ser...
Ela tem muito
amor, e forte sensualidade, mas este amor é reservado, tem dono, ela guardou
para o seu amor 7.13;8.10. O amor envolve todo o seu corpo, é algo apaixonado e
lindo, mas é maravilhoso porque é reservado.
Então,
“Se esta criança for um muro, que
lhe faremos?”
Os comentaristas
acreditam que muro, é uma referência às meninas que são firmes nos seus
valores, assumem posições sólidas quanto à sua fé e ética e tem claras
convicções sobre valores e princípios. Quantos adolescentes na igreja são tão
firmes no Evangelho? Que benção encontrar estas meninas assim, que são muros. Precisamos
“edificar uma torre de prata.” Vamos colocar uma estrutura firme, com
pratas ornamentando. Muro aponta para firmeza de caráter que combina com Ct
8.10. Vamos adornar a geração que não se encurva diante da proposta de
liberdade sexual e nem aceita as sugestões encantadoras e falsas de Satanás.
Joseph Benson ao
comentar este texto pensa no papel do pai e da mãe, como trabalhadores
acrescentando mais força e beleza, adornando...
E.W. Bullinger
afirma que um muro impede todos os intrusos. Portanto, trata-se de uma
fortaleza inexpugnável que não pode ser penetrada. Precisamos construir uma
torre de prata neste muro, e decorá-lo ainda mais, adorná-lo.
Mas, e se ela
for uma porta? Cercá-la-emos com tábuas de cedro...
Aqui temos uma
situação bem complexa e real. Uma realidade muito presente na vida de filhos de
crentes, infelizmente. Michael Eaton afirma que se trata de alguém acessível a
sedução e que necessita de fortes tábuas de cedro para ser fortalecida. São
pessoas que abrem as portas, tornam-se acessíveis ao mal e às influências que recebem.
São influenciáveis e frágeis emocional e espiritualmente
Joseph Benson
comenta: “E se ela for como uma porta – que é mais fraca que uma
parede; se ela é fraca na fé, ainda assim nós não a rejeitaremos,
mas iremos fortalecê-la e fortificá-la com tábuas de cedro.” Em outras
palavras, cuidaremos dela, fortalecendo suas estruturas, prestando mais
atenção, colocando mais tábuas como cerca. Ela precisa ser protegida das
brechas que ela mesma abre.
E.W. Bullinger
afirma que um muro impede todos os intrusos, mas uma porta é algo acessível a
qualquer um.
O fundador do
metodismo, John Wesley afirma:
“Se for um muro,
construiremos sobre ela um palácio de prata, adicionaremos mais força e beleza,
ampliaremos e adornaremos; e se ela é como uma porta, mais fraca que uma
parede; fraca na fé, iremos fortalecer ou fortificá-la com tábuas de cedro, que
não são apenas bonitas, mas também fortes e duráveis.”
Se a moça
crescer virtuosa e inacessível à sedução, providenciaremos uma casa ilustre;
mas se for o contrário, nós a cercaremos com tábuas de cedro, tomaremos
precauções mais rigorosas para protegê-la da pressão e da sua instabilidade e
pusilanimidade. Pode ser que sejam volúveis, influenciáveis...
sugestionáveis... e se nossos filhos forem assim?
Certa vez
conversava com um amigo meu, e vendo sua filha tomando rumos tão estranhos e
decisões morais tão pecaminosas, eu comentei que o problema dela eram suas
amizades, mas ele respondeu: “Não! O problema é que ela gosta de coisas
erradas. Na verdade, eu tenho pena das amigas delas.”
Este é um bom
exemplo de filhos vulneráveis, que precisam ser protegidos. São volúveis e
fracos de caráter, possuem uma propensão para o erro e para o pecado.
Certa mulher
estava assustada com sua filha, que segundo ela, estava se envolvendo
perigosamente com um primo que abusava dela. Ao aprofundarmos o assunto,
descobri que sua filha era mais velha que o “suposto abusador”. Ela tinha 18 e
ele 17 anos. Na verdade, ela estava “abusando” dele, ela era o problema. Ela o
seduzia. Muitas vezes achamos que o problema são os outros, e nos esquecemos
que nossos filhos, abrem brechas, caminhos de passagens, são portas,
vulneráveis, volúveis, fracos de caráter. Se for porta, precisamos firmar mais,
colocar mais proteção, atenção, cuidado.
Portas e muros apontam para dois
caminhos: Moralidade firme ou fragilidade moral.
Precisamos de
ações diferentes, para cada uma destas situações. Seja qual for a posição, a
próxima geração precisa de cuidado: Precisam ser reforçados e quem coloca o
reforço são os pais.
Não dá para
transferir para quem é inexperiente a tarefa de se proteger. Precisamos
proteger nossos filhos e netos. Deus nos deu a responsabilidade de orientar, de
estabelecer os marcos, temos a responsabilidade de conduzir, guiar. Não
transfira para os filhos as determinadas decisões que eles devem tomar, porque
muitos ainda não estão preparados para as propostas que receberão ou não
possuem estrutura de caráter. Muitas vezes as decisões devem passar pelo nosso
crivo. A responsabilidade é nossa.
Em nossa cidade,
são famosas as “festinhas de aniversários”, dos amigos da escola. Nossos filhos
querem ir. Eles são adolescentes, e a festa começará as 23 hs. Como pais somos
pressionados em tais situações, nossos filhos reagem violentamente ao não, afinal,
“todo mundo vai!” Se você tem filhos adolescentes você sabe o que um eles são
capazes de fazer quando os pais dizem não! Sua casa vai virar um campo de
batalha, um verdadeiro inferno de mau humor, hostilidade e raiva, mas a verdade
é que não dá para soltar uma filha de 16 anos numa boate, entregando-a a
determinados ambientes nos quais ela não terá condições de se manter firme. O
problema não é o que eles farão, mas o que faremos.
A ênfase do
texto não está no que a futura geração é capaz de fazer, mas o que faremos como
pais. "Não existem filhos problemas, existem pais problemas."
Precisamos trazer a responsabilidade de proteção de nossos filhos para nós
mesmos. Esta é uma tarefa pesada, mas não precisamos mendigar autoridade para
isto. Deus já nos deu esta autoridade, apenas precisamos exercê-la. Ao fazer
assim estamos protegendo, para que não sejam pegos nas armadilhas de seus
próprios corações propensos ao pecado.
Não estamos
falando de hiper proteção, nem de filhos mimados, que nunca sabem se defender.
Precisamos ajudá-los nas decisões, levá-los à compreensão do que devem fazer.
Hiper proteção gera filhos inseguros, tímidos, o que é negativo. Mas precisamos
dar liberdade na medida em que eles souberem lidar com a liberdade que recebem.
Por que será que
a palavra de Deus é tão enfática na obediência e honra que os filhos devem aos
pais?
“Filhos, em tudo obedecei a vossos pais,
pois fazê-lo é grato diante do Senhor.” (Cl 3.20).
Por que Deus
ordena isto aos filhos? Por que eles devem obediência? A obediência irá
protegê-los nas decisões que eles ainda não são capazes de tomar para si
mesmos. Pais foram dados por Deus para dirigir, orientar, educar e guiar. É
tarefa dos pais cumprir este papel, para que assim seus filhos sejam
abençoados. Filhos obedientes glorificam a Deus e são abençoados: “fazê-lo é
grato diante do Senhor.”
Considerações finais
Todas estas decisões morais são
importantes, somos falhos e pecadores. Dizemos sim quando precisamos dizer não;
e não quando deveríamos dizer sim.
Precisamos
orientar, evitando a frouxidão moral quando os pais passam a ter medo da reação
dos filhos e são controlados pelo seu mau humor e ira, e precisamos evitar a
rigidez moral, do excesso de controle, que não deixa o filho crescer emocional,
assumir seu papel de homem ou de mulher, se tornar pessoas responsáveis e
capazes de tomar decisões por si só.
Precisamos de
Jesus. Quem tem equilíbrio entre estas questões? A canção, “Deus Cuida de Mim”,
de Kleber Lucas diz:
Eu preciso aprender um pouco aqui
Preciso aprender um pouco ali
Eu preciso aprender mais de Deus
Porque Ele é quem cuida de mim
Precisamos de Jesus para nos
orientar, abrir as Escrituras, pedir sabedoria.
Este texto nos ensina que:
1. Os problemas de uma geração para a
outra só mudam a forma e o local.
a. O problema básico da
humanidade é o coração pervertido. Uma vez perguntaram ao grande teólogo
católico, Chesterton, qual era o grande problema da humanidade, e ele respondeu
prontamente: EU!
b. Paulo fala de uma geração
corrompida e corrupta: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas;
para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio
de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no
mundo.” Fp 2.14-15)
c. Pedro fala de uma geração
tão moralmente caída que estranhava que a igreja não concorresse ao mesmo
excesso de devassidão. (1 Pe 4.4)
d. Schaeffer: “A nova moralidade nada
mais é que a antiga imoralidade.”
2.
Sistemas interagem com brutalidade usando as estruturas de poder.
a. Salomão e seu
poder, sua glória, sua fama, sua posição, são manifestações visíveis
de quão inescrupuloso e arrogante pode se tornar um homem com poder absoluto.
b. Os
elementos presentes neste texto são os mesmos que atualmente são utilizados
Dinheiro -
Estrutura Econômica: Que acredita que pode comprar tudo,
que pode conseguir o que se deseja, apenas pagando. Por isto este texto é tão
enfático, em desprezar o dinheiro. "As muitas águas não poderiam apagar
o amor, nem os rios afogá-lo. Ainda que alguém desse todo dinheiro pelo amor,
seria de todo desprezado." (Ct 8.7)
A Sulamita zomba
do dinheiro. "Tu Salomão, terás os mil siclos, e os que guardam o fruto
dela, duzentos." (Ct 8.12) É preciso menosprezar o poder do
dinheiro, ídolo central na estrutura de poder. A Sulamita se sente vitoriosa:
" A vinha que me pertence, está a meu dispor; tu, ó Salomão, terás
os mil siclos, e os que guardam, duzentos."
Guardas:
Estrutura de força - Os guardas se encaixam neste
sistema. Eles também têm lucros. Eles receberam dinheiro. Um siclo é uma
unidade financeira, salário de um dia de um trabalhador, que dava para
sustentar uma família. Não era pouco dinheiro. São cerca de 8 meses de
trabalho, se considerarmos os dias de sábado e festividades.
Filhas de
Jerusalém: Peer-pressure. São as pessoas que
andam ao nosso redor. Nos ouvem, dialogam conosco. como temos uma cosmovisão
pecaminosa, e uma cultura afetada profundamente pela queda, é natural que esta
se constitui uma força tão violenta. Os Guiness fala da cultura como uma jiboia,
que hipnotiza sua presa, a envolve e a estrangula. Quando a presa se dá conta,
já não é capaz de fazer mais nada.
c. A família impotente
Sulamita:
Juventude roubada. Esta jovem menina, de zona rural, é
profundamente atingida pela cultura. Ela tinha o que a sociedade quer: um rosto
bem formatado e um corpo bonito. Sua expressão de impotência se reflete logo no
início: "A vinha que me pertence, esta eu não guardei." (Ct
1.6). Sua juventude foi sequestrada, seus projetos e desejos, seu sonho e seu
amor não importa diante de uma sociedade massificada, voltada para o lucro e
que menospreza o amor e os valores.
Somos desafiados
a olhar com cuidado a próxima geração – (Ct
8.8-9). O tratamento deve ser meticuloso e detalhado. “Se ela for um
muro, edificaremos sobre ele uma torre de prata; se for uma porta,
cercá-la-emos com tábuas de cedro.” (Ct 8.9). Nada pior que dar
tratamento igual a pessoas diferentes: Esaú, Jacó
Como romper as estruturas de poder?
1. Denúncia divina. Cantares
é uma denúncia. O Evangelho é uma denúncia. Ct 8.6 - Selo era um anel, que
representava a pessoa (Gn 38.1-30), especialmente 25-26.
Anel implica em
voto e confiança. O amor é forte, "mais que a morte”, mas não pode ser
comprado, é voluntário. O despertamento do amor deve existir quando puder, nada
de forçar a barra. Mulher não é prostituta. Cântico é importantíssimo para a
vida do povo de Deus, precisamos aprender a cantar. Despertar o amor no tempo
certo, da forma certa, carregado de lealdade, sensualidade, fidelidade. E
resgatarmos o conceito bíblico que diz:
"O amor é forte como a morte." (Ct 8.6)
"As muitas águas não poderiam apagar o amor (Ct
8.7)
O amor
verdadeiro zomba de toda tentativa de dominação e exploração, do forte contra o
fraco, do dominador contra o dominado. Do poderoso contra o que não tem poder.
Somente o amor
pode zombar daqueles que julgam poder comprar tudo, mas não conseguem comprar o
que só surge espontaneamente: Quando ele desperta, é forte como a morte. Mas
não dá para comprá-lo, nem despertá-lo, até que este o queira.
2. A importância de entender a
força do sistema e estarmos atentos. Q
Questão de
foco, atenção. “Temos uma irmãzinha.” Ela precisa ser
observada, cuidada. Esta irmã já está entre nós. Frequenta o nosso Ministério
Infantil, vai para o acampamento da igreja. São nossos filhos e netos,
sobrinhos e filhos de amigos. Precisamos estar atentos, sermos vigilantes e
cuidadosos.
4. A
importância de estratégias de ação. O que faremos?
a. Precisamos
criar defesas. Não hiper proteção.
b. Precisamos ajudar de forma
particular e individual, considerando as peculiaridades. Uma é porta, outra é muro.
Ambas precisam de cuidado, mas diferentes. Nada pior que tratar pessoas
diferentes de forma igual.
5.
É necessário dar valor àquilo que tem valor:
§ Não menospreze o afeto, nem o diminua!
§
Precisamos estar alerta com a geração
atual: Sulamita é apenas mais uma menina impotente e pobre colocada a serviço
de um monarca vaidoso e arrogante.
§
Cuidado com o poder e encanto de
Mamom, não podemos negociar valores. Dinheiro não pode ser decisivo.
§ É preciso reconhecer afetos legítimos. Amor não pode ser sufocado.
“
6.
Sistemas precisam ser
confrontados: Lutamos com uma ordem mundial
oposta ao reino de Deus. Sempre foi e sempre será assim. Rm 12.1,2. Cuidado com
a cultura.
7.
Não seja ingênuo sobre as
investidas de Satanás. Ele quer nossos filhos – Quando
Moisés foi comunicar a Faraó que o povo de Israel iria para o deserto para
celebrar uma festa ao Senhor, ele indagou: "Quais são os que hão de
ir? Moisés disse: "Havemos de ir com nossos jovens, e com os nossos
velhos, e com os filhos, e com as filhas, e com os nossos rebanhos, e com os
nossos gados; havemos de ir, porque temos que celebrar uma festa ao Senhor." (Ex
10.9). Faraó então retrucou: As crianças não irão: "Ide somente
vós, os homens, e servi ao Senhor.” (Ex 10.11)
Saia do Egito, mas deixem os seus filhos (Ex
10.8-11). É este o plano de Satanás. Não levem seus filhos. Vão adorar, mas
deixem as crianças e os jovens no Egito. O diabo até admite que a gente vá, mas
sem os filhos. O que o diabo quer é arrebentar com a família. Ele é ladrão.
Quer gerar divisão, contenda, o conflito espiritual. Ele não gosta de ver lares
no altar do Senhor, e empregará todos os meios para atacar a família. O diabo
abre mão dos idosos, desde que atinja as crianças. Não é sem razão que temos visto
cada vez mais jovens viciados, crianças deprimidas, gente sem sonhos, corações
vazios. Veja o alto grau de investimento da mídia para alcançar as crianças. Há
um esforço concentrado do diabo para banir da mente da criança a ideia de um
Deus pessoal. As crianças hoje recebem uma carga muito alta de imagens e sons,
com excesso de violência e apelo sexual. E o que dizer dos jovens, com as
músicas falando de ocultismo, sensualidade barata e satanismo, minando os
alicerces espirituais. Muitos jovens que outrora andavam com Deus, estão agora
sucateados pelo pecado, esmagados pelo sentimento de culpa. Muitos jovens
dizendo que o Egito é o lugar deles mesmos, que desejam o Egito e permanecem no
Egito. O diabo é estelionatário, oferece prazer e dá desgosto, promete diversão
e dá frustração, promete vida e dá morte. O prazer que o mundo oferece produz
dor.
Moisés responde: Nossos filhos precisam ir.
"Havemos de ir, porque temos que celebrar uma festa ao Senhor."
Quando não trazemos nossos filhos à presença
Deus, deixando de ensinar-lhes a palavra, de inspirar-lhes temor, nós os
perdemos. Eles ficam no Egito. Não deixem seus filhos no Egito!
Veja quantas vezes a Bíblia, apenas no livro de Isaias, faz
inclusão de nossos filhos no pacto, na aliança do povo de Deus: Is
44.3;54.13;59.21;61.9;58.12; 65.23.
Certa mãe cristã, me disse que iria tirar seu
filho de uma escola cristã, e o colocaria em outra escola porque seu nível
acadêmico é melhor. Eu respondi: “Não acho que este seja o grande problema
da vida de nossos filhos. por causa do ambiente em que convivem, e pela carga e
conteúdo de ensino que eles receberem, eles serão bem-sucedidos.” O que pode
destruir nossos filhos não é uma questão acadêmica, mas o pecado (jovens
sucateados), um namoro fora dos padrões de Deus, envolvimento com meninas que
não amam a Deus, envolvimento com drogas ou um casamento mau feito. Nosso
grande desafio não é acadêmico, mas espiritual.
7. É preciso
cuidar preventivamente.
“Ainda não
tem seios.” Não podemos demorar. A educação tem que começar
cedo. Existe uma janela de idade nos nossos filhos que precisam de atenção
redobrada. É a janela 4/14. Crianças desta idade são mais propensas a tomarem
posições por Cristo e recebem ainda mais influência de casa. Depois dos 14 anos
a família vai perdendo cada vez mais seu poder de influência sobre eles.
Precisamos orar, vigiar, cuidar “Para que nenhum deles se perca.”
Conclusão:
Entenda a
dimensão da obra sacrificial de Cristo e seus impactos em nossa cultura
familiar e viva debaixo desta benção. Mantenha a esperança: Viva sempre na
perspectiva pactual. (pacto geracional (Susan
Hunt) ou federativo. Você é aliancista? Crê na perspectiva do pacto para sua
família e geração?
a. Van
Groniken- A família do pacto
b. Susan
Hunt: A graça que vem do lar
c. Gn
17.7: Pacto, com rito. Circuncisão. Órgão reprodutor masculino
d. Is
65.23: Não terão filhos para calamidade
e. At
16.31: Será salvo, tu e tua casa
Quando
falamos do Pacto da Graça, alguns aspectos precisam ser compreendidos.
O
poder do Evangelho sobre nossa cultura familiar:
O
apóstolo Pedro afirma: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que
vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito
e sem mácula, o sangue de Cristo,20 conhecido, com efeito, antes da
fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós.”
(1 Pe 1.18-20)
Filhos
são herança de Deus (Sl 127.30). Não foram dados para a calamidade, mas para a
salvação (Is 65.23).
§ Precisamos entender a beleza de pertencer à família do
pacto: Deus
nos chamou para um Pacto Representativo – Valorizar o aspecto representativo e
corporativo da fé e não apenas a dimensão individual da mesma:
§ A Representatividade Adâmica (Rm
5.12).
§ A natureza do chamado de Abraão -
Gn 17.9-14. Gn 17.7: Pacto, com rito.
Circuncisão. Órgão reprodutor masculino
§ A Representatividade Messiânica –
“Eu não estava no Éden e herdei a
culpa do pecado, mas também não estava no Calvário e herdei a Graça”!
(Rm 5.17)
§ O chamado Pactual – “serás salvo
tu e tua casa.” (At 16.31). Van Groniken- A família do pacto
§ Deus promete bençãos ao povo
escolhido e à sua geração – (Is 44.3; 54.13; 59.21; 61.4, 9; 65.23).
§ A extensão da promessa: “Para
vós e vossos filhos”. Susan Hunt: A graça que vem
do lar. Será salvo, tu e tua casa. At 16.31:
É
fundamental aprender a pesar na perspectiva pactual
·
Pensar
na educação não com soluções apenas comportamentais, em direção ao plano de
Deus para sua família. Como Deus a vê? Sua família é chamada para a graça.
·
Pensar
mais na família do ponto de vista teológico que psicológico. Não podemos
desligar o comportamento da fé.
·
Pensar
e viver o ambiente familiar na dimensão do pacto. Você é aliancista? Crê na perspectiva do pacto para sua família e
geração?
“Aos
olhos de Deus, os pais são representantes autorizados dos filhos, agem por
eles, contraem obrigações em nome deles. Onde os pais entram num pacto com
Deus, eles levam consigo seus filhos...Se um homem se unisse à comunidade de
Israel, assegurava para seus filhos os benefícios deste pacto, a não ser que
eles, voluntariamente os renunciassem. E assim, quando um crente adota o pacto
da graça, ele traz seus filhos para dentro dessa aliança, no sentido que Deus
lhes promete dar, no tempo determinado por ele, todos os benefícios da redenção,
se eles não renunciarem voluntariamente ao comprometimento batismal”.
O
entendimento do pacto dá unidade, integra e harmoniza. Precisamos falar do
pacto que fizemos com Deus aos nossos filhos. Conte-lhes sobre a graça de Deus
em sua vida. Diga-lhes que não pertencemos a este mundo, mas à família pactual
de Deus. Nossos filhos precisam entender que são herdeiros da promessa e que
devem viver na esfera do pacto.
“O
pacto gracioso e terno de Deus com sua igreja dá aos pais crentes uma promessa
de bênçãos espirituais e salvadoras para seus filhos. A promessa é que ele será
Deus – para eles e para a semente deles. É de suma e eterna importância que os
pais se apeguem a esta promessa pela fé, e procurem no Senhor as bênçãos que
ela traz para seus filhos”.