Este texto nos desafia, pelo compromisso radical que Maria assume na forma de adorar. É um dos textos mais preciosos sobre adoração que temos em toda a Bíblia. A forma como Maria revela seu amor a Jesus, torna-se excêntrico, estranho e agressivo. Na verdade, a "matemática da graça" sempre foi confusa e espalhafatosa. Quem, em sã consciência deixaria 99 ovelhas no aprisco para buscar a perdida? (Lc 15.3-7) Ou daria salário iguais a jornadas diferentes de trabalho? (Mt 20.1-16); ou justifica alguém que não é justo? (Rm 5.6-8)
Ao ver esta cena, Judas se sente agredido. “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). Esta dimensão da generosidade, da gratuidade, incomoda profundamente. Você não costuma ter uma atitude assim pragmática como Judas? Com quem você mais se identifica?
- A graça agride por não ser utilitária (Jo 12.5).
Num mundo pragmático como o nosso, queremos ver resultados. A graça quebra os paradigmas. Sejamos honestos, a narrativa deste texto não te agride? Você não acha esta mulher excêntrica demais? Como você reagiria se você estivesse presencialmente olhando esta cena?
- A graça agride por ser um gesto de amor puro
Maria não barganha com Deus. Ela não dá pra receber, ela dá porque recebeu: É pura gratidão. Era assim que Deus queria as ofertas do Antigo Testamento. Deus exigia que elas lhe fossem trazidas para serem queimadas (Lv 1.12-13; 2.1-2,9; 3.5). Será que faz sentido trazer os melhores frutos da minha colheita para serem queimadas em adoração a Deus?
No diálogo que Satanás tem com Deus, ele ironiza o suposto amor de Jó: “Satanás respondeu: — Será que não é por interesse próprio que Jó te teme?10 Tu não deixas que nenhum mal aconteça a ele, à sua família e a tudo o que ele tem. Abençoas tudo o que Jó faz, e no país inteiro ele é o homem que tem mais cabeças de gado.11 Mas, se tirares tudo o que é dele, verás que ele te amaldiçoará sem nenhum respeito.” (Jó 1.9-11) Satanás não acredita que alguém possa amar a Deus sem motivos interesseiros, e parece que a mulher de Jó segue, de fato, o script do diabo, ao dizer: “E a mulher dele disse: - Você ainda continua sendo bom? Amaldiçoe a Deus e morra! 10 Jó respondeu: — Você está dizendo uma bobagem! Se recebemos de Deus as coisas boas, por que não vamos aceitar também as desgraças? Assim, apesar de tudo, Jó não pecou, nem disse uma só palavra contra Deus.” (Jó 2.9-11)
Da mesma forma, Judas questiona a atitude de Maria. Na verdade, Maria usa uma linguagem que o diabo não entende. O amor puro é excêntrico e extravagante (Jo 12.3). Trezentos denários equivalem a quase um ano de trabalho.
O amor puro é liberal nos recursos. Por que temos tanta dificuldade em dar para Deus, sem termos reconhecimento dos homens, embora nem sempre o tenhamos quando esta doação nos promove perante os outros e gera reconhecimento público?
- A graça agride porque revela nossas motivações escondidas.
O texto Bíblico afirma que os motivos de Judas não eram tão corretos, como ele aparentemente demonstra. “Judas disse isso, não porque tivesse pena dos pobres, mas porque era ladrão. Ele tomava conta da bolsa de dinheiro e costumava tirar do que punham nela.” (Jo 12.6)
A graça vai além dos atos e comportamentos, mas tangencia as intenções e motivações do coração. Deus está interessado não apenas no que faço, mas porque e como faço! O homem vê o exterior. Deus vê o coração. (1 Sm 16.7)
Conclusão
O amor puro é adoração.
A. Não devemos adorar a Deus por interesse naquilo que ele nos dá, mas por causa do desejo de dar glórias ao seu nome. Você gostaria de se relacionar com alguém que se aproxima de você por causa daquilo que você pode lhe dar? Por motivos interesseiros? Uma relação utilitarista?
- Não devemos nos aproximar de Deus para “suborná-lo”, nem manipulá-lo, mas para expressar gratidão e louvor. O irmão de Maria havia sido libertado da morte e esta era sua forma de agradecer. Não era para comprar o favor de Deus, mas em reconhecimento ao seu amor.
- Amor puro é apreciado por Deus e criticado pelos homens – Jesus elogia a atitude da mulher e pede aos críticos para se silenciarem (Jo 12.7-8).
- Será que conseguimos entender esta dimensão do amor e adoração a Deus?
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