Introdução
C. S. Lewis, num debate com líderes de outras religiões, afirmou que o diferencial do cristianismo é a graça, o que eu concordo plenamente. Van Groniken afirma que a palavra mais bíblica é Pacto. Poderíamos considerar ainda que uma das coisas mais presentes no evangelho é a simplicidade, que faz parte essencial do cristianismo. Stuart Olyott Diretor da Pastoral do Movimento Evangélico do País de Gales. Pregando num congresso da Sepal aqui no Brasil, fez uma afirmação tremenda: “sermões simples salvam vidas.”
A geração pós-moderna é mística e esotérica, encantada com coisas sobrenaturais como gnomos, duendes, bruxos, fadas, ET’s. Por esta razão artistas e políticos são tão atraídos por “este outro lado do mundo”. São muitos os relatos de políticos famosos, membros do STF e artistas globais que fizeram romaria para se encontrar com o curandeiro João de Deus em Abadiânia, envolvidos em rituais de macumba e bruxaria, com ritos e práticas bizarras e assustadoras para atrair o favor dos deuses e das entidades, acusado e condenado por abusar de vários seguidores e até mesmo de uma de suas filhas.
A espiritualidade animista crê no poder da natureza, das luas cheias, e das cachoeiras. Li a reportagem sobre um grupo de artistas que consultam um famoso guru em São Paulo que faz o mapa astral pela singela bagatela de 11 mil reais. Você está interessado?
Este texto do 2 Livro de Reis nos mostra como podemos complicar a fé verdadeira e redentora. Este capítulo pode ser analisado por dois ângulos:
- Pela perspectiva de uma menina sem nome, escrava da guerra e sua relação com a vida, patrões e sua visão de Deus. Uma menina anônima, sem rosto, sem identidade é imortalizada aqui neste texto. Ela perdeu toda sua família na guerra e foi levada para cuidar de um homem leproso na Síria, e na primeira oportunidade, vendo o sofrimento dentro da casa em que ela estava, ela fala de seu Deus e cria desejo nas pessoas de o conhecerem. E isto trouxe salvação naquela casa de duas formas: cura para Naamã, e salvação do paganismo e idolatria para o Deus de Israel, criador dos céus e da terra. Nunca deixe de compartilhar sua fé, ela pode transformar a história de uma pessoa.
- Este texto também pode ser lido pela perspectiva de Naamã. Um homem poderoso, herói de guerra, com uma imensa folha de serviços militares e conquistas, comandante, que faz parte da cúpula política de seu país, cheio de glória, medalhas e títulos, mas com a vida destroçada. Tantas posses, reconhecimento público, mas com uma sentença de morte. Prestígio público, mas sofrendo, impotente, por uma doença desumana e mortal que desenvolveu. na alma. Glória humana e fracasso enquanto ser. Sucesso exterior e fracasso interno.
A lepra, além de incurável, sem tratamento naquele tempo, tinha ainda um componente psicológico gravíssimo, pois isolava as pessoas do seu círculo social e familiar, pois sendo contagiosa, obrigava a pessoa a viver no ostracismo. Lepra era um decreto antecipado da morte, que tirava o seu sono e o prazer de viver.
Todo o seu sofrimento o torna espiritualizado. Ele é místico, crédulo, crente no pior sentido do termo, acendendo uma vela para Deus e outra para o diabo. Orando para todos os deuses e santos. Gente desesperançada que vai ao pai de santo na sexta feira, reza uma vela na madrugada para uma entidade e visita uma profetisa no domingo. Naamã é seguidor de Rimon, o Deus da Síria (2 Rs 5.18), mas quando houve falar de outro Deus em Israel, corre atrás de quem ele mesmo não conhece. Felizmente, neste caso, encontra-se com o Deus verdadeiro. Poderia não ter sido. Normalmente pessoas que vivem correndo atrás de benção, da cura imediata, podem se deparar com as piores potestades possíveis.
Toda sua peregrinação espiritual o torna espiritualizado. Isto o leva a percepções equivocadas de sua relação com Deus. Para ele, a benção vinha como resultado de troca. Deus é mercantilizado. Dou e serei abençoado, se der terei garantia de solução espiritual! Afinal, não é assim se pagam aos deuses, as entidades, aos gurus? É com esta pressuposição que ele procura Eliseu, afinal, por que ele seria diferente?
Sempre que leio este texto, me surge na mente uma questão: Por que Elizeu não aceitou a oferta? Não há nenhum problema em relação a isto, as pessoas do Antigo Testamento sempre traziam suas ofertas a Deus, isto fazia parte do culto e da liturgia judaica. Os dízimos eram usados para manutenção do templo, dos sacerdotes e dos levitas, que recebiam côngruas e alimentos. No Novo Testamento, a igreja de Cristo também faz a mesma coisa: Traz suas ofertas e dízimos para a obra do Senhor (1 Co 16.1-2) e para sustento dos obreiros (1 Co 9.1-12). O profeta Elizeu era tão pobre que não tinha dinheiro para comprar comida. Certa vez precisaram fazer uma choupana e não tinham um machado, tendo que tomá-lo emprestado. Isto foi uma dor de cabeça pois o machado caiu na água e não conseguiam encontrá-lo, sendo necessário uma intervenção sobrenatural de Deus (2 Rs 6.1-7). Então, por que o profeta não aceitou a oferta?
Pessoalmente creio que ao rejeitar a oferta de Naamã, Deus queria ensinar-lhe algo profundo.
Ele precisava entender que o Deus de Israel não barganha bençãos, nem faz negociatas e oferendas não funcionam se usadas para tais propósitos, pois não se paga benção, nem é possível comprar benefícios de Deus. Estas coisas são próprias de religiões pagãs e deuses falsos. Os deuses falsos, em todo o tempo, possuem sistema de trocas, e exigem oferendas para ficarem satisfeitos. Outros deuses aplacam seu mau humor e ira com sacrifícios e holocaustos, e muitos acreditam que dando alguma coisa, receberão em troca ou que Deus vai ficar obrigado a fazer algo por causa da força de minhas oferendas e dádivas.
Não é assim o Deus da Bíblia. O Deus de Israel e de nosso Senhor Jesus, o Deus verdadeiro rejeita este mecanismo frágil de troca, de mercantilização. A rejeição do profeta era uma forma de desconstruir a equivocada visão da religiosidade pagã de Naamã. O Deus das Escrituras Sagradas não é uma entidade, que aceita oferendas para pacificar sua ira, nem nos concede bençãos na base de troca. Seu amor é livre, sua generosidade é livre, sua benção é livre, sua salvação é livre, baseada na graça, e para resgatar um princípio da Reforma: Apenas pela graça!
A percepção falsa de Naamã o leva a avaliar de forma equivocada o Deus de Israel. Veja a expressão verbal dele no texto: “Pensava eu…” (2 Rs 5.11).
Não raramente nossos pressupostos tornam-se grandes rivais do Evangelho. Muitos se aproximam de Deus com pressupostos, mas Deus não se adequa às formas religiosas. Ele é Deus, livre para ser ele mesmo e fazer como ele quer, do jeito que ele quer, na hora que ele quer e se ele quiser.
Não somos nós quem estabelecemos a base do discipulado e dizemos a Deus como as coisas devem ser, mas ele é Senhor e nos diz, como deseja ser adorado. Portanto, não basta dizer: “Eu adoro do meu jeito!” O seu jeito não é suficiente. Tem que adorar do jeito de Deus.
Veja como Deus é claro sobre isto no Antigo Testamento: “Chamou Faraó a Moisés e a Arão e disse: Ide, oferecei sacrifícios ao vosso Deus nesta terra.26 Respondeu Moisés: Não convém que façamos assim porque ofereceríamos ao Senhor, nosso Deus, sacrifícios abomináveis aos egípcios; eis que, se oferecermos tais sacrifícios perante os seus olhos, não nos apedrejarão eles? Temos de ir caminho de três dias ao deserto e ofereceremos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, como ele nos disser.” (Ex 8.25-27)
O que observamos neste texto? Faraó quer estabelecer as bases do culto. O que ele diz a Moisés? “Temos de ir caminho de três dias ao deserto e ofereceremos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, como ele nos disser.”
Nossa adoração não é “do jeito que eu quero”, mas do jeito que Deus quer. Faraó não pode dizer como devemos adorar. Devemos adorar a Deus como ele nos disser. As bases da adoração já estão claras na Palavra de Deus. Precisamos fazer o que Deus ele quer e como ele quer.
A mesma orientação pode ser vista no Novo Testamento:
“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7.37-38). O que lemos na Bíblia? Devemos crer em Jesus, como diz a Escritura, não como achamos que devemos crer, ou crendo do jeito que achamos correto. Ninguém pode estabelecer as bases do discipulado. Quem diz como devemos viver e adorar é o próprio Jesus. Não basta crer como você diz, mas como as Escrituras dizem. Muitos afirmam: “basta ser sincero!” mas isto não é verdade. Podemos ser sinceros, mas errados.
Quais são as falsas percepções da adoração que Naamã possuía?
1. Ele tinha certas pressuposições concernentes aos rituais e orações – (2 Rs 5.11)
Quando Eliseu diz que ele deveria mergulhar no Rio Jordão 7 vezes, ele não quer fazer, por causa da sua forma de enxergar as coisas de Deus, ou porque não queria se submeter àquilo que Deus estava lhe dizendo para fazer.
Não raramente estabelecemos estereótipos sobre como Deus deve agir. Como isto é complicado para os religiosos. Naamã começa a pensar que Deus age da forma como ele crê que Deus tem que agir.
Certa vez encontrei com uma pessoa que estava agindo de forma contrária ao que preceitua as Escrituras. Quando mostrei na Bíblia, ela se defendeu de forma tranquila. Eu me disse que sabia que a Bíblia ensinava assim, mas que ela “sentia” de tudo estava bem com ela.
Lembrei-me de uma discussão do conhecido pregador Jacó Silva, pai do Rev. Oziander Schaff, um ardoroso defensor dos princípios dos dízimos, estudou profundamente este tema nas Escrituras, e dava palestras no Brasil inteiro sobre o assunto. Certa vez, no seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, na hora do debate sobre sua palestra, um aluno levantou-se e disse: “Rev Jacó, se eu “sentir” no meu coração que não devo trazer meu dízimo para a igreja, mas dar para as pessoas, o que o senhor acha?”. E ele respondeu direto e ríspido como sempre fazia: “Bacharel, o que nos ensina a Palavra do Senhor?” e citou o texto de Malaquias 3.10: “Trazei todos os dízimos à casa do Senhor”. Então respondeu: “Se Deus afirma que você tem que trazer seus dízimos para a casa dele e você ‘sente’ que deveria fazer outra coisa com o seu dízimo, você sentiu errado. Pode sentar bacharel”.
É isto que fazemos em relação a Deus. Criamos pressupostos de como Deus deve agir, e nos esquecemos o que Deus quer dizer e a forma como ele espera que façamos. Assim agiu Naamã.
2. Ele se torna um adorador com exigências - (2 Rs 5.12)
Por ter algumas ideias sobre Deus e sobre a forma como Deus deveria agir, Naamã se recusa a fazer aquilo que o profeta lhe disse para fazer. Ele deveria mergulhar sete vezes no rio Jordão, mas se recusava a fazer isto afirmando que na Síria existiam rios melhores e mais limpos, e cita inclusive dois belos rios da Síria, Farfar e Abana, mas no Jordão ele não iria.
Percebem o risco que corremos?
Buscamos uma dose de conforto, de comodismo, uma forma, um ritual. O texto afirma que ele ficou irado e bravo com o profeta: “Naamã, porém, muito se indignou e se foi dizendo: pensava eu que ele sairia a ter comigo, pôr-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso.” (2 Rs 5.11) Ele não gostou do método de Eliseu, e ficou chateado por não ter as deferências que costumava ter como homem importante e rico.
Rick Warren, no seu livro, A Igreja com Propósitos afirma:
“Novos membros, especialmente vindos de outras igrejas, geralmente tem interesses pessoais e pressuposições sobre a Igreja”. Não raramente vemos pessoas irritadas por causa da posição que assumimos como igreja, as vezes concordam que agimos de forma coerente, com caráter, mas acham que deveriam receber tratamento diferente. São adoradores que se tornam exigentes quanto ao culto e o que querem da igreja. Eventualmente sequer contribuem com a igreja. Pessoas que geralmente procuram ser servidas, na maioria das vezes, não tem servido à igreja.
Igreja passa a ser uma espécie de supermercado, onde buscam mercadorias que desejam. Religião torna-se descompromissada, não pode exigir muito, o dízimo deve ser de 8% e os bebedouros devem servir Coca-Cola. Até são capazes de pagar para não ter que fazerem as coisas que não gostariam. Se aproximam da igreja com guardanapo e se assentam à mesa para serem servidas, quando deveriam se aproximar da comunidade com avental, dispostos a servir. Precisamos nos apresentar diante de Deus como servos e não como senhores.
3. Sua relação com Deus se torna complexa - (2 Rs 5.13)
É necessário que seus oficiais argumentem com ele, que lhe façam ver que a ordem do profeta não era difícil, pelo contrário, era simples até demais. Não custava tentar…
“Então, desceu e mergulhou no Jordão, sete vezes, consoante a palavra do homem de Deus; e sua carne se tornou como a carne de uma criança, e ficou limpo” (2 Rs 5.14). Ele mergulha como lhe é ordenado e volta limpo. Nada complicado. Ele só precisava fazer algo simples. Deus não estava pedindo nada demais, não era complicado, sofisticado, elaborado. Era algo simples.
Infelizmente estamos sempre complicando nossa relação com Deus. Quando Adão se vê nu, diante da desobediência, o caminho deveria ser o do arrependimento e retorno, entretanto, ele fugiu, se escondeu, costurou folhas de figueira, trabalhou artesanalmente sua tola e insuficiente vestimenta, mas aquela roupa dele não servia para Deus. Deus precisou matar um animal e vesti-lo.
Assim fazemos com a obra de Cristo.
Deus colocou Jesus em nosso lugar. Nos dias de Jesus, havia pessoas sinceras querendo fazer a vontade de Deus de forma errada, com sacrifícios e oferendas complicadas. “Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhe Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.28,29).
Que resposta simples e direta. Na verdade, tenho aprendido que a verdade do pregador inglês Olliver afirmou certa vez que “Sermões simples salvam vidas!”. O maior pregador do evangelho no Século XX, Billy Graham, atraia milhões de pessoas às convenções que faziam, levou para o maracanã cerca de 180 mil pessoas em 1974. O que ele pregava? Apenas o evangelho de Cristo, simples e direto: Necessidade de arrependimento, salvação através da obra suficiente e plena da cruz de Cristo e rendição. Afinal não é isto que nos diz o Evangelho? “Quem crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no unigênito Filho de Deus.” (Jo 3.18) Simples assim. Precisamos parar de confiar na nossa suficiência, e depositar a confiança na obra plena e completa do Filho de Deus.
A do Evangelho espiritualidade é simples e descomplicada. Temos sido sofisticados, complicados, exigentes, lógicos, pragmáticos, cheio de manias, tentando descobrir uma mensagem “secreta” na Bíblia, ou fazendo “complicadas exegeses” e conclusões fantasiosas, para descobrir verdades ocultas que só alguns sofisticados exegetas e hermeneutas entenderão, entretanto, não queremos obedecer às simples verdades do evangelho e nos rendermos a elas. Temos perdido a singeleza do Evangelho.
Aplicações práticas:
1. Gente aflita tende a se tornar espiritualizada – Isto aconteceu com Naamã, e acontece com muitas pessoas, que correm atrás de respostas mágicas e instantâneas para problemas intrincados e insolúveis como uma doença terminal ou a ruptura de um relacionamento.
Tome cuidado para que sua espiritualização não o leve a morte. As pessoas de hoje não são ateias, o grande desafio não é o ateísmo, mas o misticismo. Não a falta de fé, mas a fé colocada em coisas erradas, falsa esperança. Gente sofisticada, intelectualizada, se torna espiritualizada, mas não no sentido bíblico. Existe uma grande ameaça hoje que é a espiritualidade pagã. Harvard está cheia de videntes, bruxos, adoradores de cristais, orientando-se por videntes, misticismo oriental, cartomantes e bruxarias.
O problema não é a negação de poderes sobrenaturais, mas o excesso de deuses. Como só existe um Deus vivo e verdadeiro, existe muita possibilidade de que pessoas sem esperança e aflitas se tornem presas de “ensinos de demônios e a espíritos enganadores.” (1 Tm 4.1)
2. Gente espiritualizada complica sua relação com Deus: Assume determinados pressupostos, convenções, rituais, acreditando e defendendo a visão que lhe agrada mais e não aquilo que a Palavra de Deus afirma.
Recentemente vi um pregador muito apreciado do Brasil, afirmando que um Deus de amor não pode enviar ninguém para o inferno. Ele não está afirmando isto porque a Palavra de Deus ensina isto, mas porque ele quer crer naquilo que ele acha mais interessante crer.
O Evangelho é simples. Vida com Deus é simples. Veja esta afirmação de Eclesiastes 7.29: “Eis o que tão somente achei, Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. A mensagem da palavra de Deus é simples.
Veja as declarações de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6) Isto é difícil de entender? Ele ainda afirma: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei, tomai sobre vós meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas.” (Mt 11.28). Será que isto é difícil para alguém simples ou sofisticada entender suas afirmações?
3. Gente espiritualizada precisa entender que benção de Deus é benção, por isto não pode ser manipulada por sacrifícios nem mercantilismo –
Como afirmei, acredito que a rejeição da oferta de Naamã, tinha o objetivo de ensinar como deve ser nossa relação com Deus, era para desintoxicá-lo de sua relação de troca com Deus. Ele precisava aprender quem é Deus, e como ele se relaciona com os homens. Sua relação não é de barganha ou troca, e tudo isto é fruto da graça de Deus. Não é fácil mudar visões equivocadas de Deus que adquirimos erroneamente. Muitas pessoas, por causa da formação teológica recebida, e por sempre ouvir interpretações errôneas sobre Deus, levam muito tempo para desintoxicar e reaprender as verdades sobre o Deus de nosso Senhor Jesus.
Infelizmente Geazi, o ambicioso auxiliar de Eliseu, ao correr atrás deste homem rico para pedir desonestamente dinheiro, preserva a falsa visão de Naamã que queria pagar para Deus lhe dar ou por Deus lhe ter dado. Geazi manda uma mensagem para ele reforçando seu pensamento de que era realmente preciso dar algo a Deus em troca de sua bondade e graça! (2 Rs 5.20-27).
4. Gente espiritualizada precisa romper conceitualmente com toda conexão de que outros deuses. Esta é primeira conversão: Do Deus falso para o Deus verdadeiro! Submissão ao primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim.” (Ex 20.3)
Esta foi a atitude dos primeiros cristãos convertidos em Éfeso. “Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras.” (At 19.18). Por rejeitarem suas falsas concepções, queimaram publicamente seus livros mentirosos e abandonaram sua prática de magia. Quando Naamã experimenta o poder do Deus verdadeiro em sua vida, ele renuncia seu antigo deus. Ele adorava o deus Rimon, da Síria, mas agora faz uma declaração de fé ousada e diante de todos: “Voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva; veio, pôs-se diante dele e disse: Eis que, agora, reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel; agora, pois, te peço aceites um presente de teu servo.” (2 Rs 5.15) Ele faz isto na frente de todos. Não foi uma declaração medrosa e furtiva, mas pública. “Agora reconheço”. Ele encontra a verdade e é convencido pelo poder de Deus.
Conversão implica numa nova concepção de Deus e de Jesus.
Paulo afirma:
“Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.” (2 Co 5.16). Conversao implica em mudança na compreensão de quem Deus é, de quem Cristo é, de qual é a natureza do coração do homem, de uma cosmovisão abrangente de Deus.
Não dá para continuar adorando e seguindo falsos deuses quando você conhece o Deus verdadeiro. Este é o significado do novo nascimento, numa compreensão de Deus e da salvação. “eu era cego, agora vejo; estava perdido e fui achado.” Há uma nova forma de viver e adorar.
Isto aconteceu com Naamã. Diante da recusa peremptória de Eliseu em aceitar os ricos presentes que oferecia, ele pediu algo simbólico. “Levar uma carga de terra de dois mulos”, para reafirmar que “nunca mais oferecerá este teu servo, holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor.” (2 Rs 2.17) Ele leva terra de Israel, para oferecer holocausto ao verdadeiro Deus.
Conclusão
Nada é mais simples que o Evangelho.
“A mensagem de Deus é esta: Que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.
Em Mc 16.15 lemos: “Quem crer e for batizado, será salvo”.
Em At 16.31 vemos: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.
Vida cristã tem inicio no momento que compreendemos nossa condição de estarmos perdidos espiritualmente sem Jesus, quando desistimos de lutar por nossa salvação, e passamos a confiar plenamente na obra suficiente e plena de Cristo.
O problema é que queremos criar outro evangelho, ou como Juan Carlos Ortiz afirmou: “O Evangelho dos santos evangélicos”. Toda tentativa de subtrair ou acrescentar algo ao evangelho é herético e catastrófico. Quando entendemos que Cristo gratuitamente assumiu nosso lugar na cruz, ritos estranhos não fazem qualquer sentido.
Tiberíades, (Israel) 5.12.98
Renovado em Anápolis 2024
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