quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pv 11.29 Não perturbe sua casa!

Introdução:

Em psicopatologia existe uma descrição muito profunda atualmente sobre crianças e adolescentes problemáticos. Ao preencher a ficha, as pessoas tem o cuidado de colocar ao lado: “Paciente identificado”, porque tem se chegado a conclusão de que, “não existem filhos problemas, mas pais problemas”.
O texto bíblico afirma que “quem perturba a sua casa, herdará o vento”. (Pv 11.29). Esta é uma declaração pesada. Como podemos perturbar nossa casa?

1. Pais perturbam sua casa quando se distanciam dela – Mantendo uma relação de frieza e indiferença ou passividade, ou ambas. Bly afirma: “não receber nenhuma benção de seu pai é uma ferida. Um pai ausente, indiferente ou distante, ou um pai que só pensa em trabalhar, é uma ferida”.
O divórcio ou abandono também pode ser uma ferida, porque o menino (a) acredita que se tivesse feito melhor ou se fosse mais atraente, bonito ou educado, seu pai teria ficado em casa. Alguns pais ferem pelo seu silencio. Estão fisicamente presentes, mas agem como ausentes. O silêncio é ensurdecedor. No caso de pais silenciosos os filhos estão perguntando: “Quem sou eu?”; “eu significo algo?”. O silêncio é ambíguo.
O mercado de trabalho, a competitividade nas empresas, o ritmo alucinante de cobrança, onde mamom domina, leva muitos pais a se distanciarem de seus filhos.
Ló, ao escolher Somoma e Gomorra por causa dos atrativos financeiros e mercadológicos que viu, não considerou Deus nem seu família no processo. As campinhas de Moabe eram muito atraentes, e ele se esqueceu de avaliar todas as implicações do processo. Posteriormente perde sua esposa e filhas.
O momento mais aguardado de um filho, na fase edipiana, é exatamente quando o seu pai volta para casa no final do dia, após um longo dia de trabalho. A ausência paterna ou indiferença com a casa, podem gerar angústias que jamais serão curadas no coração de uma criança pequena. James Dobson afirma que “tempo é moeda no mundo emocional”. Para o seu filho pequeno, você o ama se der tempo e ficar com ele.
Como pais e mães estão saindo para o mercado de trabalho, onde todos se sentem desafiados e prover não somente as necessidades, mas ainda os caprichos e desejos cada vez mais sofisticados, tipificados em carros mais caros, viagens mais dispendiosas, a pergunta que fica é: “Todos estão provendo, mas quem está cuidando dos filhos?”.
Pais perturbam seus filhos quando não estão presentes. Quando se tornam distantes, indiferentes à vida doméstica, e não convivem com seus filhos. Antigamente os pais transmitiam a profissão aos seus filhos, e isto implicava um longo tempo juntos, muitas vezes com disputas e diferenças, mas os pais estavam presentes. A alienação parental, seja através do divórcio, do distanciamento ou mesmo do abandono, gera problemas emocionais profundos nas crianças.

2. Pais perturbam seus filhos quando os deixam inseguros – Esta insegurança possui níveis, sendo que o maior dele se encontra em relacionamentos disfuncionais, onde o pai é alcoólatra ou drogado, ou existem brigas e ameaças constantes, que muitas vezes se desemboca em acusações e violências domésticas. As crianças tornam-se acuadas e rígidas, elas não sabem o que vai acontecer em casa.
Existem níveis mais brandos, mas que também trazem sérios problemas emocionais e perturbam a formação emocional dos filhos. Ele pode ser percebido em lares nos quais a mãe ou pai, estão constantemente ameaçando sair de casa, ou abandonar a família. Os filhos não sabem o que vai acontecer com eles. Em geral, na fantasia infantil, as crianças possuem dois temores: O primeiro é da morte dos pais, o segundo do divórcio. O divórcio, apesar de ser tão comum em nossos dias, gera profunda crise no coração da criança. Dependendo da idade ela não sabe se seus pais se separaram por causa dela. E quando ela tem que tomar posição, num momento de suas vidas em que não tem condições de decidir, fica ainda pior.
Recentemente acompanhei o caso de uma mulher que saiu de casa e se divorciou do marido. Os filhos adolescentes ficaram completamente perdidos, e ainda tinham que lidar com a acusação e auto comiseração do pai que dizia que se eles gostassem dele, ficariam com ele. Na verdade os filhos gostavam dos dois, mas sabiam que o pai, pelas suas atividades fora de casa, não tinham condições de cuidar deles. Esta é uma situação aflitiva para os filhos.
Nestas brigas e ameaças constantes, facilmente expomos nossos cônjuges, levantando suspeitas sobre a integridade de seu caráter. Se o pai está se divorciando, a mãe faz todos os tipos de acusação, de preferência na frente dos filhos, porque deseja que os mesmos fiquem do seu lado. O mesmo se dá quando a mãe resolve se divorciar. As acusações, suspeitas, palavras duras, são compartilhadas num nível e volume que os filhos são obrigados a compartilhar. Isto gera muito insegurança e traz enormes desequilíbrios para a vida dos filhos.
Pv 14.26 faz uma afirmação importante sobre este assunto: “No temor do Senhor, tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos”. Ter lugares seguros, ninhos que geram proteção, ambiente de paz, ajudam nossos filhos a organizar seus sentimentos e valores. Quando os pais deixam sua casa insegura, isto reflete de forma direta e perniciosa sobre as emoções dos filhos.

3. Pais perturbam sua casa quando não dão estabilidade – Filhos precisam de rituais. Uma das características da pós modernidade é a desinstalação. Quase não existem rituais e formas estabelecidas, e não dá para saber, com certeza, até que ponto isto é positivo.
Não estou pensando em ritos religiosos, que tendem a engessar-se, embora certos rituais religiosos também sejam positivos: ter horários e programas espirituais, quer seja a participação na missa ou nos cultos. Crianças gostam de ir à igreja, cumprir certos ritos mágicos ou sagrados. Adultos também sentem a mesma necessidade.
A ausência de ritos traz instabilidade. Por isto culturas criam ritos: O da circuncisão no povo judaico e islâmico, os batismos e iniciações religiosas, os ritos culturais em tribos animistas ou o afastamento da jovem do seu círculo social no primeiro ciclo menstrual, demonstrando que agora é uma mulher.
Existem outros ritos sociológicos e familiares igualmente importantes: As férias na casa dos avós, a viagem com determinados amigos, um programa semanal da família como pescar, ir ao cinema, jogar boliche ou dominó, desde que isto aconteça dentro de uma certa periodicidade são verdadeiros ritos.
Meu pai não possuía muitos ritos com a família, mas anualmente íamos pescar e acampar. Tudo era muito provisório e precário, mas ao mesmo tempo empolgante. Tralhas de pesca, cozinha, roupas de dormir, colchões, cinco filhos dentro de um pequeno carro, e lá íamos nós. Este rito da vida era aguardado ansiosamente.
O texto que lemos acima fala do perigo de “Perturbar” a casa. Perturbar é desequilibrar a ordem. Filhos precisam de estabilidade.
Certa vez aconselhei uma mulher cujo filho apresentava alguns sintomas graves de depressão, apesar de ser ainda um pré adolescente. Como era uma família de bom poder aquisitivo, psicólogos e psiquiatras foram contratados para ajudar neste processo que desembocava agora numa síndrome de pânico. Quatro anos antes ele havia perdido o querido avô de uma forma trágica. Ele havia se suicidado. Dois anos mais tarde seus pais se separaram, e de quebra ainda teve que mudar de cidade, perdendo vinculo com sua escola e amigos, indo morar com sua mãe e avó. Depois de algum tempo sua mãe casou-se novamente e ele mudou-se para outra casa, para conviver com um homem completamente diferente. Eles freqüentavam uma comunidade cristã, mas por causa da distância, sua mãe mudou também para outra comunidade. Quando sua mãe me expôs a situação, não tive dúvidas de recomendar-lhe que procurasse dar um pouco mais de estabilidade para que seu filho pudesse se sentir mais seguro.

Filhos precisam de estabilidade em três áreas:

Física – Ter seu espaço, seu quarto, suas coisinhas arrumadas. Pode ser em ambiente simples, mas ter suas gavetinhas, suas roupinhas, uma estrutura mínima, ajuda o equilíbrio das emoções. Obviamente isto inclui ainda a segurança quanto à alimentação. Viver inseguro sem saber se hoje haverá alimentos disponíveis ou não, pode trazer transtornos psiquiátricos tremendos.

Emocional – Relacionamentos de famílias e amigos. Ter pessoas de referência, às vezes não se tem os avós por perto, mas encontra-se vínculos com amigos. Estas coisas da casa, quando os pais geram ambiente de acolhimento, quando as ameaças são suprimidas, trazem enorme tranqüilidade para seus corações.

Espiritual – Filhos precisam de referências do sagrado. Existe no coração dos seres humanos uma propensão para o sagrado. Quando os filhos desenvolvem esta espiritualidade de forma tranqüila e madura, isto traz um enorme potencial de saúde e alegria para eles, principalmente numa idade na qual apresentam enormes aberturas para as coisas espirituais. Freqüentar uma comunidade, ter vínculos religiosos, ajuda e muito na caminhada rumo à maturidade.

Conclusão:>“Quem perturba a sua casa, herdará o vento”. Já pararam para pensar no significado de herdar o vento? Não me parece ser algo muito positivo. Ventos me lembram de forças descontroladas que eventualmente mudam a face de uma região ou mesmo de um país. Me faz recordar de um furacões e tornardos, que arrasam cidades inteiras e deixam cidades completamente destruídas. Quem conviveu com o katrina em New Orleans ou se lembra daquelas pavorosas cenas, sabe do que estamos falando. Esta não é a herança nem o legado que queremos para nossa casa.
Existem filhas que se tornaram verdadeiras “Hilda furacões”. Pessoas desequilibradas na história, afligidas por uma perda não elaborada de sentido. Filhos que deixam um rastro de morte e dor nos pais. Geralmente estes personagens furacões possuem uma história de dor e angústias não resolvidas. Certamente não é esta a herança que queremos para nossos filhos.
A Bíblia afirma que “herança do Senhor são os filhos”, e eles são “como flechas nas mãos do guerreiro”, e diz que é bem aventurado aquele que enche deles a sua aljava. Filhos são heranças benditas .
Um guerreiro não pega suas flechas e as joga a esmo. Antes, aponta para o alvo que se deseja alcançar, focaliza cuidadosamente na presa, para ter os resultados que espera atingir.
Flechas mal direcionadas causam sérios acidentes. Assim é a vida do homem que perturba sua casa. Nunca nos esqueçamos que “quem perturba a sua casa, herdará o vento”.

Mt 1.18-25 A Singularidade do Natal

Introdução:

Apesar de todas as luzes, glamour e festividades que cercam esta estação tão significativa do ano, não devemos esquecer que Jesus é a razão do Natal.

Papai Noel é apenas um intruso. Ele entrou como penetra da festa e ficou. Tenho pensado se além da razão comercial e financeira que cerca o evento natal, movimentando milhões de reais, não existe uma tendência espiritual de fazer a gente pensar, ainda que inconscientemente, que tanto o nascimento de Jesus como Papai Noel, são nada mais que mitos, representações de verdades, mas não seres reais.

Ouvimos os relatos tão maravilhosos registrados nos Evangelhos: A visita dos magos, o anúncio do nascimento de Jesus a uma adolescente chamada Maria, o sonho de José, a manifestação angelical dos anjos cantando músicas celestiais no meio do deserto (os pastores, depois de ter ouvido os anjos, nunca mais apreciariam qualquer outro tipo de música...), a experiência de Ana e Simeão, e podemos achar que tais eventos são formas poéticas de se contar histórias, mas não necessariamente verdadeiras, apenas românticas ou fantasiosas, assim como são as fábulas e os “causos” contados no interior do Brasil por pessoas simples e sem instrução. Aí surgem os mitos, lendas, poesias, músicas... Podemos facilmente pensar no Natal desta forma.

Não podemos esquecer da singularidade do Natal.

Neste texto, vemos 4 verdades que apontam para tal singularidade.

1. Natal é um evento profético – O Evangelista Mateus faz uma referência a uma profecia especifica (Mt 1.23), que fora dada pelo Profeta Isaias, cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus (Is 7.14). Esta profecia fala que uma virgem daria luz a um filho. Certamente não se trata de uma profecia délfica, que são afirmações de videntes acerca de algo genérico. Certa profetisa se aproximou de uma mulher grávida da igreja e afirmou: “Vejo que estás grávida de um varão, mas se duvidares, será de uma menina”. Este é o tipo de profecia genérica que tantas vezes temos ouvido.
A Profecia de Mateus é direta e clara. O nascimento do Messias seria algo diferenciado, e assim o foi. Maria fica perplexa com a noticia e indaga: “Como será isto, já que nunca tive relação sexual?”. José fica perplexo com a informação que lhe pareceu estranho, de que sua noiva encontrava-se grávida por uma intervenção direta de Deus. Ele chegou mesmo a cogitar uma separação em secreto.

Existem cerca de 600 profecias do Antigo Testamento que se cumpriram no Novo Testamento, cerca de 300 delas referentes a Jesus.

Profecias nos ensinam algumas coisas muito importantes em relação a história. Nos mostram que não nos encontramos num universo vago e cego, mas nas mãos de um Deus sábio, providente, amoroso e poderoso. A história humana não é uma sucessão de eventos casuais e desconectados, mas é resultado de uma ação de Deus. Ele não apenas intervém na história, mas faz a história, intervindo, elaborando um propósito e até mesmo um cronograma, já que o apóstolo Paulo afirma que “vindo a plenitude do tempo, Deus enviou Jesus, nascido de uma mulher” (Gl 4.4). Jesus nasceu no tempo de Deus e no lugar determinado por Deus. Miquéias, outro profeta do Antigo Testamento afirmou até mesmo o local onde ele nasceria. “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Jesus é o centro da história de Deus.

Yancey afirma: “O Deus que trovejava, que podiam movimentar exércitos e impérios como peões num tabuleiro de xadrez, esse Deus apareceu na Palestina como um nenê que não podia falar, nem controlar a bexiga, que dependia de uma jovem para receber abrigo, alimento e amor”.

2. Natal nos revela também um Deus que quebra paradigmas – A começar pela afirmação de que “a virgem conceberá”.

Outros aspectos também nos são mostrados nas narrativas bíblicas, mostrando que a vinda do Messias subverte a ordem humana. Um rei não nasce numa estrebaria, mas num palácio; não é colocado ao lado de animais dentro de um coxo, mas nos berços luxuosos das dinastias. Os judeus esperavam um messias glorioso, Jesus se apresenta como um servo sofredor e varão de dores.
Sistematicamente padrões e convenções são colocadas de cabeça para baixo nas narrativas bíblicas.
Deus se revela aos pastores, um grupo social tão desprezado que no templo não lhes era dado o direito de ficarem no lugar dos santos, reservado aos gentios, mas deveriam ficar no pátio dos gentios, que eram reservados a pessoas deficientes, gentios e mulheres. Deus se revela a estes pastores, num local deserto. O palácio ignora as grandes realidades espirituais que surgem na periferia.
Deus também decide se revelar aos magos. Espiritualistas estranhos e enigmáticos que mais se pareciam com Paulo Coelho que com pastores evangélicos. Estes homens viviam de buscas esotéricas e tentando decifrar os mistérios dos céus através de suas pesquisas, algumas delas relacionadas à alquimia, transformação de formulas mágicas, ciências ocultas, e busca pela fonte da eterna juventude. A este grupo estranho na sua religiosidade, que moravam muito longe de Israel , vindos do Oriente, uma citação muito provável ao Iraque, e não aos escribas que viviam no templo, lendo e estudando os escritos do Antigo Testamento.

Não é estranho que as coisas sejam assim?
Deus se revela ainda a adoradores anônimos, gente simples na sua fé como Simeão e Ana, que viviam numa santa expectativa da vinda do Messias, e não àqueles que ocupavam respeitáveis cargos na hierarquia da religião judaica como o sumo sacerdote e os senhores do Sinédrio, guardiões da sã doutrina judaica.

O natal vai paulatinamente quebrando convenções tidas como certas, e Deus vai formando assim um novo povo, a partir de um Deus diferenciado do conceito estabelecido.

3. Natal nos comunica a realidade de um Deus acessível e humilde – “Ele será chamado de Emanuel, que quer dizer, Deus conosco” (Mt 1.23).

Natal nos mostra um Deus acessível, caminhando com a humanidade.

As grandes religiões falam de um Deus grande e poderoso.

No Islã, a saudação feito demonstra isto: “Alah é grande!”. Não há conceito de um Deus pai para os muçulmanos.

No Judaísmo, as pessoas temiam ao pronunciar o nome sagrado de Deus, e no templo, criaram um lugar separado para que Deus se manifestasse, e não era o local onde as pessoas se encontravam, mas no Santo dos Santos. Os gentios eram isolados do templo e ficavam num pátio exterior, ao lado das mulheres.

Agora vemos aqui, os pastores serviçais e analfabetos; os magos, gentios distanciados das promessas de Deus se aproximando do menino que nasce. Que coisa pode ser menos sagrada que um recém nascido enfaixando e chorando?
Acessibilidade e humildade não é própria das pessoas que detém o poder, e muito menos de Deus.

Quando a Rainha Elizabeth II viajou para os Estados Unidos, levou consigo cerca de 1800 kg de bagagem, sendo que tinha 2 trajes para cada ocasião, 1 traje de luto para o caso de algum funeral, 40 assentos de pelica para vasos sanitários, 1 cabeleireira, 2 camareiras e uma infinidade de atendentes. Uma viagem desta custa cerca de 20 milhões de dólares. É desta forma que os poderosos agem.
Agora nos encontramos diante de uma criança indefesa. Em Jesus reside toda a plenitude de Deus, Ele é a expressão exata do ser de Deus, no entanto, escolher ser frágil, se vulnerabiliza, se humaniza, torna-se humilde e acessível.

Leonardo Boff afirma que “uma pessoa assim tão humana, só poderia ser divina”.

4. A quarta característica do natal é que ele nos anuncia a Salvação. “É que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador que é Cristo o Senhor”.

Nasceu o Salvador. Quem precisa de salvação?

Salvação é para pessoas que se perderam na vida. Que enfiaram as mãos pelos pés, que se equivocaram, confundiram-se e não sabem mais o que fazer par retomar o fio da sua história.
Tenho visto pessoas desencontradas e que parecem não saber mais como encontrar o eixo de sua história. Isto se deu por causa de uma experiência traumática, por uma grande frustração, ou pelos constantes desvios, gente que vai pouco a pouco tomando decisões erradas e quando se percebem não sabem mais como voltar.

A Bíblia diz que Jesus veio buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). Gosto muito de pensar sobre isto.
Max Lucado afirma que poucas pessoas tem tão pouco senso de direção como ele. Já entrou num vôo pensando estar viajando para um local e parar noutro destino completamente diferente; já pegou a estrada na direção errada, só se atrasou em eventos por não encontrar a rua certa, e assim por diante. Perdido é alguém que perdeu o senso de direção, e não sabe mais para onde está indo e não consegue mais voltar.

“Hoje vos nasceu o Salvador”. Jesus é o seu nome. Ele veio para nos salvar.

Que grande noticia o natal nos traz!

Conclusão:

Em maio de 2008 Jônatas Alves, um jovem de apenas 18 anos saiu para caçar na cidade de Presidente Figueiredo, que fica a 170 Kms de Manaus, e se perdeu na densa floresta da região. Um aparato de amigos, bombeiros e soldados foi acionado para ajudar na procura, mas depois de 20 dias, as buscas se encerraram, mas não para seu pai que era agricultor. Com a ajuda de seu irmão e dois mateiros, ele continuou sua incansável busca, pois dizia que em seu coração estava certo de que seu filho ainda vivia. Depois de 50 dias, o encontraram ainda vivo, a 45 Km de onde havia se perdido. Infelizmente o garoto não sobreviveu, mas ainda conseguiu dizer ao seu pai: "Eu sabia que o senhor viria!""
Por ser uma região de difícil acesso, ele amarrou seu filho a uma rede a 2 mts de altura, temendo que algum animal o devorasse e foi buscar ajuda para o resgate, e seu corpo foi sepultado na cidade, com a presença de 32 amigos e familiares.

O garoto faleceu, mas seu pai nunca desistiu de buscá-lo.

A história do Natal nos fala também de outro pai, que incansavelmente veio atrás dos seus filhos, "buscar e salvar o perdido". Na história do Natal, felizmente, o final foi diferente. "Ele nos transportou do império das trevas e nos trouxe para o reino do Filho do seu amor". Ele nos resgatou e nos trouxe com vida para desfrutarmos de sua comunhão e cuidado.

Devemos celebrar o natal com alegria. Nele encontramos a graça de Deus disponível a todos nós. No Natal genuíno vamos encontrar este maravilhoso Deus, que sendo Senhor da terra e dos céus, Senhor da história, resolveu ainda se tornar gente e caminhar entre nós.

Que Deus nos abençoe!

Samuel Vieira

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mc 8.11-13 A OBSESSÃO POR SINAIS

Introdução:
Jesus é colocado sob pressão: "Pediram-lhe um sinal do céu".
 A humanidade sempre foi atraída por fenômenos, pelo mágico.
 Jesus muita vezes foi pressionado a dar sinais confirmatórios de sua messianidade e divindade.
 Jesus nunca atendeu aos curiosos que andavam perto dele: gregos, Herodes, etc.

Por que? Ele podia fazer tais sinais, já havia feito vários outros. Será que isto não provocaria fé e autenticaria de forma mais rápida, seu ministério?

1. Porque a obsessão por sinais implicitamente revela uma falta de fé, por isto busca sinal comprobatório externo. Sinal é requerido porque não se crê. Em Mc 8.11 nos é dito que isto é tentação. O que satanás pede a Jesus? Sinais. No entanto Jesus disse: Não tentarás ao Senhor teu Deus.
Gideão : Jz 6.14-16
Mc 8.11 – Tentaram a Jesus pedindo um sinal
O que Satanás pede a Jesus enquanto o tentava? Sinais.

2. Porque a presença visível de Deus e a manifestação de seus sinais não geram uma fé duradoura em nossa vida. Os israelitas nos dão amplas provas de que sinais tendem a gerar dependência, nos vicia. Existem muitos que não querem Deus, mas a benção de Deus. Estes fariseus (Mc 8.11), não querem a Deus, mas o mágico. Herodes também (Lc 23.8-9).
Sinais geram dependência.
Gideão queria crer e por isto pediu uma prova que lhe foi dada com a oferta de seu sacrifício na penha. Isto, porém, não foi o bastante. Então ele falou do orvalho na lã; mas isto também não foi o bastante; ele então exige que haja orvalho na terra seca – e mesmo assim ainda encontra-se em dúvida.
Muitos falam que querem pedir a Deus o sinal de Gideão. Não! Gideão não é alguém para ser imitado. Sua atitude era de incredulidade, e não de fé. “Bem aventurados os que não viram e creram".

A geração de Moisés foi a que mais viu sinais, mas foi também a mais obstinada.
Muitos não querem o Deus da benção, mas as bençãos de Deus.
Fariseus/gregos/ Herodes – todos pedem sinais.

3. Porque, essencialmente. A fé não pode depender de sinais.
 A própria definição de fé aponta para isto (Hb 11.1).
 O encontro de Jesus com Dídimo, este é censurado porque quer ver (Jo 20.26-29).
 Em Jo 4.48 nos é dito: "se porventura não vires sinais e prodígios, de modo nenhum crereis".
 Mt 12.38 este desejo por sinais revela incredulidade.
 Mt 12.38 "queremos ver, de tua parte, algum sinal", e Jesus responde: "esta é geração perversa! Pede sinal". Lc 11.29-32

4. Porque o justo não vive pelo que vê, mas pelo que crê  Hab 2.4 "O justo viverá pela fé". Habacuque vive dias complicados, e faz uma declaração de fé no meio do caos. “Ainda que, o fruto da oliveira mente, não haja fruto na vida, a figueira não floresça, os campos não produzam alimentos, e as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado; eu, todavia, me alegro no Deus da minha salvação”. Esta é a fé do ainda que.
 Em Romanos, Paulo resgata esta mesma compreensão, afirmando que: "A justiça de Deus se revela no Evangelho, porque o justo viverá pela fé" (Rm 1.16,18).

5. Porque a história de Israel nos revela que, a despeito dos sinais claros de Deus diante do povo no deserto, os israelitas não responderam com adoração e amor, mas com mais exigências, medo e rebelião declarada.

Conclusão:

A grande obra (Jo 6.28-29)

Jesus ensinou que "Quem crer e for batizado, será salvo" (Mc 16.15). Agradamos a Deus quando cremos nas suas promessas e nos firmamos nela, ainda que as circunstâncias nos pareçam contrárias ou desfavoráveis.
O texto paralelo de Mc 8, pode ser lido em outros evangelhos sinóticos. Jesus assim afirma aos que lhe pedem sinal: "Nenhum sinal será dado, senão a esta geração incrédula e adultera, senão o sinal de Jonas, porque assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim importa que o Filho do Homem, morra e ressuscite” (Lc 11.29). O Filho do homem é o sinal de Deus.
Jesus não quer ser milagreiro, atendendo a curiosos, mas deseja ser senhor de nossas vidas. Governa o nosso coração.
Diante de um Dídimo incrédulo: "por que viste, crestes? Bem aventurados os que não viram e creram".

Mc 7.31 A duplicidade do Mal

Introdução: Nossos problemas normalmente possuem duplicidade. O que se vê não é exatamente o que causa o problema. Nossas ações visíveis apenas refletem problemas mais profundos. “A boca fala daquilo que o coração está cheio”. Existe o problema que se vê, aquilo que é facilmente diagnosticado, mas as raízes podem se encontrar num nível muito mais profundo e denso.
A teoria sistêmica de aconselhamento já tem trabalhado bastante sobre tal conceito. O paciente identificado de uma determinada família, um adolescente deprimido ou uma criança problema, é a ponta do problema. Será que esta criança realmente é o problema ou apenas reflexo de uma família disfuncional?
Exemplificando:
 Por que nos iramos? Ira normalmente é um pecado de superfície, alguma coisa profunda encontra-se em nossa alma, e nossa ira vem a tona. O problema está mais profundo;
 Por que vivemos ansiosos? Nossa ansiedade revela um problema mais profundo: Nossa dificuldade de crer na provisão e cuidado de Deus. Ansiedade sempre revela nossa incredulidade.
 Lutero afirma que por detrás de um problema sempre existe outro mais profundo: Para ele, a quebra do primeiro mandamento, "não terás outros deuses diante de mim", é o pecador gerador de todos os demais males. Por idolatrarmos coisas e pessoas antes que adorarmos a Deus, vivemos nesta angústia de nossa alma.

Narração:
Este texto nos fala de um homem surdo e gago. Sua dificuldade de fala apenas revela um problema de audição. Por ouvir mal, decodifica mal as palavras e reproduz mal as palavras. Sua gagueira é resultante da insegurança no seu ouvido.
Alguém já afirmou que todos nós temos quatro faces em nossa personalidade:

ObscuraNem eu nem os outros conhecem

OcultaEu não sei, mas os outros sabem

EscondidaEu sei, os outros não sabem

ReveladaEu conheço, os outros também conhecem.

Normalmente nossos problemas são superpostos: Um abismo chama outro abismo...
Todos temos dois problemas; O que se percebe ( a gente pense que este é o problema), e o que gera o problema: (nem sempre temos conhecimento desta face de nossa alma: O que está gerando esta questão.
Por isto o salmista indaga: "Por que estás abatida, oh minha alma. Espera em Deus pois ainda o louvarei. A ele, meu auxilio e Deus meu" (Sl 42.1).

Como lidar com estas questões de nossa vida? Com coisas que nos tornam menos do que aquilo que somos? Este texto sugere uma progressão neste encontro com Cristo: Aproximação, experiência privativa com Cristo e seu toque.

1. Precisamos nos aproximar de Jesus – O texto mostra que “Lhe trouxeram” (Mc 7.32) Parece-nos que não foi uma iniciativa pessoal, mas algumas pessoas, preocupadas com sua situação, o apresentaram a Deus. A luz de Cristo denuncia nossas trevas, revela nossa podridão, os cantos escuros do porão de nossa alma e os esqueletos de nosso armário. A presença de Cristo ilumina. Esclarece nossas mentes, revela o escondido. O texto de Hb 4.12 afirma que a Palavra de Deus "é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes, e é apta para separar juntas e medulas e discernir os pensamentos e propósitos de nosso coração".
Nossos pensamentos, nossas intenções, nossas motivações, nossos segredos são revelados com a palavra de Deus.
Muitas vezes somos trazidos a Jesus, como o texto parece indicar neste caso. "Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele" (Mc 732). Parece-nos que ele não toma a iniciativa de vir, mas algumas pessoas o induzem a vir. São aqueles que reconhecem a autoridade de Jesus, e o trazem para ser tocado por Jesus. Muitas vezes somos "trazidos" a Jesus, porque nós mesmos ainda não estamos convencidos de que vale a pena. Vivemos num tempo de tantas falsas promessas, de ofertas de expectativas errôneas e nos tornamos cínicos quando Deus nos chama para virmos. E assim continuamos. No entanto, vir para perto de Jesus, ser tocado por Jesus, ilumina nossa alma.

2. Precisamo de uma experiência privada com Jesus – (Mc 733) Jesus mesmo toma a iniciativa em relação a este homem. Jesus o tira da multidão, à parte. Jesus o tira das pressões cotidianas, do burburinho social, porque aquele homem precisa ter uma entrevista, um encontro de alma, com Jesus.
Muitos de nós, precisamos deste toque individual de Jesus. Deixar que Jesus se aproxime. Somos uma sociedade muito agitada, pressionada, precisamos de parar com Deus para ouvi-lo. Isto traz cura para a alma, dar tempo para que nosso coração se sedimente.
A verdade é que gostamos muito da multidão. Mas nossa experiência com Jesus não pode ser reduzida a uma experiência pública. Jesus nos chama para a individualidade, ele deseja tratar conosco. Cura de almas não se dá nu burburinho.
Jesus quer lidar com um homem cuja voz é quebrada, gaga, que lhe causa constrangimento. Muitos temos gagueiras nas nossas emoções, nossas memórias, nossa língua, no jeito de falar e de ser. Nos tornamos deficientes, somos incapazes de articular com propriedade a nossa vida.
Tenho encontrado pessoas com dificuldade de articular suas emoções, são pessoas descontroladas em sua psique. Por ouvir tanta bobagem, por serem receptáculos de tantas informações desencontradas, tanto conteúdo danificado, começam a falar de forma truncada, gaguejam na vida.
Nossos comportamentos refletem nossa alma. Somos o que pensamos ser, ou o que nos disseram que seriamos. Somos o que cremos ser. O que nossos ouvidos, que são, a antena de nossas almas, disseram que éramos. Comportamentos refletem estado de alma.
Conheci uma garota de uma família nos EUA. Ele foi abusada sexualmente pelo seu próprio tio. Ela relatou isto para sua mãe que, talvez por medo de confrontar ou num processo de negação, lhe disse que aquilo não passava de uma fantasia. Esta menina cresceu odiando a sua mãe, e se tornou uma pessoa cujos relacionamentos eram altamente agressivos. Sua vida virou um caos. Ninguém gostava dela na família e ela fazia questão de que não gostassem. Odiava viver, entregou-se a todos os namorados, enveredou-se por caminhos tortuosos. Um dia, churrasco na família, ela vai passando na varanda, sem cumprimentar ninguém para ir para seu quarto, quando um dos tios a confrontava com sua deselegância e rudeza. E ela, replicou com toda sua amargura, ódio e ressentimento, tudo quanto ela tinha na sua alma contra sua família: denunciou a insensibilidade de sua mãe, a falta de caráter de seu tio, a hipocrisia de uma família certinha, porque sua alma estava em caos.

Por que tantas pessoas encontram dificuldade em serem vitoriosas? A gente culpa o sistema, a forma da pessoa ser, mas o problema pode está muito mais profundo: "Do coração procedem todas as fontes da vida". Não foi isto que Jesus falou?
Quando as pessoas indagaram a Jesus sobre a comida (aspectos exteriores da lei), Jesus disse que o que fazia mal não era o que a pessoa comia, mas aquilo que estava no coração do homem. A essência do mal não é o exterior, mas o interior.
Um dos casos mais dramáticos registrados pela policia se deu com um que viveu aqui perto de nós, na cidade de Corumbá: Ele se tornou um serial killer, matando mulheres, depois de ter sexo com ela. Numa das entrevistas que ele deu, afirmou que havia dentro dele uma sede incontrolável por matar, uma voz que o mandava matar as pessoas. Embora ele venha a ser julgado pelos seus atos bárbaros, isto é, o seu julgamento tem a ver com seu comportamento, não pelo que acontecia no seu coração, sabemos que o seu grande problema está no seu coração.
No inicio do ano, dei uma serie de palestras sobre como educar filhos no século XXI, e um dos temas que explorei foi como educar nossos filhos não exteriormente, mas como pastorear o coração dos nossos filhos, isto é, identificar o que se encontra por detrás de suas atitudes e comportamentos pecaminosos, e ajudá-los nos seus conflitos interiores.
A mesma coisa precisamos fazer com nossas reações. Por que ajo e reajo da forma que faço? Como interpreto a vida de forma tão amargurada? A quem desejo matar? A quem desejo ferir? Via de regra estas questões tem a ver com ódios e ressentimentos mal resolvidos, com iras sepultadas vivas, questões mal resolvidas em nosso coração.
Uma experiência, um encontro de nossa alma com Jesus é libertador, já que ele é a luz do mundo. Algumas pessoas, diante do encontro com sua dor, literalmente vomitam, jogam para fora pedaços de bílis. Isto revela a intensidade e a profundidade da dor. Mas o que vemos é o que se encontra de forma periférica. A dor mais profunda se esconde por detrás de nossa face e de nossas reações exteriores. A gagueira oculta a dificuldade de ouvir. A primeira é perceptível, mas não é a causa, a causa provém da incapacidade auditiva.
A Bíblia diz que Jesus levou sobre si nossas enfermidades. Ele pede para que lancemos sobre ele toda a nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós.

3. Jesus não se distrai com os problemas visíveis de nossa vida, mas vai na essência de nosso problema. O que ele faz no texto? "pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva...e disse: Efatá! Que quer dizer: Abre-te!
O que ele faz aqui?
Ele confronta a surdez. Você precisa a ouvir de forma diferente, a ver de forma diferente, a discernir de forma diferente. Nossa audição truncada, recebe emoções truncadas e nos leva a reagir de forma truncada. Só Jesus pode nos confrontar nas áreas que nossa vida precisa ser confrontada. Quem não ouve bem, não fala bem. Por isto a Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” Deus precisa nos capacitar a ouvir, para que nosso diálogo possa ser restaurado.
Existe uma afirmação do salmista que diz: “sacrifícios e ofertas não quisestes, abriste o meu ouvido”. Eugene Peterson afirma que uma declaração mais direta seria: “Cavaste ouvidos em mim”. É exatamente isto que precisa acontecer em nós. Deus precisa cavar ouvidos, nos habilitar a ouvir.
Jesus não entra nas questões visíveis da alma, mas penetra nos segredos do coração e da alma daquele humem . A Bíblia afirma que Jesus vai "julgar os segredos dos homens", de conformidade com o Evangelho (Rm 2.16). Quais são os segredos seus que precisam ser julgados por Jesus.
O que leva a sua fala, a forma de expressar sua vida, a ser tão embaraçada? O que está atravancando sua vida? O que tem transformado sua capacidade de comunicar amor, ternura, paixão, em algo tão trôpego? O que tem gerado sua gagueira?
A Bíblia afirma que quando os ouvidos se abrem, o impecilho da língua se desprende e a pessoa passa a falar desembaraçadamente (7.35).
Solte as amarras da alma que sua vida vai ser livre, desembaraçada. Ninguém pode andar bem, se seus movimentos interiores são todos confusos.
O escritor aos hebreus afirma que precisamos nos desembaraçar de "todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia", correndo "com perseverança, a carreira que nos está proposta" (Hb 12.1). a verdade é que impecilhos na alma, ninguém será livre.
Agora, só Jesus tem o poder de confrontar estas questões da alma. Por isto precisamos nos aproximar dele.

Você não está precisando de vir a Jesus?
Não gostaria de ser tocado por ele?
Não gostaria de experimentar a cura de dentro para fora que só ele pode gerar?
Curve sua cabeça, vamos orar...

Mt 1.22-23 A singularidade do natal

Introdução:Brennan Manning chama a atenção para o fato de que, mesmo quando o Natal assume uma forma paganizada e mundanizada, a presença de Jesus inevitavelmente será distinguida. Quando afirmamos “Feliz Natal”, estamos fazendo uma declaração de fé, e mesmo os pagãos estão, sem perceber, declarando algo que negam crer, sendo assim uma declaração “às avessas”.
Nestes dois versículos de Mateus, aprendemos algumas verdades importantes:

1. Natal é quebra de paradigmas – “A virgem dará a luz”. Não se trata de algo convencional. Imagine Maria relatando aos seus pés que na noite anterior, ela fora visitada por um anjo e que encontrava-se “grávida do Espírito Santo”? Que reação teríamos se nossa filha adolescente fizesse semelhante declaração? José mostrasse cético e “resolveu deixá-la secretamente”. Em outras palavras, está dizendo que não cria em nada naquela história de Maria. Grávida, ela se dirige para os desertos da Judéia para fazer uma visita a Isabel, sua aparentada, e por lá fica 3 meses. Isto nos mostra que as coisas não ficaram muito claras no pequeno vilarejo onde morava.
Natal quebra paradigmas. A virgem engravida-se.
Esta será uma ênfase constante na revelação de Jesus.
A. Um rei se veste com opulência e fausto & Este rei se encontra num curral, deitado num coxo;
B. O Messias aguardado seria poderoso e glorioso & O Messias surge como servo sofredor (Is 53);
C. O Messias seria uma revelacao para os teólogos de plantao & Jesus se revela a um grupo de religiosos suspeitos e heterodoxos: Os magos...
D. O Messias ocuparia os lugares de honra e se revelaria aos sacerdotes & Quem recebe a revelação são os pastores, profissão de pouco valor entre os judeus.
E. O Messias deveria ocupar a tribuna de honra do templo & Deus se revela a adoradores anônimos como Simeão e Ana.
Natal subverte a ordem. Quebra as convenções. Esta é a característica deste evento.

2. Natal é um evento profético – (Is 7.14).
Existem cerca de 600 profecias do Antigo Testamento que se cumprem no Novo, sendo que cerca de 300 delas se cumprem em Cristo.
É importante pensar no significado das profecias. Elas nos revelam:
A. Deus governa a história
 A história não é uma sucessão de eventos desconexos e casuais, mas possui teleologia (ou objetividade);
 A história não é cega, mas cumpre um cronograma divino;
 Deus apenas não intervém na história, mas Deus é Senhor da história. “intervir” nos dá a idéia de que Deus, “age”, quando os fatos sobre os quais ele não tem nenhum domínio, acontecem. Então, diante das tragédias humanas e catástrofes, Deus “age”. Profecias nos lembrar que a história é apontada por Deus.
 Profecias nos lembram ainda que a história segue um propósito divino – O tema principal do livro de Apocalipse é que todas as coisas estão sob o controle divino. A história segue inexoravelmente para um fim apontado por Deus, e não há força no céu ou na terra capaz de deter o seu avanço;
 A história segue um cronograma divino – Vemos esta idéia em Gl 4.4: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”. A história segue um tempo de Deus. Na hora de Deus, as coisas vão acontecer como ele determinou.
No núcleo destas profecias, vemos Jesus, como centro do propósito redentivo de Deus para a raça humana, a encarnação e a cruz se constituem neste epicentro da história.
Deus invade a história e se torna humano.
Philipe Yancey: “O Deus que trovejava, que podia movimentar exércitos e impérios como peoes num tabuleiro de xadrez, esse Deus apareceu na Palestina como um nenê que não podia falar, nem controlar a bexiga, que dependia de uma jovem para receber abrigo, alimento e amor” (O Jesus que nunca conheci, pg 38).
Do ponto de vista pessoal, é bom saber que não me encontro nas mãos do acaso, nem da natureza cega, mas debaixo da direção de um Deus pessoal, providente e amoroso, que vê a história desde o princípio. “Não sei o que me aguarda no futuro, mas sei quem está no futuro”.

3. Natal é comunicação de um Deus singular – “Deus conosco (Emanuel)”. Este Deus se apresenta com uma roupagem peculiar:
a. É um Deus humilde – Nas grandes religiões do mundo como o Judaísmo, cristianismo, islamismo, “Deus é grande”. Isto não se constitui nenhuma novidade, já que poder é uma prerrogativa básica da divindade. A novidade que encontramos aqui é a humildade de Deus.
A Rainha Elizabeth II, gasta cerca de 20 milhões de dólares em cada viagem que faz. A logística inclui 2 trajes para cada ocasião, 1 traje de luto (se alguém morrer); 40 assentos de pelica para vasos sanitários, 1 cabeleireira, 2 camareiras e uma infinidade de atendentes.
Jesus se apresenta de forma nada convencional: dentro de um coxo, num curral da periferia de uma cidade pobre.
b. É um Deus acessível – Os judeus tremiam ao pronunciar o nome sagrado de Deus, por isto criaram um lugar separado no templo para Deus, e isolavam os gentios do templo.
Neste local isolado, deveriam ficar pessoas como os pastores, que eram serviçais analfabetos e eram restritos aos pátios externos do templo, e os magos, que eram gentios, distanciados das promessas de Deus. Estes homens, porém, são os convidados para o nascimento do menino.
O que pode ser menos sagrado que um recém nascido enfaixado e chorando? Ali se encontra um bebê, menino-Deus, vulnerável, dependendo do cuidado de uma adolescente. Deus acessível...

Conclusão:Nestes versículos aprendemos pelo menos três lições:
 Natal é quebra de paradigmas – “A virgem dará a luz”.
 Natal é um evento profético – (Is 7.14).
 Natal é comunicação de um Deus singular