segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mc 8.27-30 Se és Filho de Deus

Introdução:
No livro “Se és Filho de Deus” , Ellul analisa a natureza de cristo, seus sofrimentos e tentações, denunciando o racionalismo que separa o cristo da fé, o Messias, O Filho de Deus que faz milagres, do Jesus da história, negando os milagres e as intervenções sobrenaturais, fazendo-as parecer mitológicas. Para ele, racionalistas e liberais, negam a essência do Jesus da Bíblia.
A questão cristológica, sem dúvida alguma, foi o ponto mais discutido da teologia cristã, que surgiu desde os dias apostólicos, até o Sec. IV, através dos movimentos docéticos e gnósticos, com Apolinário, Márcion e Ário, e consumiram muitas horas de discussões e debates de Concílios da Igreja, até que finalmente, através de dois concílios universais, em Nicéia (325) e Calcedônia, colocaram um ponto final afirmando Jesus como totalmente humano e divino .
Jesus tem todo interesse em clarificar sua natureza, e para saber o que os discípulos pensavam dele, faz uma pergunta direta em Mc 8.27: “Quem dizem os homens que sou eu?” e posteriormente volta-se para os discípulos e pergunta: “Mas vós, quem dizeis que sou eu?” (Mc 8.29)
Pela resposta dada por Pedro, torna-se claro que existem dois tipos de resposta: A popular e a resposta de fé.

A resposta Popular
O que marca a resposta popular é que elas negam a essência de Jesus, ou seja, sua divindade, e o identificam como místico, alguém com características especiais de profeta.
Regina Casé, no inicio de 2012 humorista e apresentadora da Globo fez isto no seu programa (01/Jan/2012), convidando pai santo, babalorixá, videntes e uma pastora evangélica. A idéia por detrás da atitude de tolerância era mostrar que era tudo igual, apesar das interpretações diferentes. Jesus é uma entidade, um guru, um espírito de luz.
Esta foi a mesma visão que as pessoas dos dias de Jesus tinha a seu respeito: João Batista, Elias, alguns dos profetas.

A resposta popular, geralmente desemboca em três pontos de vista:

A. Místico – Um modelo a ser imitado. Nenhuma religião, nem mesmo o islamismo com seu reducionismo teológico, tem qualquer dificuldade em reconhecer Jesus como profeta. O problema está sobre a pessoa de Jesus esbarra em duas controvérsias:
i) Sua singularidade – Quando se afirma que ele é distinto e único na sua natureza. A ideia popular é que ele é mais um, mas a visão da Bíblia é que ele é único. Jesus deixou claro ao afirmar: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”(Jo 14.6)
ii) Sua Divindade – Ele foi acusado de blasfemar por afirmar sua identificação com o Pai- “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18). A acusação contra Jesus era de Blasfêmia: fazer-se ou considerar-se Deus.

2. Filósofo – Idéias a serem discutidas - Este segundo ponto de vista tem sido também uma ideia muito difundida, Jesus é um pensador. No entanto, os evangelhos nos mostram que Jesus não apenas trazia uma nova mensagem: Ele era a mensagem! Jesus não apenas pregava o Evangelho, ele era o Evangelho a ser pregado. Resumir Jesus a uma corrente de pensamento filosófico é destituir a própria essência daquilo que ele é.
Se Jesus não era Deus, temos apenas outras duas opções: Ou ele era mistificador ou louco. O primeiro é alguém que deseja enganar intencionalmente, e atrai pessoas simples para o seu ponto de vista; louco é alguém que perde a noção do real e vive no mundo do imaginário. Jesus exigia que seus discípulos o adorassem e não rejeitava tal atitude quando vinda deles. Se não era Deus, era louco, já que trazia sobre si a prerrogativa de um ser divino .

3. Profeta – Ensinamentos a serem considerados - Profeta é alguém que tem uma mensagem para dar, vinda da parte de Deus. Ele é o canal de Deus. A figura de profeta tem sido muito esvaziada hoje em dia quando tantos se auto intitulam profetas e profetisas, mas o profeta do Antigo Testamento era tido como “boca de Deus”, e quando proferia uma afirmação em nome de Deus, e tal afirmação era falsa, era apedrejado (se esta regra valer para os nossos dias...)

Jesus então, pede aos seus discípulos que lhe digam o ponto de vista popular. Mas em seguida, faz outra pergunta de caráter particular: “Mas vós, quem dizeis que sou eu?” (Mc 8.29).
Por que é importante esta resposta particular?

Jesus e Você Duas coisas importantes acontecem sobre a nossa compreensão da natureza de Jesus.
1. Resultado de Revelação - A resposta de Pedro foi: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Logo após sua declaração, Jesus afirma o seguinte: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus”(Mt 16.17). (O evangelista Marcos não a registra, mas Mateus a descreve cuidadosamente).
Pedro afirma duas coisas sobre Jesus: (a)- Que Ele é o Cristo (tradução da Palavra Messias que vem do hebraico). Alguém que fora prometido por Deus, através de seus profetas no Antigo Testamento. Sendo assim, Jesus seria o cumprimento profético de Deus para a nação judaica e para todo mundo; (b)- Que Ele é o Filho do Deus vivo – Alguém que possui identidade com o Pai. Jesus mesmo se identificou desta forma ao afirmar: “Eu e o Pai somos um”(Jo 10.30). Esta afirmação foi tão agressiva que os judeus apanharam pedras para lhe atirar, e quando Jesus pergunta porque eles queriam tomar tal atitude, os judeus responderam: “Por causa da blasfêmia, pois sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo “(Jo 10.33).
Quando Pedro afirma que Jesus é o Cristo (Messias), o Filho do Deus vivo, ele afirma: “Bem aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne nem sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”(Mt 16.23). Jesus afirma para Pedro que isto era resultado de uma revelação. Jesus demonstra que para se ter a visão essencial da natureza de Cristo, só é possível se o Pai se revelar a nós. Por isto Jesus chama Pedro de Bem aventurado.
Tomé, chamado Dídimo, foi um dos apóstolos de Jesus e andou com ele durante os três anos de seu ministério. Certamente gostava de Jesus, e o admirava pelos seus poderes, pela visão da vida, e por isto andava ao seu lado e o servia, mas logo após a ressurreição demonstra que ainda não sabe quem realmente é Jesus. Por isto achou absurda a idéia da sua ressurreição e colocou em dúvida a noticia que seus colegas lhe deram, até que Jesus se coloca diante dele. Em seguida Tomé faz uma estupenda declaração de fé, caindo de joelhos, adorando-o e dizendo: “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20.28). O texto diz que agora Tomé o adora.
Só entendemos quem realmente é Jesus quando a revelação do Pai vem para o nosso coração. Deus precisa abrir nossos olhos.
Certo rapaz me afirmou que tinha dificuldade para crer em Jesus como Deus. Eu então lhe falei: “Quando o Pai celestial lhe revelar esta verdade, você fará a correta declaração de fé a respeito do Filho de Deus”. Isto o chocou profundamente e ele ficou algumas semanas pensando a este respeito.

2. A compreensão que temos de Jesus define a forma como nos relacionamentos com Ele – Por isto é tão importante uma correta afirmação sobre sua natureza. O que acontece se você o considera apenas como um místico? Você não verá nenhuma diferença entre ele, Dalai Lama, Buda, o guru que orienta a jornalista Elizabeth Gilbert, em comer, rezar e amar , que oferece “ao universo uma fervorosa oração de agradecimento”. Por acaso alguém sabe quem é o Universo a quem ela dirige suas preces?
Tomé caminhou com Jesus durante todo o seu ministério, mas agora sua visão o leva a se tornar um adorador.
No episódio da cura do cego de nascença registrado em Jo 9, vemos como nossa visão acerca de Cristo determina nosso relacionamento com ele. Sua visão de Jesus passa por três níveis:
A. Jesus é visto como um homem especial – Quando os judeus indagaram quem o tinha curado, ele afirma: “O homem chamado Jesus, fez lodo, untou-me os olhos e disse-me: vai ao tanque de Siloé e lava-te: então fui, lavei-me e estou vendo” (Jo 9.11). Ele percebe que Jesus era especial, mas isto não o aproxima de Jesus.
B. Jesus é visto como um profeta –“Que dizes a respeito dele, visto que te abriu os olhos? Que é profeta, respondeu ele”(Jo 9.17).
C. Por último, Jesus é visto como alguém a ser adorado - “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado do templo, encontrando-o lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? Ele respondeu: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tem visto, e é o que fala contigo, então, afirmou ele: creio, Senhor, e o adorou”(Jo 9.38).

Conclusão:E você, o que diz acerca de Jesus? Você já compreendeu quem é Jesus?
Que relacionamento você tem tido com ele?
Como alguém que é um homem especial, um místico, ou um profeta?
Você já sentiu o toque dele como o cego de nascença?
Você já viu as suas mãos perfuradas como Tomé?
Você o tem adorado? Reconhecido sua divindade? Aquilo que ele realmente é?

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