segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

1 Rs 13.11-26 O Aprendizado do Ministério

Introdução:
Hoje estamos aqui para a ordenação do irmão Giovanni Zardini, que recentemente completou todos os requisitos que nossa denominação exige para a ordenação de uma pessoa ao Sagrado Ministério. Giovanni teve que dar prova de chamado à sua igreja local, em Uruana-GO, sendo este chamado reconhecido pela liderança local ele foi encaminhado ao Presbitério de Ceres, aprovado seguiu para Goiânia onde cursou o Seminário Brasil Central dos anos 2007-2010, onde teve toda sua formação acadêmica, concluído o seu curso ficou um ano nesta igreja, sendo avaliado no seu chamado. Foi rigorosamente sabatinado pelo Presbitério de Anápolis ao qual apresentou uma tese de teologia, uma exegese demonstrando conhecimento básico das línguas originais em que foi escrito a Bíblia, submetido a perguntas em várias áreas pastorais: Vida cristã e testemunho, teologia bíblica e teologia sistemática, sacramentos, problemas relacionados à igreja e história da igreja (missiologia). Tendo sido aprovado, encontra-se agora, diante desta igreja do Senhor Jesus Cristo, Senhor desta igreja, para sua ordenação ministerial.
Escolhi este texto, porque o considero relevante para nossa reflexão sobre o chamado pastoral. É um texto sério, exortativo, e que nos leva a considerar quão importante é que aprendamos a viver dentro do chamado de Deus para nossa vida.

Este episódio se dá logo depois da divisão do reino do Sul e do Norte em Israel. Jeroboão insistiu para que os impostos diminuíssem. Roboão, porém, foi inflexível no seu reinado, e 10 tribos formaram um novo reino. Jeroboão, porém, não foi um rei piedoso, pelo contrario, fez bezerros de ouro, colocando-os um em Betel e outro em Dã, para que o povo viesse trazer suas oferendas. A Bíblia afirma que ele criou um sistema paralelo religioso: “A quem queria, consagrava para sacerdote dos lugares altos”. (1 Rs 13.33). Então Deus manda um profeta para confrontar seus pecados. Ao chegar ali, o profeta foi extremamente leal e zeloso, mas o final de seus dias não terminou bem, por sua desobediência.
Aprendemos com este profeta, que como homem de Deus, devemos discernir o falso do verdadeiro, e isto exige nossa atenção. Como viver de forma que glorifiquemos integralmente a Deus? Como não ser atraído por ofertas tentadoras que tiram o foco do chamado do nosso ministério?
Este texto nos fala de um profeta que exerceu até certo ponto, com fidelidade, o chamado do Senhor, mas se descuidou e por isto foi severamente punido. Pela vida deste homem, observamos que a vida pastoral precisa ser uma vida de aprendizado.

1. Aprender a não barganhar favores – (1 Rs 13.7).
Príncipes querem calar a voz dos profetas. Reis querem se aliar ao sagrado e controlá-lo. Jeroboão era um homem religioso, mas não tinha compromisso com a verdade, como temos tantos políticos por ai. Gente que gosta de trazer oferendas, dar ofertas, participar de quermesses, mas sem temor de Deus em seus corações. Fazem isto para satisfazer as entidades e aos deuses, e muitas vezes movidos por culpa por suas perversidades.
Alguns anos atrás, um diácono da minha igreja esteve envolvido numa campanha para levantar recursos para a construção de um hospital evangélico. Não demorou para que um bicheiro resolvesse trazer US$ 10 mil dólares para ajudar, e quando ele soube da fonte do dinheiro recusou.
Existem muitos reis e políticos, que assumem a atitude do “politicamente correto”, acendendo uma vela para Deus e para os demônios, mas querem domesticar os profetas.
Quando Jeroboao convidou o profeta para vir ao palácio, assentar-se á sua mesa, receber honras, isto provavelmente nos agradaria muito, ele recusou. Recebera ordens do senhor para não se aliar.
Podemos ser levados para zonas de conforto perigosas. E para aprender a discernir o falso do verdadeiro, precisamos tomar cuidado para não barganhar, não negociar o sagrado, não rifar Deus por ofertas e sugestões tentadoras. Não trocarmos nossa primogenitura e ministério por um mero prato de sopa de lentilhas.

2. Aprender a discernir vozes – Se num primeiro momento, vemos o profeta assumindo uma atitude corajosa, recusando benesses e gratificações reais, noutro momento, vemos o profeta envolvendo-se numa enrascada imensa porque confundiu as vozes que lhe falavam. Como isto é perigoso nos dias de hoje.
Um velho profeta o engana. O texto é auto-explicativo. Deus dera uma palavra bem clara, mas aquele homem titubeia no que ouviu do Senhor e segue o ancião, travestido de sacralidade, dando ouvido a sereias. “Também eu sou profeta e um anjo me falou” (1 Rs 13.18). Tome cuidado com “velhos profetas” que ouvem vozes de anjo e falam em nome de Deus. Tenha cuidado para discernir a voz de Deus.
Paulo afirma: “Ainda que venha um anjo do céu e traga outra mensagem diferente da que vos tenho entregue, seja anátema!” (Gl 1.8). Vivemos dias em que a Palavra de Deus tem sido profundamente relativizada e homens tem dado profecias da carne dizendo terem ouvido tais vozes do Senhor. Precisamos interpretar corretamente a Palavra de Deus e sermos leais ao seu conteúdo para não sermos enganados por homens que dizem ouvir vozes de anjo e que se auto intitulam de profetas. Nosso critério seguro é a Palavra de Deus, de tal forma que ao nos levantarmos do púlpito devemos dizer: “Esta é a palavra de Deus – Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz à igreja”. Sabemos que nem todos ouvirão a Palavra, e que muitos a rejeitarão e até mesmo sentirão “como que coceiras no ouvido”, diante de suas verdades, mas somos chamados para sermos ministros da Palavra, e assim devemos viver dizendo: “Esta é a voz do Senhor! Assim diz a Palavra de Deus!”
O Imperador Carlos V inaugurou a Deita de Worms em 1521. Lutero foi chamado ao temido interrogatorio no qual poderia ser condenado à morte se fosse considerado heretico. Ali foi pressionado a renunciar ou confirmar seus escritos. No dia 16 de Abril, apresentou-se diante da Dieta quando Johann Eck, mostrou a Lutero cópias de seus escritos e lhe perguntou-lhe se eram seus e se ele acreditava naquelas afirmações. Quando Eck disse: "Lutero, repele seus livros e os erros que eles contêm?", sua resposta foi:
"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável. Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude!”.

3. Aprender a focar no seu chamado – Não se distrair.
Um dos pecados deste profeta foi distrair-se com propostas e perder o foco. A Palavra de Deus lhe fora clara, nada poderia desviá-lo, no entanto ele não se manteve firme naquilo que sabia ser a verdade.
Profetas eram conhecidos no Antigo Testamento por serem “Bocas de Deus”. Tinham o chamado para transmitir os oráculos divinos. Paulo afirma que somos “despenseiros dos mistérios de Deus” (2 Co 4.1). Cuidamos da despensa, onde ficam os tesouros inesgotáveis da revelação dada por Deus.
Muitas vezes somos incitados a condenar pessoas e julgar os outros. Esta é uma grande tentação do ministério. Mas a verdade é que não trabalhamos no Ministério da Justiça, que fica no 2º. Andar. Nossas atividades encontram-se no andar de baixo, no ministério da comunicação. Somos chamados para traduzir o pensamento de Deus na cultura e geração que Deus nos chamou para viver. O que se espera dos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel. Então, precisamos ser leais àquilo que Deus nos chamou a fazer.
O problema pastoral é uma questão de foco.
Vemos pastores estressados com muitos compromissos que não atendem à agenda divina. São distrações. Pastores que se perdem em entretenimento mas não sabem muito bem seu chamado no ministério. É possível passar o dia inteiro envolvido com atividades e ainda assim não estar cuidando do rebanho e daquilo que Deus nos chamou para fazer. São programações, eventos, internet, atividades não ligadas ao chamado de Deus que é de orar e pregar o Evangelho, a exercer o Ministério da oração e da Palavra. Perdemos o foco, nos distraímos e gastamos energia em coisas para as quais Deus não nos mandou realizar. Nos tornamos burocráticos em nossas atividades e nos tornamos executivos de almoxarifado.
Ao ser chamado para se encontrar com representantes do rei, gente que queria distrair Neemias de suas funções, ele disse: “Estou fazendo uma grande obra. Não posso parar”. Não dá para gastar energia em atividades que não estejam colaborando e edificando a igreja de Cristo. Este é um grande desafio para pastores, ter foco concentrado. Saber o que foi chamado a fazer e cosntruir sua agenda em torno deste chamado.
Foco significa, atenção concentrada, não dividida.
Paulo tinha esta idéia em mente, e chegou a sugerir que obreiros não se casassem para dar mais tempo ao ministério: “O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações. Quem não é casado, cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor” (1 Co 7.32). Soube recentemente, que um dos maiores líderes cristaos do Sec. XX, Dr. John Stott, decidiu não se casar para ter mais tempo para a obra de Deus.

Conclusão:Para quem está começando o ministério, é bom lembrar que não conta como começamos, mas como terminamos. Estou fazendo 31 anos de ministério, por onde tenho passado Deus tem cuidado de minha vida e de meu testemunho, mas eu ainda não cheguei ao final da minha vida. Preciso continuar firme. “Aquele que perserverar até o fim, este será salvo”. Nossa carreira cristã e nosso ministério não se encerra na ordenação, bodas de prata ou jubilação, mas quando chegarmos ao trono de Deus e pudermos declarar: “Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé”, e depois ouvirmos o Senhor disser: “Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei, entra no gozo de teu Senhor”


Que Deus nos abençoe!

Ordenação Giovanni Zardinni
Dia 01 Janeiro 2011 – 19.30 – Igreja Presbiteriana Central de Anápolis.

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