segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Jz 2.6-15 COMUNICANDO O EVANGELHO À PRÓXIMA GERAÇÃO?




Introdução:

Este texto nos fala da dramática situação dos filhos de Israel logo após a morte de seu grande líder Josué (Jz 2.10-11). Os que nasceram em seguida, perderam o amor por Deus e se envolveram com outros deuses da terra como Astarote e Baal.

Sempre que falamos da nova geração duas perguntas são necessárias:

A. O Evangelho vai chegar aos teus filhos e netos ou vai morrer em você?

B. Se chegar à próxima geração, que tipo de Evangelho será: autêntico ou diluído?

A verdade é que temos o grande desafio de fazer o Evangelho chegar às próximas gerações:
Fui pastor por muitos anos numa das regiões mais secularizadas dos Estados Unidos: New England, no Nordeste daquele país. Nesta região, dois grandes avivamentos se deram 200 anos atrás. O primeiro com Jonathan Edwards, cujo fogo varreu as maiores cidades da região, quando veio da Inglaterra o avivalista Charles Whitefield, que chegou a pregar a 7 mil pessoas, no pátio central da Universidade de Harvard, sem nenhum recurso de som, apenas na potência de sua voz.
O segundo grande avivamento, se deu tempos depois, com o ministério de Charles Finney, que alastrou como fogo, começando em New York Upstate, atingindo New York e Boston.

Duzentos anos depois, a realidade desta região, contudo, é lamentável do ponto de vista espiritual. As igrejas estão vazias, prédios históricos deixaram de funcionar como igreja, o Evangelho perdeu completamente sua influência. Os historiadores chamam este período atual de “Pós-cristianismo”. Os templos foram se esvaziando e transformando em museus, bares e boates ou transformadas em sofisticados condomínios.
Perguntas têm sido levantadas sobre as razões desta apostasia? Pelo menos três elementos podem ser apontados:

                a)- Liberalismo teológico – A palavra de Deus deixou de ser considerado o último critério de validação da fé. Deixou de ser inerrante e infalível e se tornou relativa. Dos sete seminários evangélicos da região, apenas um pode ser considerado bíblico: O Gordon Conwell, no qual tive oportunidade de estudar, e também de ser professor. A neo-ortodoxia invadiu a teologia evangélica e o dano até hoje é irreparável.

                b)- Incapacidade de entender o contexto - Compramos um templo em Cambridge, cuja comunidade tinha apenas 12  membros, e negociamos o imóvel com o líder que era o caçula do grupo e estava com 82 anos. O que aconteceu com aquela comunidade? A cidade mudou a sua configuração e a igreja não percebeu.  Aquela que outrora fora uma cidade do subúrbio de Boston, agora se tornara uma metrópole. Cresceu mas a igreja não soube entender o que estava acontecendo e nem tirar proveito daquele momento para anunciar o evangelho aos imigrantes, tanto latinos como asiáticos; bem como os negros que passaram a residir na vizinhança. O evangelho deixou de ser comunicado de forma relevante e a próxima geração se distanciou.

                c)- Os pais não souberam transmitir o Evangelho aos seus filhos – Os jovens daquela igreja, simplesmente se dispersaram. O cristianismo deixou de ser importante para suas vidas e as verdades do Evangelho não foram traduzidas para suas vidas e nem comunicada de forma eficiente. Os filhos se tornaram críticos da igreja e deixaram de amar a Deus. Com isto a igreja se esvaziou e foi deixada para um grupo remanescente fiel.

Contexto:
No texto que lemos, o povo de Deus havia enfrentado as piores batalhas. A terra já fora conquistada e isto lhes trouxe estabilidade, conforto e segurança. A velha liderança morreu, já fazia 70 anos. Na hora de desfrutar as conquistas, algo trágico acontece. A nova geração não conheceu Yawé (Jos  2.11). Veja o contraste com o vs. 7, que fala de uma geração fiel. O que aconteceu entre uma geração e outra? Qual é a diferença? Entre uma e outra, o evangelho pulverizou.
O que gerou esta situação?

1.  Não houve transição entre uma geração e outra – (Jz 2.10). Sem dúvida esta é uma das verdades que o texto claramente indica. A velha geração não transmitiu à nova geração. Eles não apenas não conheciam a Deus, mas não sabiam nada dos feitos grandiosos de Deus. O pacto, alianças e chamados dados por Deus, deixaram de ser relevantes. Não souberam das obras que o Senhor efetuara em Israel. Não conheciam a história do povo de Deus. Nossos filhos precisam de escola Dominical para conhecerem as verdades eternas.
Precisamos discernir esta nova geração para saber como deveremos comunicar de forma eficiente, as boas novas do Evangelho. Lewis Rath, educador, define algumas características das crianças do Século XXI:
i.                     High-tech: Geração virtual. Crianças que já nascem com uma enorme facilidade para lidar com computadores e tecnologias modernas. A sensação que temos é que já nasceram com chip de computador na cabeça.
ii.                   Excessivamente exposta a informações – É impressionante a quantidade de imagens, sons, idéias que recebem, ouvem e vêem, antes de chegarem à idade escolar;
iii.                 Não relacional – Se comunicam melhor através do mundo virtual, mas não se tocam facilmente. São isoladas em seus mundos de “second life” e “avatares”.
iv.                 Estressada – Excesso de atividades. Os pais realmente acreditam que se seus filhos receberem uma grande quantidade de informações terão mais sucesso. Não é raro encontra uma criança de 10 anos ter uma agenda tão complicada quanto a de um adulto.
v.                   Insegura: Por estarem cada vez mais distanciadas dos pais, sentem-se muito insegurança emocional e encontram muita dificuldade em tomar decisões e assumir compromissos mais sérios.
vi.                 Iracunda: É uma geração nervosinha, cheia de tiques nervosos e de exigências e direitos, e se irrita com muita facilidade;
vii.               Deprimida: Consultórios cheios de crianças com dilemas profundos: fobias, pesadelos e  luto existencial.

Mas acima de tudo precisamos lembrar que outra característica desta geração é que ela precisa de Deus, e que Jesus as ama. O Evangelho precisa tocar seus corações. As verdades de Deus precisam alcançá-las.

2.  Falta de conhecimento pessoal de Deus: A geração que veio depois de Josué, não conheceu a Deus e nem sequer sabiam dos seus poderosos feitos. Os pais não souberam comunicar aos filhos. O fato inconteste é este ainda hoje: ou nossos filhos conhecem a Deus de forma pessoal ou eles não continuarão na graça. Deus não tem netos, só filhos. Teremos filhos de crentes se tornando macumbeiros, espíritas, espiritualistas, exotéricos, mas não gente crente, cheia do Espírito Santo, que ama a esposa e serve o Senhor.
Invista no seu filho, leve-o a ter gosto pelas coisas do Senhor…Uma oferta no domingo, por causa da obra. Seu filho vê como você coloca o dinheiro e o amor que você tem pelo reino de Deus, e também vai imitá-lo nas suas atitudes.
Leve seu filho ao conhecimento do Senhor. Ore pelo seu filho, invista na sua alma. As igrejas de New England se fecharam porque a nova geração não conhecia o Senhor. O dinheiro para construir aquelas catedrais, enviar dinheiro para missões, transmitir o evangelho ao mundo, veio de gente convertida realmente ao Senhor. Mas os filhos não conheceram a Deus.
Na oração sacerdotal, Jesus ora pelos seus discípulos: “Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse as Escrituras” (Jo 17.12). Ao ler este texto, tive a sensação de que esta deve ser a oração de pais piedosos: Guardá-los, protegê-los, para que nenhum deles se perca!

Quais as conseqüências deste descaso espiritual?

1.  Fizeram o mau perante o Senhor – (Jz 2.11) Filhos que não conhecem a Deus, não se preocupam com sua glória. A visão distorcida na teologia, vai desembocar num ética vazia. Por não conhecerem a Deus, não fazem o bem.  Eles começaram a servir os Baalins  e Astarotes. Ora, isto é o mesmo que dizer que nossos filhos vão começar a se render aos orixás.
A questão é que somos espirituais. Se não aprendermos a servir o Deus vivo, vamos começar a buscar substitutos. Deuses falsos ocuparão o lugar do Deus verdadeiro como aconteceu em Israel , que passa a servir a deuses falsos (Jz 3.5). Se não ensinarmos os filhos a amar o Senhor, vão se tornar críticos, cínicos e zombadores. Vão buscar respostas em gurús, shamans e profetisas. Este é o quadro que surge da apostasia.

2.  Provocaram o Senhor à ira – (Jz 2.12) Estas coisas trazem o juízo de Deus. O texto afirma que Deus os abandona. Na visão do apóstolo Paulo, este é o grande juízo de Deus sobre a humanidade. Em Rm 1.24,26,28 lemos que Deus “os entregou”. Este é o juízo mais severo de Deus. Ele deixa o povo à deriva, e se cansa de nos orientar, e por causa de nossa rebeldia e nos entrega às nossas próprias paixões. O castigo de não conhecer a Deus é a desestrutura familiar, as patologias da alma: Solidão, angústia, vazio. Pessoas se entregando a paixões: homossexualismo, prostituição, drogas, etc 
Neste texto de Juízes, lemos ainda que a ira do Senhor se revela também na perda da lidberdade dos filhos de Israel . Foram entregues à mão dos espoliadores (Jz 2.14). São entregues e não conseguem mais se libertar do diabo nem resisti-lo. São espoliados. 
Lemos ainda que Deus se torna seus opositores (Jz 2.15). O inimigo já não está do lado de lá, mas somos confrontados por Deus. Ele mesmo coloca o povo “em grande aperto”.

3.  Decadência espiritual progressiva – O texto relata que ocorre um acentuado estado de decadência espiritual (Jz 2.19), por isto “tornaram-se piores”. O Afastamento de Deus vai trazendo conseqüências cada vez mais graves. Os filhos de Israel tornaram-se mais obstinados.

Conclusão: Como comunicar o Evangelho positivamente à nova geração?

Gostaria de considerar algumas alternativas que tem se demonstrado eficiente:

1.  Crie uma atmosfera de vida cristã em sua casa - Enche o seu lar com a idéia, com o conceito, com valores de Deus. Tome decisões com base naquilo que Deus é, e diga aos seus filhos.  Ore com eles, deixe que eles percebam que você teme a Deus, que você ora, que você lê a Bíblia.
Reggie Joiner, da Universidade da Família afirma que igreja e família precisam estabelecer uma parceria, e que para produzir frutos mais eficientes, é necessário uma estratégia mais efetiva. O titulo de seu livro é “Pense Laranja”, que para ele é uma cor secundaria, uma combinação entre o vermelho e o secundário, e representam o que o esforço destas duas comunidades, aliadas entre si, poderão realizar.

2.  Preste atenção se os seus filhos estão conhecendo o Senhor - Tenho visto muitas pessoas realmente plugadas, mas por outro lado vejo tantas preguiçosas quanto a este tema. Certa mulher afirmou que sempre trazia seus filhos à Escola Dominical, porque não queria perder oportunidade de transmitir Jesus para suas vidas. Se interesse pelo conteúdo da Educação cristã de sua igreja, pergunte o que estão aprendendo. Se interesse. Compre boa literatura cristã e coloque em suas mãos. Existem bons materiais didáticos que ajudam mães e pais interessados em comunicar o Evangelho a seus filhos.

3.  Crie espaços (momentos)  para que seus filhos tenham oportunidade de conhecer a Deus-  Leitura da Palavra em casa, culto doméstico, oração ao redor da mesa, orar com eles antes de dormir. Crie espaços: Invista em acampamentos e retiros. Crie momentos em que testemunhos de vida cristã possam ser compartilhados. Leve um missionário para sua casa para contar as experiências do que estão fazendo.

4.  Ore para que seu filho tenha um encontro pessoal com Deus - Peça a Deus para tornar seu filho um servo dele, para que Deus se compadeça de sua alma. Esta deve ser uma agenda permanente, se realmente estivermos interessados pela sua alma.

5.  Ore para que Deus faça de você um homem (mulher) temente, para que através de sua vida, seu filho sinta fome e sede de Deus – Quando os pais demonstram interesse pela vida espiritual, os filhos se sentem mais motivados a seguir a Deus. Lembre-se: Nada gera mais incredulidade no coração de nossos filhos que a hipocrisia ou atitude de pessoas que querem que seus filhos conheçam a Deus, mas eles mesmos não estão interessados pela vida espiritual.

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