Introdução:
Estamos na época do carnaval. Para muitos, uma
festa popular e folclórica. O que sabemos, porém, é que se trata de uma época
de aumento considerável de mortes, em geral os médicos não gostam de fazer
plantões nestes dias, pelo excesso de emergências que surgem, fruto dos
exageros nas bebidas e nas brigas. Pouco se fala na quantidade de dinheiro que estado
gasta com segurança, socorro a bêbados, brigas e controvérsias de pessoas
encharcadas de droga e com a cabeça quente? Sem falar da gravidez indesejada,
curetagens, doenças sexualmente transmitidas, paternidade irresponsável que
resultam destes dias consagrados ao deus Momo. Um dos momentos mais difíceis de
meu pastorado se deu quando um rapaz da igreja, filho de uma mulher muito
crente, disse que não iria para o acampamento e resolveu ir para um clube fora
da cidade, e na volta, ele e mais cinco amigos, cansados, foram dominados pelo
sono dirigindo numa estrada perigosa e todos morreram.
Paulo faz uma pergunta provocativa neste
texto, ao falar da vida daqueles crentes antes de conhecerem a Jesus: “Naquele tempo, que resultado colhestes?” Qual é a colheita do pecado?
O texto nos fala de três colheitas que o
pecado traz:
1. A colheita da vergonha – O
pecado traz uma dramática colheita de vergonha. Um amigo certa vez me falou do
que sentia por ter se afastado do caminho de Deus: “eu sinto nojo do que fiz!”.
O pecado gera vergonha em nosso histórico.
O apóstolo Pedro faz uma declaração severa: “No passado
vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele
tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e
farras, e na idolatria repugnante. Eles
acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de
imoralidade, e por isso os insultam”
1 Pe 4:3,4 (NVI)
Fui pastor de um rapaz que se converteu muito
cedo a Jesus, cujo pai era alcoólatra. Um dia, voltando da Escola Dominical
encontrou o seu pai gabando-se de já ter bebido naquela manhã, 1 litro de cachaça; e ele, ainda
adolescente, virou-se para o pai e disse: “eu não acho vantagem nenhuma nisto,
isto para mim é uma vergonha!”. Não fosse a intervenção de sua mãe, ele teria
levado uma surra.... Graças a Deus, o Evangelho alcançou a vida de seu pai que
hoje é um presbítero numa igreja em Uberlândia, e naturalmente não sente outra
coisa, senão vergonha, pela sua vida pregressa. O pecado traz vergonha, esta é
sua colheita. Ninguém será honrado por abandonar os princípios de Deus. O
resultado será vergonha.
Ele será publicamente envergonhado pela sua família,
pelas suas decisões equivocadas; seus netos o desconsiderarão, ele perderá o
respeito dos outros e será exposto à humilhação. O diabo é mestre em nos
incitar ao pecado, mas encontra enorme prazer em expor a nossa nudez em praça pública.
A Bíblia diz que “o pecado nos achará” (Nm 32.23).
Se você já entregou sua vida a Jesus,
certamente deve se sentir envergonhado com o passado. Se você tem vergonha de
algo que fez, este é um bom sinal. Naturalmente temos de tomar cuidado para não
nos esquecermos que em Cristo já fomos perdoados de “toda iniqüidade”, e que já
não há mais “condenação” para aqueles que estão em Cristo. Se você não
entender isto, pode ser acusado severamente pelo diabo. No entanto, a colheita
do pecado é falta de autoridade, vergonha, choro e cara vermelha por ter que
lidar com suas conseqüências morais. Você pode ser perdoado do seu pecado, mas
as conseqüências de atos pecaminosos podem subsistir por gerações inteiras.
É maravilhoso ler a afirmação de Cristo quando
afirma: “Aquele que crê em mim, nunca será confundido”, outra versão deste
texto afirma ainda “nunca será envergonhado”.
O texto nos fala de três colheitas que o
pecado traz:
2. A Colheita da escravidão – “Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se
tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a
vida eterna” (Rm 6.22).
O pecado aprisiona, domina, enreda nossas
vidas. Olhe as conseqüências do pecado a longo prazo na vida de uma pessoa. Onde
você acha que ela vai chegar ao agir de forma contrária e rebelde à Palavra de Deus?
Vejo pessoas se enveredando
pelo álcool, sexo, corrupção, drogas, suborno... A Bíblia diz que “o suborno
cega até os sábios”. O livro de provérbios afirma que ao andar nas trevas, o ímpio
nem sabe em que tropeça. Uma vida de adultério vai acorrentando gerações,
provocando inseguranças nos filhos, fragilizados famílias e trazendo profundas
e doloridas marcas. A pessoa dependente de drogas vai perdendo o controle de
sua história, perdendo a autoridade moral e espiritual. A corrupção, ativa ou
passiva nos torna cada vez mais inescrupuloso. É assim toda a vereda do pecado.
Recentemente acompanhei o
caso de um amigo que viveu nos EUA, chegando a ocupar cargo de liderança numa igreja
local e que depois de alguns anos, voltando ao Brasil, se envolveu numa máfia
pesada, passando a viver uma vida aparentemente glamourosa, alugou uma casa num
dos melhores condomínios da cidade que morava, e foi se envolvendo num esquema
perigoso. Tempos depois, foi preso, seu nome aparecia nas primeiras páginas dos
jornais do Brasil, e um dia apareceu algemado no Jornal Nacional. Esta é a
colheita do pecado! Você se encanta com seus bibelôs, com suas conquistas, sem
considerar que está se tornando um escravo. Cada vez que ouvia o nome deste
rapaz, eu estremecia pensando: “Ele é ingênuo e encantado, deslumbrou com o
poder, sem considerar que é a ponta mais frágil de um sistema de corrupção, e
pode facilmente se tornar um arquivo a ser queimado”.
A Bíblia fala de “laços de iniqüidades”.
O pecado faz exatamente isto. Ele vai enlaçando, seduzindo, enredando a pessoa que
se acorrenta na sutileza do maligno. Esta é a colheita do pecado. Todo aquele
que pratica o pecado é escravo do pecado; o escravo não tem opção senão fazer o
que o seu senhor lhe diz para fazer. Ele se tornará ridículo, será humilhado,
envergonhado, mas não terá condições de se defender. Ele é escravo! Deve apenas
se submeter.
O texto nos fala de três colheitas que o
pecado traz:
3. A colheita da Morte! Esta
é a terceira colheita do pecado. O fim é a
morte! “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as
coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Rm 6.21). “Pois o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus , nosso Senhor” (Rm 6.21).
Eu sei que a morte é a coisa mais democrática
da vida, e que todos seremos ceifados pelo seu caráter implacável, mas tenho
aprendido que algumas pessoas caminham pela geografia da morte, e quando entram
nesta zona de convergência, que não é
a do Atlântico Sul, a morte se torna mais próxima. Três conhecidos meus,
morreram ainda cedo por terem andado nesta tênue linha da morte: Um deles
contraiu uma grave enfermidade com troca de seringas quando alimentava seu
vício nas drogas na sua juventude. Posteriormente morreu por causa do seu
envolvimento com seu vício; outro provocou um acidente de carro depois de ter
bebido até três horas da manhã, e num cruzamento perigoso da cidade, atravessou
o sinal vermelho e morreu em seguida; o terceiro, por causa de sua vaidade
envolveu-se com um mafioso, e perdeu sua vida. Eu sei que qualquer pessoa pode
morrer num acidente de carro, adquirir uma doença ou enfermidade, ser
assassinado brutalmente por um ato deliquente,
mas até onde percebo, caminhar na zona e na geografia da morte, é um risco
muito alto.
A Bíblia diz “Se procederes bem, não é certo que serás aceito?
Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será
contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7); afirma
ainda o nosso pecado nos achará “Porém,
se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o SENHOR; e sabei que o vosso
pecado vos há de achar” (Nm 32.23).
Quando Paulo fala aqui que o salário do pecado
é a morte, está falando de algo ainda mais tenebroso. Está falando de morte
espiritual, de afastamento eterno de Deus, de condenação eterna, por causa de
nossa rebeldia, indiferença e rebelião contra Deus. Por causa de nossos
impulsos e paixões. Apesar da inflação, desde os tempos apostólicos até hoje, o
salário do pecado continua sendo a morte.
Conclusão:
Este texto nos fala da vergonha, escravidão e
morte de uma vida distante de Cristo; mas ensina-nos, acima de tudo, da vida e
da liberdade que podemos encontrar nEle. O texto nos exorta a nos tornarmos
servos de Cristo, deixando a escravidão do pecado. O que significa isto?
A. É
necessário sair do domínio do pecado – Só existe uma forma de romper com este
dominador tão voraz. Precisamos sair do seu domínio. Foi exatamente isto que
Cristo fez na cruz. Ele pagou o preço do nosso resgate, e nos tirou das trevas,
para um reino de amor.
Precisamos aprender a viver debaixo desta nova
disposição de vida. Como filhos da luz, andar na luz; como filhos da liberdade,
não nos submetendo novamente ao jugo da escravidão.
Ray Stedman conta a história de uma pessoa de
sua família, que queria aprender a andar de bicicleta mas não conseguia freá-la,
e a única forma que encontrou foi se atirando num arbusto no jardim de sua casa.
Então, todos os dias, na hora do treinamento, ela andava ali por perto, e na
hora de parar, ia para uma touceira de mato no seu jardim e se enfiava com a
bicicleta e tudo ali dentro e só assim parava. Até que alguém cuidadosamente
lhe ensinou que não era necessário tanto sacrifício, ela precisava aprender a
usar o freio, um dispositivo simples que era necessário acionar.
É exatamente isto que precisamos aprender. Somos
convidados a sair das garras do pecado para os domínios da graça; da escravidão
do pecado para a luz; das trevas para a luz; do diabo para Jesus. Ele já
providenciou todo nosso livramento. Não precisamos viver nas trevas e nem
terminar a vida, destroçado e ferido, num arbusto.
B. Precisamos
compreender que, em Jesus, fomos transformados em servos de Deus– Não mais servos do pecado: “Agora, porém, libertados do
pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a
santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22). É
interessante notar que o resultado deste novo estilo de vida, é “o fruto para a
santificação”.
“A carne milita contra o Espírito e o Espírito
contra a carne; porque são opostos entre si”. Então, temos dois impulsos: Ou o
pecado nos leva às paixões, ou o Espírito Santo nos leva à santidade. Quem está
conduzindo sua vida? Quem vai vencer?
Precisamos submeter nossa vida de novo à
escravidão de Cristo. A luta ainda está presente, mas não somos mais escravos
das trevas nem do pecado. “Se o Filho vos
libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.31).
C. Olhar
sempre para a grande recompensa: A Vida eterna. “Agora, porém, libertados do
pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a
santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus , nosso
Senhor” (Rm 6.22,23). Precisamos tomar cuidado para não
lermos este texto pela primeira metade que diz: “o salário do pecado é a
morte”, mas precisamos captar toda a força desta conjunção adversativa que
surge no texto, “mas”. A ênfase aqui
se encontra na graça, não na condenação; apesar da condenação ser algo tão real
se negligenciarmos sua oferta de amor.
Precisamos aprender
algumas coisas sobre a vida eterna:
ü Este dom é gratuito –
Não pode ser comprado, nem negociado, nem se encontra na sua enorme capacidade
de responder a ele. Salvação não é meritória, não depende de suas credenciais,
nem performance, mas do sacrifício de Cristo. O dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus.
ü Este dom é dado por
meio de Cristo – Não se chega ao céu por boas obras, mas pelo sangue do
Cordeiro, sua vitória na cruz. Somente por meio de Cristo temos vitória e somos
libertos de nossa condenação;
ü Este dom é eterno –
Não estamos falando de coisas transitórias, mas de realidades eternas. Alguém
parafraseando isto disse: “Trabalhar na obra do Senhor não dá um grande
salário, mas a aposentadoria é doutro mundo”.
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