segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rm 6.15-23 A Colheita do Pecado





Introdução:

Estamos na época do carnaval. Para muitos, uma festa popular e folclórica. O que sabemos, porém, é que se trata de uma época de aumento considerável de mortes, em geral os médicos não gostam de fazer plantões nestes dias, pelo excesso de emergências que surgem, fruto dos exageros nas bebidas e nas brigas. Pouco se fala na quantidade de dinheiro que estado gasta com segurança, socorro a bêbados, brigas e controvérsias de pessoas encharcadas de droga e com a cabeça quente? Sem falar da gravidez indesejada, curetagens, doenças sexualmente transmitidas, paternidade irresponsável que resultam destes dias consagrados ao deus Momo. Um dos momentos mais difíceis de meu pastorado se deu quando um rapaz da igreja, filho de uma mulher muito crente, disse que não iria para o acampamento e resolveu ir para um clube fora da cidade, e na volta, ele e mais cinco amigos, cansados, foram dominados pelo sono dirigindo numa estrada perigosa e todos morreram.
Paulo faz uma pergunta provocativa neste texto, ao falar da vida daqueles crentes antes de conhecerem a Jesus: “Naquele tempo, que resultado colhestes?”  Qual é a colheita do pecado?

O texto nos fala de três colheitas que o pecado traz:
1.       A colheita da vergonha – O pecado traz uma dramática colheita de vergonha. Um amigo certa vez me falou do que sentia por ter se afastado do caminho de Deus: “eu sinto nojo do que fiz!”. O pecado gera vergonha em nosso histórico.
O apóstolo Pedro faz uma declaração severa: “No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante. Eles acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de imoralidade, e por isso os insultam” 1 Pe 4:3,4 (NVI)
Fui pastor de um rapaz que se converteu muito cedo a Jesus, cujo pai era alcoólatra. Um dia, voltando da Escola Dominical encontrou o seu pai gabando-se de já ter bebido naquela manhã, 1 litro de cachaça; e ele, ainda adolescente, virou-se para o pai e disse: “eu não acho vantagem nenhuma nisto, isto para mim é uma vergonha!”. Não fosse a intervenção de sua mãe, ele teria levado uma surra.... Graças a Deus, o Evangelho alcançou a vida de seu pai que hoje é um presbítero numa igreja em Uberlândia, e naturalmente não sente outra coisa, senão vergonha, pela sua vida pregressa. O pecado traz vergonha, esta é sua colheita. Ninguém será honrado por abandonar os princípios de Deus. O resultado será vergonha.
Ele será publicamente envergonhado pela sua família, pelas suas decisões equivocadas; seus netos o desconsiderarão, ele perderá o respeito dos outros e será exposto à humilhação. O diabo é mestre em nos incitar ao pecado, mas encontra enorme prazer em expor a nossa nudez em praça pública. A Bíblia diz que “o pecado nos achará” (Nm 32.23).
Se você já entregou sua vida a Jesus, certamente deve se sentir envergonhado com o passado. Se você tem vergonha de algo que fez, este é um bom sinal. Naturalmente temos de tomar cuidado para não nos esquecermos que em Cristo já fomos perdoados de “toda iniqüidade”, e que já não há mais “condenação” para aqueles que estão em Cristo. Se você não entender isto, pode ser acusado severamente pelo diabo. No entanto, a colheita do pecado é falta de autoridade, vergonha, choro e cara vermelha por ter que lidar com suas conseqüências morais. Você pode ser perdoado do seu pecado, mas as conseqüências de atos pecaminosos podem subsistir por gerações inteiras.
É maravilhoso ler a afirmação de Cristo quando afirma: “Aquele que crê em mim, nunca será confundido”, outra versão deste texto afirma ainda “nunca será envergonhado”.

O texto nos fala de três colheitas que o pecado traz:
2.       A Colheita da escravidão – “Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna” (Rm 6.22).  
 O pecado aprisiona, domina, enreda nossas vidas. Olhe as conseqüências do pecado a longo prazo na vida de uma pessoa. Onde você acha que ela vai chegar ao agir de forma contrária e rebelde à Palavra de Deus?
Vejo pessoas se enveredando pelo álcool, sexo, corrupção, drogas, suborno... A Bíblia diz que “o suborno cega até os sábios”. O livro de provérbios afirma que ao andar nas trevas, o ímpio nem sabe em que tropeça. Uma vida de adultério vai acorrentando gerações, provocando inseguranças nos filhos, fragilizados famílias e trazendo profundas e doloridas marcas. A pessoa dependente de drogas vai perdendo o controle de sua história, perdendo a autoridade moral e espiritual. A corrupção, ativa ou passiva nos torna cada vez mais inescrupuloso. É assim toda a vereda do pecado.
Recentemente acompanhei o caso de um amigo que viveu nos EUA, chegando a ocupar cargo de liderança numa igreja local e que depois de alguns anos, voltando ao Brasil, se envolveu numa máfia pesada, passando a viver uma vida aparentemente glamourosa, alugou uma casa num dos melhores condomínios da cidade que morava, e foi se envolvendo num esquema perigoso. Tempos depois, foi preso, seu nome aparecia nas primeiras páginas dos jornais do Brasil, e um dia apareceu algemado no Jornal Nacional. Esta é a colheita do pecado! Você se encanta com seus bibelôs, com suas conquistas, sem considerar que está se tornando um escravo. Cada vez que ouvia o nome deste rapaz, eu estremecia pensando: “Ele é ingênuo e encantado, deslumbrou com o poder, sem considerar que é a ponta mais frágil de um sistema de corrupção, e pode facilmente se tornar um arquivo a ser queimado”.
A Bíblia fala de “laços de iniqüidades”. O pecado faz exatamente isto. Ele vai enlaçando, seduzindo, enredando a pessoa que se acorrenta na sutileza do maligno. Esta é a colheita do pecado. Todo aquele que pratica o pecado é escravo do pecado; o escravo não tem opção senão fazer o que o seu senhor lhe diz para fazer. Ele se tornará ridículo, será humilhado, envergonhado, mas não terá condições de se defender. Ele é escravo! Deve apenas se submeter.

O texto nos fala de três colheitas que o pecado traz:
3.       A colheita da Morte! Esta é a terceira colheita do pecado. O fim é a morte! “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Rm 6.21). “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”  (Rm 6.21).
Eu sei que a morte é a coisa mais democrática da vida, e que todos seremos ceifados pelo seu caráter implacável, mas tenho aprendido que algumas pessoas caminham pela geografia da morte, e quando entram nesta zona de convergência, que não é a do Atlântico Sul, a morte se torna mais próxima. Três conhecidos meus, morreram ainda cedo por terem andado nesta tênue linha da morte: Um deles contraiu uma grave enfermidade com troca de seringas quando alimentava seu vício nas drogas na sua juventude. Posteriormente morreu por causa do seu envolvimento com seu vício; outro provocou um acidente de carro depois de ter bebido até três horas da manhã, e num cruzamento perigoso da cidade, atravessou o sinal vermelho e morreu em seguida; o terceiro, por causa de sua vaidade envolveu-se com um mafioso, e perdeu sua vida. Eu sei que qualquer pessoa pode morrer num acidente de carro, adquirir uma doença ou enfermidade, ser assassinado brutalmente por um ato deliquente,  mas até onde percebo, caminhar na zona e na geografia da morte, é um risco muito alto.
A Bíblia diz “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7); afirma ainda o nosso pecado nos achará “Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o SENHOR; e sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Nm 32.23).
Quando Paulo fala aqui que o salário do pecado é a morte, está falando de algo ainda mais tenebroso. Está falando de morte espiritual, de afastamento eterno de Deus, de condenação eterna, por causa de nossa rebeldia, indiferença e rebelião contra Deus. Por causa de nossos impulsos e paixões. Apesar da inflação, desde os tempos apostólicos até hoje, o salário do pecado continua sendo a morte.

Conclusão:
Este texto nos fala da vergonha, escravidão e morte de uma vida distante de Cristo; mas ensina-nos, acima de tudo, da vida e da liberdade que podemos encontrar nEle. O texto nos exorta a nos tornarmos servos de Cristo, deixando a escravidão do pecado. O que significa isto?

A. É necessário sair do domínio do pecado – Só existe uma forma de romper com este dominador tão voraz. Precisamos sair do seu domínio. Foi exatamente isto que Cristo fez na cruz. Ele pagou o preço do nosso resgate, e nos tirou das trevas, para um reino de amor.
Precisamos aprender a viver debaixo desta nova disposição de vida. Como filhos da luz, andar na luz; como filhos da liberdade, não nos submetendo novamente ao jugo da escravidão.
Ray Stedman conta a história de uma pessoa de sua família, que queria aprender a andar de bicicleta mas não conseguia freá-la, e a única forma que encontrou foi se atirando num arbusto no jardim de sua casa. Então, todos os dias, na hora do treinamento, ela andava ali por perto, e na hora de parar, ia para uma touceira de mato no seu jardim e se enfiava com a bicicleta e tudo ali dentro e só assim parava. Até que alguém cuidadosamente lhe ensinou que não era necessário tanto sacrifício, ela precisava aprender a usar o freio, um dispositivo simples que era necessário acionar.
É exatamente isto que precisamos aprender. Somos convidados a sair das garras do pecado para os domínios da graça; da escravidão do pecado para a luz; das trevas para a luz; do diabo para Jesus. Ele já providenciou todo nosso livramento. Não precisamos viver nas trevas e nem terminar a vida, destroçado e ferido, num arbusto.

B. Precisamos compreender que, em Jesus, fomos transformados em servos de Deus– Não  mais servos do pecado: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22). É interessante notar que o resultado deste novo estilo de vida, é “o fruto para a santificação”.  
“A carne milita contra o Espírito e o Espírito contra a carne; porque são opostos entre si”. Então, temos dois impulsos: Ou o pecado nos leva às paixões, ou o Espírito Santo nos leva à santidade. Quem está conduzindo sua vida? Quem vai vencer?
Precisamos submeter nossa vida de novo à escravidão de Cristo. A luta ainda está presente, mas não somos mais escravos das trevas nem do pecado. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.31).

C. Olhar sempre para a grande recompensa: A Vida eterna. “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.22,23). Precisamos tomar cuidado para não lermos este texto pela primeira metade que diz: “o salário do pecado é a morte”, mas precisamos captar toda a força desta conjunção adversativa que surge no texto, “mas”. A ênfase aqui se encontra na graça, não na condenação; apesar da condenação ser algo tão real se negligenciarmos sua oferta de amor.
Precisamos aprender algumas coisas sobre a vida eterna:
ü       Este dom é gratuito – Não pode ser comprado, nem negociado, nem se encontra na sua enorme capacidade de responder a ele. Salvação não é meritória, não depende de suas credenciais, nem performance, mas do sacrifício de Cristo. O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus.
ü       Este dom é dado por meio de Cristo – Não se chega ao céu por boas obras, mas pelo sangue do Cordeiro, sua vitória na cruz. Somente por meio de Cristo temos vitória e somos libertos de nossa condenação;
ü       Este dom é eterno – Não estamos falando de coisas transitórias, mas de realidades eternas. Alguém parafraseando isto disse: “Trabalhar na obra do Senhor não dá um grande salário, mas a aposentadoria é doutro mundo”. 

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