Introdução:
Um dos princípios mais
claros da vida é o seguinte: Bem e mal agem por concessão. Judas é descrito na
Bíblia como “O Filho da perdição”. O
seu coração foi se inclinando de uma forma tal pela cobiça, que resolveu
entender-se com os principais sacerdotes sobre como lhes entregaria a Jesus. O
Evangelista Lucas descreve sua alma de forma lacônica: “Satanás entrou em Judas” (Lc 22.3).
Por isto é uma grande
benção para nossas almas quando nos abrimos para a pessoa de Jesus de Nazaré.
Quando o recebemos em nosso coração, quando o convidamos para entrar em nossa
vida e a governá-la. Nós precisamos receber a Jesus em nossa vida, e isto
implica em rendição e um convite para que ele nasça em nós. O risco aqui é um só: Deus
leva a sério a oração do pecador convidando-o para ser senhor de sua vida. “Eis que estou à porta e bato, se alguém
abrir, entrarei, cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20).
Quando Jesus está
ministrando aos discípulos sobre a bondade de Deus, ele afirma o seguinte: “Ora, se vós que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais Deus vos dará o Espírito santo àqueles
que lho pediram”. A ênfase de Jesus neste texto é sobre a benção de pedir o
Espírito Santo. Quando clamamos pela iluminação e direção divina, somos impactados
por esta maravilhosa manifestação de seu amor.
Um antigo hino diz: “Deixa a luz do céu entrar, deixa o sol em ti
nascer, abra o coração e deixas Cristo entrar, e o sol em ti raiar”. Este
ato maravilhoso de querer ser absorvido pelo sobrenatural é profundamente transformador.
Por outro lado, há
muitos que ficam fazendo concessão para o mal. Ficam brincando com coisas
espirituais.
Fui chamado certa vez
por uma mãe em Boston, cuja filha pré-adolescente, ‘por brincadeira e curiosidade”, foi
conversar com uma garota de sua idade que se intitulava de bruxa na escola e
“recebia” as meninas num canto da biblioteca da escola para “dar passes”.
Quando esta menina quis sair da “brincadeira”, foi ameaçada espiritualmente por
aquela colega e começou a mostrar comportamentos estranhos, de medo e
ansiedade, até que resolveu relatar para sua mãe o que havia acontecido na
escola. Foi uma oportunidade boa para falar para toda aquela família, sobre a
necessidade de abrir sua casa para Deus, e convidar aquela garota para quebrar
qualquer voto que tivesse feito com sua coleguinha.
Existem muitos adultos
que frequentam igrejas, mas continuam fazendo leituras de tarôs, cartas,
conversando com cartomantes, necromantes, médiuns, fazendo isto por curiosidade
ou ingenuidade, fazendo brincadeiras com copos no centro da mesa e há relatos
de adolescentes perturbados com isto que
posteriormente tiveram que recorrer a tratamentos. O jogo, que parece simples e
inofensivo, baseia-se num copo que se move em direção às letras de um
abecedário colocado em cima de uma mesa e forma palavras em resposta às
perguntas dos jogadores.
Esta geração é atraída
por forças do ocultismo, vã tentativa de controlar realidades espirituais e
sobrenaturais, querendo “domesticar o mal”, ou que se adentram no esoterismo
apenas por curiosidade, sem considerar todas as implicações de tais atitudes.
A Bíblia fala de
processos de morte dentro de casa de pessoas, como a mulher Siro Fenícia, cuja
filha estava “horrivelmente endemoninhada”
(Mt 15.22) e vai se encontrar com Jesus. Endemoninhamento é um processo de vida,
quando o mal vai aos poucos se aninhando, criando o seu espaço dentro de lares.
Por isto o apóstolo Pedro exorta: “Sede
sóbrios e vigilantes, o diabo vosso adversário anda em derredor, procurando
alguém para devorar. Resisti-lhe firmes na fé ” (1 Pe 5.7). Jesus também
insistia com seus discípulos a “vigiar e
orar para não entrar em tentação”. Quando a força da sedução atrai de forma
perigosa, colocando-nos numa espiral da morte, devemos ficar alerta. Não
brinque com forças desconhecidas e tentações. “Não dê lugar ao diabo”.
Este texto também nos
revela que existem movimentos éticos que
destroem famílias e igrejas. O contexto de Ef 4.30 parece nos dar algumas
orientações sobre realidades que abrem espaço para atuações malignas. Os versículos
anteriores e posteriores de em Ef 4.25-32 orientam e apontam direção para que
Satanás não tenha lugar.
Como alguém pode dar
lugar ao diabo? Quando damos lugar ao diabo em
nossa vida?
O texto do vs 26 está
intimamente conectado ao vs 27, pois Paulo usa uma conjunção aditiva "e",
dando-nos a entender que uma das formas mais comuns para satanás aja é pelas
vias das emoções. Quando não somos capazes de lidar com conflitos e nos
tornamos pessoas ressentidas, deixamos que tal sentimento passem de um dia para
outro, às vezes de uma geração para outra, e Satanás obtém vitória.
Curiosamente, todas as vezes que o Rei Saul se tornava possesso era após um
período de raiva intensa: Amargura, ira, ódio e ressentimento são maus
conselheiros.
Paulo descreve, pelo
menos, cinco vias pelas quais o mal transita facilmente:
a)- Quando
a verdade é suprimida “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a
verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25).
A mentira tem procedência maligna. Jesus afirmou que o diabo jamais se firmou
na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que
lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44).
A mentira dá espaço para
a suspeita, gera desconfiança e constrói relacionamentos falsos. Muitas vezes
não queremos dizer as verdades porque achamos que ofende ou magoa o outro, mas
a verdade é que precisamos aprender a dizer sempre “a verdade em amor” (Ef 4.30). A verdade desmascara a base da ação
maligna, porque o diabo é um ser de penumbras, ele age nas sombras. Quando a
luz brilha, a verdade vem a tona, as trevas se retiram. Por isto a exortação bíblica
“Por isso, deixando a mentira, fale cada
um a verdade com o seu próximo, porque
somos membros uns dos outros”(Ef 4.25). Verdade não deixa espaço para o
diabo.
b)- Quando
a vida é dominada pela ira – “Irai-vos
e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. (Ef 4.26).
A ira sempre tem duas
vertentes:
i) Ela se projeta para fora, dando vazão à frustração
interna e explode em afirmações duras e descaridosas, ferindo àqueles que se
encontram ao redor. O homem sem domínio próprio, inferniza e fragiliza seus
relacionamentos;
ii) Ela se desloca para dentro, assumindo a forma de
ressentimento, amargura e dor. Neste caso, o organismo vai sendo destruindo
pela força deste movimento maligno
c)- Quando
baseada na desonestidade – O vs. 28 afirma: "Aquele que furtava não
furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que
tenha com que acudir ao necessitado" (Ef 4.28). Pessoas desordenadas abrem
o espaço para que satanás os acuse, trazendo dor e vergonha para suas casas,
permitindo envolvimento em ganhos
ilegais, atos de corrupção e perda da benção de Deus. O termo furtar não tem a
mesma conotação de roubar, antes é algo “furtivo”, e cheio de sutilezas.
Podemos “furtar” em muitas coisas.
O
trabalho que agrada a Deus é aquele
(1)- Que é feito com honestidade;
(b) – Realizado com as próprias mãos;
(2) – Que sirva para abençoar pessoas necessitadas.
Não agir de forma
ponderada e sábia nestas questões, abre muito espaço para o mal em nossas
vidas.
c)- Quando
usamos mal a língua – Satanás tem usado muito esta forma destrutiva para
destruir casais, amizades e ambiente de trabalho – "Não saia de vossa
boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação,
conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef
4.29).
O termo torpe era usado pelos pescadores em
relação a peixes que não podiam ser comercializados, por estarem estragados. "Palavra
torpe" é aquela que não deve ser usada porque é podre, cheira mal, faz
mal. A Bíblia afirma que nossa palavra deve ser conforme a necessidade,
isto é, apropriada para o momento certo. Existem muitas pessoas que não sabem o
que falar e falam de forma inadequada ao momento. Outra exortação é para que
ela transmita graça aos que ouvem. Isto é, que a pessoa, depois de ouvir
a mensagem, sinta que realmente foi abençoada por Deus. O mau uso da língua, é
um dos meios que satanás tem usado para destruir filhos e relacionamentos
conjugais.
e) Quando
o Espírito não tem liberdade de ação em nossas vidas – (Ef 4.20) O melhor
antidoto contra as trevas é a luz. A melhor forma de expulsarmos satanás de
nossa família é enchendo nosso lar com a presença do Espirito Santo, através de
orações simples, e louvores em
família. A regra é simples: afugente a escuridão com a
presença do Espírito!
A melhor tradução seria,
não jogue água no fogo. Podemos entristecer o Espírito quando não permitimos
que seu fogo brilhe em nós, nos purifique, nos santifique. Quando resistimos à
sua liderança e governo. Estevão afirmou diante do Sinédrio: "Homens de
dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao
Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis" (At
7.51). Pessoas, religiosas, acostumadas com as coisas de Deus, tendem a desenvolver
uma resistência à Palavra. Aquilo que Deus dizia era sempre rechaçado e
rejeitado no seu viver diário. Desta forma entristecemos o Espírito do Senhor
em nossas vidas, e satanás vai encontrando seu lugar.
Conclusão:
A Bíblia nos ensina: “Não te deixes vencer com o mal, mas vence o
mal com o bem” (Rm 12.21), afinal somos “filhos da luz”, e devemos andar
como filhos da luz. Nós não somos das trevas, mas chamados para sermos
guardados e iluminados pela maravilhosa obra de Cristo em nossas vidas. Por
isto a exortação: “Não deis lugar ao
diabo”.
Que Deus nos abençoe!