sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ef 4.27 Nem deis lugar ao diabo



Introdução:

Um dos princípios mais claros da vida é o seguinte: Bem e mal agem por concessão. Judas é descrito na Bíblia como “O Filho da perdição”. O seu coração foi se inclinando de uma forma tal pela cobiça, que resolveu entender-se com os principais sacerdotes sobre como lhes entregaria a Jesus. O Evangelista Lucas descreve sua alma de forma lacônica: “Satanás entrou em Judas” (Lc 22.3).
Por isto é uma grande benção para nossas almas quando nos abrimos para a pessoa de Jesus de Nazaré. Quando o recebemos em nosso coração, quando o convidamos para entrar em nossa vida e a governá-la. Nós precisamos receber a Jesus em nossa vida, e isto implica em rendição e um convite para que ele nasça em nós. O risco aqui é um só: Deus leva a sério a oração do pecador convidando-o para ser senhor de sua vida. “Eis que estou à porta e bato, se alguém abrir, entrarei, cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20).   
Quando Jesus está ministrando aos discípulos sobre a bondade de Deus, ele afirma o seguinte: “Ora, se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais Deus vos dará o Espírito santo àqueles que lho pediram”. A ênfase de Jesus neste texto é sobre a benção de pedir o Espírito Santo. Quando clamamos pela iluminação e direção divina, somos impactados por esta maravilhosa manifestação de seu amor.
Um antigo hino diz: “Deixa a luz do céu entrar, deixa o sol em ti nascer, abra o coração e deixas Cristo entrar, e o sol em ti raiar”. Este ato maravilhoso de querer ser absorvido pelo sobrenatural é profundamente transformador.

Por outro lado, há muitos que ficam fazendo concessão para o mal. Ficam brincando com coisas espirituais.
Fui chamado certa vez por uma mãe em Boston, cuja filha pré-adolescente,  ‘por brincadeira e curiosidade”, foi conversar com uma garota de sua idade que se intitulava de bruxa na escola e “recebia” as meninas num canto da biblioteca da escola para “dar passes”. Quando esta menina quis sair da “brincadeira”, foi ameaçada espiritualmente por aquela colega e começou a mostrar comportamentos estranhos, de medo e ansiedade, até que resolveu relatar para sua mãe o que havia acontecido na escola. Foi uma oportunidade boa para falar para toda aquela família, sobre a necessidade de abrir sua casa para Deus, e convidar aquela garota para quebrar qualquer voto que tivesse feito com sua coleguinha.
Existem muitos adultos que frequentam igrejas, mas continuam fazendo leituras de tarôs, cartas, conversando com cartomantes, necromantes, médiuns, fazendo isto por curiosidade ou ingenuidade, fazendo brincadeiras com copos no centro da mesa e há relatos de adolescentes perturbados com isto que posteriormente tiveram que recorrer a tratamentos. O jogo, que parece simples e inofensivo, baseia-se num copo que se move em direção às letras de um abecedário colocado em cima de uma mesa e forma palavras em resposta às perguntas dos jogadores.
Esta geração é atraída por forças do ocultismo, vã tentativa de controlar realidades espirituais e sobrenaturais, querendo “domesticar o mal”, ou que se adentram no esoterismo apenas por curiosidade, sem considerar todas as implicações de tais atitudes.
A Bíblia fala de processos de morte dentro de casa de pessoas, como a mulher Siro Fenícia, cuja filha estava “horrivelmente endemoninhada” (Mt 15.22) e vai se encontrar com Jesus. Endemoninhamento é um processo de vida, quando o mal vai aos poucos se aninhando, criando o seu espaço dentro de lares. Por isto o apóstolo Pedro exorta: “Sede sóbrios e vigilantes, o diabo vosso adversário anda em derredor, procurando alguém para devorar. Resisti-lhe firmes na fé ” (1 Pe 5.7). Jesus também insistia com seus discípulos a “vigiar e orar para não entrar em tentação”. Quando a força da sedução atrai de forma perigosa, colocando-nos numa espiral da morte, devemos ficar alerta. Não brinque com forças desconhecidas e tentações. “Não dê lugar ao diabo”.
Este texto também nos revela que existem movimentos éticos que destroem famílias e igrejas. O contexto de Ef 4.30 parece nos dar algumas orientações sobre realidades que abrem espaço para atuações malignas. Os versículos anteriores e posteriores de em Ef 4.25-32 orientam e apontam direção para que Satanás não tenha lugar.

Como alguém pode dar lugar ao diabo? Quando damos lugar ao diabo em nossa vida?
O texto do vs 26 está intimamente conectado ao vs 27, pois Paulo usa uma conjunção aditiva "e", dando-nos a entender que uma das formas mais comuns para satanás aja é pelas vias das emoções. Quando não somos capazes de lidar com conflitos e nos tornamos pessoas ressentidas, deixamos que tal sentimento passem de um dia para outro, às vezes de uma geração para outra, e Satanás obtém vitória. Curiosamente, todas as vezes que o Rei Saul se tornava possesso era após um período de raiva intensa: Amargura, ira, ódio e ressentimento são maus conselheiros.
Paulo descreve, pelo menos, cinco vias pelas quais o mal transita facilmente:

a)- Quando a verdade é suprimida  “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25). A mentira tem procedência maligna. Jesus afirmou que o diabo jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44).
A mentira dá espaço para a suspeita, gera desconfiança e constrói relacionamentos falsos. Muitas vezes não queremos dizer as verdades porque achamos que ofende ou magoa o outro, mas a verdade é que precisamos aprender a dizer sempre “a verdade em amor” (Ef 4.30). A verdade desmascara a base da ação maligna, porque o diabo é um ser de penumbras, ele age nas sombras. Quando a luz brilha, a verdade vem a tona, as trevas se retiram. Por isto a exortação bíblica “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros”(Ef 4.25). Verdade não deixa espaço para o diabo.

b)- Quando a vida é dominada pela ira – “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. (Ef 4.26).
A ira sempre tem duas vertentes:
i) Ela se projeta para fora, dando vazão à frustração interna e explode em afirmações duras e descaridosas, ferindo àqueles que se encontram ao redor. O homem sem domínio próprio, inferniza e fragiliza seus relacionamentos;
ii) Ela se desloca para dentro, assumindo a forma de ressentimento, amargura e dor. Neste caso, o organismo vai sendo destruindo pela força deste movimento maligno

c)- Quando baseada na desonestidade – O vs. 28 afirma: "Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado" (Ef 4.28). Pessoas desordenadas abrem o espaço para que satanás os acuse, trazendo dor e vergonha para suas casas, permitindo  envolvimento em ganhos ilegais, atos de corrupção e perda da benção de Deus. O termo furtar não tem a mesma conotação de roubar, antes é algo “furtivo”, e cheio de sutilezas. Podemos “furtar” em muitas coisas.
O trabalho que agrada a Deus é aquele
(1)- Que é feito com honestidade;
(b) – Realizado com as próprias mãos;
(2) – Que sirva para abençoar pessoas necessitadas.
Não agir de forma ponderada e sábia nestas questões, abre muito espaço para o mal em nossas vidas.

c)- Quando usamos mal a língua – Satanás tem usado muito esta forma destrutiva para destruir casais, amizades e ambiente de trabalho – "Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef 4.29).
O termo torpe era usado pelos pescadores em relação a peixes que não podiam ser comercializados, por estarem estragados. "Palavra torpe" é aquela que não deve ser usada porque é podre, cheira mal, faz mal. A Bíblia afirma que nossa palavra deve ser conforme a necessidade, isto é, apropriada para o momento certo. Existem muitas pessoas que não sabem o que falar e falam de forma inadequada ao momento. Outra exortação é para que ela transmita graça aos que ouvem. Isto é, que a pessoa, depois de ouvir a mensagem, sinta que realmente foi abençoada por Deus. O mau uso da língua, é um dos meios que satanás tem usado para destruir filhos e relacionamentos conjugais.

e) Quando o Espírito não tem liberdade de ação em nossas vidas – (Ef 4.20) O melhor antidoto contra as trevas é a luz. A melhor forma de expulsarmos satanás de nossa família é enchendo nosso lar com a presença do Espirito Santo, através de orações simples, e louvores em família. A regra é simples: afugente a escuridão com a presença do Espírito! 
A melhor tradução seria, não jogue água no fogo. Podemos entristecer o Espírito quando não permitimos que seu fogo brilhe em nós, nos purifique, nos santifique. Quando resistimos à sua liderança e governo. Estevão afirmou diante do Sinédrio: "Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis" (At 7.51). Pessoas, religiosas, acostumadas com as coisas de Deus, tendem a desenvolver uma resistência à Palavra. Aquilo que Deus dizia era sempre rechaçado e rejeitado no seu viver diário. Desta forma entristecemos o Espírito do Senhor em nossas vidas, e satanás vai encontrando seu lugar.

Conclusão:

A Bíblia nos ensina: “Não te deixes vencer com o mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21), afinal somos “filhos da luz”, e devemos andar como filhos da luz. Nós não somos das trevas, mas chamados para sermos guardados e iluminados pela maravilhosa obra de Cristo em nossas vidas. Por isto a exortação: “Não deis lugar ao diabo”.

Que Deus nos abençoe!

Um comentário: