Introdução:
Que me perdoem os
românticos, mas casamento não foi feito para dar certo...
Dan Doriani afirma que
ao celebrarmos bodas de ouro de um casal não deveríamos perguntar se viveram
bem, mas como conseguiram viver. Ele afirma que deve ser como a percepção que
temos de um cachorro andando sobre duas pernas. O ponto não é se ele anda bem,
mas como consegue andar.
Stephen Kanitz afirma
no seu artigo “o segredo do casamento”, faz uma paródia sobre este tema
afirmando que não dá para viver a vida inteira com a mesma pessoa, ouvindo as
mesmas piadas, frequentando os mesmos lugares, usando as mesmas roupas e
perfumes e com os mesmos hábitos.
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo.
Kanitz afirma que o
segredo do casamento é divorciar, mas casar novamente com a mesma pessoa. Não
procurar outra, mas descobrir novas formas criativas para se andar a dois.
Em Pv 30.18-19 o autor
afirma que há uma coisa maravilhosa demais: O caminho do homem com uma mulher.
Este caminho de fato é misterioso e maravilhoso. Mas se esta vida compartilhada
é tão mágica, por que um casamento, previsivelmente, tem tudo para dar errado?
Deixe-me enumerar
alguns pontos:
1.
Questão de Gênero – Homem e mulher são
muito diferentes. Existe um livro do Larry Crabb que afirma que devemos
celebrar as diferenças, mas o que percebemos é que as diferenças, na maioria
das vezes, não são fonte de celebração, mas de irritação.
Homem é mais racional,
dedutivo, lógico e genérico, a mulher, mais intuitiva, visceral, especifica.
Mulher possui uma relação uterina com as coisas, meio simbiótico.
Leia este texto de Luiz
Fernando Veríssimo, e veja como ele demonstra isto:
Nunca tinha entendido por que as
necessidades sexuais
dos homens e das mulheres são tão
diferentes.
Nunca tinha entendido tudo isso de
Marte e Vênus.
E nunca tinha entendido por que os
homens pensam com a
cabeça e a mulheres com o coração.
Uma noite, semana passada, minha
mulher e eu estávamos
indo para a cama.
Bom, começamos a ficar à vontade,
fazer carinhos, e
nesse momento, ela fala:
"Acho que agora não quero, só
quero que você me
abrace".
Eu falei: "O QUEEEEEE??????"
Ela falou: "Você não sabe se
conectar com as minhas
necessidades emocionais como
mulher".
Comecei a pensar onde podia ter
falhado.
No final, assumi que naquela noite não
ia rolar nada,virei e dormi.
No dia seguinte fomos a um grande
hipermercado, do tipo
Makro, com muitas lojas dentro dele.
Dei uma volta enquanto ela
experimentava três modelitos
caríssimos.
Como não podia decidir por um ou
outro, falei para
comprar os três.
Então ela me falou que precisava de
uns sapatos que
combinassem, a R$200,00 cada par.
Respondi que tudo
bem.
Depois fomos à seção de joalheria, de
onde saiu com uns
brincos de diamantes.
Estava tão emocionada! Deveria estar
pensando que
fiquei louco,
agora penso que estava me testando
quando pediu também
uma raquete de tênis, porque nem tênis
ela joga.
Acredito que acabei com seus esquemas
e paradigmas
quando falei que sim.
Ela estava quase excitada sexualmente
depois de tudo
isso;
Vocês tinham que ver a carinha dela,
toda feliz!
Quando ela falou: "Vamos passar
no caixa para pagar"
Tive dificuldade para me segurar ao
falar com ela:
"Não, meu bem, acho que agora não
quero comprar tudo isso".
Ela ficou pálida. Ainda falei:
"Só quero que você me abrace".
No momento em que começou a ficar com
cara de querer me
matar, falei: "Você não sabe se
conectar com as minhas
necessidades financeiras como
homem.."
Acredito que o sexo acabou para mim
até o natal de
2008...
Colocar um homem e uma
mulher juntos, com todas suas diferenças, chega a ser jocoso. Mulher nunca vai
entender cabeça de homem, nem homem vai entender cabeça de mulher. Freud, em um
de seus últimos tratados afirmou categoricamente que jamais conseguira entender
como funciona a mente feminina.
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo.
2.
Questão de
temperamento
– Além das diferenças entre de gênero, os seres humanos são muito diferentes
entre si, na forma como lida com a vida, nas ações e reações que tomam. Dizem
que os opostos se atraem, mas no casamento, opostos tendem a se tornar fonte de
irritabilidade.
Já ouviram falar de
incompatibilidade de gênios? É exatamente do que estou falando. Somos incompatíveis.
Se quisermos usar esta desculpa para o divórcio, ela se aplica a qualquer
relacionamento. Ninguém é compatível de gênio. Pense na sua mulher (ou marido).
Ele é compatível de gênio? Você não o
acha estranho demais? Ou previsível demais ou explosivo demais?
Paul Tournier,
celebrado psiquiatra suíço afirma que “incompatibilidade de gênios é uma frase
de grande efeito criada por pequenos juristas, para justificar o divórcio”.
Você conhece um homem
e uma mulher que sejam iguais, gostam das mesmas coisas, possuem o mesmo
temperamento, pensam do mesmo jeito? Quero afirmar de imediato: Este
relacionamento é tedioso! A menos que o outro se anule por completo, por
apatia, indiferença ou submissão doentia. Nós somos diferentes.
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo.
3.
Questão de formação e
educação – Outro
aspecto que dificuldade muito no casamento tem a ver com backgrounds culturais
e familiares distintos. Um vem de herança européia, outra latina; um vem do
catolicismo, outra do luteranismo; um é grego, outro é troiano; um é bahiano,
outro goiano; aquele tem formação rígida, inflexível, o outro vem de um lar
liberal, frouxo.
Os jovens judeus
ortodoxos não decidem com quem vão se casar. Quando chega a idade apropriada,
existe uma figura casamenteira na comunidade que vai procurar identificar o
perfil do rapaz e da moca, da família, da formação e assim gerar um casamento
entre eles. A taxa de divórcio entre eles é praticamente zero. No entanto, este
é o estilo de vida que queremos adotar?
Numa sociedade plural,
nossa procedência é geralmente distinta, cultural, religiosa, educacional. Aí
resolvemos nos casar. Estão percebendo como é difícil?
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo.
4.
Experiências e
histórias
– Acima de todos estes fatores já enumerados, ao chegarmos no casamento, já
temos uma história de vida marcada por traições, enganos, amores, doenças
emocionais. Não somos uma tábua rasa. Temos o “infinito particular”, já levamos
pancadas, batemos, apanhamos. Aprendemos a criar mecanismos de defesa: reação,
introjeção, projeção, deslocamentos. Já sabemos acusar e defender, atacar e
proteger.
Certa pessoa, vendo
seu casamento indo para o atoleiro, desabafou de forma muita honesta: “quando
me casei, não sabia a quantidade de lixo que estava trazendo para casa!” Nós
chegamos com nossos pacotes de frustrações, histórias mal resolvidas, traumas e
dramas. Quando isto eclode no relacionamento e no cotidiano, torna-se um
problema muito sério. Não é o outro o problema, mas o problema está ai,
presente.
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo.
5.
Narcisismo e
egocentrismo
– As pessoas entram no casamento, achando que o outro as fará feliz, que estará
ao seu dispor e todos os seus problemas desaparecerão porque finalmente
encontraram alguém para resolver os problemas. Não entendem que existe uma
solidão na alma, que nenhuma outra pessoa pode resolver. A depressão, o mau
humor e narcisismo que historicamente acompanham a vida inteira.
Certo casal estava à
beira da separação, a casa toda bagunçada e a vida em desordem. O marido
reclamou e ela disse: “Eu não nasci para cuidar de casa, eu sou uma princesa!”
E ele respondeu: “Então a princesa acabou de ser destronada, apanhe esta
vassoura e o rodo e vamos limpar esta casa que virou um lixo!”
Imagine uma pessoa
narcisista, auto centrada, criada em ambiente de proteção, acreditando que os
pais e funcionários devem estar à sua disposição e servi-lo, achando que o
outro vai tratá-lo como sua mãe tratava, protegendo, dando tudo o que queria.
Este tipo de narcisismo muito comum de filho mimado não vai se manter em pé.
Nos frustramos nos
relacionamentos porque somos auto enamorados. A síndrome de narciso está
presente, olhamos no espelho e acreditamos que “não existe ninguém mais belo do
que eu”, e de repente o egocentrismo é denunciado. O outro não é satélite, o
outro tem luz própria.
Por isto precisamos
considerar que casamento não foi feito para dar certo... tem todo os
ingredientes necessários para dar errado. Precisamos fazê-lo dar certo.
Como podemos fazer o casamento dar certo?
Quero me atrever a dar
duas sugestões sobre este complexo tema: um de natureza psicológica, outro de
natureza espiritual.
1.
Natureza
psicológica – Penetre neste universo, com vontade lutar para sua preservação.
Se você adentra e se atreve a compartilhar a vida com alguém, seja radical:
Invista prá valer!
Se você entra num
casamento pensando que se ele não der certo, ele não vai dar certo. Se você não
lutar pelo seu casamento, ele não vai durar.
Para isto é necessário
investir não apenas 50% de seu sonho, mas 100%.
Existem dois termos na
língua inglesa que nos ajudar a entender isto: Commitment e compromisse!
O primeiro, significa
compromisso unilateral. A pessoa entro no negócio prá valer e vai se sacrificar
por este compromisso assumido. Ela decide lutar, na saúde e na enfermidade, na
alegria e na tristeza. Decidi amar e quer investir, sem suspeita e reservas,
sua vida neste projeto. Pode quebrar a cara? Sim! Pode se decepcionar? Sim! No
entanto vai fazer as coisas não pela metade.
O segundo termo, compromisse, é uma barganha: A pessoa
diz: “Eu dou isto, se você fizer isto”. Existe uma negociação. Ela deseja saber
qual vantagem terá. Quando pensa em fazer um compromisse, significa que entra com 50% e o outro com 50%. O
problema é que na maioria das vezes todos achamos que damos mais que o outro. Eu
sempre dei mais no meu relacionamento que minha esposa (pergunte a ela se isto é
verdade e você verá que estou mentindo...) Contratos e cláusulas estão aqui
presentes, e a pessoa vai se sentir lesada, em desvantagem.
Uma música do Simon
& Garfunkel diz: “Como ponte sobre águas turvas, eu me estenderei para que
você passe”. Ser ponte para o outro não é fácil. Isto é Commitment. Decidimos ser alicerce e suporte para o outro que está
desestabilizado.
Se você está no
casamento procurando alguém para lhe fazer feliz, assumindo a “sua parte”, 50%
por cento, acredite: seu casamento não vai dar certo. Você deve entrar no
casamento querendo fazer o outro feliz. Casamento não dá certo,
automaticamente, precisamos querer que ele dê certo!
2.
Natureza
Espiritual – Agora adentramos uma dimensão sacral, um universo místico, uma área
densa e misteriosa, mas igualmente importante. Leve Deus para morar contigo.
Um dos textos que mais
me tem surpreendido é o que narra o primeiro milagre de Jesus, que foi numa
festa de casamento. Sabiam disto? Ele fez tantos milagres impressionantes:
Curou cegos, paralíticos, surdos, ressuscitou mortos, era, portanto, de se
esperar, que ele fizesse no seu primeiro milagre alguma coisa mais
impressionante. Além do mais, foi numa pequena vila, em Caná da Galiléia, que
naqueles dias não tinha mais que 300 habitantes, e o milagre foi feito na
cozinha, escondido de todo mundo.
Creio que todos os
milagres que Jesus fez e da forma como fez, tinham uma clara intencionalidade. Havia
um motivo para ser feito desta forma.
Curiosamente, o último
texto do Antigo Testamento afirma que quando o Messias viesse, ele converteria
o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais (Ml 4.5-6). Portanto, sua
missão tinha a ver com a recuperação e restauração dos lares, unindo as
pessoas. Existe alguma área que precisamos mais de milagres que esta?
O texto que fala do
primeiro milagre de Cristo encontra-se em João 2. “Houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali, a mãe de
Jesus. Jesus também foi convidado”(Jo 2.1-2). Veja que nota interessante:
“Jesus também foi convidado!” Ora, convidados são pessoas a quem apreciamos e consideramos.
As pessoas queriam que Jesus estivesse ali, ele não foi àquela festa como penetra. Ele era alguém que os donos da
festa queriam que ele estivesse presente.
Quais são os
convidados que trazemos para nossa casa?
Você pode convidar
entidades, espíritos malignos, forças negativas e destrutivas, energias
antagônicas. Particularmente não gosto do termo energia e força, porque dão
ideia de coisas impessoais, e Jesus nunca lidava com tais poderes desta forma,
antes lhes dava nomes, chamando-os de espíritos malignos, espíritos imundos,
etc. Jesus dava pessoalidade ao que hoje queremos tratar de forma impessoal.
Aquelas pessoas
convidaram Jesus para sua casa. Convide Jesus!
Estamos falando do homem
de Nazaré, que veio em forma humana, nasceu da virgem Maria, morreu numa cruz,
se doou por nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia. Falamos do Deus
trino: Pai, Filho, Espírito Santo. Falamos do “Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo!”.
A presença de Jesus
muda nossa casa.
Casamento não foi
feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo. Mas para que isto
aconteça, nem sempre somos capazes de agir de forma correta, precisamos de seu
poder e graça.
Não estou falando de
uma energia, mas de uma pessoa, que um dia transformou água em vinho e pode
hoje transformar lares sem vida e alegria em lares repletos de sentido e
celebração. Que pode tirar a tristeza e dar alegria.
Muitos lares precisam
deste milagre. A festa acabou porque não há mais vinho, não há mais alegria,
não há mais shalom, um lar diluído, sem cor e cheiro, que passa a receber
textura, sabor e alegria, porque Jesus é capaz de trazer um vinho novo para
nossos lares.
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