Introdução:
Estamos na virada do ano, data esta sempre carregada de
expectativas.
Boa
parte da mídia voltada para as retrospectivas e outras tanto querendo desvendar
o futuro. São astrólogos, futuristas, futurólogos, mágicos e profetas, todos
tentando predizer o próximo ano. Acho desonesto mostrarem apenas as previsões,
para ser integro, deveriam mostrar as “profetadas” do ano passado e as
previsões, para saber o que de fato aconteceu. Naturalmente ninguém quer fazer
este tipo de avaliação, por uma razão simples: Isto vai revelar o fracasso das
predições, e assim se perderia o público que se deseja alcançar.
Toquinho estava certo:
...E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Jesus
ensinou aos discípulos a absoluta realidade de que não se pode controlar os
eventos: “Qual de vós, por ansioso que
esteja; pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida?”
Neste
texto das Escrituras Sagradas, o apóstolo Tiago vai demonstrar a falibilidade
dos projetos humanos. Como os prognósticos são falhos, como os planos são
falíveis, e como a vida é frágil.
Três
lições podemos aprender sobre a falibilidade humana:
Primeiro,
Todo prognóstico é arriscado – “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou
amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos,
teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois,
apenas, como neblina que aparece por instante, e logo se dissipa” (Tg 4.13,14).
Tiago procura demonstrar como nossos planos são frágil e a vida é imprevisível.
Não
há segurança.
Procuramos
nos organizar, fazer seguros, fazemos planejamentos, mas alguém aqui pode fazer seguro de vida? Bem...
isto é o que achamos que temos, mas a realidade é que fazemos seguro de
morte... se morrermos, nossos familiares estarão protegidos. Não há seguro
contra o infortúnio, o inesperado, o imprevisível. Nós não sabemos o dia de
amanhã. A vida é como uma neblina da madrugada.
Diante
destas situações algumas coisas engraçadas acontecem:
Minha
cunhada estava conversando com seu marido e disse, sem perceber a tolice:
“Quando um de nós dois morrer, eu vou comprar um apartamento pequeno, e vou
morar sozinha...”, então, ele se voltou para ela e disse: “Quem te disse que eu
vou morrer primeiro?”
Porque
o prognóstico é arriscado, por causa de duas coisas:
A.
O futuro é imprevisível – Quem pode
dizer: “iremos para a cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos, teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá
amanhã”.
B.
A vida é frágil – “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como
neblina que aparece por instante, e logo se dissipa”.
A
Bíblia usa várias figuras para demonstrar a fragilidade da vida:
...Breve
pensamento...
...Conto
ligeiro...
...Como
a erva... de madrugada viceja e floresce, à tarde murcha e seca...
Somos
uma bomba relógio, em contagem regressiva. Corpo frágil, estrutura frágil, pó.
Segundo,
A falta de controle sobre o futuro, não
exclui planejamento – “Em vez disso,
devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto
ou aquilo” (Tg 4.15).
Muitos
dizem: “Planejamento é tolice. Se não sabemos o que virá, então porque nos
preocupar”. Preocupar não, mas planejar, sim.
Três
razões:
A.
A sabedoria judaica nos ensina isto
– Basta ler com atenção o livro de Provérbios para ver quantas vezes ele nos
fala sobre a necessidade de planejamento, provisão, prudência. Em Pv 20.18
lemos: “Os planos mediante os conselhos tem bom êxito. Faze a guerra com
prudência”. Não dá para ir a luta sem planos, sem análises, sem estudar as
reais condições. Em Pv 6 há uma exortação para considerar como vivem os
insetos. “Vai ter com a formiga, ó
preguiçoso; considera os seus caminhos e sê sábio” (Pv 6.6), a lição mais
importante que aprendemos delas é a seguinte: “Na colheita ajunta seu mantimento e na época da seca prepara o seu pão”
(Pv 6.8). Sem estudar logística, planejamento, liderança, elas sabem
instintivamente que é necessário ter planos, fazer provisões.
B.
O Povo de Deus praticou isto – Há
muitos exemplos na Bíblia do povo de Deus se prepara para alguma atividade que
exigia planos. Quando Davi decidiu construir o templo, ele reuniu homens
experts em áreas distintas para ver o que seria necessário para a obra. Quando
o povo de Deus entrou na terra prometida, precisavam dividir as terras para as
diferentes tribos, e a instrução de Josué foi interessante: “Façam dela um gráfico relativamente à
herança” (Js 18.4,6,9). A insistência em fazer um gráfico mostra como é
importante fazer planejamento.
C.
Jesus demonstrou isto – Nos seus
ensinamentos chamou a atenção dos discípulos para isto: “Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta
primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?
Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos
os que a virem zombem dele dizendo: este homem começou a construir e não pode
acabar” (Lc 14.28-31).
Aristóteles
afirmou que “As
pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e
aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã”. Não custa nada fazer planos
sábios e exequíveis.
Terceiro,
Considere Deus em todo tempo – Se a
realidade humana é esta, como viver ainda com arrogância e tentando viver de
forma alienada de Deus?
É uma
grande tolice, tentar viver sem Deus, ou ignorando sua realidade.
Três
princípios sobre isto pode ser extraído do texto:
A.
Deus é quem controla a vida – “Se o Senhor quiser... viveremos” (Tg
4.15). No Salmo 146, a Palavra de Deus nos exorta a não confiar em sistemas,
pessoas ou autoridades, mas confiar no Senhor, pois os homens são frágeis e
transitórios. “Sai-lhes o espírito, e
eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios” (Sl
146.4).
B.
Deus é quem controla a agenda dos homens
– “em vez disso, devíeis dizer: Se o
Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tg
4.15).
Algumas
vezes em que fui sondado sobre outros campos para pastoreio, a resposta sempre
foi: “Se o Departamento de recursos humanos, lá de cima, liberar... o chefe é
quem manda, e ele é temperamental”... Na minha vida, jamais planejei com
antecedência de anos que seria pastor nesta ou naquela igreja, mas de forma
sobrenatural Deus ia conduzindo minha vida da forma como sempre quis fazer.
Você
acham que na profissão de vocês é diferente?
Vocês
acham que estão na posição que ocupam, fazendo o que fazem, por acaso? Ou creem
que Deus os colocou onde ele mesmo quis colocar?
C.
Qualquer tentativa ou ideia de que “somos
donos do nosso próprio destino é, não apenas utópica, mas pretenciosa”.
“Agora, entretanto, vos jactais das
vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a esta é maligna” (Tg
4.16).
Conclusão:
A
verdade direta deste texto é: Não caminhe sem Deus!
No
seu livro “Do temor à fé”, Dr. M.L.Jones faz três afirmações fantásticas sobre
Deus:
1.
A história está sob controle divino.
Este é o tema da Bíblia. Este é o tema central de Apocalipse. A história
caminha para um fim planejado por Deus, e nem as forcas históricas, politicas
ou espirituais, podem impedir seu plano. “Porque
os dons e vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.35). O Cordeiro é
vitorioso desde o principio, o cavalo branco “saiu vencendo e para vencer” (Ap 6.2).
2.
A história segue um plano divino –
Os eventos não acontecem por acaso. Deus vê o fim desde o principio.
A
Bíblia possui uma estrutura orgânica e harmônica, fincada em quatro pilares:
Criação
Queda
Redenção
Consumação
Deus
está no inicio da história, transita dentro dela e encontra-se no seu fim. Ele
não apenas age na história, mas é Senhor da história.
3.
A história segue um horário divino –
Muitas vezes achamos os processos de Deus demorados ou tardios, mas Deus está
construindo seu plano dentro de uma agenda especifica. Quando badalar a hora de
Deus, Jesus Cristo volta, em glória, para construir um novo tempo.
O
ministério de Jesus mostra como ele entende isto.
O
nascimento de Jesus não se deu num vácuo, mas dentro de um claro kairos divino: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, nascido de
mulher” (Gl 4.4). Seu nascimento segue um tempo de Deus.
Quando
Maria pede a Jesus para intervir no casamento em Caná da Galileia ele responde:
“Mulher, ainda não é chegada a minha
hora”. Ele sabia o momento certo de agir, quais seriam as condições para
isto acontecer.
Quando
chegou sua hora de ir para a cruz e morrer pelos pecados dos homens, ele
afirmou: “Pai, é chegada a hora.
Glorifica a teu Filho, para que teu Filho te glorifique” (Jo 17.1).
Tudo
revela a gloriosa verdade de que Jesus entendia sua vida dentro de um plano,
uma agenda, um horário e um propósito divino.
Nossos
planos são frágeis.
Nossa
vida é frágil.
Mas
podemos confiar na ação de Deus.
“É um erro tentar ver
muito longe no futuro. A corrente do destino somente pode ser puxada um elo por
vez”. Winston Churchill