Introdução:
Jerusalém está sitiada por um dos maiores poderes bélicos
do mundo naqueles dias. Não existe defesa nem aparato militar em Israel para
guerrear contra a Assíria, e o invasor sabe disto. A luta é desigual: o forte
contra o fraco, o dominador contra os pequenos países da região. O inimigo vai
tornando a situação cada vez mais difícil e Jerusalém está acuada pelo inimigo.
Esta batalha acontecida em torno do ano 710 a.C., é um
interessante ilustração de como Satanás ataca seu povo.
Geralmente somos muito ingênuos a batalha espiritual, e
em relação as estratégias que Satanás adota para desestabilizar o povo de Deus
e a Igreja de Cristo. Não raramente suas propostas são colocadas em cima da
mesa, com uma argumentação extremamente perspicaz, e nos encolhemos sem saber
realmente o que devemos fazer. Com medo, assustados, parecendo ratos do porão,
ficamos aguardando o pior, quando na verdade, temos o melhor de Deus sobre
nossas vidas.
Quais foram as estratégias que Senaqueribe, rei da
Assíria utilizou?
Que tipo de semelhanças entre suas armas e os ataques que
hoje recebemos?
Que tipo de propostas o inimigo faz?
- O inimigo saqueia, obrigando
a entregar as coisas mais preciosas – (2 Rs18.13-16). Ezequias entrega-lhe os bens
(talentos de prata e ouro), e até as portas do templo, mas o inimigo é
insaciável. Quando a Bíblia afirma que Satanás vem matar, roubar e
destruir, quer lembrar-nos que o diabo é um ser sem misericórdia e
insaciável na sua natureza. Ele não para enquanto não roubar a alegria, a
paz, a liberdade, a benção. Ele quer nossa liberdade de ir e vir, ele
deseja assumir o controle de nossa vida. Por isto, fazer concessões e
negociar com o diabo nunca é boa alternativa. Não dialogamos com satanás,
mas o confrontamos como a Palavra de Deus ensina: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”.
- Ele coloca em xeque a
confiança do povo (2 Rs 18.19). sabendo que era superior em poderio militar,
questiona a confiança do povo em Iahweh, e faz ataques diretos às
promessas de Deus. “Nem tampouco vos
faça Ezequias confiar no Senhor dizendo: O Senhor certamente nos livrará,
e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria” (2 Rs
18.30). Ele nos faz pensar que Deus não poderá livrar-nos. Ele questiona
Deus, suas convicções, sua fé, ele põe em dúvida a sua confiança na
Palavra.
- Procura negociar oferecendo benefícios – Esta é uma forma de intimidação. Senaqueribe invadiu Samaria (2 RS 18.9-10), que era a capital de Israel (Reino do Norte), bem como os vizinhos de Israel, Sefarnaim, Hena, Ivã, Harmate e Arpede (2 RS 18.34) e acuando o povo de Deus, que agora se encontrava cercado, em estado de sítio, dentro de Jerusalém.
Desta forma age Satanás, ele encurrala, ameaça,
esbraveja, cerca, e depois faz sua oferta.
“Não deis ouvidos a
Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as pazes comigo e vinde para
mim; e comei, cada um da sua própria vide e de sua própria figueira, e bebei
cada u da água de sua própria cisterna” (2 Rs 18.31). Para a maioria das
pessoas pacatas e pacificas, esta é uma situação ideal. No stress. No fight. No
war.
Suas ofertas são sempre alvissareiras. Ele é mestre de
falsas promessas. O que ele promete é algo fabuloso, mas a base é a mesma: “Tudo isto te darei, se prostrado me
adorares” .
Ele quer que façamos acordos com ele. Esta é uma forma de
nos domesticar, transformar-se em aliado, sejamos cabrestados por ele. A
orientação porem é de que, nunca negociemos caráter, integridade, consciência,
em troca de respostas e saídas fáceis, mesmo quando estivermos encurralados.
No livro de Jó, quando Deus descreve suas criaturas, ha
uma referência mitológica ao leviatã, que certamente é uma referencia simbólica
que pode ser aplicada ao diabo. “Acaso te
fará muitas súplicas? Ou te falará palavras brandas? Fará ele acordo contigo?
Ou tomá-lo-ás por servo para sempre? Brincarás com ele como se fora um
passarinho? Ou tê-lo-ás preso à correia para seus filhos?” (Jó 41.3-6). Não
faça acordos com as trevas! Não negocie com o diabo! Não penhore sua alma e
seus filhos com os demônios!
Ele procura demonstrar as vantagens da rendição. “Se
vocês estiverem do meu lado, não resistirem à minha oferta, aceitarem meu
domínio, experimentarão deleite, fartura e paz”. A oferta do diabo é sempre
sedutora, mas é sempre armadilha. A Bíblia afirma que é como laço do
passarinheiro. A ave se enreda neste visgo e não consegue se desvencilhar mais.
Quanto mais se esforça, sem uma ajuda externa, mais se complica.
- Ele pressiona – Ele assusta com sua
abordagem. “Veio com grande exército”
(2 Rs 18.17) e cercaram Jerusalém. Cerco significa dias de sofrimento,
tensão, provação e privação. A qualquer momento o inimigo pode atacar.
Satanás age colocando o povo de Deus em escassez, risco, e amedrontado.
- Ele tenta demonstrar que não temos onde tirar recursos – Nem humanos, nem espirituais. “Agora, em quem confias?” (2 Rs 18.20).
Satanás tenta demonstrar que não há opção alguma, a não
ser se submeter a ele. Ele dá a entender que a única saída é a rendição ao seu
controle e domínio. Em épocas de privações, muitos cristãos fraquejam e se
esquecem da fonte inesgotável de poder que existe no Deus Todo Poderoso.
- Procura causar sentimento
coletivo de fracasso – Eliaquim, mensageiro do rei de Jerusalém é designado
para negociar, e propõe que ele lhes fale em aramaico. Rabsaqué,
mensageiro do invasor, zomba desta proposta. O que o inimigo deseja é
exatamente enfraquecer o moral da tropa, esvaziar o sentimento de poder,
enfraquecer psicologicamente os guerreiros. As ameaças que ele faz, de
forma bem clara, são graves. Um espírito de desanimo começa a abater a
comunidade.
- O inimigo – e talvez esta seja sua mais mortífera arma – tenta demonstrar a impotência e a inutilidade do Senhor - (2 Rs 18.30,32). Ele equipara o Deus Todo Poderoso, aos deuses pagãos. Insinua que tudo é igual. “Acaso, os deuses das nações puderam livrar?”.Ele enfraquece as convicções sobre Deus, sobre sua Palavra, as orações, o poder do Evangelho. Nada vale! Ele pergunta: “Por que confiar em Iawé?” Esta tem sido a sugestão que costumeiramente ouço de forma implícita ou explicita de gente crente em épocas de privações e crises. Eles passam a considerar a possibilidade de que a Palavra não funciona, o Evangelho não transforma, o poder do Espírito não está disponível, a oração nada vale, Deus não ouve orações, e assim por diante.
Isto nos leva a um estado de prostração e desânimo
profundos. Nossos recursos são questionados. Este é um tempo de disciplina,
angústia e opróbrio. O pior de tudo é
que passamos a questionar a validade da Palavra na vida das pessoas. Sua forma mais
eficaz de intimidar é nos levar a perder a noção do Deus que servimos e dos
recursos que podemos nele encontrar.
Como reagir diante
das afrontas?
A questão não é apenas saber o que ele faz, mas o que
devemos fazer.
Reconhecer a estratégia do inimigo ajuda, mas não
resolve.
Precisamos encontrar na Palavra de Deus direção segura
para, diante da opressão, angústia, insegurança e acusação, sabermos o que
devemos fazer.
- Ir para humildemente para a presença de Deus – Ezequias rasgou as vestes
e “entrou na casa do Senhor” (2
Rs 19.1). Prá onde fugir diante da ameaça? Ir para o Egito? Soluções
humanas? O rei estava devastado e o povo absolutamente sem ânimo. “Filhos são chegados à hora de nascer e
não há força para dá-los à luz” (2 Rs 19.3).
O rei Ezequias aprende a graça da oração. E quando ele
ora, o rei invasor ouve um rumor, um boato. Chegam noticias aos seus ouvidos
que não são verdadeiras. “Tendo ouvido o
rumor” (2 Rs 19.9).
- Crer, a despeito das circunstâncias - (2 Rs 19.12) – Isto é
crer de forma incondicional. As estatísticas, os gráficos, o histórico, o
balancete, o diagnóstico e a situação, tudo estava contra o povo de Israel
. O que faz Ezequias? Ao ler a provocativa carta do inimigo, ele a
apresenta a Deus. Não dá para olhar para os lados, mas apenas para cima,
de onde vem o socorro. “Elevo os
olhos para os montes, de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do
Senhor, criador do céu e do mar” (Sl 121.1-2).
- Crer, mediante a Palavra - (2 Rs 19.6,7). Ao ouvir a
Palavra do Senhor, o rei não tentou dialogar com o representante do
inimigo, coisa que até então ele tentava fazer. Agora a questão era com o
seu Senhor, o Deus de Israel . O rei se rende à palavra e a acolhe para
si. Deus falou, eu creio. É o momento em que nos assenhoreamos da Palavra
de Deus e tomamos posse de suas promessas.
- Ironizar as ofertas do diabo – “A virgem, filha de Sião, zomba de ti e meneia a cabeça contra ti” (2
Rs 19.21,22). Menear a cabeça é sinal de desprezo. É um gesto muito comum
usado pelas crianças quando estão provocando umas às outras, e quando uma
delas vira as costas, a outra fica fazendo caretas. Esta é a palavra do
profeta Isais ao rei: “Satanás, você não é nada contra Deus. A sua
aparente força, sem poderio bélico, tudo é lixo diante do Todo-Poderoso.
A Bíblia nos ensina a resistir o diabo. Isto é confronto
direto. Eu posso zombar das propostas, porque estou apegado ao Senhor. Ele é a
fonte de minha confiança. “De que terei
medo?”.
- Resgatar a compreensão da Santidade, Poder e Exclusividade de Deus- (2 Rs 19.22). O inimigo tenta igualar Deus aos falsos deuses, mas Ezequias volta-se para os atributos de seu Deus, a base de sua oração é o caráter de Deus. Ele faz quatro declarações:
i. Deus fará isto porque ele tem
poder para fazer: “Ele é o que está acima
dos querubins” (2 Rs 19.15). Ele é rei. “está entronizado”. Quem governa não são os poderes políticos, as circunstâncias,
ou aqueles que aparentemente tem o controle. Quem está assentado no trono é Deus,
ele não precisa prestar constas a ninguém.
ii. Deus fará isto por causa do seu
zelo (2 Rs 19.31); Zela pela sua palavra, Zela pelo seu povo, Zela pela sua gloria.
iii. Deus fará isto porque ele é Santo
(2 Rs 19.22) Por isto os poderes espirituais nao podem zombar dele.
iv. Deus fará isto porque é o único
Deus (2 Rs 19.15,17,18). " A quem afrontaste e de quem blasfemastes? Contra o Santo de Israel ” (2 Rs 19.21,22)
Conclusão:
Tenho encontrado muitos irmãos fracos, temerosos,
assustados, pressionados e ameaçados. Perdemos a compreensão da grandeza do
Deus que servimos.
- O inimigo manda recado – a gente se encolhe
- O
inimigo fala que nosso Deus nada pode fazer – nós nos apavoramos
- O
inimigo faz a gente pensar que Deus é impotente – nós concordamos
- O
inimigo pede a nossa rendição – nós ficamos tentando negociar as bases.
Muitos cristãos propõem acordos, tréguas, negociação com
o diabo. Precisamos aprender que não fomos chamados para fazer negócios e
acordos com Satanás, mas para confrontá-lo e expulsá-lo. Satanás não aceita
proposta, e não devemos dialogar com ele.
Onde está o Deus vivo, santo, exclusivo, zeloso? Satanás
insinua que nosso Deus nada pode fazer e a gente acha que é assim mesmo. Ele
monta seu exército, gera em nós um estado de sitio, propõe acordos para nos acorrentar,
dominar e matar e ainda achamos que sua proposta parece razoável.
No entanto, o texto nos afirma:
“A virgem, filha de Sião te
despreza e zomba de ti;
A filha de Jerusalém meneia a
cabeça por detrás de ti...
A quem afrontaste e de quem
blasfemastes?
Contra o Santo de Israel ”
(2 Rs 19.21,22)
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