Este foi o tema sugerido numa
palestra para casais de uma igreja em São Paulo. Por ser um tema vago, poderia
caminhar em qualquer direção que desejasse. Certamente uma pista
escorregadia...
A sabedoria mineira afirma que “preço
combinado não é preço caro!”, portanto, quando digo “aceito”, estou afirmando
que as condições propostas foram consideráveis razoáveis e que podemos
prosseguir a negociação.
Um filme que marcou a década de 80
foi “Proposta indecente” (Demi Moore
e Robert Redford). Certo casal estava enfrentando sérias crises financeiras
quando um rico e excêntrico milionário oferece à esposa a quantia de 1 milhão
de dólares para ficar à sua disposição por uma noite. Depois da reação inicial
de raiva e ofensa, a proposta começou a fazer sentido e o casal, em comum
acordo, aceitou a proposta. O tema central do filme é “cada pessoa tem um
preço”, e assim, encantados pelo dinheiro fácil, o contrato foi estabelecido.
Qual é o seu preço?
Quando dizemos “aceito”, certos
riscos podem se dar na relação conjugal:
Primeiro, Aceitar sem
aceitar
No livro de Gênesis, vemos Sarai
oferecendo sua escrava Agar para que seu marido, Abrão, a possuísse. A Bíblia
registra: “E Abrão anuiu ao conselho de Sarai”. A sugestão não foi
dela? Abrão como “marido compreensivo” aceitou as condições.
O problema é que Sara estava fazendo
outra proposta. Ela estava deprimida, sentindo-se sem valor, e queria que Abrão
apenas lhe abraçasse e dissesse não. Ao dizer sim, ele desencadeou uma reação
tão violenta nela que logo em seguida a vemos dizer: “Julgue o Senhor entre
mim e ti”. Na verdade, ela estava dizendo “não quero mais caminhar contigo,
vamos separar...” Sara está propondo divórcio...
Mas não foi ela quem ofereceu?
A questão é que as pessoas dizem sim
quando querem dizer não e dizem não quando querem dizer sim.
É possível dizer sim para evitar
conflitos, mas estar com o coração amargurado, com raiva e ódio, desejando
vingança.
Segundo, Aceitar, mas
conspirar
Já viram isto acontecer? Filhos são
mestres nisto...
O adolescente recebe uma ordem dos
pais, e como não “pode” dizer não, ele se cala, mas a partir daí ele conspira
contra a dinâmica da casa. Ele “engole” a ordem, mas conspira contra ela.
O mesmo pode ser visto com uma
criança birrenta. Ela não aceita o não, e por isto fará tudo para infernizar os
pais.
Homens e mulheres podem “concordar”
sobre uma decisão, mas a partir daí, coloca empecilhos à vida doméstica e
conspiram. Homens se tornam deprimidos e reativos, mulheres conspiram,
inclusive sexualmente. O relacionamento se torna pesado, porque o outro se
recusa a cooperar.
Terceiro, Aceitar o
inaceitável
Neste caso, a pessoa concorda com
alguma coisa que ela não poderia concordar. Isto pode ter a ver com princípios,
valores, consciência, fé. Aceita-se o que não pode ser aceito,
aceita-se o inaceitável.
Curiosamente uma das poucas brechas
para o divórcio encontra-se em 1 Co 7.14-15, quando o cônjuge incrédulo não
aceita mais continuar o relacionamento por causa do crente. Situação extrema:
“Ou eu ou Deus”. Neste caso, cria-se uma clausula de exceção, que não autoriza,
mas “permite” uma ruptura. Um valor maior, Deus; precisa ser considerado. Se o
marido descrente consente em viver com a esposa crente, o divórcio não é
permitido.
É possível que um dos cônjuges
proponha ao outro uma condição considerada inaceitável: Sexo anal,
relacionamento aberto, swing, ou um negócio imoral que o outro não deve
aceitar. No Brasil tem sido comum vermos maridos se aliando às esposas em
negócios ilícitos, propinas, suborno, etc. Um marido ou uma esposa cristã não deveriam
aceitar tais condições, porque elas ferem a santidade do Deus que servimos.
Em tais condições, o cônjuge não pode
aceitar
Diante disto, o que pode e o que deve
ser aceito?
O que pode ser aceito?
A possibilidade acena para algo que não
entra na esfera do moral, do ético, da consciência. Existem decisões que cônjuges
precisam tomar, acerca do futuro, investimentos, educação de filhos, compra de
bens, que o casal precisa discutir. Tais questões, em si, são amorais. Isto é, não possuem conteúdo ético
em torno deles, mas serve para orientar a vida como um todo. Tais coisas
encontram-se no que é conhecido de discricionário.
O bom senso e a prudência devem orientar. Decisões mal tomadas trazem
graves consequências para a família.
Alguns destes tópicos:
Onde
morar?
Onde
trabalhar?
Onde
os filhos estudarão?
Que
casa (ou carro) vamos comprar?
A lista, é quase interminável.
Casais eventualmente gastam tempo
demasiado e enfrentam muitas crises exatamente nestes aspectos que não são éticos,
pois quando se trata de algo que envolve a moral e a espiritualidade, torna-se,
eventualmente, mais fácil de rejeitar.
Embora tais questões encontrem-se no
campo do transitório e do secundário, elas exigem reflexão, discussão, oração,
respeito e temor.
Um bom princípio que tem sido
aplicado na igreja de Cristo durante todos estes séculos de construção teológica
é o seguinte: “Nas coisas essenciais, unidade; nas coisas secundárias,
liberdade; e em todas as coisas, amor”.
O que não pode ser aceito.
Satanás fez três propostas a Jesus,
todas as três foram recusadas. Jesus disse não a elas, embora parecessem
interessantes. Satanás fez uma proposta a Eva, e ela aceitou. O que fez Eva
aceitar? Ela relativizou a Palavra de Deus. O que fez Jesus recusar? Ele se
firmou na Palavra.
Andy Stanley afirmou: “Nunca viole os
princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus”. Deus não
tem compromisso com a infidelidade.
O que deve ser aceito?
Diante disto, podemos perguntar: O
que precisamos aceitar?
A. Aceite aquilo que é
coerente com a Palavra – Satanás deturpou e Eva relativizou a Palavra de Deus. Resultado:
Queda, separação de Deus, caos, maldição.
B. Aceite aquilo que
trará benção para sua vida e sua família – O bom senso, a prudência e a
sabedoria de Deus podem nos ajudar. Em Pv 11.29 lemos “O que perturba a sua casa, herda ao vento”, mas em Pv 13.22
encontramos: “O homem de bens deixa herança
para os filhos dos filhos”.
Muitas vezes precisamos de
conselheiros para nos ajudar a não tomar decisões tolas. Se você é alguém que
está sempre fazendo maus negócios, deveria ser prudente e buscar orientação de
pessoas que possam ajudá-lo a ver aqueles aspectos que estão comprometendo a saúde
financeira de sua casa, trazendo pobreza ou dívida para sua família. Você não precisa
ser bom em negócio, mas não precisa continuar cometendo burrices em área tão
comprometedora e que rouba tanto a alegria e a paz de sua família.
C. Aceite aquilo que
glorifica a Deus – “Quer comais, quer
bebais, ou façais qualquer coisa, fazei isto para a gloria de Deus”. (1 Co
10.31). Ore ao Senhor, peça a graça de tomar corretas decisões que tragam
gloria e testemunho para o nome de Deus.
Ló era um homem de Deus, mas por ambição
ao olhar as campinas de Moabe, ao ver os campos verdejantes, ele decidiu se
mudar para lá, sem considerar que “os
homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra Deus”. (Gn 13.13). O
resultado sabemos de cor. Ele perdeu seus bens, sua esposa contaminada pelo
glamour da cidade, e suas filhas dominadas pelo secularismo e por uma ética frouxa
acabaram trazendo grandes desatinos para Israel e para suas gerações. Pergunte
a Deus se ele tem prazer numa mudança de vida que deseja tomar. Isto trará
gloria para seu nome?
Conclusão
Para encerrar esta reflexão, gostaria
de refletir sobre Rebeca e Isaque.
Em Gênesis 24 Abraão enviou seu servo
Eliezer para encontrar uma esposa para seu filho. Lá ele se deparou com Rebeca,
irmã de Labão e filha de Betuel. A proposta de casamento foi feita, ela deveria
considerar se aceitava ou não.
Ela disse sim – Ela aceitou a
proposta.
Mas cinco coisas nortearam sua decisão.
1. Ela foi consciente
de sua decisão – “Chamaram, pois, a
Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei” (Gn
24.58). Ela teve paz para tomar aquela decisão. Ela estava decidida. Estar
segura (o) ao dizer sim, ajuda muito a caminhada;
2. Ela foi debaixo de oração
– Não sabemos se ela estava orando por isto, mas veja o que a Bíblia fala de
Isaque, um homem temente a Deus. “Ora,
Isaque vinha de caminho de Beer-lai-Roi... saira Isaque a meditar no campo” (Gn
24.62,63). Isaque estava orando. Qual era o conteúdo de sua oração não sabemos,
mas muito certamente ele estava pedindo orientação quando a este assunto tão
relevante que envolvia sua vida.
3. Ela foi com a benção
dos pais – “Então, responderam Labão e
Betuel: Isto procede do Senhor, nada temos a dizer fora da sua verdade” (Gn
24.50). Tomar uma decisão com a benção dos pais é sempre maravilhoso. É difícil
vermos um abençoado casamento de um jovem, quando os pais e o pastor de sua
igreja não concordaram com a união. Ter a benção de Deus é maravilhoso, e Deus
fala através de nossos pais.
4. Ela foi com a benção
de Deus – Antes de Eliezer sair de Canaã, Abraão afirmou: “O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra
natal, e que me falou, e jurou, dizendo: à tua descendência darei esta terra,
ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomaras de lá esposa para meu
filho” (Gn 24.7). é muito importante tomar decisões com a convicção de que
o Deus dos céus está nos abençoando.
5. Ela foi para abençoar
– Em Gn 24.67 lemos: “Isaque conduziu-a
até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele
a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe”. A presença
de Rebeca renova a vida de Isaque e traz benção para sua casa. Assim devem ser
nossas decisões.
Ao dizer, “aceito”, leve em contas
estes princípios.
Que Deus nos ajude!
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