terça-feira, 30 de maio de 2017

Jz 6.11-24 Deus não pensa como pensa o homem...

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Introdução:

Estamos vivendo dias de profundas expectativas.
Dia 4 de Junho 2017, realizamos o primeiro culto na valiosíssima propriedade que nos foi doada pelo Grupo Lírios do Campo, onde queremos construir nossa igreja e desenvolver projetos comunitários na cidade de Anápolis. É um clube extinto, numa área periférica de Anápolis, com 120 mil M2. Uma graça maravilhosa recebida de Deus.
Deus viu possibilidades onde sequer sonhávamos...
Deus está nos surpreendendo com aquilo que sequer esperávamos.
Os sonhos de Deus são muito maiores que nossa fé.

O texto de Juízes 6 nos fala disto também. Fala de Deus dando esperança e vocação para Gideão, um homem com a auto estima baixa, que se julgava incapaz, mas Deus o chama e o designa para ser juiz sobre Israel.
A situação de Israel era caótica:
O povo de Deus sofria uma espoliação e saques periódicos dos midianitas, amalequitas, e povos do oriente. Se você pensa que a ideia do arrastão no Rio de Janeiro, é uma ideia nova, basta ler este texto para descobrir que os saqueadores dos dias de Gideão já fizeram isto há muito tempo atrás.
Acuado, o povo se escondia como podia. Fazia covas nos montes para esconder a colheita. Quando os riscos aumentam, é necessário se tornar precavido. Veja o que Gideão fazia. Onde ele está malhando trigo? No lagar (Jz 6.11). Mas o lagar não é lugar certo para se separar o grão da palha, antes um lugar de se espremer uvas. Ele fazia isto para se esconder da eminente ameaça de que algum bandido da região viesse roubar sua produção, conseguida com muito labor. Os bandidos não plantavam, mas na época da colheita subiam para roubar de quem havia plantado. A realidade era cruel.
Quando Deus chama Gideão ele estava trabalhando, e apesar do aspecto sobrenatural do seu chamado, feito pela mediação de um anjo do Senhor, ele resiste ao chamado de Deus. Isto prova que quando estamos desesperançados, nem quando Deus se manifesta de forma tão evidente temos capacidade de crer.

Suas dúvidas, como todas as dúvidas pessoais, geralmente possuem uma história. As condições de vida do povo naqueles dias apontam para isto:

1.     O sofrimento excessivo – Quando a situação está difícil demais, temos dificuldade de crer. Lembra de Pedro no barco prestes a afundar? Quando Jesus veio ter com eles, andando sobre as águas, ele ficou mais apavorado ainda: “É um fantasma!”. Além da conturbada situação tinham ainda que lidar com assombrações?

2.     A sensação de um Deus distante. Gideão não tem dificuldade em crer em Deus, mas que ele pudesse intervir na sua história particular. “Ai Senhor meu! Se o Senhor é conosco, porque nos sobreveio tudo isto?” (Jz 6.13). Ele conhecia a história do seu povo e como Deus os havia livrado tantas vezes, já ouvira falar do livramento do Egito, mas tais histórias pareciam ter se perdido num passado longínquo, e a experiência dos seus pais não servia para ele. Deus parecia alguém muito distante. “...não nos fez o senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas” (Jz 6.13). Diante do sofrimento questiona a solidariedade de Deus para com o sofredor: “Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto?” Sente-se abandonado por Deus. Falta-lhe a experiência concreta com Deus, como Jó afirmou: “Eu te conhecia só de ouvir, as agora os meus olhos te veem”. Não nos sentimos muitas vezes assim?

3.     Síndrome do oprimido – Gideão subestima sua capacidade pessoal, mesmo quando Deus afirma seu valor. “O Senhor é contigo, homem valente” (Jz 6.11). Gideão vê limites, quando Deus vê possibilidades.
Gideão não se vê com os potenciais que tem. Nega até as radicais afirmações que Deus tem sobre ele (Jz 6.140.
Gideão não vê os recursos. Ele não tem esperança alguma e nem projeto algum. Ele nunca pensou nisto. “Ai Senhor meu! Com que livrarei Israel?” (Jz 6.15). Vê sua família de forma insignificante. Vê sua família como menor, e se sente o menor dentre sua família.

4.     Excesso de realismo. Tenho aprendido que meu realismo sempre torna-se um obstáculo à minha fé. Isto também aconteceu com Gideão. Quando começamos a fazer contas, a ver se temos condições de determinado projeto, a realidade é que nunca achamos que teremos o suficiente. A anti-fé é sempre realista. “Não incomodes o mestre, a menina já está morta”. A realidade leva à perda da fé. Mas a fé vê o invisível, ela transcende a esfera do possível. A fé para Gideão é algo tão abstrato que não lhe dá suporte para nada. Ele não crê que é possível, os fatos dizem que é impossível. Mas Deus zomba das condições e dos fatos. Por isto a definição de fé na Bíblia é assim definida: “Fé é a certeza de coisas que se esperam, convicção de fatos que se não vêem” (Hb11.1).

5.     Gideão pede sinais porque lhe falta fé. Seu raciocínio é o seguinte: “preciso ter algo nas mãos para crer”. Mas a lógica de Deus é a seguinte: “Bem aventurado os que não viram e creram”. Gideão pede uma prova e Deus lhe dá (Jz 6.17). Tenho visto muitas pessoas colocando Deus à prova, e achando que este texto nos ensina a fazer isto. A verdade, porém, é outra: Deus não quer que lhe coloquemos à prova. Quem está sendo provado somos nós. Portanto, obedeça e se submeta à Deus.

Apesar de todos estes obstáculos, o Senhor vê possibilidades e quer fazer sua obra:

Gideão é um homem vê tímido, dúbio e medroso, Deus contudo o chamou para grandes feitos numa época de profunda crise histórica e social, Deus o levanta poderosamente. Este texto quer nos mostrar que é Deus quem realiza a obra, independente de nós mesmos.
Deus capacita o medroso e incrédulo Gideão: “O Senhor é contigo, homem valente”. (Jz 614). Quando Deus lhe diz isto ele deve ter olhado para os lados para ter certeza de que Deus falava realmente com ele. Ele se vê despreparado. Ou seja, o que nós pensamos de nós mesmos, nem sempre corresponde aquilo que Deus vê e felizmente a obra é ele mesmo quem realiza. O resultado é um número muito grande de frágeis líderes, levantados e capacitados por Deus para abençoar outros. “Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Co 3.5). “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”(2 Co 4.7).

Tem sempre sido assim. Deus vê possibilidades em Moisés, que se acha dúbio e gago; Deus vê possibilidades em Jonas, que se recusa a cumprir sua ordem; Deus vê possibilidades em Jeremias, que se julga menino. Assim Deus faz conosco. Ele nos dá tarefas que honestamente consideramos incapazes de realizá-la.

Quando Deus chama a um projeto é porque isto faz parte dos seus planos e ele deseja realizá-los. Através de nós, em nós, e, a despeito de nós.
O frágil, pusilânime e dúbio Gideão, capacitado pelo poder de Deus, começa a fazer o impensado: Derriba o altar de Baal, do próprio pai à noite, com 10 homens, desafiando as normas sociais e religiosas, afrontando a idolatria que era a causa da decadência do povo de Deus. 
Sua atitude poderia ser fatal, mas quando Deus quer fazer algo ele move as pessoas, ele impulsiona o coração dos homens a fazerem coisas surpreendente. A cidade toda adorava um ídolo chamado Baal, a estrutura era pesada, porque Gideão precisou utilizar 10 homens para jogar por terra aquele altar.
Quando os homens da cidade acordam e veem o altar cortado e derribado, logo descobrem o autor, e por isto procuram seu pai, um respeitável cidadão para pedir dele uma posição. A resposta que ele dá  aos anciãos é tremenda: “Contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis vós?... Se é deus, que por si mesmo contenda; pois derribaram o seu altar”(Jz 6:31).

Conclusão:
Este é sempre a realidade bíblica.
O poder é de Deus. Nós somos vasos, instrumentos.
Esta realidade aponta para o sacrifício de Cristo. Sua salvação, gratuita, substitutiva. Deus não nos salva pela nossa bondade, habilidade, espiritualidade. Ele nos salva gratuitamente. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nos, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Nada de excepcional em nós. Isto é esperança para muitos que se acham moralmente incapazes, que pensam que Deus não pode aceitá-los, mas isto também é um alerta para muitos, que acham que Deus os ama com base no fabuloso currículo espiritual que possuem. A graça de Deus dá oportunidade aos desesperançados, mas a graça de Deus desmascara os orgulhosos.
Gideão, o homem mais improvável, pelo seu temperamento e baixa auto estima, é chamado e capacitado por Deus para tirar o povo de Israel deste ciclo de agrura e  opressão. Foram sete anos de opressão com saques sistemáticos. O povo ajuntava o trigo, os saqueadores levavam. Mas Deus faz o impensável através de um homem tímido. Gideão é o seu instrumento, para que Israel entendesse que a glória era de Deus, e não de grandes estratégias, sofisticados planos e mentes brilhantes.
 Antes da libertação definitiva, Gideão ainda vai experimentar outra recaída. Desta vez pedindo sinais ainda mais complexos. Deus o atende. Numa noite ele coloca uma porção de lã no terraço, e pediu que o orvalho só caísse sobre a lã, e a terra ficasse seca e Deus atendeu. Não satisfeito, pede o contrário: que só caísse orvalho na terra, e não na lã. Deus novamente o atendeu.
Ali estava um homem fraco e descrente. Mas Deus resolveu usá-lo para sua graça.
Depois da doação desta área tão fantástica que recebemos, muitos colegas vieram expressar seu contentamento pela notícia. Um deles, mais entusiasmado me disse: “Samuel, você é o cara!”. E eu, com cara de espanto lhe respondi: “Rapaz, eu nada fiz para merecer nem para receber isto. Não conversei com ninguém, não articulei nada. Se isto está acontecendo, só existe uma explicação: Deus quis fazer isto!" 
eu nao quero abrir mão deste sonho. preciso crer que tudo é possível quando Deus quer.
Portanto, a glória é de Deus.
Soli Deo Glory



Rio de Janeiro,
Gávea, Março de 1994

Refeito em Junho 2017

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