quinta-feira, 4 de maio de 2017

Gl 6.14 Me glorio na cruz!

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Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”.

Paulo faz uma afirmação muito estranha neste texto: “eu me glorio na cruz”.
Que estranho paradoxo!
Como alguém pode se orgulhar em algo tão infame e cruel?
A lei afirma “maldito todo aquele que for pendurado em madeiro” (Gl 3.13), pois é exatamente nisto que Paulo afirma estar a sua glória.
Geralmente nos gloriamos nos grandes feitos e conquistas.
O que nos deixa orgulhosos?
O emprego que temos, a faculdade que estudamos, o ambiente que frequentamos.
Temos orgulho ainda do sucesso, da popularidade, da aclamação publica.
Nos orgulhamos ainda de nossa reputação, honra, saúde, ética.
Talvez da família que temos, das conquistas dos filhos.
Glênio Paranaguá afirma: “A história do pecado é basicamente uma questão de glória pessoal. A plataforma da distinção, o destaque da coluna social, a necessidade do elogio, a busca da aprovação, os degraus do poder, os emblemas do fardamento, os títulos nobiliários, os graus acadêmicos, as insígnias festivais (...) Quanto menor, maior o salto do sapato”.

Paulo, afirma que se glória na cruz.
Convenhamos... a cruz não é assim tão glamorosa.
A sexta feira da paixão é chamada em inglês de “Good Friday” (boa sexta), é possível alguma coisa como esta? O dia da morte de nosso Senhor ser chamado de boa?
A cruz se parece muito mais um instrumento e declaração de fracasso que de honra e orgulho.
Temos aqui, o paradoxo da cruz.
Paulo a coloca no primeiro plano. Ela é a fonte de seu orgulho. Ele bate no peito e se firma neste lugar de horror e morte.
Como Paulo chegou a esta conclusão?
Paulo descobriu o poder que jorra da cruz, e quando ele descobriu isto, ele percebeu que somente na cruz, poderia verdadeiramente firmar a sua glória.

A experiência de Paulo

O Orgulho do currículo e da reputação

A vida de Paulo sofreu uma reviravolta quando, em nome de sua religião, decidiu perseguir, prender e até mesmo condenar cristãos à morte, mas teve um inesperado encontro com Jesus de Nazaré. Sua experiência está detalhadamente registrada em Atos 9. Ele tinha orgulho de sua religião, do seu povo e de suas conquistas, e, em nome de Deus, queria defender suas tradições.
O que aconteceu depois deste encontro foi transformador. Ele descobriu uma nova fonte de vida, e fala detalhadamente de sua experiência em Fp 3.4-7. Ali ele relata todas as coisas que um dia lhe fizeram se orgulhar. Sete referências do seu currículo lhe davam muito orgulho: “circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3.4-6). Não é assim que fazemos? Começamos a enumerar coisas que nos torna respeitáveis perante os homens, e, quem sabe, até diante de Deus.
Paulo se orgulhava na tradição, na ética, na sua espiritualidade.
Muitos lutam por isto: reputação, reconhecimento.
O que Paulo descobriu que foi tão transformador? “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo” (Fp 3.7).
Paulo percebe quão pobre era seu currículo espiritual diante da obra de Cristo. “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fp 3.8).
Ele afirma que considerava estas coisas, outrora tão importantes, como refugo, lixo, esterco. Nada mais.
O encontro com Cristo e a descoberta da obra de Cristo transformou radicalmente sua perspectiva. Seu orgulho agora era outro: Paulo queria “ser achado em Cristo, não tendo justiça própria, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3.9). Seu currículo não mais interessa, mas o currículo de Jesus. O que ele fez agora era lixo, e sua justiça insuficiente. Ele queria a justiça de Cristo.

O orgulho da competência
Este aspecto, envolveu um duro aprendizado para Paulo.
Logo após a sua conversão, agora com uma visão diferente acerca de Cristo com quem ele se encontrou no caminho de Damasco, Paulo volta a Jerusalém para se unir a igreja. Ele estava certo de que todos ficariam impressionados com sua história e que seria fácil encontrar um lugar na comunidade cristã.

A suspeita
Apesar de toda sua disposição, o que ele encontra são as portas fechadas na sua cara. A igreja de Jerusalém não o recebeu, nem o acolheu. “Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos, todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (At 9.26) Motivos havia de sobra.
Ele fora responsável pela acusação formal diante do Sinédrio, que resultou no primeiro mártir cristão. Estevão foi apedrejado em praça pública, por seguir a Jesus, e suas vestes foram deixadas aos pés de um jovem chamado Saulo (AT 7.58). Estudiosos afirmam que isto era uma referência direta de que Paulo foi seu promotor. Ele defendeu a pena de morte de Estevão e, ao que parece, seus argumentos foram bem aceitos pelos anciãos de Israel.
Não seria natural que a igreja agora o temesse?
Paulo foi o primeiro convertido na história da igreja a ser rejeitado pela própria igreja. Muitas vezes ouvimos pessoas falando que não frequentam mais a igreja porque não foram bem recebidas. Paulo, na verdade, foi hostilizado. Portanto, se você alguma vez se sentiu rejeitado na igreja, é bom lembrar que a conversão mais radical da igreja primitiva foi objeto de suspeita da parte da igreja. Não desista!

Garoto, volte para sua casa!
O que acontece em seguida, é também bem conhecido.
Paulo é agregado à igreja, não sem suspeita, por um misericordioso cristão chamado Barnabé. Foi o mais corajoso, que se atreveu a se aproximar deste ameaçador judeu.
Em seguida, já encontramos Saulo testemunhando de Jesus.
Talentoso, grande conhecedor da lei, Saulo começou a confrontar e a discutir com os helenistas, que eram judeus da dispersão ou prosélitos que vinham a jerusalem adorar Yahweh. Ele “pregava ousadamente”, mas os embates sempre terminavam em discussões acaloradas, que se tornaram ameaça para sua vida. Os helenistas decidiram tirar-lhe a vida (At 9.29). A Igreja que contava com a simpatia de todo povo (At 2.47), agora se vê numa situação de instabilidade provocada por um ousado e imaturo pregador, que instigava as pessoas com seu discursos duro e implacável.
O que a igreja primitiva faz?
Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso” (At 9.30). A Igreja toma uma decisão radical. Mandar embora o jovem pastor que estava causando confusão.
Paulo, portanto, é o primeiro pastor da história, a ser demitido pela igreja.
Se você alguma vez já se sentiu ferido por ter sido rejeitado e “expulso” de sua igreja, deve lembrar que Paulo, o maior de todos os missionários que a igreja cristã já possuiu, também sofreu este trauma. De uma hora para outra, é mandado embora. Os irmãos até fazem uma “vaquinha”, para comprar sua passagem num navio que estava ancorado em Cesareia de Filipe.
A Igreja disse: “você está muito imaturo, vai para sua casa repensar o que está fazendo e a forma como as coisas estão sendo feitas”.
Sabe o que aconteceu depois de sua partida?
E assim, a igreja na verdade tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espirito Santo, crescia em número” (At 9.31). Observe a primeira afirmação: “E assim...”, isto é, depois que mandam embora o pastor briguento, a igreja pode caminhar em paz e crescer.
Dura realidade: Algumas igrejas, para experimentar paz e crescimento, só conseguem depois que manda o pastor encrenqueiro embora...
Por outro lado...
Se você já foi alguma vez rejeitado, lembre-se de Paulo.
Volte novamente, para fazer aquilo que Deus o chamou a fazer. Sem amargura, sem raiva, sem ressentimento. Você não está nas mãos dos homens, mas de Deus. Nenhum concilio, presbitério, ou conselho de igreja tem o poder de dispor da sua vida. Você está nas mãos de Deus. A experiência de rejeição pode se transformar em grande, ainda que dolorido, processo de crescimento.
Paulo vai para os desertos da Arábia, e desaparece do cenário apostólico (Gl 2.18-24). Até que Barnabé, novamente, sai em sua procura, já que seu paradeiro era ignorado, o encontra e o traz para ser professor do Instituto Bíblico recém estabelecido em Antioquia da Siria (At 11.25-26). Ali, no silêncio, no estudo da palavra e na oração, aprendeu de Deus, até que o Espirito Santo o traz novamente para o ministério.
Paulo aprendeu algo que só o silêncio e a contemplação podem ensinar.

Mas surge então, o outro brilho.
A descoberta do Cristo crucificado.

Em At 9.29, ele “falava e discutia” com os helenistas. Linguagem de argumentação, teologia, filosofia. Mas quando ele foi pregar em Corinto, ele afirma: “E foi em fraqueza, temor e grande tremor, que estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espirito e de poder” (1 Co 2.3-4). Que mudança de estilo... Na primeira, fala e discute, na segunda prega com humildade e “demonstrando” o poder de Deus na sua pregação.
Será que isto faz diferença?
Que Deus possa fazer o mesmo conosco, arrogantes e pretenciosos pregadores...
Paulo estava aprendendo a linguagem da cruz...
Ele começa agora a se gloriar em outra coisa: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Co 2.2).
O orgulho da competência caíra por terra...

Por isto Paulo insiste na glória da cruz.
A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus”.
Fora da cruz há uma glória, mas ela é vã.
Quando Paulo expõe o evangelho à igreja de Roma ele afirma: “Onde está a jactância? Foi de todo excluída” (Rm 3.23).
Que pretensão, que arrogância, que orgulho podemos ter em outra coisa, quando olhamos para a obra de Cristo. Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), então, Deus propõe que, o sangue de Cristo, seja a nossa propiciação (substituição) diante de Deus.
A glória do Cristo está na infame cruz.
Este lugar de morte é o lugar de vida. Este é o paradoxo. Tudo invertido.
O lugar mais horrível é o lugar da graça.
            O juiz de toda a terra agora é julgado
                        O castigo que nos traz a paz estava sobre ele...
O justo morrendo pelos injustos.
O homem que é absolvido pela lei: “não vejo nele pecado algum”, é condenado e executado.

Conclusão:
Certa mulher tinha as mãos muito feias por causa de queimaduras do passado. Sua filha, de apenas 5 anos, certo dia lhe disse: “Mamãe, eu gosto de tudo na senhora. A senhora é linda, carinhosa, amorosa, mas não gosto de suas mãos! Elas são feias...”
A mãe, pacientemente lhe disse: “filha, ja está na hora de você saber a razão de minhas mãos serem assim. Quando você tinha apenas 2 meses de vida, a casa onde morávamos, pegou fogo, e quando olhei, seu bercinho estava em chamas, e eu não hesitei, agarrei você fortemente e a tirei de lá, mas o colchão tinha um revestimento de plástico e o plástico em chamas, grudou nas minhas mãos, e por esta razão elas são tão profundamente marcadas”.
A filhinha, olhando para sua querida mãe lhe disse: “Mamãe, de agora em diante, suas mãos serão as mãos mais lindas do mundo”.
Assim é a cruz. Lugar de infâmia, desprezo, horror, maldição.
Mas lugar de glória.
Nela o apóstolo viu toda sua vergonha sendo transformado, sua condenação sendo absolvida.
A cruz se tornou sua glória.

Como você vê a cruz de Cristo?

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