segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ap 2 e 3 Sete pecados das igrejas

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Nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse, encontramos as cartas de Jesus, que foram transmitidas a João na Ilha de Patmos, e que foram escritas e enviadas às sete igrejas da Ásia Menor, e ficaram conhecidas como as 7 cartas. Apesar de terem uma geografia relativamente comum, já que todas as sete igrejas do Apocalipse encontravam-se na mesma região, elas possuíam históricos e tentações completamente distintas.
Nas sete igrejas observamos como as estratégias do diabo são diferentes quando se voltam para diferentes igrejas. Cada igreja possui seus traços particulares e Satanás usa pelo menos sete armas, que certamente se aplicam à realidade de diferentes igrejas, para enfraquecer a obra do Senhor. Assim como as pessoas, igrejas possuem culturas, temperamentos e personalidades diferentes, ou como disse certo amigo: “os demônios da Zona sul são diferentes dos demônios da Zona norte”, referindo-se ao Rio de Janeiro e as dificuldades que distintas que tais igrejas passavam. As primeiras sendo de regiões ricas e elitizadas; as outras, de bairros populares e graves problemas de urbanização e recursos.
Ao analisar as sete igrejas do livro de Apocalipse, vemos como seus pecados e tentações são diferentes, e como as armas do diabo, usadas de forma planejada, são eficientes em cada uma delas.

Primeiro, frieza e comodismo
É isto que vemos em Éfeso, a primeira igreja a quem essas cartas foram endereçadas.
Jesus faz o seguinte diagnóstico: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que pusestes à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos (... Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2.2,4).
É uma igreja operosa (Ap 2.2) e perseverante na obra, termo este usado duas vezes ( Ap 2.2 e 2.6); tinha zelo doutrinário a ponto de confrontar certos líderes que naqueles dias se auto intitulavam apóstolos  (qualquer semelhança é mera coincidência), mas apesar de sua ortodoxia, enfrentava graves problemas nos seus afetos. Ela havia abandonado o primeiro amor.
É possível sermos conservadores teologicamente, considerar a Bíblia Palavra de Deus e ainda assim termos o coração frio e distante de Deus. O problema de Éfeso estava nos seus afetos, que estavam cauterizados em relação a Deus.

Segundo, oposição maligna direta
Isto é o que acontece com a igreja em Esmirna.
Ela é descrita como uma igreja pobre, sem recursos, mas apesar disto vivendo sob forte ataque de Satanás. Esta igreja era difamada na cidade e vivia sob forte questionamento por causa de alguns judeus que eram verdadeira “sinagoga de Satanás”.
Esta igreja estava debaixo de opressão maligna, os poderes políticos se opunham veementemente a este grupo, e Jesus não fala de livramento, antes a encoraja a continuar sendo fiel para enfrentar a tribulação e tortura que em breve aconteceria e à qual seriam submetidos por dez dias. Deus não intervém para proteger esta igreja, antes permite que ela passe por tal situação.
Muitas vezes encontramos igrejas assim. Fieis, perseverantes, em condições sub-humanas, mas  honrando a Deus, debaixo de forte opressão maligna, que é uma poderosa arma do diabo contra a igreja. Perseguição e oposição malignas diretas. Mas a igreja de Esmirna continuava firme neste contexto de privação e acusação.

Terceiro, heresia
A Igreja em Pérgamo estava também debaixo de forte oposição do diabo. A geografia daquela cidade era verdadeiramente maligna, a ponto de Jesus afirmar que Satanás habitava naquele lugar e havia colocado ali o seu trono. Existem determinadas regiões onde o diabo parece possuir um poder quase absoluto. Cidades como Salem, nos EUA, considerada cidade das bruxas; ou de Abadiânia, GO, controlada por um poderoso bruxo que atrai a atenção dos poderosos de Brasília, e já foi visitado por pessoas como Oprah Winfrey e Paul Simon, além de numerosos artistas globais e presidentes do Brasil.
Entretanto, Jesus não censura a igreja por estar onde está, antes a censura pelo seu próprio pecado e desvio teológico, ou, como afirmou Júlio Andrade Ferreira, “A igreja não é destruída por obra do diabo, mas por causa de seus próprios pecados. O diabo não pode destruir a igreja de Cristo, mas o pecado, sim”.
O que havia em Pérgamo que era tão prejudicial?
Dentro daquela igreja surgiu um grupo herético chamado de nicolaítas, que sustentavam a doutrina de Balaão. Pouco sabemos deste grupo, mas a estratégia de Balaão é bem descrita na Bíblia. Ele era um famoso macumbeiro, que não tendo como amaldiçoar o povo de Deus, sugeriu a Balaque (rei dos moabitas), que contratassem garotas de programa e colocasse no meio do Arraial israelita. Estas meninas, sem ética alguma, mantiveram relações sexuais com os rapazes do povo de Deus e uma doença generalizada se instalou dentro do povo trazendo a conhecida praga de Baal Peor, na qual 24 mil jovens morreram.
A praga de Balaão não funcionou, mas sua estratégia sim.
O diabo não pode destruir o povo de Deus, mas o pecado da igreja pode. O maior inimigo da igreja não é o diabo, mas sua própria infidelidade.
A ética licenciosa de Balaão deu certo. O povo sucumbiu por causa de seu pecado.
Na igreja Pérgamo, este grupo estava influenciando as novas gerações, e Jesus censura a igreja por permitir esta situação pecaminosa dentro dela.

Quarto, imoralidade
A Igreja em Tiatira é solapada pela estratégia da imoralidade.
Uma profetisa famosa, cujo pseudônimo é Jezabel, uma referência à diabólica esposa de Acabe, que foi rainha em Israel e que introduziu o culto a Baal-Zebube no Reino do Norte.
Esta protesia, influente e forte na igreja de Tiatira, conseguiu mascarar a fé a tal ponto que se tornou líder na igreja, ensinando e profetizando, e conseguiu seduzir os homens da igreja a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas a ídolos (Ap3.20)
A Igreja em Tiatira possuía uma veia esotérica, e um grupo daquela igreja resolveu se especializar no diabo, procurando conhecer “as coisas profundas de Satanás” (Ap 3.24). Não sabemos exatamente o significado disto, mas certamente tratava-se de um interesse demasiado em satanismo que estava adoecendo espiritualmente a igreja. A obsessão exagerada por demônios, adoece a igreja.
O misticismo naqueles dias e hoje, possui uma característica em comum: Apesar de esotérico não livra as pessoas da imoralidade. Esta é uma característica curiosa: aparência exagerada de conhecimento espiritual, mas superficialidade na ética. Não é muito difícil encontrar este quadro em muitas igrejas cristãs ainda hoje.

Quinto, hipocrisia
O pecado essencial desta esta igreja era a falsa espiritualidade. “Tens nome de quem vives e estás morto!” (Ap 3.1)
Esta é uma afirmação muito forte, vinda do próprio Jesus.
Este é o perigo mortal pelo qual passava a igreja em Sardes. Ela mantinha as aparências de igreja, mas era apenas representação. As pessoas viviam de uma forma que as coisas “pareciam” estar em ordem, mas Jesus percebia o grave sintoma de morte que estava presente na sua igreja.
Uma igreja pode ter aparência de seguir a Cristo, manter seus programas, sua instituição, seu culto, seus programas, mas ainda assim estar longe de ser aquilo que Cristo quis para o seu corpo. Vivendo apenas de nome, sendo cadáveres espirituais, verdadeiros walking deads.
A recomendação de Jesus contra este grupo é de vigilância.
Esta exortação aparece duas vezes (3.2,3). É necessário estar alerta. Paulo fez a seguinte afirmação: “Examinai, portanto, a vós mesmos, a fim de verificar se estais realmente na fé”(2 Co 13.5).
A vida de quebrantamento e comunhão com Deus pode nos livrar desta pseudo espiritualidade.

Sexto, falsos crentes
Para a igreja em Filadélfia, a maior ameaça vinha de dentro, tratava-se de um grupo de irmãos, que se diziam judeus, mas eram da sinagoga de Satanás. Nesta igreja tornou-se evidente o velho jargão: “descobrimos o inimigo e ele é um dos nossos”.
Esta é uma estratégia poderosíssima do diabo. Pessoas que afirmam pertencer a uma comunidade, mas sem compromisso com Jesus, com o reino de Deus e com sua igreja. Mark Dever, no livro “Nove Marcas de uma Igreja saudável”, afirma: "Membros de igreja que não se envolvem confundem tanto os verdadeiros cristãos como os não-cristãos a respeito do que significa ser um cristão". Por isto defende que não devem fazer parte do rol de membros da igreja aqueles que não possuem uma vida de compromisso claro e nem se comprometem com ela, e que a liderança da igreja deve excluir pessoas que se tornam membros mas que não possuem condições e nem desejam se submeter à palavra, e ao estilo de vida que se é exigido de pessoas que se comprometem publicamente com determinada igreja.

Sétimo, arrogância espiritual
A Igreja de Laodicéia tem um quadro espiritual complicado. Ela possuía uma visão equivocada de si mesmo e sua arrogância era resultante do fato de que, se achavam espiritualmente bem, quando aos olhos de Deus sua situação espiritual era assustadora.
“Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17).
Satanás fez esta igreja sentir-se falsamente bem e segura, quando sua realidade eram perigosa e assustadora. “Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos, a sua impressão de bem-estar os leva à perdição” (Pv 1.32).
O que interessa não é o que você pensa acerca de si mesmo, mas o que Deus diz sobre isto. Já vi muita gente tola, vivendo pecaminosamente e dizendo: “Não tem nada a ver”, quando a palavra de Deus afirma que isto “tem tudo a ver”. O que interessa não é o que a pessoa pensa sobre si mesma, mas o que Deus pensa. Isto se aplica tanto ao crente que se sente deprimido e culpado, quando deveria estar grato a Deus pelo perdão; quanto àquele que diz o oposto: “Estou bem, estou resolvido”, quando Deus está dizendo que é errado.

Conclusão:
As estratégias de Satanás não mudaram e os pecados da igreja são os mesmos. Curiosamente hoje (31.03.2017), morreu o cantor Belchior, que cunhou a seguinte frase: “Nossos ídolos ainda são os mesmos, e as aparências não enganam mais”. Satanás não é criativo, mas é perseverante. Ele sempre vai usar suas velhas e poderosas armas para atingir a igreja.
Certamente alguns pecados enumerados nos atinge frontalmente.
Por isto, precisamos de antídotos contra as armadilhas do diabo, e é bom ouvir o que Jesus diz sobre cada um destes pecados:

1.     Contra frieza e comodismo – Ele diz: “Volta ao primeiro amor, lembra-te de onde caíste e arrepende-te” . Precisamos desesperadamente nos preocupar com o coração apático e frio para as coisas de Deus. Como está seu coração?

2.     Contra a oposição maligna, que traz tribulação e pobreza – Jesus diz: “Não retroceda, não temas!”. Deus não promete livrar aquela igreja da tribulação, mas a encoraja a se manter firme.

3.     Contra as heresias – Jesus estimula a igreja a lutar contra os falsos ensinamentos. Não é possível manter de forma saudável a igreja, se pessoas dentro dela estão ensinando aquilo que contradiz o pensamento de Deus.

4.     Contra o pecado. O antidoto de Jesus é radical. “Não tolerar” (Ap 2.20). Não se negocia com aqueles que encorajam a imoralidade e desviam o povo da fidelidade a Deus. Jezabel era profetisa e professora da Escola Dominical, portanto tinha certa ascendência sobre a comunidade, mas deveria ser expulsa. Nenhuma tolerância!

5.     Contra a hipocrisia: Vigilância. A Igreja sempre corre o risco de manter uma vida de aparência, dando a impressão de que as coisas estão bem, quando há um estado de putrefação dentro dela “tem nome de que vive e estás morta” . O que Jesus encoraja a igreja a fazer: “Sê vigilante!” Esta ideia aparece duas vezes no texto (Ap 3.2,3). Precisamos estar atentos ao nosso próprio coração enganoso.

6.     Contra os falsos crentes: Jesus afirma que vai cuidar e julgá-los (Ap 3.9). O texto não sugere uma ação específica da igreja, mas revela que haverá uma ação de juízo do próprio Deus quanto a estes indivíduos. Não diz que eles se prostrarão diante de Deus, mas afirma que “serão prostrados” (Ap 3.9).

7.     Contra a arrogância espiritual – Precisamos de novas lentes. É fácil criar uma falsa percepção equivocada sobre nossa real situação. Achar que tudo está bem quando aos olhos de Deus as coisas estão sob julgamento. Fique atento à pobreza de tua alma e volte para o Senhor que pode dar o que você até então não achava que precisava (Ap 3.16).

Três observações finais:
A.   Jesus conhece a sua igreja – A afirmação, “conheço”, aparece em todas as cartas (2.2,9,13,19; 3.1,8,15). Jesus passeia no meio dela, vê suas mazelas e virtudes, averigua as condições históricas e políticas, seus conflitos e oposições. Não há nada na sua igreja que ele não saiba. Ele vê cada uma destas condições. A igreja lhe pertence e ele a observa cuidadosamente.

B.    Ele exorta e dá promessas individuais a cada uma destas igrejas – A frase “ao vencedor” aparece em todas as cartas (2.7,11,17,26; 3.5,12,21). Suas promessas são direcionadas a cada uma delas, observando suas lutas e peculiaridades.

C.    Ele exorta a todas as igrejas, a não endurecer seus corações, mas atentar para sua palavra. A frase “ouça o que o Espírito diz às igrejas”, aparece também em todas as cartas (2.7.11.17.29; 3.6,13,22).
Somos tardios em ouvir e crer.
Talvez tais observações se devam ao fato de que é fácil se eximir e dizer: “Isto não é para mim”.
O Salmista Davi, pede a Deus para que abra seus ouvidos para ouvir a Lei do Senhor. Nossa surdez espiritual retira a sensibilidade. Estudiosos afirmam que os surdos-mudos são capazes de entrar numa roda e dançar ao som de uma música, porque apesar de não ouvirem, podem sentir as vibrações dos sons.  Como povo de Deus, infelizmente podemos nos tornar tão insensíveis a ponto de não sentir mais as vibrações dos céus.
A exortação de Cristo é uma forma crítica de dizer: “Quem tem ouvidos, ouça”, afinal, todos temos ouvidos, mas será que todos temos capacidade auditiva?
A surdez espiritual pode ser fatal.

Ignoramos as advertências de Cristo e continuamos na nossa caminhada espiritual, ignorando o que Ele diz.

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