“Filhos, obedecei a vossos
pais no Senhor, pois isto é justo”
(Ef 6.1-2)
“Filhos, em tudo obedecei a vossos
pais, pois fazê-lo é grato diante do Senhor” (Col 3.20)
Introdução:
As
regras de relacionamentos entre pais e filhos geralmente são claras em todas as
culturas. Podemos encontrar algumas variações entre um grupo étnico e outro,
mas a realidade é que pais foram dados por Deus para proteger e dirigir os
filhos.
A
ordem aos filhos nas Escrituras é clara: “Filhos,
obedecei a vossos pais no Senhor”.
Em
determinados momentos, os filhos podem achar que a obediência aos pais é uma
imposição tirânica, eventualmente ficarão chateados com os pais quando
determinados limites são impostos. Antigamente tínhamos muitos problemas com o
autoritarismo dos pais, hoje estamos enfrentando o reverso: A tirania dos
filhos. Filhos que não se submetem, não respeitam, não sabem limites de direção
paterna, e pais confusos em relação ao seu papel e autoridade dentro de casa.
Alguns pais parecem mendigar autoridade aos filhos quando estes ainda não sabem
sequer trocar uma fralda ou sentar no vaso sozinho.
Nestas
horas, precisamos retornar os princípios da Palavra de Deus. Será que a Bíblia,
com princípios milenares e valores eternos pode nos ajudar com as tensões tão
palpitantes da educação dos filhos ainda hoje?
O que o texto nos diz sobre este assunto?
- A
obediência dos filhos aos pais não é negociada “ “Filhos, obedecei a vossos pais no
Senhor”. Precisamos de mandamento mais claro? Será que não conseguimos
entender o que a Palavra de Deus está nos ensinando?
Esta
obediência faz parte do âmbito da justiça natural. Na verdade, não depende de
revelação especial. Faz parte da justiça natural que Deus escreveu em todos os
corações humanos. Não é confinada à ética cristã. É o comportamento padrão em
todas as sociedades, seja entre os moralistas pagãos gregos e romanos, os filósofos
estóicos, os ensinos de Confucio que valorizam profundamente o respeito e
obediência aos mais velhos da milenar cultura chinesa e o budismo tradicional
japonês.
A
cultura da desobediência e rebeldia é a marca da sociedade decadente que foi
entregue à sua própria impiedade por Deus. Paulo afirma que “nos últimos dias, os homens
seriam...desobedientes aos pais” (1 Tm 3.2).
- O
alcance da obediência
- “Filhos, em tudo obedecei a
vossos pais, pois fazê-lo é grato diante do Senhor” (Col 3.20). Observe a ênfase deste texto: “em tudo”.
Pode ser que os filhos não tenham dificuldade com a obediência, mas tenham
problema com a ideia de que obediência deve ser aplicada a todas as
coisas.
Deus
colocou os pais com a responsabilidade de dirigir, orientar, disciplinar e
decidir pelos filhos, até que tenham condições, por si mesmos, de assumir a sua
própria vida. Enquanto estamos debaixo da responsabilidade de nossos pais,
devemos obediência a eles. A ordem é simples e abrangente: "em tudo
obedecei" e nela não há o menor traço de dúvida.
Neste
contexto, surge uma perguntas clássica: “E quando nossos pais estão errados?”
Afinal, pais pecadores podem se equivocar. O que fazer quando uma ordem parece
radical ou até mesmo esdrúxula? Quando os pais colocam limites com os quais não
concordamos?
Só
existe um limite estabelecido por Deus neste texto: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor”. Apenas
quando os limites extrapolam a consciência, filhos podem questionar e recusar.
Deixe-me tentar ser mais
claro.
Certa
jovem recém convertida nos procurou porque seu pai a proibiu de vir à igreja.
Ela realmente teve um encontro profundo com Jesus, e havia entregado sua vida a
ele. Sua alegria em servir a Deus e participar das atividades da igreja era
notório. Agora, com a proibição de seu pai, ela não poderia mais vir à igreja.
Ela já estava trabalhando, e tinha condições até mesmo de sair de casa se
quisesse, e esta foi a tentação inicial do meu coração quando a aconselhava,
mas o texto de Col 3.20 estava muito claro em minha mente: “Filhos, em tudo obedecei a vossos
pais”. Eu li este texto e lhe assegurei que seu pai jamais poderia retirar
do seu coração a experiência do amor de Jesus, ainda que ele pudesse impedi-la
de vir à igreja. Afirmei que quando os pais estão errados, Deus provê um
escape.
Lemos
juntos outro texto sugestivo das Escrituras: “O coração dos reis está nas mãos do Senhor, e este, segundo o seu querer,
o inclina” (Pv 21.1). Entendemos que acima do seu pai estava o próprio
Deus. Rei é uma figura de autoridade, mas Deus pode inclinar a autoridade para
a direção que ele quiser. Sabíamos que seu pai era rude e alcoólatra, mas
oramos para que Deus inclinasse seu coração, e ela foi embora disposta a
obedecê-lo e glorificar a Deus com sua atitude.
No
domingo de manhã, estávamos com uma classe com grande grupo de pessoas que
estavam se preparando para o batismo, e sabíamos que Rosângela não viria. Mas
Deus estava fazendo algo maravilhoso naquele dia. Quando seu pai acordou, foi
até o boteco e bebeu uns goles e retornou para a casa perguntando: “Onde está a
Rosangela?”. Sua esposa respondeu que ela estava no quarto. Ele foi até lá e
bateu na porta. Ela abriu e ele disse: “Você não vai na igreja, não é mesmo?” E
ela respondeu: “Não papai, a Bíblia diz que eu devo obedecer e honrar o Senhor,
e apesar de sua ordem me ter deixado muito triste eu sei que Deus vai orientar
o Senhor e a mim quanto a isto”. Sabe o que aconteceu? Aquele homem caiu de
joelhos diante dela, chorando e a liberou para ir novamente à igreja.
Estávamos
no meio da sala quando Rosangela chegou e contou o que Deus havia feito na sua
casa naquela manhã e glorificamos a Deus pela sua fidelidade.
Existe algum limite?
Quando
conversávamos com Rosangela, afirmamos que seu pai poderia tirá-la da igreja,
mas não poderia tirar Jesus do seu coração. Este é o limite da consciência.
Um
filho não deve obedecer aos pais quando a ordem é para transgredir a lei de
Deus, ou para cultuar outros deuses, ou quebrar valores e princípios éticos
definidos nas Escrituras Sagradas. Trata-se de uma questão de consciência. Este
é o limite.
Os
pais não podem entrar em questões de consciência e destruir a fé genuína,
colocada pelo Espírito Santo no coração, pode fazer proibições, mas não pode
impedir a fé, pode impedir de ir à Igreja, mas não pode impedir um jovem de
orar e confiar em Deus.
Podemos considerar aqui algumas situações extremas: considere o caso de um pai que descrente que deseja que seu filho vá ao prostíbulo com ele, mas por ser cristão, o filho se recusa. Seria errado desobedecer? Outro exemplo: Reflita no caso de um pai que deseja envolver o filho numa série de atos desonestos e fraudulentos contra o estado ou contra outras pessoas e o filho diz não. Seria errado desobedecer? Podemos considerar ainda outra situação extrema: Um pai que deseja que seu filho beba álcool com ele, porque ele acha que isto é importante para um homem, e o filho se recusa?
Certa ovelha minha, hoje um respeitado pastor, tinha um pai alcoólatra. Certa vez, quando se preparava para ir à Escola Dominical seu pai o procurou para dizer que já tinha bebido, até aquela hora, uma garrafa de pinga. O filho, ainda adolescente disse: "Não vejo nisto nenhuma razão..." e o pai, quase o bateu por seu comentário.
Situações extremas podem acontecer, e nestes casos, a consciência, o temor do Senhor, e não a obediência às práticas pecaminosas, podem ser questionadas. Mas geralmente os questionamentos dos filhos não passam exatamente para estas questões de consciência, ética e moral. São, pelo contrário, muito mais complexas em sua natureza.
Podemos considerar aqui algumas situações extremas: considere o caso de um pai que descrente que deseja que seu filho vá ao prostíbulo com ele, mas por ser cristão, o filho se recusa. Seria errado desobedecer? Outro exemplo: Reflita no caso de um pai que deseja envolver o filho numa série de atos desonestos e fraudulentos contra o estado ou contra outras pessoas e o filho diz não. Seria errado desobedecer? Podemos considerar ainda outra situação extrema: Um pai que deseja que seu filho beba álcool com ele, porque ele acha que isto é importante para um homem, e o filho se recusa?
Certa ovelha minha, hoje um respeitado pastor, tinha um pai alcoólatra. Certa vez, quando se preparava para ir à Escola Dominical seu pai o procurou para dizer que já tinha bebido, até aquela hora, uma garrafa de pinga. O filho, ainda adolescente disse: "Não vejo nisto nenhuma razão..." e o pai, quase o bateu por seu comentário.
Situações extremas podem acontecer, e nestes casos, a consciência, o temor do Senhor, e não a obediência às práticas pecaminosas, podem ser questionadas. Mas geralmente os questionamentos dos filhos não passam exatamente para estas questões de consciência, ética e moral. São, pelo contrário, muito mais complexas em sua natureza.
“Posso fazer tatuagem?”
Um
adolescente da igreja nos EUA, queria fazer tatuagem. Seu pai o proibiu
veementemente. Ele não se conformou, procurou o pastor da igreja querendo saber
sua opinião sobre o assunto, e este lhe respondeu: “eu não tenho uma ideia
muito clara sobre o assunto, porque a Bíblia não possui ordens claras sobre o
assunto. O único lugar em que tal recomendação é feita encontra-se em Lv 19.28,
mas o contexto é muito difícil para dizer se isto se aplica a nós”. E,
percebendo que aquele garoto estava na verdade tentando encontrar no pastor um
aliado para sua rebeldia, o pastor respondeu: “Eu não tenho muita certeza sobre
tatuagem, mas a Bíblia é clara sobre obediência dos filhos aos pais”.
Quando a obediência não é
mais requerida?
Outra
pergunta comum à obediência dos filhos aos pais é a seguinte: “Existe um
momento em que não preciso mais obedecer aos meus pais?”.
A
resposta é afirmativa.
Quando
amadurecemos, nos tornamos independentes, nos casamos e vivemos fora da tutela
dos pais, não precisamos mais obedecê-los, eventualmente nem mesmo nos submetemos
acerca de escolhas e decisões, no máximo
os consultamos. Entretanto, outro princípio jamais deixará de valer aos filhos,
independentemente da idade que tiverem: Jamais poderemos deixar de lhes prestar
honra. Este é o quinto mandamento: “Honra
a teu Pai e tua mãe”, e trata-se do único mandamento com promessa “para que se prolonguem os seus dias na terra
que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex 20.12). Num determinado momento de nossa
vida, não mais precisamos obedecer-lhes, mas nunca deixaremos de honrá-los,
principalmente na sua velhice. Isto traz bênçãos sobre nossas vidas.
Pv 30.17 faz ainda uma advertência mais severa: "Os olhos de quem zomba do pai, ou quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os arrancarão e pelos pintãos da águia serão comidos". A figura de linguagem aqui é grave. Ter os olhos arrancados pelos filhotes de águia, é uma expressão agressiva. A verdade, porém, é que filhos desobedientes e rebeldes, perdem seus olhos, a capacidade de enxergar e discernir, andarão sem saber para onde se dirigem.
Pv 30.17 faz ainda uma advertência mais severa: "Os olhos de quem zomba do pai, ou quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os arrancarão e pelos pintãos da águia serão comidos". A figura de linguagem aqui é grave. Ter os olhos arrancados pelos filhotes de águia, é uma expressão agressiva. A verdade, porém, é que filhos desobedientes e rebeldes, perdem seus olhos, a capacidade de enxergar e discernir, andarão sem saber para onde se dirigem.
- O motivo da obediência: O próprio Deus. Os dois textos que estamos estudando, apontam claramente nesta direção. “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” (Ef 6.1-2). “Filhos, em tudo obedecei a vossos pais, pois fazê-lo é grato diante do Senhor” (Col 3.20).
Em
Efésios, a justificativa para a obediência é “pois isto é justo”, isto é, o motivo é que isto faz parte da ordem natural da vida, isto é justo. Em Colossenses, há uma outra razão: “pois fazê-lo é grato diante do Senhor”. Esta é a segunda razão: o fato de que obedecer é agradável ao Senhor, traz louvor e honra para o nome de Deus. Todas as vezes que você lidar com ordens de seus
pais com as quais você não concorda, você pode até dizer: “Não concordo com a
decisão deles, acho desnecessária ou radical”, mas ao mesmo tempo entenda que
deve fazer isto para Deus. O que está em jogo aqui não é mais o que o pai ou a
mãe pensa, se eles estão certos ou não, nem se são voluntariosos ou não, mas como isto repercute diante
de Deus. Um jovem que teme a Deus vai pensar na dimensão de que a obediência à palavra traz glória ao nome do Senhor.
Honrar
aos pais, traz promessa de longa e abençoada vida, bem como prosperidade, segurança,
equilíbrio e longevidade. Ter a benção dos pais está sempre relacionada a
alegria ( Pv 4.11,12).
Fazer
a vontade de Deus e seguir sua palavra sempre traz consequências abençoadoras:
Na Bíblia observamos que obediência traz orientação (Pv 6.23a); Proteção (Pv 6.23b);
Instrução (Pv 6.21,22) e Shalom (Ef 6.2-3). A honra embeleza (Pv 1.8-9); Agrada
ao Senhor (Col 3.20) e é justa (Ef 6.1), trazendo benção espiritual “Para que te vá bem”, e benção material “Para que se prolonguem seus dias na terra”.
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