Introdução:
Este texto nos
descreve a vida de Paulo logo após sua conversão. O que aconteceu com ele nos
primeiros dias de sua vida como cristão, depois de ter uma conversão tão
radical?
Este texto ajuda a
orientar aqueles que recentemente foram alcançados pela graça de Cristo. Quais
devem ser seus primeiros passos? O que deve ser feito? Como Paulo agiu depois
do encontro de Cristo? Sua experiência pode nos ajudar na caminhada dos novos cristãos?
1.
Envolvimento
comunitário
– “E,
depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido. Então, permaneceu em
Damasco alguns dias com os discípulos” (At 9.19).
Novo convertido
precisa de igreja.
Precisa encontrar uma
comunidade na qual possa ser discipulado, receba nutrição e cuidado. Ele é um
bebê e como tal precisa de cuidados especiais. Quem tem uma experiência com
Cristo e não se cerca da comunidade, corre o risco de não receber a alimentação
adequada e os cuidados necessários.
Vemos neste texto o
apóstolo Paulo sendo acolhido na igreja. Pelo menos três ideias são facilmente
percebidas:
a.
Ele é reconhecido como irmão. Ananias se dirige
amorosamente e lhe dá o senso de pertencer a uma comunidade “Saulo, irmão” (At 9.17). Esta declaração
é fortíssima para alguém que apenas três dias atrás perseguia duramente os
cristãos. As pessoas precisam saber que você faz parte do grupo e você precisa
saber que faz parte de um grupo, possui uma identidade comunitária.
b.
Ele é batizado. Batismo é uma declaração pública de fé.
Estabelece o vinculo formal na igreja. Seu batismo acontece três dias depois de
convertido. Você precisa ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, obedecendo ao mandato de Cristo (Mt 28.18-20). Batismo é um mandamento
de Cristo aos seus discípulos e não uma opção aos novos convertidos. Saulo foi
batizado três dias depois de sua conversão.
Por que as igrejas de hoje não batizam imediatamente os
novos convertidos?
Certamente aqui surge
uma pergunta teológica: Por que não batizamos as pessoas imediatamente após a
conversão já que no Novo Testamento as pessoas eram imediatamente batizadas?
Quando lemos Atos 2,
no Dia de Pentecoste, vemos que 3000 pessoas foram batizadas logo após a
pregação de Pedro. Assim veremos no decorrer de todo livro de Atos. O Ministro
da rainha de Candace, é batizado logo após sua declaração de fé; o carcereiro
de Filipos é batizado logo após sua conversão, o mesmo se dá com Saulo. Por que
a igreja de hoje, não segue o mesmo procedimento da igreja primitiva?
Um pouco de história nos
ajuda a entender.
Batizar imediatamente
os convertidos seguiu por um bom tempo na história, até que os lideres
apostólicos perceberem que muitas decisões eram meramente emocionais, e não
tinham profundidade. Por isto, no ano 120, a igreja primitiva publicou o conhecido
texto chamado Didaquê (literalmente:
ensino), no qual instruía as igrejas
a fazerem uma iniciação, chamada de catecúmenos,
antes do batismo. Era uma forma de evitar o batismo sem discipulado e
compromisso que começou a florescer na igreja. Desde então, as igrejas mais
sérias e preocupadas com o discipulado, fazem uma preparação para o batismo.
c.
Ele cria senso de comunidade vivendo com os irmãos – “Então, permaneceu em Damasco alguns dias com
os discípulos” (At 9.19). Ele passa a ter convivência com o povo de Deus.
Certamente faz perguntas, observa o estilo de vida da comunidade, acompanha os
líderes. Saulo demonstra ser ensinável, aberto à direção da igreja, apesar de
ser uma pessoa com profundo conhecimento do Antigo Testamento e ter um status
de rabino. Isto é fundamental para o novo convertido. Ele precisa aprender como
é o proceder de um cristão, como deve tratar sua família, lidar com a vida e
qual é a visão da bíblia sobre vários temas, por isto o novo convertido precisa
da comunidade.
2.
Pregação a partir do
testemunho – “E logo pregava nas
sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus” (At 9.20).
Novo convertido
precisa compartilhar sua experiência com Cristo.
Alguns dias depois de
convertido, Saulo começa a compartilhar sua fé. O texto nos mostra como ele
fez?
a.
Sua mensagem era assertiva – “pregava... afirmando que este é o Filho de Deus” – Ele não usava uma
linguagem dúbia sobre a identidade de Cristo, mas “afirmava” ser ele o Filho de
Deus. Se conhecemos um pouco da objetividade de Paulo, podemos imaginar que ele
passava o dia estudando os textos do Antigo Testamento, já conhecidos por ele,
para checar as profecias messiânicas relativas a Jesus.
Ao compartilharem sua
fé, muitos se tornam ambíguos, inseguros e duvidosos quanto à mensagem. O fato
de não serem assertivos, dá a impressão de que não estão convencidos da mensagem que comunicam. A
falta de convicção e clareza pode deixar em dúvida os ouvintes. Saulo “afirmava”
ser Jesus o Filho de Deus. Ele não tinha dúvidas do que falava.
b.
Sua mensagem levava em conta o público – “Logo pregava nas sinagogas”. Ananias ouviu de Deus que Saulo seria um
instrumento escolhido para levar seu nome aos gentios, reis e aos filhos e
Israel (At 9.15), e os primeiros a ouvir a mensagem foram os judeus.
Quem frequentava as
sinagogas eram os judeus e Saulo tinha uma conexão histórica, cultura e
linguística com aquele que era o seu povo. A linguagem falada nas sinagogas era
hebraica. Esta seria uma estratégia adotada pela igreja em todo livro de Atos.
Para onde iam, começavam a pregar inicialmente nas sinagogas, até serem
expulsos por ela.
Isto nos leva a
considerar a importância da conexão da mensagem com os ouvintes. Obviamente
devemos pregar a todos, mas a mensagem se torna mais relevante e eficiente quando
levamos em consideração o público.
c.
Sua mensagem apoiava-se na sua experiência pessoal – “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não
é este o que exterminavam em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para
aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais
sacerdotes?”
(At 9.21).
As pessoas o ouviam
chocadas, afinal, sua vida parecia uma contradição. Veio para Damasco para
prender os cristãos e agora alia-se aos cristãos. Só um fato novo, inteiramente
fora do script, poderia ter gerado uma transformação tão radical em sua vida.
A mensagem sempre se
torna mais eficaz, efetiva e impactante, quando sustentada pelo testemunho do
que a anuncia. Por isto, quando um novo convertido compartilha sua experiência
pessoal de fé isto torna-se um instrumento poderoso para trazer convencimento e
mudança no coração daquele que ouve a mensagem.
Muitos afirmam que o
novo convertido não deve pregar enquanto não tiver fundamento sólido e bom
conhecimento da doutrina. Esta é uma mentira do inferno. Naturalmente precisamos
aprofundar nossa fé, mas independente do tempo de conversão, aquele que
encontrou-se com Cristo precisa compartilhar a obra de Cristo aos outros. O
nosso testemunho pode ser impactante e transformador na vida de muitos. Foi o
que Saulo fez logo após sua conversão.
Algumas das pessoas
mais eficientes que conheci no processo de pregação da palavra foram novos
convertidos.
Em 1992, na Gávea, Rio
de Janeiro, converteu-se um rapaz da Zona Sul, surfista sarado e de classe
alta. Ele tinha uma namorada e viviam uma vida mundana, sem nenhum compromisso
com Deus. Sua conversão teve ares dramáticos, porque sua namorada estava
possessa de espíritos malignos. E eles começaram imediatamente o processo de
discipulado e busca espiritual.
Eles tinham uma casa
numa conhecida praia de Niterói, onde os amigos iam para tomar cerveja, fazer
sexo e fumar maconha. Depois da sua conversão, ele convidou um dos pastores da
igreja, chamou seus amigos, fez um churrasco e testemunhou a obra de Jesus em
sua vida. Este rapaz, teve a benção de levar 19 amigos a Cristo, apenas no
primeiro ano de sua conversão. Aqueles amigos também estavam cansados de viver
naquele estilo de vida sem propósito, com sexo e maconha e aquilo não preenchia
os seus corações sedentos de Deus e anelavam por conhecer alguma coisa
espiritual que trouxesse sentido às suas vidas.
Sua história, assim
como a de Paulo, foi transformadora.
d.
Ele não apenas pregava
a mensagem, mas demonstrava a mensagem – “Saulo,
porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo”
(At 9.22).
Há uma pequena
diferença no conteúdo da mensagem em At 9.20 “afirmava que Jesus era o Filho de Deus”, e At 9.22 “demonstrando que Jesus é o Cristo”. Na
primeira, Saulo fala da relação de Jesus com Deus. Ele era o Filho de Deus, seu
caráter era excepcional. Ele era diferente dos demais homens porque ser o Filho
de Deus, não era filho de Deus como gostamos de dizer acerca de nós mesmos que
somos filhos de Deus. Ele era especial. Em At 9.22, ele não fala, mas demonstra, certamente com textos do
Antigo Testamento, que Jesus era o Cristo, o Messias esperado dos judeus e
acima de tudo por sua vida transformada.
A demonstração é
diferente do anúncio, porque nesta, se proclama e verbaliza a fé, mas na
demonstração, a fé é percebida. As pessoas são impactadas diante das
evidências. Com palavras podemos argumentar, e isto pode ser refutado e
questionado; mas com demonstração, evidencia-se o irrefutável.
3.
Fortalecimento
espiritual – “Saulo,
porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco”
(At 9.22).
Novo convertido
precisa de se fortalecer espiritual.
É muito comum
encontramos igrejas fracas e apáticas, porque os membros não se nutrem da
palavra e da experiência comunitária. Igrejas são notórias por produzirem
crentes anêmicos e medíocres, com compromisso superficial com a fé e com o
reino de Deus.
São poucos os que
avançam e crescem na fé. Alguns, “apodrecem mas não amadurecem”. Quando alguém
é convertido e não recebe alimento espiritual adequado, ele não cresce na fé.
Precisamos de
fortalecimento espiritual.
Gosto de citar a
resposta dada por John Stott quando esteve no Brasil em 1984, no congresso da
Vinde, ao ser perguntado sobre qual era o segredo de sua vitalidade espiritual.
Ele deu quatro respostas extremamente simples:
a. Leio a Bíblia
devocionalmente todos os dias;
b. Oro todos os dias.
c. Procuro nunca me
ausentar das atividades de minha
d.
E
não me afasto da eucaristia (Santa Ceia).
Após a sua conversão,
Saulo se fortalece espiritualmente.
Sua vida tem sido
marcada pelo fortalecimento espiritual? Você tem procurado exercitar sua fé?
Crescer em maturidade espiritual?
4.
Paulo assume seu lugar
no corpo
– “...Mas
os seus discípulos tomaram-no de noite e, colocando-o num cesto, desceram-no
pela muralha” (At 9.25).
Novo convertido
precisa assumir funções no corpo de Cristo.
O que vemos neste
texto é surpreendente.
Depois dos embates de
Saulo em Damasco com os judeus, sua vida corria risco. Afinal, ele confundia os
judeus e demonstrava com acuracidade quem era Jesus. Isto despertou ira no
coração dos oponentes e eles decidiram tirar-lhe a vida. Isto chegou ao
conhecimento da igreja e souberam ainda que os inimigos estavam com um plantão
na porta da cidade para matá-lo, caso planejasse sair da cidade. Sua vida
corria risco.
A igreja protege Saulo
e o tira da cidade, de noite, colocando-o num cesto e descendo-o pela muralha
(At 9.25).
Um detalhe sutil, mas
interessante é narrado no texto: “os seus
discípulos tomaram-no de noite” (At 9.25). Você percebeu o que fala este
texto? Saulo era novo na fé, mas já estava liderando outras pessoas e
ensinando-lhes a Palavra. Ele já tinha discípulos. Ele não ficou na retaguarda,
mas foi para a vanguarda. Ele passou a exercer influência com poucos dias de
convertido.
John Maxwell escreveu
um interessante livro sobre liderança. “O
líder 360 graus”, no qual ele fala de pessoas que acham que só podem
liderar se forem chamadas ou se estiverem no topo da instituição. Contrariando
esta ideia equivocada, ele encoraja as pessoas a exercerem sua liderança a
partir de qualquer ponto da instituição. Independente da empresa ou do lugar em
que você estiver, comece a liderar deste ponto. Lidere os colegas, influencie
os que se encontrem acima, e lidere os subalternos. Por isto é que muitos não
são promovidos nas suas empresas, porque eles não percebem que quando as
oportunidades surgirem não haverá tempo para se preparar mas a pessoa será
lembrada se já estiver assumindo determinada função.
O mesmo se dá na
igreja. Como alguém se torna líder na igreja? É necessário se apresentar. Você
será lembrado se você estiver servindo.
O conselho de nossa
igreja tem alguns critérios para convidar novos líderes:
(a)- Tal pessoa tem
envolvimento com a comunidade? Sua família está presente na igreja? Muitos
querem liderança mas não se esforçam e não se envolvem com a igreja. Como
querem liderar se não se aproximam?
(b)- Esta pessoa tem o
coração na obra? Ela é fiel nos seus dízimos e ofertas? Se a pessoa não
contribui com liberalidade não tem o coração no ministério, pois Jesus afirmou
que “onde estiver o teu tesouro, estará o teu coração”;
(c)- Se é candidato a
presbítero, precisa ser apto para ensinar de acordo com 1 Tm
3? Ela está liderando algum pequeno grupo? Ela tem discipulado alguém?
Saulo não tem cargo
algum, é novo na igreja, recém convertido, mas já tem discípulos. As pessoas o
seguem. Já formou um grupo para aprender de Cristo. Ele inspira pessoas a
seguirem a Cristo. Ele as encoraja e compartilha o que sabe, ele já formou um
grupo em torno de si. Esta é a melhor definição de liderança: “Líder é aquele
que tem seguidores”.
Tais critérios, entretanto, levam em conta apenas aptidão para o presbiterato, mas obviamente caráter é fundamental e prioritário. As
características acima estão mais ligadas a aspectos práticos. Não adianta ter
estas características acima se não tem caráter.
O novo convertido
precisa assumir seus dons e seu lugar no corpo de Cristo.
Advertências
Quando continuamos o
texto, percebemos que alguns perigos podem surgir para o novo convertido.
Primeiro, entrar em crise com Deus porque, apesar de
estar fazendo a sua vontade, surge a perseguição. “Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida”.
Ao contar a parábola
do semeador, Jesus antevê esta situação. “O
que foi semeado em solo rochoso, esse é que ouve a palavra e a recebe logo, com
alegria, mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe
chegando a angústia ou perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza
(Mt 9.19-20).
Um novo convertido
pode se assustar com a angústia e a perseguição decorrente do compromisso com a
palavra de Deus. A ironia, zombaria, desprezo dos familiares e amigos, pode
levá-lo a desanimar da vida cristã.
Saulo foi atingido
imediatamente pela perseguição. Ele era o legítimo representante da religião
judaica, com fórum garantido no sinédrio em Jerusalém. Seu zelo e tenacidade
fariam dele um líder respeitado. Agora, depois da conversão, deixa de ser um
exemplo a ser seguido e torna-se um traidor a ser exterminado.
Muitos se escandalizam
quando surge a perseguição e angústia por causa da palavra. O compromisso com
Deus pode trazer dores e mesmo transformá-lo num ser exótico ou estranho aos olhos
dos colegas e familiares, trazendo incompreensão e rejeição. Você está
preparado para isto?
Segundo, entrar em crise com
Deus, porque, apesar de ser discípulo de Cristo, nem sempre a igreja o aceita.
Ao chegar em
Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos, mas todos queriam distância
dele. Ele está diante dos apóstolos, dos líderes da igreja nascente e isto não o
livra da rejeição e descaso. Se você alguma vez já se sentiu rejeitado ou
ignorado pela igreja, lembre-se que o maior apóstolo cristão encontrou oposição
quando se juntou à ela. Não fosse a intervenção de Barnabé, talvez nunca
saberíamos de Saulo (At 9.26).
Muitos novos convertidos
encontram dificuldade quando tentam se aliar à igreja. Às vezes a cultura da
igreja é fechada, estranha, ou marcada por legalismo, elitismo, exclusivismo ou
até mesmo mundanismo e isto dificulta a inserção na comunidade. Você já se deparou
com situação semelhante?
Terceiro, entrar em crise
institucional – Apesar do esforço de Saulo em pregar, e ter um ministério eficaz,
a igreja decide tirá-lo. A igreja interrompe seu ministério e o tiram da
cidade. “Tendo, porém, isto chegado ao
conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso”
(At 9.30). Saulo estava no início do seu ministério, pregando, indo para as
ruas, confrontando, evangelizando, muitos se convertendo, mas de repente, a liderança
decide que ele precisa sair da cidade.
Os líderes da igreja
decidiram isto.
Eles chegam, conversam
com Saulo e o levam para fora da cidade.
Já viu este cenário antes?
O pastor vai
relativamente bem, fazendo até um bom ministério, mas eventualmente se depara
com uma ou outra dificuldade relacional ou alguma atitude que a comunidade não
aceita e sua permanência se torna insustentável. Ele precisa sair, e é
retirado. Muitas vezes isto é dramático, principalmente se for um jovem
pregador.
Isto aconteceu com
Saulo. Levaram-no à Cesareia, onde ficava o porto mais próximo de Jerusalém e
dali o enviaram para sua cidade de origem. Pagaram sua passagem no navio para
ele desaparecer de Jerusalém. E há um interessante. detalhe descrito logo após
sua saída.
O texto afirma: “A igreja na verdade tinha paz” (At
9.31). Uma versão mais antiga afirma literalmente “E assim, a igreja na verdade tinha paz” (RC). Assim
como?
A retirada do obreiro,
traz paz. Saulo estava causando inquietação na vida da igreja e tudo voltou à
normalidade quando ele saiu. O fato foi tão traumático que Ray Stedman afirma
que Paulo ficará, a partir deste fracasso ministerial de 12-14 anos, no deserto
da Arábia, fora do ministério, até que Barnabé novamente sai em sua busca para
reintegrá-lo ao pastorado (At 11.25). Ninguém tinha mais notícia do pastor
problemático e de seu paradeiro até que Barnabé o reencontra o insere bem longe
de Jerusalém, num novo campo, novo ministério, em Antioquia.
Saulo teve que administrar
a crise. Tão cheio de si, tão conhecedor, uma profunda formação teológica, e agora fracassado no ministério. Coisas como chamado, vocação, ministério tudo isto
agora se tornam ponto de interrogação. E a crise só não é maior porque ele não
é casado.
Quando se trata de um
obreiro casado sua família sofre junto. Por que sair agora? Estamos bem... Tudo
parece estar bem... E ainda podemos falar de outra frustração possível. Sua saída
não enfraquece o trabalho. Ele vai embora e a igreja continua a crescer. “A igreja, na verdade, tinha paz por toda
Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e,
no conforto do Espírito Santo, crescia em numero” (At 9.31). Sua saída não
fez falta, pelo contrário, antes parece ter feito bem à igreja. O pastor estava
desestruturando a ordem da comunidade. Sua saída foi uma benção!
Você já sentiu presenciou
uma realidade assim ou já sentiu na pele este tipo de rejeição? Se isto servir
de consolo, saiba que Saulo, um dos maiores de todos os missionários que a
igreja cristã já teve, enfrentou sua crise ministerial, oposição, e foi expulso
da igreja no seu primeiro pastoreio.
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