"Homens,
por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês. Estamos
trazendo boas novas para vocês, dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e
se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles
há. No passado ele permitiu que todas
as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva
do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e
enchendo de alegria os seus corações". Apesar dessas palavras, eles tiveram dificuldade para impedir que a
multidão lhes oferecesse sacrifícios” (At 14.15-18).
Introdução:
Um dos grandes
desafios que o pregador tem, em qualquer cultura, tempo e região é pregar o
evangelho com relevância, de forma inteligível, razoável ao ouvinte. John Stott
afirma que “pregar é construir pontes”, entre o homem que ouve a Palavra e o
texto Sagrado, escrito numa cultura diferente, num contexto diferente, numa
época diferente. Ele afirma ainda que o problema dos conservadores é que eles
pregam conteúdo bíblico, sem relevância; enquanto os liberais pregam
relevância, sem conteúdo bíblico.
Como os apóstolos
percebiam isto! Como Paulo era sábio ao lidar com públicos e circunstâncias
diferentes.
Quem fala espera
ser compreendido. O evangelho precisa ser anunciado de forma que os ouvintes
possam identificar-se com a mensagem e compreendê-la. Jesus usava
constantemente esta estratégia. Ele pregava “conforme permitia a capacidade
de seus ouvintes” (Mc 4.33). Ele levava em consideração quem o ouvia.
Muitos obreiros ignoram, desconhecem ou não sabem lidar com esta variável.
Neste texto
encontramos o padrão para comunicar a mensagem a pessoas não religiosas. Se
você quer comunicar a pessoas que não mostram interesse em coisas espirituais,
nem interesse na igreja ou possuem background religioso e nada sabem da Bíblia,
você precisa comunicar a partir de algo que lhes faça sentido. Paulo começa a
pregar a partir da natureza. Quando ele pregou aos judeus ele começou pelas
Escrituras (At 13.16-41), mas neste texto, ao pregar aos gentios, ele começa
pela criação, a verdade de Deus que eles já conhecem e isto estabelece uma
linha de diálogo com pessoas secularizadas e não religiosas.
Ao pregar para os
habitantes da cidade pagã de Listra, Paulo emprega algumas estratégias:
Primeiro, Ele usa o argumento cosmológico
A.
Harmonia: A criação
trabalha de forma harmônica – “Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua
bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo”. (At
14.17). Mesmo a pessoa sem conhecimento de Deus, é capaz de observar a
coerência e a harmonia da natureza. A natureza possui previsibilidade que permite o planejamento da plantação da lavoura.
Paulo mostra como a
natureza é harmônica porque é Deus quem sustenta todas as coisas de forma
organizada. Ela não se fragmenta nem entra num processo de decadência porque é
constantemente renovada pelo Deus que intervém na natureza.
B. A criação
aponta para o Criador. Na
sua Carta aos Romanos, Paulo afirma: “Pois o que
de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder
e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio
das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” (Rm
1.19-20).
Detrás da criação há um Deus vivo. Por isto Paulo exorta “... e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a
terra, o mar e tudo o que neles há” (At 14.15). A criação não é fruto do
acaso e de forças cegas, nem resultado da ação de múltiplas divindades,
tentando competir uma com as outras como era a visão do panteão greco-romano.
Na visão pagã havia um Deus das águas, do sexo, das árvores. A natureza,
portanto, é testemunha do Criador.
O ponto de
partida de sua mensagem é que a perfeição da criação orienta para algo
sobrenatural: Mistério, harmonia, sequenciamento, previsibilidade. Estas coisas
são empíricas, conhecidas, e qualquer pessoa, pagã ou não, sabe delas pela
observação.
Criação é o ponto
de partida da teologia judaico/cristão. A primeira afirmação bíblica é: “No princípio criou Deus os céus e a terra”(Gn
1.1). Assim começa a revelação das Escrituras. Esta é uma forma de dizer: toda
compreensão da teologia cristã começa com a obra da criação. Não é sem razão
que a “Geração espontânea” seja tão defendida pelos homens sem Deus. Nossos filhos
são constantemente bombardeados pelo Darwinianismo, que na sua essência, antes
de tudo, retira o conceito de um Deus criador, expurga o Criador da criação e
por conseguinte, o expele da história. Ao suprimir o conceito de Criador, e não
contempla um Criador, logo, a existência também pode descartar o Deus
mantenedor. Deus não estava no princípio quando todas as coisas surgiram, já
que tudo foi espontâneo, fruto do acaso, e a vida continua sendo resultado de
forças cegas e impessoais, resultante do encontro dos DNAs, aminoácidos,
evolução. Tudo é fruto do acaso, não da Providência.
O resultado é o secularismo:
Se Deus existe, ele não tem nada a ver com a existência tal qual a conhecemos.
Outra consequência é a idolatrização do ser humano. Adorando “a criatura em lugar do criador” (Rm
1.25). O homem seria o dono de seu destino, já que não há qualquer ação
soberana de um Deus por detrás da história e do cosmo.
Adauto J. B. Lourenço é B.Sc em Física pela Bob Jones University,
EUA e M Sc. Formou-se em Física pela Clemson University nos EUA, foi
pesquisador do Max Planck Institut na Alemanha e do Oak Ridge National
Laboratory nos EUA e professor da Universidade de Americana no estado de São
Paulo. Trabalhou na Nasa e hoje faz palestras pelo Brasil e Estados Unidos,
defendendo a teoria criacionista. Ele enfatiza que ele não é um criacionista
bíblico, mas criacionista científico. Aliás, ele prefere empregar usar o termo
“design inteligente” que criacionismo.
Ele defende o seguinte ponto de
vista: “Quando estudamos a natureza, vemos que ela não fala nada diferente
daquilo que a Bíblia diz. O autor é o mesmo. O problema é que, muitas vezes,
nós não sabemos ler a natureza, porque colocamos uma lente diferente para enxergá-la”,
explica. O criacionista destaca que não é observada evolução em animais com
características semelhantes, mas sim a existência de espécies diferentes. “Para
a evolução acontecer, teria que haver mutação — surgimento de novo material
genético, novos órgãos, novas funções, novas estruturas”, esclarece.
Segundo, Paulo usa o argumento da graça comum. “Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua
bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo” (At 14.17).
Deus
demonstra cuidado e bondade Deus para sua criação, mesmo quando os homens
seguiram “os seus próprios caminhos” (At 14.16). os povos andaram nos seus
caminhos, vivendo de forma independente de deus, transgredindo, apesar disto,
Deus dá abundancia de colheita, traz fartura e alegria para a raça humana.
Paulo fala da bondade de Deus.
Segundo, Deus
permite que o homem faça escolhas morais,
permitindo até mesmo o mal. “No passado
ele permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos” (At
14.16).
Um dos maiores
problemas filosóficos sobre Deus para o homem secularizado é a questão do mal.
“Por que existe o mal? Por que pessoas inocentes sofrem? Por que existem
guerras, injustiças e sofrimento?” Paulo argumenta que Deus, em gerações
passadas, permitiu que as nações caminhassem em seus próprios caminhos, Deus
lhes deu a liberdade até para praticarem o mal.
Muitos hoje estão
perguntando: “Por que Deus não interrompe as guerras?” A resposta é: Se Deus
não desse a liberdade aos homens de escolher até mesmo o mal, eles não seriam
livres, até mesmo para dizer sim ou não a Deus. Esta é a razão pela qual Deus
permite o mal. Deus não quer se relacionar com alguém que só ficaria com ele se
ele fosse forçado, assim como não queremos um relacionamento afetivo com alguém
que só fica conosco porque “não tem outra opção”.
Terceiro, Deus não deixará que o mal vá longe demais. “Contudo, não se deixou
ficar sem testemunho de si mesmo” (At 14.17).
Deus nunca se
afastou da sua criação e por isto não permite que o mal domine. Ele é o Criador
e mantenedor, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Deus não
deixa o mal dominar o universo, se isto acontecesse, ele prevaleceria em pouco
tempo. Deus, restringe o poder do mal a despeito da rejeição e rebelião dos
homens. Por isto nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, enviando chuvas,
fazendo com que a terra dê os seus frutos, colheitas abundantes e que houvesse
um ciclo harmônico da natureza.
Este é o Deus que
Paulo prega! Sua bondade fala de tudo que ele é.
Quando Paulo
deseja tornar a mensagem acessível para seus ouvintes, ele fala a partir de sua
cosmovisão. A natureza, e não as Sagradas Escrituras, é o ponto de contato que
ele encontra para dialogar com aquela cultura pagã. As pessoas precisam ouvir a
Palavra, mas a forma como ele dialoga é a partir da compreensão que eles tem do
mundo.
Quarto, Paulo desconstrói as falsas concepções religiosas. “Estamos trazendo boas novas para vocês,
dizendo-lhes que se afastem dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo, que
fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há” (At 14.15).
As pessoas estão presas em superstições e
misticismo, e por isto são impressionáveis. Um milagre em Listra desencadeou
toda uma série de equívocos, pois queria transformar Paulo em Júpiter (por ser
o portador da mensagem), e Barnabé, em Mercúrio. Alguns acreditam que por causa
de sua barba, Barnabé teria uma semelhança física com esta divindade.
O evangelho precisa desconstruir falsos
pressupostos. “Senhores, por que fazem
isto?” Todas as vezes que pregarmos o evangelho, seja a partir dos
argumentos das Escrituras Sagradas, ou através da filosofia empírica e da
natureza, o evangelho só será efetivo se desconstruir os ensinamentos
distorcidos.
Respondendo ao
Evangelho
Por último,
queremos afirmar que toda a vez que o Evangelho for pregado e as boas novas
anunciadas, é necessário dar uma resposta, que pode ser negativa ou afirmativa.
Este texto mostra o
resultado maravilhoso quando dizemos sim ao Evangelho, encontramos aqui alguns ingredientes
fundamentais para uma experiência profunda com Deus. Se você dizer sim a Deus,
o inesperado de Deus ocorre. A cura deste coxo em Listra nos desafia
profundamente. Os aspectos descritos aqui são fundamentais para se experimentar
o milagre.
A. O Elemento fé –
“Paulo, vendo que ele tinha fé para ser curado”. Embora saibamos
que muitas vezes Deus efetue cura e milagres, independentemente da nossa
capacidade de crer, muitas vezes vemos na Bíblia Jesus afirmando que a cura se
deu por causa da fé.
“De fato, sem
fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aqueles que deles se
aproximam creiam que ele existe e é galardoador daqueles que o buscam” (Hb
11.6).
Portanto, duas
coisas:
a)-
Crer que ele existe
b)-
Crer que ele pode de fato nos abençoar.
Sem estes dois elementos, não há milagre.
O primeiro fala da a necessidade de crer, de fato, em Deus.
Será que realmente cremos nele? Cremos que ele nos conhece, nos
ouve, que está por detrás de todas as coisas?
O Segundo nos fala de expectativa: além de crer que ele existe,
precisamos crer que ele “recompensa
aqueles que o buscam” (NVI). É necessário crer na maravilhosa obra de
Deus em favor daqueles que o buscam.
Ao olhar
para o coxo, Paulo viu “que ele tinha fé
para ser curado”. N
ão foi assim que Jesus se referiu à
mulher hemorrágica? “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica livre do
teu mal” (Mc 5.34). A fé é fundamental para a cura. Não há salvação sem fé.
Não podemos agradar a Deus sem fé. Somos justificados diante de Deus pela fé
(Rm 5.1).
B. O Elemento obediência – Assim que
Paulo lhe disse para ficar em pé, aquele homem que nunca conseguira andar,
obedeceu e o milagre aconteceu. “Ele saltou e andava!” (At 14.10).
É desta forma que a fé opera.
Não faz diferença se o
problema é físico, emocional ou espiritual. Você só terá vitória quando obedecer. Obediência é o caminho da vitória! Deus nunca
vai poder quebrar suas leis espirituais, por isto ele não pode abençoar sua
resistência e desobediência. Obediência é o caminho da vitória. Quando aquele
homem obedeceu àquela estranha ordem de Paulo: “Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava” (At 14.10).
É desta forma que a fé
opera. Você nunca avançará se não crer e se colocar de pé. Muitos não
experimentam o milagre em suas vidas porque ficam esperando que Deus faça
alguma coisa para que possam crer, quando na verdade, quando você crê, Deus faz.
Há muitos impossibilitados de andar, agarrado aos seus fardos, suas
enfermidades, quando Deus já disse: “levanta,
toma teu leito e anda! A tua fé te salvou!”. Este milagre é uma parábola de
muitos que estão espiritualmente paralisados e precisam se mover com fé, em
direção a Deus.
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