sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

At 16.19-34 Redenção na Família


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Introdução:

Neste texto, entre os vs 21-24, a palavra “casa” (oikoumenes) aparece 3 x (At 16.31,32,34), e uma vez de forma indireta, já que no vs. 33 há uma referência a “todos os seus”, que está diretamente ligada à família.

A pergunta do carcereiro a Paulo e Silas é atual, urgente e necessária, porque é a questão mais importante da vida, com implicações não apenas temporais, mas eternas. Nenhuma pergunta é mais relevante na vida do que esta: “Senhores, que fazer para que (eu) seja salvo?” (At 16.30). Apesar da pergunta ser individual e coletiva, a resposta de Paulo é coletiva: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.31) e isto revela uma realidade maravilhosa: A salvação em Cristo impacta muito mais que sua vida pessoal, mas possui implicações para toda família. Deus deseja salvar sua casa. Não é esta uma promessa maravilhosa? 

Muitos estão preocupados com a salvação da família, mas não com sua própria salvação. Outros estão preocupados com sua salvação, mas se esquecem da salvação da família. O texto demonstra que tais realidades estão interligadas. Conversão tem maravilhosas implicações para a vida pessoal e com marcas tremendas nos filhos.

Portanto, precisamos considerar a salvação como algo maior. Quando estamos preocupados apenas com a salvação da família, mas não com nossa própria salvação é porque ainda não entendemos o quanto precisamos de Jesus e de sua graça de Deus. Provavelmente nossa justiça própria seja muito acentuada e não compreendemos a necessidade da salvação. Muitos pais estão preocupados em trazer seus filhos à igreja, mas não se preocupam em se trazer a Deus. Lamentavelmente pais trazem seus filhos à igreja e não ficam no templo para adorar a Deus, preferindo programas alternativos. Você já parou para se perguntar qual a mensagem que você está mandando para seus filhos? Não seria esta uma forma de dizer: “religião é importante enquanto você é uma criança, quando você se tornar um adulto, isto é irrelevante”.

Preste atenção:
A obra de Deus deve começar em você.
Ninguém é salvo por procuração, nem vai para o céu com azeite do outro.
Quando nos aproximamos de Jesus, abençoamos nossa casa, enquanto o distanciamento e a indiferença de um pai ou mãe às coisas de Deus, pode trazer graves danos à sua alma e aos filhos.

A Bíblia fala que “o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (lc 19.10). Será que entendemos nossa necessidade de arrependimento e de orientação divina? Será que temos consciência da gravidade espiritual de nosso coração se não for resgatado pelo sacrifício de Cristo?
Muitas vezes a compreensão de nosso estado de perdição espiritual se dá em situações de angústias pessoais como a deste homem, outras vezes em tragédias pessoais, crises existenciais, ou pressões financeiras e familiares, mas o ponto é, num determinado momento precisamos entender que precisamos de salvação. Só admite que precisa de salvação aquele que se reconhece perdido e clama a Deus por socorro.

Existe ainda outro aspecto que podemos inferir deste texto.
Podemos estar preocupados conosco e nos esquecemos da família.

Neste caso, participamos das conferências de igrejas, lemos livros, oramos, estamos constantemente participando de cultos, mas nos esquecemos de investir nos filhos e na proteção espiritual de nossa casa. Não nos esforçamos para que o Evangelho se torne claro no coração de nossos filhos e se aprofunde em suas mentes.

O carcereiro faz uma pergunta individual mas Deus, o que é muito importante, mas a sua inquietação pessoal desemboca em bençãos muito mais abrangentes. Deus tem interesse pela sua  casa e pelos seus filhos. Sua casa precisa de salvação!

Que tipo de salvação nossa família necessita? Salvação psicológica e espiritual.

  1. Salvação psicológica – Nossos filhos e cônjuges precisam ser tratados nas suas emoções. Se não houver salvação emocional em nossa casa, estamos todos perdidos.

Lares abrigam muitas disfuncionalidades resultantes de pecados individuais ou de culturas familiares. Por isto a Palavra de Deus afirma que o sangue de Cristo nos livra do “fútil procedimento que (nossos) pais nos legaram” (1 Pe 1.18). Muito da futilidade familiar tem a ver com condicionamentos herdados e aprendidos. Famílias facilmente perdem a capacidade de diálogo, e lares se tornam marcados por descontentamento, vaidade, ira e ressentimento. Famílias precisam encontrar a cura que surge das águas purificadoras que saem do trono de Deus (Ez 47) e da redenção e restauração do Espírito Santo.

Muitas doenças familiares são sistêmicas. Lares marcados pela acusação, ódios históricos, indiferença e distanciamento e tais enfermidades roubam a alegria e nos torna reativos. Precisamos de cura. Deus quer salvar nossa família da frieza e indiferença.

Dois textos na Bíblia mostram situações de doenças emocionais gravíssimas:

A.    A mulher Cananéia – Que se aproxima de Jesus: “Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15.22). Sua casa é marcada pela presença do mal, que se aninhou e dominou a psique de sua filha. Em situações assim, Satanás tem o controle da casa e as ações do mal direcionam movimentos, atitudes e palavras. Lares dominados pelo maligno fragmentam as emoções.

B.    A parábola da casa vazia – Em Mt 12.43-45, Jesus narra o cotidiano de uma casa, na qual as coisas, superficialmente estão organizadas, já que se encontra varrida e ornamentada, e tudo parece estar em ordem. Entretanto tal casa encontra-se vazia (Mt 12.44). Os afetos e enternuramento se perderam. A casa está vazia. Ela se esvaziou de ternura, perdão, apreciação e encorajamento. Esta casa corre sério risco, porque vazia de afetos prenuncia maldição. Perde a alegria e espontaneidade, perde a graça, celebração e contentamento. Lares assim precisam de redenção, caso contrário, permitirão o retorno de espíritos imundos, que retornam com outros sete espíritos. Isto é, o retorna com força total.

  1. Salvação Espiritual – A grande salvação, porém, que Jesus traz aos nossos lares é de natureza espiritual. Lares precisam ser libertos da condenação eterna. O texto diz: “crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.31). Precisamos entregar nossa vida de forma incondicional a Jesus para sermos salvos. Sem Jesus estamos espiritualmente perdidos e mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Nossos filhos precisam entender o plano da salvação, nós precisamos ter certeza da vida eterna em Cristo Jesus.

Para avaliar sua vida de entrega pessoal a Jesus, considere as duas perguntas clássicas do Evangelismo Explosivo:
Þ    Você já chegou ao ponto de sua vida espiritual que você tem certeza de sua vida eterna?
Þ    Se você morresse hoje e Deus lhe perguntasse: “Por que eu deveria deixar você entrar no meu céu”, o que você responderia?

Tentando ler este texto por uma outra perspectiva diria: a salvação da família traz salvação para nossa vida.
O carcereiro pergunta: que devo fazer para ser salvo? A única forma de você encontrar salvação plena é experimentando a salvação na sua casa. Nas Escrituras todos os pactos de Deus envolvem a família. O Deus da Bíblia é um Deus de alianças e pactos, chamando famílias para um envolvimento profundo.

Existe uma doutrina teológica muito esquecida nos nossos púlpitos chamada de Solidariedade da raça. Ela afirma que de uma forma muito direta, estamos todos identificados com a humanidade como um todo, e com nossos pais, de uma forma particular.

Exemplo 1: Quando Adão caiu, todos caímos. A queda adâmica arrastou consigo toda a humanidade de forma que, em Adão, todos caímos (Rm 5.12).

Exemplo 2: Quando Deus chamou Abraão, não o fez apenas enquanto indivíduo, mas fez um pacto geracional, isto é, com sua geração.

“Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência, no decurso das gerações” (Gn 17.9). Deus estava incluindo os filhos no pacto. Eles são herdeiros da mesma graça de vida (1 Co 7.14). As promessas abrâmicas se aplicam ainda hoje a nós, que somos os legítimos filhos de Abraão (Gl 3.13-14) e o verdadeiro Israel de Deus (Gl 6.16).

A salvação possui um aspecto inclusivista para a família. Deus está interessado em sua família. “crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.31). Isto quer dizer que podemos e devemos esperar as bençãos espirituais da redenção para nossa família, como afirma Paulo: “Doutra sorte vossos filhos seriam impuros, mas agora são santos” (1 Co 7.14). Recomendo a eitura de dois textos sobre este assunto: (a)- A graça que vem do lar, de Susan Hunt, Editora Cultura Cristã e a Família do Pacto de Vn Groniken, também publicado pela mesma editora.

O texto de Atos 16 que estamos ainda vai apontar para cinco bençãos resultantes de uma casa que experimenta salvação:

1.     A Palavra de Deus é experimentada na sua interioridade – E lhe pregaram a Palavra de Deus e a todos de sua casa” (At 16.32). Nunca a Palavra de Deus fora exposta ali, mas daqui em diante seria anunciada, e tornar-se-ia objeto da reflexão da família.

A palavra de Deus e suas verdades começam a ser ministradas e recebidas. O lar torna-se espaço para grupos de estudo, pregação aos vizinhos, louvor a Deus, comunhão, etc. Este é o sinal pujante de uma casa que recebeu a Salvação.

2.     Surge experiência de misericórdia no meio da família – “Cuidando deles, lavou-lhes os vergões dos açoites” (At 16.33). Carcereiros eram do tipo durões, impiedosos. Estavam acostumados a ver a dor sem se comover, a bater e a ferir sem que isto lhes causassem aborrecimento. Agora, este carcereiro se transforma num homem bondoso, que ao invés de gerar feridas trata as feridas abertas, ao invés de machucar, restaura.

Lares penetrados pela salvação, começam a manifestar graça aos feridos, acolhimento aos quebrados, socorro aos que sangram. Tornam-se ambientes de cura e redenção, verdadeiro Tanque de Siloé. Aquele homem sai da situação de espancador para consolador. Muda sua abordagem em relação ao sofrimento. Transforma seu lar num centro terapêutico e de restauração para os outros. Misericórdia é uma das melhores formas de revelar aos nossos filhos a presença de Deus entre nós.

3.     Assume compromissos públicos de sua fé - A seguir, foi ele batizado e todos os seus” (At 16.33).  Não fica em dúvida sobre a necessidade de assumir compromissos com as coisas de Deus.

Sua fé se visibiliza, torna-se pública. Muitas famílias parecem ter medo de compromisso com a fé cristã. Não se envolvem com sua comunidade, não querem pagar preço do compromisso e do discipulado. Esquecem ou não sabem que fé que não custa nada não vale nada!

4.     Expressa koinonia e acolhimento – (At 16.33). Lares redimidos aprendem a dividir a compartilhar. Não vêem as coisas apenas como suas, mas abrem sua casa para repartir, sua vida experimenta a benção do compartilhamento.

São famílias onde os recursos começam a ser compartilhados com os necessitados, com a obra de Deus, com os campos missionários. Sua casa torna-se um espaço para acolhimento e benção.

Sempre fico impressionado com pessoas que abrem suas casas para acolhimento e pregação. Uma ovelha preciosa que tenho, todos os anos abria sua casa para um chá de evangelização, tudo isto feito com muita excelência e qualidade, e ali faz um culto, fala dos projetos sociais que está envolvida e desafia as mulheres ricas da cidade a um compromisso de solidariedade. Sua casa foi local de encontro de senhoras ricas e importantes da cidade. Sempre abriu sua casa para fazer  roupas para crianças pobres, para lancharem juntas e meditarem na Palavra de Deus.

5.     Experimenta celebração – “Com todos os seus, manifestava grande alegria” (At 16.34). A casa passa a ser espaço de alegria, e a fonte básica desta celebração é “por terem crido em Deus” (At 16.34).

Algum tempo atrás encontrei na varanda da casa de um casal amigo os seguintes dizeres: “Que aqui você possa encontrar alegria, paz e risada”. Esta frase me chamou atenção: Lares precisam encontrar alegria, celebração e prazer, lares cristãos precisam ser lugar de alegria e contentamento.

Conclusão:
Salvação em nossos lares:
  1. Como somos salvos? Apenas pela fé, e só pela fé na obra de Cristo. Este foi um lema amplamente defendido pela Reforma Protestante. “Pela fé, e apenas pela fé”. Quando o carcereiro indaga sobre o que fazer para ser salvo, a resposta é direta e simples: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.  Plena fé na obra plena de Cristo.

Mais do que nunca precisamos reafirmar a necessidade de colocarmos nossa dependência na obra plena de Cristo. Aprender a olhar para a cruz. Equivocadamente queremos salvar nossa família usando fundamentos humanistas, psicologia secular ou técnicas modernas de condicionamentos, quando deveríamos recorrer à maravilhosa obra de Cristo realizada na cruz.

Um dos homens mais admirados pela sua consagração e escritos é A. W. Tozer. Certa vez afirmou. “Penso que minha filosofia é esta: Tudo está errado até que Deus endireite as coisas”.

Sua casa já experimentou salvação? Precisa de salvação? Está perdida? Desencontrada? Carente de direção? Cura? Redenção? O texto afirma: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.31).

  1. A Extensão da Salvação: Salvação tem uma dimensão maior que sua individualidade, as promessas de Deus envolvem sua família toda! Deus não está chamando apenas você para a salvação. Sua fé tem implicações e desdobramentos geracionais, terá efeitos benéficos e duradouros em gerações que ainda virão. Facilmente nos esquecemos da benção de Deus para nossa família. Deus está interessado em sua casa.

  1. Como trazer salvação a nossa casa?
q  Aceitando incondicionalmente a oferta maravilhosa de Jesus: sua salvação pela fé. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”. Simples assim. A obra de Deus em nos começa por atitude interior de reconhecimento da obra de Cristo na cruz. Você entende o que Cristo fez por você naquela cruz?

q  Trazendo sua família ao compromisso do reino – "Foram batizados eles e todos os seus" (At 16. 33). Muitos pensam em batismo como um mero ritual, desprovido de sentido, algo apenas ritualístico. Não é! Por que creio que ser importante o batismo?

ü  Batismo é um mandamento de Jesus aos seus seguidores – Mt 28.18-20. “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16.16). Estaria Jesus atribuindo poder mágico ao batismo? Não! Ele estava apenas dizendo que batismo é um compromisso publico, de fé, assumido por aqueles que, sem reserva, resolvem entregar suas vidas.

ü  Rituais na Bíblia não são apenas rituais, mas são investidos de sacramentalidade – “Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível”. Por meio dele, visibilizamos e experimentamos na forma de um drama a presença real e espiritual de Jesus. Portanto, trata-se de algo com profundo sentido.

ü  No Antigo e Novo Testamentos, as crianças sempre participavam do pacto. As crianças eram incluídas: Na circuncisão, ao oitavo dia (Gn 17.9-12). Deus era visibilizado e glorificado na entrega dos filhos que eram herdeiros do pacto. “Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência” (Gn 17.9). Estas promessas eram extensivas à família.

Ficamos preocupados com o rito em si, quando no verdade deveríamos focalizar em algo maior. O rito é pequeno para quem já recebeu o maior. Se a salvação já entrou em minha casa, o batismo é apenas um símbolo maior desta grande benção, afinal, o simbolizado nunca pode ser menor que o símbolo.

Jesus faz toda diferença nas nossas vidas
Jesus faz toda diferença nas nossas gerações.

Aleluia!!!

Samuel Vieira
Anápolis, setembro 2008
Refeito em Anápolis, Dezembro 2018

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