terça-feira, 4 de dezembro de 2018

At 16.16 A multiforme Ação do evangelho



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Introdução:

Uma das frases que mais tem marcado minha vida é a seguinte: “O evangelho pode mudar qualquer pessoa em qualquer circunstância, inclusive a mim mesmo”. Eu a acho importante porque ela resgata a compreensão de como o evangelho é efetivo, mas acima de tudo, me dá a compreensão de que, eu posso ser transformado pelo poder da Palavra. Minha história não precisa continuar nos trilhos do pecado e dos equívocos, mas pode ser mudada pela obra de Deus.

A verdade maravilhosa é:

a.     O evangelho quando compreendido gera em mim profunda adoração. Eu sei que eu, de mim mesmo, não sou capaz de coisa alguma, mas que a verdade de Deus em minha vida, é transformadora.

b.     O evangelho me torna ousado na pregação. Muitas vezes olho para meu colega ou um membro querido de minha família e inconscientemente penso: “Esta pessoa nunca vai se converter...” Por que penso assim? Porque não estou entendendo a graça. Você por acaso foi alcançado porque era melhor?  Deus encontrou alguma virtude em você e por isto te comunicou sua graça? Quando entendo o evangelho, sou transformado e penso: “Se Deus alcançou a mim, perdido e desorientado, por que não alcançaria meu vizinho?” Isto me torna ousado...

Este texto de Atos 16 nos revela algumas facetas maravilhosas do evangelho. Hoje queria observar o relato de três conversões de pessoas distintas que ocorrem neste texto. Cada uma destas pessoas possui backgrounds completamente diferentes, mas o evangelho chegou ao coração de todas elas. O evangelho um poder e uma ação multiforme. Ele pode alcançar, de fato, qualquer pessoa, em qualquer circunstância, seja qual for o ambiente, status e condição espiritual.
Esta é a beleza do evangelho.

1.    O Evangelho é abrangente no seu alcance – Este é o primeiro aspecto a ser considerado. Veja como as três conversões se dão com pessoas tão distintas na sua origem e biografia.

Lídia, empresária temente a Deus
At 16.14. O evangelho alcança pessoas piedosas e de boa reputação.

O texto afirma que Lídia era vendedora de púrpura, isto se refere à sua profissão. Era de Tiatira, isto revela sua origem, e era temente a Deus, isto se refere à sua espiritualidade.
Uma pergunta pode ficar no coração do leitor? Por que o evangelho precisa alcançar quem já é temente a Deus? Se ela é uma pessoa orientada às coisas de Deus, então não estaria tudo certo? Vemos muitas pessoas religiosas, que buscam sinceramente a Deus, então porque estas pessoas precisam ser alcançadas pelo evangelho?
A resposta da Bíblia é: Há duas formas de se estar perdido: Tendo uma moral relativista moral ou sendo um religioso moralista.

O relativista moral
Existem muitas pessoas que estão perdidas porque simplesmente se acham dona de sua própria vida, e não precisam dar contas de nada a ninguém, muito menos Deus, afinal, elas são “sinceras consigo mesmo”, são “autênticas e honestas” e isto é o que basta. O relativista moral, faz as coisas que julga ser certas ou que sente que deve fazer e não considera Deus na sua história.
É muito comum encontrarmos pessoas assim no nosso circulo de amizade. Gostamos destas pessoas, algumas são amigas e companheiras de trabalho, mas não consideram Deus em seu caminho, fazem aquilo que acham certo e o que pede o seu coração. Elas são “donas de seu destino”, e suas escolhas morais são baseadas não em princípios estabelecidos pela sociedade, religião, família ou mesmo Deus. Elas decidem por aquilo que acham certo. Isto é também chamado de subjetivismo: a verdade, pensam estas pessoas, encontra-se dentro delas.

O religioso moralista
Aqui temos o outro lado da moeda. São pessoas que cumprem seus ritos de fé, tentam viver uma vida que agrada a Deus, conforme suas pressuposições sobre Deus, não saem das igrejas, são dirigidas por um senso de sagrado. Apesar da tentativa de serem honestas com as coisas de Deus, o problema é que, geralmente, se tornam orgulhosas de sua espiritualidade. Os fariseus, seita mais radical dos dias de Jesus, eram assim. Ciosos de sua fé, cumpriam as leis de Deus, mas este grupo foi o grupo que Jesus mais criticou.

Um bom ilustração disto encontramos na parábola do filho pródigo. Henry Nouwen afirma que, na verdade, esta parábola é do Pai pródigo. Ele era pródigo em perdão, misericórdia, reconciliação e cuidado com seus filhos.
Pois bem, ali encontramos dois personagens: Uma era o relativista moral. Ele não se importava com o que os outros pensavam, não se submetia às convenções sociais e familiares, e se desejava fazer alguma coisa, fazia o que achava que seria o melhor. Saiu de casa, gastou seu dinheiro com prostitutas e se afastou geográfica e existencialmente de seu pai. Este rapaz era sincero consigo próprio, era autêntico quanto aos seus sentimentos, mas estava desorientado e perdido. E sabemos o que lhe aconteceu.
Por outro lado, o filho mais velho é o irmão “certinho”, ele faz tudo conforme o script. Trabalha duro, tem uma agenda de compromisso, honra as coisas e os negócios do pai, mas se torna frio, indiferente e sem capacidade de perdoar. Ele é o irmão  amargurado. Por causa disto, questiona seu pai, que é a figura de Deus na parábola e não entende seus motivos, dizendo que ele estava errado e desta forma não aceita seu irmão de volta, não tem capacidade de perdoar e aceitar o outro.
Quem está mais perdido?
A verdade é que ambos estão perdidos.
Então, fica claro:
Há duas formas de se estar perdido.
Sendo relativista, ou sendo religioso e moralista.
O evangelho precisa alcançar a todos, e eventualmente, alcança mais facilmente o relativista que se arrepende do que o moralista que não vê necessidade de se arrepender.
Por isto, quando Lídia, mulher temente, ouve a mensagem, “Deus abriu seu coração” para entender o evangelho.
Ela era temente a Deus, assim como Cornélio, mas ambos precisavam de entender o que Cristo havia feito, e que a salvação deles não estava no que faziam, mas no que Cristo fez por eles. Ela precisava de salvação através de Jesus.

Jovem escrava e possessa
A segunda pessoa a ser alcançada era dominada pelos seus senhores e possessa de um espirito de adivinhação (At 16.19). Este é um típico caso de pessoas que, dominadas por entidades, já não são capazes de fazer escolhas pessoais. O demônio que reside nelas é quem controla sua mente, emoções e vontade, mas a graça de Deus a alcança nesta degradante situação espiritual.

Assim observamos que o evangelho atinge pessoas de vida moral ilibada e correta, gente do mundo de negócios e família estruturada como Lídia, mas na sua extensão atinge também pessoas quebradas e instrumentalizadas pelo diabo.
De todas as formas mais perversas humanas a mim me parece que a escravidão é a pior. Ela desumaniza e instrumentaliza as pessoas. O que um senhor poderia fazer com seus escravos era algo inumano. Platão afirmava que um escravo era uma ferramenta sem alma.
Que tipo de abusos esta menina sofreu na sua infância e adolescência? Humilhação, exploração sexual, críticas? A verdade é que, forças espirituais passaram a dominar sua vida. Muitas vezes satanás usa a disfuncionalidade social e familiar para arrebentar com a psique humana. Esta menina, agora dominada por uma força espiritual consegue adivinhar e faz relativo sucesso público, mas sua vida é um verdadeiro inferno.
Ela era dominada por um espirito de adivinhação. Isto é muito curioso e intrigante, afinal, perguntamos, Satanás consegue fazer prognósticos? Prever o futuro? Acertar em relação aos eventos que ainda acontecerão?
A resposta clássica para isto é NÃO! O diabo não pode prever o futuro, já que o futuro está nas mãos de Deus e não na suas mãos. Mas uma afirmação de Deuteronômio suscita controvérsia: “Quando o profeta ou sonhador se levantar no meio de tu e te anunciar um sinal e prodígio e suceder o tal sinal o prodígio de que te houver falado, e disser: vamos apos outros deuses, que não conheceste e sirvamo-los. Não ouvirás as palavras deste profeta ou sonhador”  (Dt 13.1-3a).
Isto nos dá a entender que nos prognósticos feitos por videntes, iluminados ou místicos, há uma boa possibilidade de acertos. Os cartomantes e quiromantes vivem disto, tentando predizer o futuro. O texto não diz que eles conhecem o futuro, mas que podem fazer predições acertadas sobre o futuro, talvez por probabilidades ou tentativas.
Esta menina escrava, vivendo em Filipos, cidade mais importante da Macedônia (At 16.12) era respeitada e dava muito lucro aos seus senhores. Havia todo um “comércio” girando em torno dela. Muitas pessoas tinham lucro explorando sua imagem.
Não é assim que acontece com cidades com pessoas reconhecidas pela sua aura mística? Em Abadiânia, uma pequena cidade no interior de Goiás, que fica entre Anápolis e Brasília, toda economia gira em torno de um famoso vidente e curador chamado João de Deus. Seu site está em inglês com o pomposo nome de “John of God”, e pessoas ilustres e famosas como Oprah Winfrey, que já foi considerada a mulher mais influente do mundo pela Times, esteve pessoalmente para se encontrar com este famoso homem. Personagens como Xuxa, o ex-presidente Lula (que inclusive o chamou a São Paulo para interceder por sua esposa Marisa quando estava internada) e o ministro Luiz Barroso, figuram entre seus ilustres admiradores.
O evangelho, poderoso e maravilhoso como é, atinge também aquela jovem. É interessante observar a descrição do texto: “Isto se repetia por muitos dias. Então, Paulo, já indignado, voltando-se disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E na mesma hora, saiu” (At 16.18). Paulo não se dirige à jovem, mas se dirige ao espirito maligno, e o confronta. E a jovem se torna liberta.
Isto se torna motivo de muito problema para aquela cidade. A libertação espiritual daquela jovem desequilibra a estrutura econômica da cidade. “Vendo os seus senhores que se lhes desfizera a esperança de lucro, agarrando Paulo e Silas, os arrastaram para a praça, à presença das autoridades” (At 16.19).
Que importava quem dominava aquela jovem. Ela era importante para a economia, ainda que vivesse oprimida pelo diabo. O mesmo se deu com  libertação do endemoninhado gadareno, dominado por uma legião de demônios. Quando aqueles demônios foram para os porcos e estes se atiraram ao mar, os donos da cidade vieram a Jesus atemorizados e lhe pediram que ele saísse da região. Não lhes assustava o demônio, com os qual já estavam acostumados, mas a presença de Cristo que confrontava os demônios. Moral da história: Quando Deus entra nos chiqueiros humanos logo as pessoas pedem para que ele saia de perto.

O funcionário público
Temos agora, o registro de terceira pessoa que foi alcançada pelo evangelho. (At 16.27), com perfil completamente diferente das demais. Ele era uma pessoa num cargo e função importante para o sistema da cidade. Era carcereiro, funcionário público que recebia salário de Roma. Numa linguagem moderna diríamos que “seu salário era em dólar”.
Ele é alcançado numa situação de desespero e angústia e a aflição possibilita seu encontro com Deus. Diante de um evento sísmico, aterrorizador, com a possibilidade de que os prisioneiros sobre sua guarda fugissem trazendo desgraça sobre sua reputação e função ele cogita uma atitude tresloucada: tirar a própria vida.
Mas a graça de Deus o alcança neste contexto de agonia e perplexidade. Ele é salvo pelo poder do evangelho.

Este relatos demonstra que não importa a condição humana, o poder do evangelho pode alcançar as pessoas onde elas se encontram. O Evangelho age independentemente da condição social, moral e financeira.

2.    O Evangelho age de formas diferentes – Mais uma vez vamos analisar a forma como evangelho age nas condições especiais de cada uma destas pessoas.

Lidia – De forma branda e serena.
Abrindo-lhe o coração para crer” (At 16.14)

A conversão de Lídia foi tranquila, depois de uma reunião de oração, numa conversa à beira do rio. Lídia é alcançada pela mensagem do evangelho. Ela parece ser uma mulher de posses, classe média alta, empresária, vida correta, mãe de uma grande família, e o evangelho a alcança na situação em que ela se encontra.
Deus fala de forma diferente a pessoas diferentes.

Jovem adivinha – De forma confrontacional
Em nome de Jesus, retira-te dela” (At 16.18)

O episódio da jovem possessa é dramático e impactante. Paulo não fala com aquela jovem, mas se dirige ao próprio demônio. Aquela jovem era possessa, e a raiz desta palavra já revela sua situação. Ela era “posse” do diabo, incapaz de pensar por si só, era dirigida e orientada por uma entidade.
Antes de sua conversão havia a necessidade de uma libertação espiritual, era confronto de poderes das trevas com o poder de Cristo. Confrontação! Era necessário libertá-la do poder do maligno para que ela pudesse ser resgatada pelo evangelho, que alcança pessoas dominadas pelo diabo e as torna livres.
Ao lermos o relato de sua conversão, fica uma pergunta no ar: Por que satanás aparentemente se alia aos apóstolos?
Esta moça é uma excelente marqueteira (faz propaganda dos missionários), “promovia seus mensageiros”(At 16.17), era mística “espiritualizada”, e por isso era procurada pelas pessoas. (At 16.16) pois “adivinhando dava lucro a seus senhores”, uma indústria se formou ao redor dela.
Mas por que o diabo fez isto? Por que o inferno adota esta estratégia de se “mesclar” com os apóstolos? Uma possível explicação para isto é que ao se “aliar”, de certa forma ele podia confundir as pessoas, dando a impressão de que tudo era a mesma coisa. Era uma forma de confusão. Mas o mal é desmascarado, e o inferno é denunciado. A obra de Deus é santa e ninguém pode deter!

Por que os apóstolos demoraram a reagir? O texto afirma que “isto se repetia por muitos dias”. Isto pode ter duas respostas:

a.     O que ela fazia era aparentemente inofensivo e até benéfico à igreja, afinal, era um marketing gratuito. Como igreja de Cristo podemos ser enganados por ofertas do diabo que parecem maravilhosas, mas são caminho de morte.

b.     Paulo sentia algo, mas não sabia se era emocional ou espiritual. O texto afirma que ele chegou a se indignar, uma reação visceral e profunda, mas talvez o sentimento confuso, o levava a confundir o discernimento espiritual com as emoções.

Já vivi isto no ministério com uma pessoa que veio para a nossa comunidade, e era extremamente agressiva e desbocada. Minha esposa sentia que era algo espiritual, mas eu achava que se tratava de uma reação de dor da minha esposa pela forma grossa e indelicada com que a pessoa agia. Minha esposa estava certa. Aquela mulher precisava de libertação espiritual e isto se tornaria evidente tempos depois.

O Carcereiro – Com fortes emoções, no meio da angústia e aflição.
Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!” (At 16.28)

A conversão do carcereiro não possui nenhuma semelhança com as duas conversões anteriores. Ela se dá com manifestações sobrenaturais, terremotos, tentativa de suicídio (At 16.26). Aqui percebemos como a mensagem de Jesus  alcança pessoas em situação de desespero, desorientação e angústia.  

Jesus precisava libertar aquele homem angustiado.

É desta forma que muitos são aproximados de Deus. A dor, o sofrimento, a falta de esperança, o medo, que os impulsiona a atitudes loucas, pode ser também o momento que pode trazer sanidade e redenção. O carcereiro é alcançado no meio de seu fracasso e sofrimento.

Embora as experiências sejam diferentes, todas são genuínas. Por esta razão não devemos achar que nossa experiência deve ser modelo para alguém e nem que a dos outros, deve ser modelo para nós. Deus age de forma distinta com cada pessoa.

Não importa sua classe social, sua origem
Jesus pode
Abrir o coração de pessoas bem sucedidas com Lídia.
            Quebrar as cadeias e laços do diabo
                        Trazer esperança ao seu coração, no meio da angústia e desespero.

3. O Evangelho é potencializado pelas orações - Tudo acontece quando nos dispomos a orar e a louvar.
            è precisando construir uma estratégia?
            è Não sabe qual rumo tomar?
            è Pensando em plantar uma igreja?

Veja qual foi a estratégia dos apóstolos: Eles saem para orar e o que acontece?

At 16.13 – Quando se dirigem ao local de oração...> conversão de Lídia
At 16.16 – Quando voltam ao local de oração....> conversão da jovem possessa.

A verdade é: quando fazemos, nós fazemos; mas quando oramos, Deus faz.


4. O Evangelho atinge áreas distintas da sociedade

a.     Desestabiliza as estruturas econômicas, que exploravam a fé das pessoas. Os habitantes de Filipos entregavam seus bens para adivinharem  o futuro, colocavam seus recursos para a exploração de uma pessoa dominada pelo diabo.

O mesmo se deu em Decápolis, com o endemoninhado gadareno (Mc 5), quando Jesus libertou o endemoninhado eles tiveram prejuízos financeiros, já que a manda de porcos se atirou no mar.

O evangelho também causou convulsão em Atenas, atingindo diretamente os fabricantes de nichos e souvenirs relacionados à Diana de Éfeso, que era cultuada na cidade. A Bíblia diz que eles queimaram livros e objetos que atingiram a exorbitante cifra de 50 mil denários (At 19.18-20). Um denário era o salário de um trabalhador suficiente para sustentar sua família por um dia.

b.     Desorganiza a ordem espiritual da cidade – “Estes homens, perturbam a nossa cidade” (At 16.20).

O evangelho atinge diretamente as estruturas malignas, afeta os propósitos do inferno. Por isto acho interessante plantar igrejas. Este texto nos mostra o potencial explosivo quando o espiritual se alia ao econômico, como aconteceu com Diana de Éfeso. “Foi a cidade tomada de confusão” (At 19.29).

O evangelho desmantela o esquema das trevas.

5. O evangelho atinge diretamente as famílias - O evangelho não tem um efeito individual, mas coletivo. Deus sempre inclui famílias no pacto com seu povo. Esta  foi a proposta inicial de Deus para com Abraão. “Farei uma aliança entre mim e ti e seus descendentes”. Quando nos convertemos o evangelho sempre se amplia para outras pessoas de nosso circulo familiar (1 Co 7.14).

Temos aqui dois exemplos:

a.     Lídia. Este é o primeiro exemplo: “foi batizada ela e toda sua casa” (At 16.15). Deus abriu o coração de Lídia para crer no evangelho, e o resultado foi o impacto direto na sua casa. Sua família inteira se rende a Jesus e é batizada.

Os presbiterianos gostam muito deste texto, porque fala do batismo da família toda. Tomam por certa a inferência de que se tratava dos filhos. Embora eu seja inclinado a esta interpretação por causa de minha formação, o texto não me dá evidência para afirmar nem a favor nem contra.

b.     Carcereiro – ele e toda sua família – “Naquela mesma hora da noite, foi batizado ele e toda sua casa”.  (At 16.33).

Mas uma vez vemos uma família inteira sendo batizada. Novamente o texto não permite que afirmemos que havia crianças naquela casa, embora também não haja qualquer evidência de que não havia. Aliás, se não eram os filhos, quem era esta família à qual o texto se refere?

Mas a grande mensagem deste texto é que o evangelho atinge a família deste carcereiro. Sua pergunta foi feita no singular, de forma pessoal: “Que devo fazer para (eu) ser salvo”, (At 16.30). Esta é a pergunta mais relevante da vida, por causa de sua implicação eterna. É uma pergunta individual feita de forma sincera. Você já fez esta pergunta?
O que nos surpreende no texto é que, apesar de ser uma pergunta pessoal, seu alcance vai além da esfera do pessoal. O carcereiro faz a pergunta no singular, e Paulo a responde no plural: “Crê no Senhor Jesus e será salvo, tu e tua casa  (At 16.31). A promessa de Deus vai além de você mesmo, ela impacta gerações, atinge outros, abençoa a vida de sua família, esposa e netos.

Este texto nos ajuda também a refletir sobre o que fazer para a salvação? Eis alguns passos:

1.     Reconhecer a necessidade – “Que farei para ser salvo?”. Quem busca salvação é quem se percebe perdido. Pessoas que se julgam resolvidas, não procurarão resposta e salvação. É possível termos uma falsa sensação de bem estar, que nos impede de nos aproximar de Cristo. Por isto é que a justiça própria é o inimigo número um do evangelho.

2.     Abrir seus ouvidos para a mensagem - “Lídia nos escutava” (At 16.14). A Bíblia faz constantemente uma afirmação: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Será que temos ouvido a mensagem da salvação? Muitas vezes estamos ouvindo a palavra de Deus, mas com o coração endurecido, resistindo à Palavra do Senhor.

3.     Faça a pergunta certa – O carcereiro vai ao ponto central de sua existência: “Que devo fazer para ser salvo?” (At 16.30). Ele não faz uma pergunta genérica e impessoal. Sua preocupação o coloca no centro do problema. Ele precisa resolver esta questão, então, o que era preciso?

4.     Creia na obra suficiente de Cristo – A resposta de Paulo ao carcereiro não foi baseada em paradigmas morais: “Você precisa ser mais humano no tratamento aos presos...” ou, “precisa mudar de vida e dos seus comportamentos pecaminosos”, pelo contrário, sua resposta é: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa?
A questão essencial do evangelho não é o que você pode fazer, mas compreender aquilo que Jesus fez por você. Afinal, “a obra de Deus é esta, que creiais naquele que por ele foi enviado”(Jo 6.28-29). A obra de Deus não é fazer, mas receber; não é algo que eu faço, mas algo que Deus fez; não está centrado em mim, mas em Cristo.

Lidia era uma mulher temente a Deus, tinha uma vida moralmente correta mas sua situação poderia se tornar um obstáculo ao Evangelho. Por isto, o Senhor lhe abriu o coração para atender as coisas que Paulo falava. Ela precisava crer em Cristo e não confiar no seu status e sua posição social ou espiritual.

O que significa crer em Cristo?
Deixar de colocar a confiança nos esforços pessoais, na sua moral, no status e colocar os olhos em Cristo. Foi isto que Jesus disse a Nicodemos: “Para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.15). É necessário olhar para Cristo, para sua obra na cruz.

Este texto ainda nos fala de alguns atos essenciais na conversão, conectados à salvação. Não dependem de nós, mas de Deus, mas é importante que saibamos:

A.     O Espírito Santo precisa abrir o coração - (At 16.14). A não ser que o Espírito Santo abra nosso coração, não teremos condições de crer. Por isto que Paulo afirma que “Pela graça sois salvos mediante a fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus, não de obras para que ninguém se glorie”(Ef 2.8-9). A fé é dom de Deus. O Espírito Santo abre nossos corações, e passamos a crer, quando ouvimos a mensagem. Esta compreensão transforma nossa história.

B.     O poder de Deus para quebrar as cadeias espirituais – Ali estava uma menina, adivinha, vidente, presa por obras malignas, mas o seu encontro com o evangelho trouxe vida nova, libertação da opressão que a martirizava. Aquela menina era escrava, mas agora estava livre da pior forma de escravidão: aquela que é gerada pela ação do diabo.

O Evangelho age de muitas formas, em diferentes pessoas, contextos, e de forma personalizada, objetivamente individualmente a vida de cada pessoa.
Se Deus tantas vezes age de forma tão criativa e espontânea, de muitas maneiras e formas, não deveríamos também ter uma santa expectativa de que ele pode também transformar nossa história e atingir nossa família?

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