sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

1 Cr 4.9,10 A Oração de Jabez




E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: porquanto com dores o dei à luz. Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: se me abençoares muitíssimo e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido”.

Introdução:

Esta oração se tornou muito conhecida por causa de um pequeno livro escrito por Bruce Wilkinson. É um livro atraente e muito bem escrito, e qualquer um pode lê-lo rapidamente. Embora haja alguns equívocos na interpretação de Wilkinson, isto não significa que não possamos pregar e refletir sobre a mensagem deste texto.

O texto começa afirmando que Jabez se tornou mais ilustre que seus irmãos. No meio de uma grande quantidade de nomes, ele tem seu nome realçado por causa de uma oração que fez. Enquanto os nomes de outros são apenas registrados, o de Jabez é colocado em evidência.

Curiosamente, o nome “Jabez”, significa sofrimento ou tristeza. Sua mãe lhe deu este nome “porque com dores o dei à luz”(1 Cr 4.9). Portanto, ele já nasce com um tom de desequilíbrio, e recebe um nome nada simpático. Entretanto, este menino estigmatizado, é transformado através de uma oração simples com quatro pedidos diretos experimentando uma profunda mudança na sua história de fracasso e condenação para uma história que mudou sua vida e a de seus descendentes.

Jabez destacou-se entre os demais apesar de ter uma marca negativa em sua vida. O seu nome, indica uma possível deficiência física cuja fonte não podemos identificar. Na cultura judaica, o nome representa uma marca, filiação ou identidade. Jabez já trazia no seu nome um estigma, já que era chamado de tristeza desde pequeno, mas, ao invés de ser conhecido pela “dor”, Jabez foi reconhecido como alguém ilustre, distinto, notável.

Onde está a sua nobreza? Ela está identificada no seu relacionamento com o Senhor. O fato dele se tornar mais ilustre que seus irmãos nos ensina que Deus cuida dos desfavorecidos. Por que Jabez foi mais ilustre do que seus irmãos?  O que o fez sobressair? O que ele fez de diferente? Nada mais nada menos que uma oração. Sem sua oração ele não seria diferente.

A oração de Jabez é encontrada em uma nota histórica dentro de uma genealogia: "Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores o dei à luz.”(1 Cr 4.9-10). Pouco se sabe sobre este homem, exceto que ele era um descendente de Judá, um homem honrado e sua mãe chamou-lhe "Jabez" (que significa "triste" ou "que causa dor". Alguns ainda traduzem Jabez por sequidão e deserto, porque o seu parto tinha sido doloroso. Em sua oração, ele clama a Deus por proteção e bênção. Para que esse nome lhe fosse dado ele deve ter representado algum tipo de sofrimento.

1.     A quem Jabez dirige sua oração?Jabez invocou o Deus de Israel” (1 Cr 4.9).

Jabez entende o que muitas pessoas ainda hoje não entendem: As orações devem ser direcionadas ao Deus de Israel. Ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Existem muitas orações, mas para quem se dirigem as orações? É muito comum vermos pessoas dizendo: “Eu espero que a mãe natureza nos proteja”. Natureza não tem pessoalidade nem personalidade. Há apenas um Deus e Ele deve ser o centro de nossas orações. "Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos". (Pv 16.3). Ele ora especificamente Àquele que pode protegê-lo do mal e da dor. "Jabez invocou o Deus de Israel".

É muito importante orar, mas mais importante ainda é orar corretamente. Muitos estão pedindo proteção de ídolos, de deuses falsos, mas não dirigem suas orações a quem de fato pode protegê-los: O Deus de Israel.

Usando um jogo de palavras, Jabez, o "homem de dores", pede a Deus para protegê-lo do sofrimento. Jabez portanto, consciente de sua insuficiência, orou a Deus por ajuda. Ele pediu a bênção de Deus: ele pretendia ser preservado de perigos aos quais estava exposto.  

2. O conteúdo de sua oração:

A Oração de Jabez é composta de quatro partes.

A.    Primeiro, Jabez pede que Deus o abençoe.

Esta é a oração mais básica e essencial da vida. Nós precisamos da benção de Deus!

Muitas vezes a nossa história pessoal é marcada por desatinos e até mesmo estigmas pesados, sejam estes lançados sobre nós através das pessoas ou por causa das consequências de nossos pecados e decisões errôneas.

Estar debaixo da benção de Deus é fundamental. Mesmo para alguém impuro e profano quanto foi Esaú, entendia isto. Quando seu pai lhe declarou que a benção de Deus havia sido dada a Jacó, ele experimentou profunda dor. Precisamos orar pela benção. Uma das coisas mais fantásticas do evangelho é a benção que Deus promete ao seu povo. O Salmo 67 nos fala sobre isto: “Seja Deus gracioso para conosco e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o seu rosto” (Sl 67.1). A benção araônica diz o seguinte: “O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.”(Nm 6.24-26). Deus deu diretamente a Arão e a seus descendentes essa oração poética. Ele deveria proferi-la em seu ministério sacerdotal a fim de abençoar o povo. Seu uso, certamente não está confinado ao clero. Essas belas palavras tem sido empregadas em incontáveis ocasiões através dos séculos dos séculos como meio de pedir a Deus favorecimento a outros. Elas incluem um pedido de proteção e livramento de preocupação.

Coisa maravilhosa é estar debaixo da graça de Deus. Não somos amaldiçoados, mas abençoados. Pecadores, mas lavados pelo sangue do Cordeiro. Injustos declarados justos aos olhos de Deus por causa da obra expiatória de Cristo. Aos olhos de Deus, por meio de Cristo, somos perdoados e amados. Que grande benção temos na aceitação incondicional dada por Deus através de Cristo.

O motivo mais elementar de nossas orações deve ser a benção de Deus.

B.    Segundo, ele pede a Deus que alargue o seu território.

É curioso orar para que Deus expanda nossa vida.
Não raramente somos dominados por ambientes tóxicos e limitantes.

Considere a vida de Jabez. Ele nasceu sob um estigma profundo. Seu nome era associado à tristeza e à dor que causara à sua mãe. Sem que sua mãe percebesse ela o nomeou para uma vida aquém de suas possibilidades.

Benoni ou Benjamin?
Há um relato interessante na vida de Jacó. Quando Raquel deu à luz a Benjamin, ela não conseguiu sobreviver às agruras do parto, mas antes de sua morte, pediu a parteira que colocasse o nome de Benoni no seu filho. Estranhamente, porém, Jacó não atende ao último pedido de sua esposa. Isto pode parecer uma grande insensibilidade de Jacó, já que preferiu chamá-lo de Benjamin. Quando, porém, vamos estudar o sentido destes nomes, entendemos perfeitamente o motivo de Jacó não ter atendido a Raquel (Gn 35.16-18). O nome “Benoni” significa, “filho da minha dor”, ao passo que o nome Benjamin significa: “O filho do lado direito do peito”. Todas as vezes que perguntassem o nome daquele menino, ele seria associado a um evento de tragédia, mas agora, todas as vezes que perguntassem seu nome, ele estaria associado a alguém especial e querido, como de fato foi.

Ambientes limitantes, pessoas deprimidas, estigmas familiares, podem diminuir o espaço dos nossos pés e sonhos. Precisamos orar para que Deus nos ajude a vivermos de forma plena, abundante, cheio de graça. Não precisamos ser condenados a uma vida de limitação. Jabez ora para que Deus alargue as suas fronteiras, que seu horizonte fosse mais amplo e Deus atendeu o que ele tinha pedido.

Jabez ora pela vitória e prosperidade em todos os seus empreendimentos e que sua vida fosse marcada por progresso.

C.    Terceiro, ele pede para que a presença de Deus estivesse com ele.

É interessante observar que as duas primeiras orações são de natureza material, humana: Ele queria primeiramente a benção de Deus, e em segundo lugar, uma largueza de horizontes, a capacidade de ir além das suas fronteiras e limites. A terceira oração, entretanto, é de natureza mais espiritual. Ele não quer apenas a benção de Deus e prosperidade na vida: Ele quer o próprio Deus.

É muito comum nos atermos as bençãos de Deus e nos esquecermos do Deus da benção. Muitos estão interessados no que Deus pode dar, mas se esquecem da maior riqueza da vida, que não é algo que Deus nos dá, mas é sua presença.

Quando Deus diz a Moisés que ele mandaria seu anjo adiante dele, e lhe daria vitória na terra de Canaã, mas que não seguiria com o povo, Moisés responde: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é porventura em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Ex 33.15-16).

O que Moisés afirma é que não basta termos a benção de Deus. Existem muitas famílias abençoadas materialmente por Deus. Receberam muitas propriedades, bens, riquezas, mas são apenas bênçãos maeriais, e tais pessoas se esquecem da maior riqueza que podemos ter que é a companhia de Deus.

Os dez leprosos, receberam a cura de suas doenças. Tiveram a benção de Deus. Mas apenas um voltou para agradecer. E este ouviu de Jesus o que nenhum dos outros nove ouviu: “E disse-lhe: levanta-te e vai; a tua fé te salvou” (Lc 17.19). Todos os demais foram libertos das suas enfermidades, mas só este teve a benção de Cristo para sua alma. Há um grande risco em nossa vida de não recebermos a salvação junto com a cura. Jesus assegura ao homem agradecido uma nova condição. Não só do corpo, mas da alma. Benção completa.  “O milagre faz parte do Evangelho, mas o milagre não é o Evangelho. O milagre pode curar, mas não salvar”.

Quando apenas a benção e  não o abençoador, nos basta, surge uma distorção. Aqueles homens foram curados. Deus não lhes tirou a benção de terem novamente um corpo sem manchas, uma vida sem restrições sociais e familiares, uma caminhada fora do duro estigma que cercava os leprosos naqueles dias. Eles foram fisicamente curados. Mas a maior benção, que teria impacto eterno, não veio sobre suas vidas. O Evangelho precisa chegar aos nossos corações, e não apenas aos nossos corpos.

D.   Por último, ele pede que Deus o proteja do mal para que não lhe sobrevenha aflição.

Que oração precisa, cirúrgica! Ele pede proteção contra o mal.

Jesus ensinou os Seus discípulos a orarem: "Pai nosso, que estás nos céus.... livra-nos do mal" (Mt 6.9, 13). Uma outra tradução tem me chamado a atenção: “livra-nos do maligno”. Jesus nos ensina a orar para que estejamos libertos do poder do mal. O diabo intenta contra nossa alma, ele quer destruir nossa alegria, nossa comunhão, nossas famílias. Muitas vezes tratamos das questões familiares e lutas no casamento como se estas coisas fossem meramente psicológicas, existenciais e humanas. Será que não paramos para pensar um pouquinho sobre o poder, extensão e eficácia do mal?

Jabez ora para que Deus o proteja do mal para que não lhe sobrevenha aflição!
O mal gera aflição, tristeza, desconforto.

O objetivo de Jabez em sua oração era viver livre da tristeza, e Deus ouviu e atendeu a sua oração. A oração devota foi respondida. Jabez orou ao Deus de Israel: e Deus atendeu ao pedido.

Cuidados necessários quando estudamos a oração de Jabez

1.     A oração de Jabez não é barganha. Ele não oferece nada em troca a Deus, até mesmo porque ele tinha pouco ou quase nada.

Sua vida era marcada por restrições conforme estudamos. Este menino seria destinado ao fracasso. Entretanto, Deus o abençoou profundamente. A mãe de Jabez tinha lhe dado um nome complicado, e sua vida, antes da oração, parecia apontar para mais uma vida de desastres e limitações.

O que existe em sua oração além de sua profunda fé em Deus? Nada! Ele orou de forma precisa e direta. Ele exercitou sua fé e creu em Deus. Como homem de Deus ele orou. Simples assim. Não existe nada mágico em sua oração, apenas fé. Afinal, a Bíblia diz em Hebreus 11.6 que Deus “é galardoador daqueles que o buscam”.

Sua vida pode adquirir novo sentido, sua história pode ter uma orientação diferente, apenas pelo simples fato de orar. O Deus de Jabez, é o nosso Deus e ele pode nos fazer enxergar novas oportunidades e ampliar nossas fronteiras se o buscarmos. Jabez “invocou ao Deus de Israel”. Invocar, significa “recorrer a alguém”. O Deus de Israel havia prometido prosperar o seu povo e ele apenas recorreu a um princípio que o próprio Deus estabelecera, de que quando alguém humildemente o buscasse ele ouviria dos céus as suas preces e as responderia. Jabez fez o que uma pessoa de fé deve fazer: invocar o nome de Deus.

2.     A oração de Jabez não é um mantra.

Muitas pessoas quando leem o livro de Bruce Wilkinson, passam a acreditar que basta repetir estas mesmas palavras e suas vidas estarão resolvidas. Desta forma, a oração se torna uma questão de mera repetição, basta imitar a oração a fim de receber grandes bênçãos e realizar grandes feitos para Deus. Assim, as palavras desta oração passam a ter um certo elemento mágico: basta recitá-la para receber a benção.

Infelizmente é desta forma que temos tratado a oração dominical e o credo apostólico. A oração dominical é um modelo de oração, não é um mantra a ser repetido indefinidamente, de forma impensada e que pelo simples fato de “recitá-la”, estaremos recebendo a benção. Jesus estava ensinando os motivos que devem estar presentes numa oração.

O credo apostólico não é sequer uma oração. É um credo. Portanto, deve ser reafirmado por todos aqueles que seguem a linha dos apóstolos. Uma das formas para sabermos como a pessoa é ortodoxa nas suas convicções cristãs, é perguntando se ela realmente crê em tudo aquilo que o Credo Apostólico sugere.

3.     Precisamos fugir da tentação de que, se orarmos, nada de ruim vai acontecer.

Esta pode ser uma grande tentação ao estudarmos esta oração: Se orarmos, seremos vitoriosos.

Eu creio que a presença e a vida de comunhão com Deus trazem em si mesmas, muitas benção aos nossos corações. Mas muitas vezes Deus permite que passemos por provações, mesmo tendo uma vida de oração dedicada. Paulo orou ao Senhor pedindo que ele tirasse dele seu espinho na carne, mas Deus lhe respondeu dizendo: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Deus não quis atender o pedido de Paulo, porque tinha planos e propósitos para sua vida através daquele sofrimento que ele experimentava.

Isaias afirma: “Verdadeiramente, tu és Deus misterioso, ó Deus de Israel, ó salvador” (Is 45.15). Isaias faz esta declaração depois de ter ouvido: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Is 45.7). Deus é misterioso, e caminha no meio da tempestade e da tormenta, como afirma o profeta Naum.

A presença de Deus não elimina a dor, mas ilumina a dor. A presença do pastor não nos impede de caminhar pelo vale da sombra da morte, mas ainda ali, “a sua vara e seu cajado me consolam”. O bom pastor não elimina adversidade, mas prepara uma mesa na presença dos adversários. No meio da vergonha, da oposição e da acusação, Deus dá honra.

Quando orarmos, precisamos reconhecer a soberania de Deus, inclusive diante das tentações e provações.

4.     A oração de Jabez nos fala de algo tremendo: Deus cuida de gente aparentemente destinada ao fracasso.

Jabez seria mais uma pessoa marcada por uma história de negação, entretanto, Deus o abençoou. Não deveria esta mesma verdade encher nosso coração de fé e esperança quando nos aproximamos deste Deus maravilhoso?

Este texto nos fala de um Deus que pega uma criança, um filho de Israel, filho da dor e da tristeza e muda sua história, tornando-o “mais ilustre e notável que seus irmãos”. Ele estava destinado a ser o filho da tristeza, mas torna-se honrado. O fato dele se tornar mais ilustre que seus irmãos nos ensina que Deus cuida dos desfavorecidos. Deus cuida de gente desprezada e humilhada.

O centro da oração não é a fórmula da oração, nem o poder do orante (aquele que faz a oração), mas do poder do Deus que ouve as orações. Orações não tem a ver com pessoas especiais, mas com um Deus especial. “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. O orou de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos” (Tg 5.18). A Bíblia coloca o poder não naquele que ora, mas naquele que ouve as orações. Afinal, não sabemos orar como convém, mas o Espírito Santo ora por nós, com gemidos inexprimíveis. Não sabemos sequer, orar corretamente. Graças a Deus temos o Espírito como intercessor existencial.

O segredo não está na oração de Jabez, nem no homem magnífico que eel foi, mas no Deus maravilhoso a quem ele dirigiu suas orações. Ele simplesmente procurou o Deus correto.

Que Deus nos abençoe!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Rm 6.15-23 Naquele tempo, que resultado colhestes?




Introdução:

Estamos na época do carnaval.
Para muitos, uma festa popular e folclórica.

O que sabemos, porém, é que se trata de uma época de aumento considerável de mortes, em geral os médicos não gostam de fazer plantões nestes dias, pelo excesso de emergências que surgem, fruto dos exageros na bebida e nas brigas. Pouco se fala na quantidade de dinheiro que estado gasta com segurança, socorro, brigas e controvérsias de pessoas encharcadas de droga e com a cabeça quente? Sem falar da gravidez indesejada, curetagens, doenças sexualmente transmitidas, paternidade irresponsável que resultam destes dias consagrados ao deus Momo. Um dos momentos mais difíceis de meu pastorado se deu quando um rapaz da igreja, filho de uma mulher muito crente, disse que não iria para o acampamento de jovens e resolveu ir para uma festa num clube fora da cidade, e na volta, ele e mais cinco amigos, cansados e talvez sobre efeito de bebida alcoólica , foram dominados pelo sono dirigindo numa estrada perigosa e todos morreram.

Paulo faz uma pergunta provocativa neste texto, ao falar da vida daqueles crentes antes de conhecerem a Jesus: “Naquele tempo, que resultado colhestes?” 

Este texto nos fala da colheita do pecado.

Qual é a colheita do pecado?

O texto nos fala de três colheitas que o pecado traz:

1.     A colheita da vergonhaNaquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais” (Rm 6.21).

O pecado traz uma dramática colheita de vergonha. Um amigo certa vez me falou do que sentia por ter se afastado do caminho de Deus: “eu sinto nojo do que fiz!”. O pecado gera vergonha em nosso histórico.
O apóstolo Pedro faz uma declaração severa: “No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante. Eles acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de imoralidade, e por isso os insultam” 1 Pe 4:3,4 (NVI)

Fui pastor de um rapaz que se converteu muito cedo a Jesus, cujo pai era alcoólatra. Um dia, voltando da Escola Dominical encontrou o seu pai gabando-se de já ter bebido naquela manhã, 1 litro de cachaça; e ele, ainda adolescente, virou-se para o pai e disse: “eu não acho vantagem nenhuma nisto, isto para mim é uma vergonha!”. Não fosse a intervenção de sua mãe, ele teria levado uma surra.... Graças a Deus, o Evangelho alcançou a vida de seu pai que hoje é um presbítero numa igreja em Uberlândia, e naturalmente não sente outra coisa, senão vergonha, pela sua vida pregressa. O pecado traz vergonha, esta é sua colheita. Ninguém será honrado por abandonar os princípios de Deus. O resultado será vergonha.

Ele será publicamente envergonhado pela sua família, pelas suas decisões equivocadas; seus netos o desconsiderarão, ele perderá o respeito dos outros e será exposto à humilhação. O diabo é mestre em nos incitar ao pecado, mas encontra enorme prazer em expor a nossa nudez em praça pública. A Bíblia diz que “o pecado nos achará” (Nm 32.23).

Se você já entregou sua vida a Jesus, certamente deve se sentir envergonhado com o passado. Se você tem vergonha de algo que fez, este é um bom sinal. Naturalmente temos de tomar cuidado para não nos esquecermos que em Cristo já fomos perdoados de “toda iniqüidade”, e que já não há mais “condenação” para aqueles que estão em Cristo. Se você não entender isto, pode ser acusado severamente pelo diabo. No entanto, a colheita do pecado é falta de autoridade, vergonha, choro e cara vermelha por ter que lidar com suas conseqüências morais. Você pode ser perdoado do seu pecado, mas as conseqüências de atos pecaminosos podem subsistir por gerações inteiras.

É maravilhoso ler a afirmação de Cristo quando afirma: “Aquele que crê em mim, nunca será confundido”, o texto paralelo diz: “nunca será envergonhado”.

2.     A Colheita da escravidão – “Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna” (Rm 6.22). 
 O pecado aprisiona, domina, enreda nossas vidas. Olhe as conseqüências do pecado a longo prazo na vida de uma pessoa. Onde você acha que ela vai chegar ao agir de forma contrária e rebelde à Palavra de Deus?

Vejo pessoas se enveredando pelo álcool, sexo, corrupção, drogas, suborno... A Bíblia diz que “o suborno cega até os sábios”. O livro de provérbios afirma que ao andar nas trevas, o ímpio nem sabe em que tropeça. Uma vida de adultério vai acorrentando gerações, provocando insegurança nos filhos, fragilizando famílias e trazendo profundas e doloridas marcas. A pessoa dependente de drogas vai perdendo o controle de sua história, perdendo sua autoridade moral e espiritual. A corrupção, ativa ou passiva nos torna cada vez mais inescrupuloso. É assim toda a vereda do pecado.

Recentemente acompanhei o caso de um amigo que viveu nos EUA, chegando a ocupar cargo de liderança numa igreja local e que depois de alguns anos, voltando ao Brasil, se envolveu numa máfia pesada, passando a viver uma vida aparentemente glamourosa, alugou uma casa num dos melhores condomínios da cidade que morava, e foi se envolvendo num esquema perigoso. Tempos depois, foi preso, seu nome aparecia nas primeiras páginas dos jornais do Brasil, e um dia apareceu algemado no Jornal Nacional.

Esta é a colheita do pecado! Você se encanta com seus bibelôs, com suas conquistas, sem considerar que está se tornando um escravo. Cada vez que ouvia o nome deste rapaz, eu estremecia pensando: “Ele é ingênuo e encantado, deslumbrou com o poder, sem considerar que é a ponta mais frágil de um sistema de corrupção, e pode facilmente se tornar um arquivo a ser queimado”.

A Bíblia fala de “laços de iniqüidades”. O pecado faz exatamente isto. Ele vai enlaçando, seduzindo, enredando a pessoa que se acorrenta na sutileza do maligno. Esta é a colheita do pecado. Todo aquele que pratica o pecado é escravo do pecado; o escravo não tem opção senão fazer o que o seu senhor lhe diz para fazer. Ele se tornará ridículo, será humilhado, envergonhado, mas não terá condições de se defender. Ele é escravo! Deve apenas se submeter.

3.     A colheita da Morte! Esta é a terceira colheita do pecado. O fim é a morte! “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Rm 6.21). “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”  (Rm 6.23).
Eu sei que a morte é a coisa mais democráticas da vida, e que todos seremos ceifados pelo seu caráter implacável, mas tenho aprendido que algumas pessoas caminham pela geografia da morte, e quando entram nesta zona de convergência, que não é a do Atlântico Sul, a morte se torna mais próxima.

Três conhecidos meus, morreram ainda cedo por terem andado nesta tênue linha da morte:
Um deles contraiu uma grave enfermidade com troca de seringas quando alimentava seu vício nas drogas na sua juventude. Posteriormente morreu por causa do seu envolvimento com seu vício;

Outro provocou um acidente de carro depois de ter bebido até três horas da manhã, e num cruzamento perigoso da cidade, atravessou o sinal vermelho e morreu em seguida;

O terceiro, por causa de sua vaidade envolveu-se com um mafioso, e perdeu sua vida. Eu sei que qualquer pessoa pode morrer num acidente de carro, adquirir uma doença ou enfermidade, ser assassinado brutalmente por um ato delinquente, mas até onde percebo, caminhar na zona e na geografia da morte, é um risco muito alto.

A Bíblia diz “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7); afirma ainda o nosso pecado nos achará “Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o SENHOR; e sabei que o vosso pecado vos há de achar” (Nm 32.23).

Quando Paulo fala aqui que o salário do pecado é a morte, está falando de algo ainda mais tenebroso. Está falando de morte espiritual, de afastamento eterno de Deus, de condenação eterna, por causa de nossa rebeldia, indiferença e rebelião contra Deus. Por causa de nossos impulsos e paixões. Apesar da inflação, desde os tempos apostólicos até hoje, o salário do pecado continua sendo a morte.

Conclusão:

Este texto nos fala da vergonha, escravidão e morte de uma vida distante de Cristo; mas ensina-nos, acima de tudo, da vida e da liberdade que podemos encontrar nEle. O texto nos exorta a nos tornarmos servos de Cristo, deixando a escravidão do pecado. O que significa isto?

  1. É necessário sair do domínio do pecado

Só existe uma forma de romper com este dominador tão voraz. Precisamos sair do seu domínio. Foi exatamente isto que Cristo fez na cruz. Ele pagou o preço do nosso resgate, e nos tirou das trevas, para um reino de amor. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Col 1.13).

Precisamos aprender a viver debaixo desta nova disposição de vida.
Como filhos da luz, andar na luz;
como filhos da liberdade, não nos submetendo novamente ao jugo da escravidão.

Ray Stedman conta a história de uma pessoa de sua família, que queria aprender a andar de bicicleta mas não conseguia freá-la, e a única forma que encontrou foi se atirando num arbusto no jardim de sua casa. Então, todos os dias, na hora do treinamento, ela andava ali por perto, e na hora de parar, ia para uma touceira de mato no seu jardim e se enfiava com a bicicleta e tudo ali dentro e só assim parava. Até que alguém cuidadosamente lhe ensinou que não era necessário tanto sacrifício, ela precisava aprender a usar o freio, um dispositivo simples que era necessário acionar.

É exatamente isto que precisamos aprender. Somos convidados a sair das garras do pecado para os domínios da graça; da escravidão do pecado para a luz; das trevas para a luz; do diabo para Jesus. Ele já providenciou todo nosso livramento. Não precisamos viver nas trevas e nem terminar a vida, destroçado e ferido, num arbusto.

  1. Precisamos compreender que, em Jesus, fomos transformados em servos de Deus

Não  mais servos do pecado, mas servos de Cristo: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22).
É interessante notar que o resultado deste novo estilo de vida, é “o fruto para a santificação”.  

A carne milita contra o Espírito e o Espírito contra a carne; porque são opostos entre si”. Então, temos dois impulsos: Ou o pecado nos leva às paixões, ou o Espírito Santo nos leva à santidade. Quem está conduzindo nossa vida? Quem vai vencer?

Precisamos submeter nossa vida à escravidão de Cristo. A luta ainda está presente, mas não somos mais escravos das trevas nem do pecado. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.31).

  1. Olhar sempre para a grande recompensa: A Vida eterna.

Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.22,23).

Precisamos tomar cuidado para não lermos este texto pela primeira metade que diz: “o salário do pecado é a morte”, mas precisamos captar toda a força desta conjunção adversativa que surge no texto, “mas”. A ênfase aqui se encontra na graça, não na condenação; apesar da condenação ser algo tão real se negligenciarmos sua oferta de amor.

Precisamos aprender algumas coisas sobre a vida eterna:
ü  Este dom é gratuito – “O dom gratuito de Deus é a vida eterna”. Não pode ser comprado, nem negociado, nem se encontra na sua enorme capacidade de responder a ele. Salvação não é meritória, não depende de suas credenciais, nem performance, mas do sacrifício de Cristo. O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus.

ü  Este dom é dado por meio de Cristo – “O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus”. Não se chega ao céu por boas obras, mas pelo sangue do Cordeiro, sua vitória na cruz. Somente por meio de Cristo temos vitória e somos libertos de nossa condenação;

ü  Este dom é eterno – “O dom gratuito de Deus é a vida eterna”. Não estamos falando de coisas transitórias, mas de realidades eternas. Alguém parafraseando isto disse: “Trabalhar na obra do Senhor não dá um grande salário, mas a aposentadoria é doutro mundo”.

ü  Jesus precisa se tornar Senhor de nossas vidas. “O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.  O maior problema que temos é o de não nos tornarmos servos de Cristo. Até consideramos a importância da salvação, e a seriedade das coisas eternas, mas não nos submetemos a Cristo. Se não nos tornarmos servos de Cristo, certamente seremos dominados pelo senhorio dos nossos impulsos e desejos, pelos ditames e comportamentos do mundo, ou pela força do diabo. Somente a obra de Cristo pode nos livrar do domínio das trevas.