Introdução:
Estamos na época do carnaval.
Para muitos, uma festa popular e folclórica.
O que sabemos, porém, é que se trata de uma
época de aumento considerável de mortes, em geral os médicos não gostam de
fazer plantões nestes dias, pelo excesso de emergências que surgem, fruto dos
exageros na bebida e nas brigas. Pouco se fala na quantidade de dinheiro que estado
gasta com segurança, socorro, brigas e controvérsias de pessoas encharcadas de
droga e com a cabeça quente? Sem falar da gravidez indesejada, curetagens,
doenças sexualmente transmitidas, paternidade irresponsável que resultam destes
dias consagrados ao deus Momo. Um dos momentos mais difíceis de meu pastorado
se deu quando um rapaz da igreja, filho de uma mulher muito crente, disse que
não iria para o acampamento de jovens e resolveu ir para uma festa num clube
fora da cidade, e na volta, ele e mais cinco amigos, cansados e talvez sobre
efeito de bebida alcoólica , foram dominados pelo sono dirigindo numa estrada
perigosa e todos morreram.
Paulo faz uma pergunta provocativa neste
texto, ao falar da vida daqueles crentes antes de conhecerem a Jesus: “Naquele tempo, que resultado
colhestes?”
Este texto nos fala da colheita do pecado.
Qual é a colheita do pecado?
O texto nos fala de três colheitas que o
pecado traz:
1. A colheita da vergonha – “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as
coisas de que, agora, vos envergonhais”
(Rm 6.21).
O pecado traz uma dramática colheita de vergonha. Um amigo
certa vez me falou do que sentia por ter se afastado do caminho de Deus: “eu
sinto nojo do que fiz!”. O pecado gera vergonha em nosso histórico.
O apóstolo Pedro faz uma declaração severa: “No passado
vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele
tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e
farras, e na idolatria repugnante. Eles
acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de
imoralidade, e por isso os insultam”
1 Pe 4:3,4 (NVI)
Fui pastor de um rapaz que se converteu muito
cedo a Jesus, cujo pai era alcoólatra. Um dia, voltando da Escola Dominical
encontrou o seu pai gabando-se de já ter bebido naquela manhã, 1 litro de
cachaça; e ele, ainda adolescente, virou-se para o pai e disse: “eu não acho
vantagem nenhuma nisto, isto para mim é uma vergonha!”. Não fosse a intervenção
de sua mãe, ele teria levado uma surra.... Graças a Deus, o Evangelho alcançou
a vida de seu pai que hoje é um presbítero numa igreja em Uberlândia, e
naturalmente não sente outra coisa, senão vergonha, pela sua vida pregressa. O
pecado traz vergonha, esta é sua colheita. Ninguém será honrado por abandonar
os princípios de Deus. O resultado será vergonha.
Ele será publicamente envergonhado pela sua
família, pelas suas decisões equivocadas; seus netos o desconsiderarão, ele
perderá o respeito dos outros e será exposto à humilhação. O diabo é mestre em
nos incitar ao pecado, mas encontra enorme prazer em expor a nossa nudez em
praça pública. A Bíblia diz que “o pecado nos achará” (Nm 32.23).
Se você já entregou sua vida a Jesus,
certamente deve se sentir envergonhado com o passado. Se você tem vergonha de
algo que fez, este é um bom sinal. Naturalmente temos de tomar cuidado para não
nos esquecermos que em Cristo já fomos perdoados de “toda iniqüidade”, e que já
não há mais “condenação” para aqueles que estão em Cristo. Se você não entender
isto, pode ser acusado severamente pelo diabo. No entanto, a colheita do pecado
é falta de autoridade, vergonha, choro e cara vermelha por ter que lidar com
suas conseqüências morais. Você pode ser perdoado do seu pecado, mas as
conseqüências de atos pecaminosos podem subsistir por gerações inteiras.
É maravilhoso ler a afirmação de Cristo quando
afirma: “Aquele que crê em mim, nunca será confundido”, o texto paralelo diz:
“nunca será envergonhado”.
2. A Colheita da escravidão – “Mas agora que
vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que
colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna” (Rm 6.22).
O pecado aprisiona, domina, enreda nossas
vidas. Olhe as conseqüências do pecado a longo prazo na vida de uma pessoa. Onde
você acha que ela vai chegar ao agir de forma contrária e rebelde à Palavra de Deus?
Vejo pessoas se enveredando
pelo álcool, sexo, corrupção, drogas, suborno... A Bíblia diz que “o suborno
cega até os sábios”. O livro de provérbios afirma que ao andar nas trevas, o
ímpio nem sabe em que tropeça. Uma vida de adultério vai acorrentando gerações,
provocando insegurança nos filhos, fragilizando famílias e trazendo profundas e
doloridas marcas. A pessoa dependente de drogas vai perdendo o controle de sua
história, perdendo sua autoridade moral e espiritual. A corrupção, ativa ou
passiva nos torna cada vez mais inescrupuloso. É assim toda a vereda do pecado.
Recentemente acompanhei o
caso de um amigo que viveu nos EUA, chegando a ocupar cargo de liderança numa
igreja local e que depois de alguns anos, voltando ao Brasil, se envolveu numa
máfia pesada, passando a viver uma vida aparentemente glamourosa, alugou uma
casa num dos melhores condomínios da cidade que morava, e foi se envolvendo num
esquema perigoso. Tempos depois, foi preso, seu nome aparecia nas primeiras páginas
dos jornais do Brasil, e um dia apareceu algemado no Jornal Nacional.
Esta é a colheita do pecado! Você
se encanta com seus bibelôs, com suas conquistas, sem considerar que está se
tornando um escravo. Cada vez que ouvia o nome deste rapaz, eu estremecia
pensando: “Ele é ingênuo e encantado, deslumbrou com o poder, sem considerar
que é a ponta mais frágil de um sistema de corrupção, e pode facilmente se
tornar um arquivo a ser queimado”.
A Bíblia fala de “laços de iniqüidades”.
O pecado faz exatamente isto. Ele vai enlaçando, seduzindo, enredando a pessoa que
se acorrenta na sutileza do maligno. Esta é a colheita do pecado. Todo aquele
que pratica o pecado é escravo do pecado; o escravo não tem opção senão fazer o
que o seu senhor lhe diz para fazer. Ele se tornará ridículo, será humilhado,
envergonhado, mas não terá condições de se defender. Ele é escravo! Deve apenas
se submeter.
3. A colheita da Morte! Esta
é a terceira colheita do pecado. O fim é a
morte! “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as
coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Rm 6.21). “Pois o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
Eu sei que a morte é a coisa mais democráticas
da vida, e que todos seremos ceifados pelo seu caráter implacável, mas tenho
aprendido que algumas pessoas caminham pela geografia da morte, e quando entram
nesta zona de convergência, que não é
a do Atlântico Sul, a morte se torna mais próxima.
Três conhecidos meus, morreram ainda cedo por
terem andado nesta tênue linha da morte:
Um deles contraiu uma grave enfermidade com
troca de seringas quando alimentava seu vício nas drogas na sua juventude.
Posteriormente morreu por causa do seu envolvimento com seu vício;
Outro provocou um acidente de carro depois de
ter bebido até três horas da manhã, e num cruzamento perigoso da cidade,
atravessou o sinal vermelho e morreu em seguida;
O terceiro, por causa de sua vaidade
envolveu-se com um mafioso, e perdeu sua vida. Eu sei que qualquer pessoa pode
morrer num acidente de carro, adquirir uma doença ou enfermidade, ser
assassinado brutalmente por um ato delinquente, mas até onde percebo, caminhar
na zona e na geografia da morte, é um risco muito alto.
A Bíblia diz “Se procederes bem, não é certo que serás aceito?
Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será
contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7); afirma
ainda o nosso pecado nos achará “Porém,
se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o SENHOR; e sabei que o vosso
pecado vos há de achar” (Nm 32.23).
Quando Paulo fala aqui que o salário do pecado
é a morte, está falando de algo ainda mais tenebroso. Está falando de morte
espiritual, de afastamento eterno de Deus, de condenação eterna, por causa de
nossa rebeldia, indiferença e rebelião contra Deus. Por causa de nossos impulsos
e paixões. Apesar da inflação, desde os tempos apostólicos até hoje, o salário
do pecado continua sendo a morte.
Conclusão:
Este texto nos fala da vergonha, escravidão e
morte de uma vida distante de Cristo; mas ensina-nos, acima de tudo, da vida e
da liberdade que podemos encontrar nEle. O texto nos exorta a nos tornarmos
servos de Cristo, deixando a escravidão do pecado. O que significa isto?
- É necessário sair do domínio do pecado
Só existe uma forma de romper com este
dominador tão voraz. Precisamos sair do seu domínio. Foi exatamente isto que
Cristo fez na cruz. Ele pagou o preço do nosso resgate, e nos tirou das trevas,
para um reino de amor. “Ele nos libertou
do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”
(Col 1.13).
Precisamos aprender a viver debaixo desta nova
disposição de vida.
Como filhos da luz, andar na luz;
como filhos da liberdade, não nos submetendo
novamente ao jugo da escravidão.
Ray Stedman conta a história de uma pessoa de
sua família, que queria aprender a andar de bicicleta mas não conseguia freá-la,
e a única forma que encontrou foi se atirando num arbusto no jardim de sua casa.
Então, todos os dias, na hora do treinamento, ela andava ali por perto, e na
hora de parar, ia para uma touceira de mato no seu jardim e se enfiava com a
bicicleta e tudo ali dentro e só assim parava. Até que alguém cuidadosamente
lhe ensinou que não era necessário tanto sacrifício, ela precisava aprender a
usar o freio, um dispositivo simples que era necessário acionar.
É exatamente isto que precisamos aprender.
Somos convidados a sair das garras do pecado para os domínios da graça; da
escravidão do pecado para a luz; das trevas para a luz; do diabo para Jesus.
Ele já providenciou todo nosso livramento. Não precisamos viver nas trevas e
nem terminar a vida, destroçado e ferido, num arbusto.
- Precisamos compreender que, em Jesus, fomos
transformados em servos de Deus
Não
mais servos do pecado, mas servos de Cristo: “Agora, porém, libertados do
pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a
santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22).
É interessante
notar que o resultado deste novo estilo de vida, é “o fruto para a
santificação”.
“A carne
milita contra o Espírito e o Espírito contra a carne; porque são opostos entre
si”. Então, temos dois impulsos: Ou o pecado nos leva às paixões, ou o
Espírito Santo nos leva à santidade. Quem está conduzindo nossa vida? Quem vai
vencer?
Precisamos submeter nossa vida à escravidão de
Cristo. A luta ainda está presente, mas não somos mais escravos das trevas nem
do pecado. “Se o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.31).
- Olhar sempre para a grande recompensa: A
Vida eterna.
“Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus,
tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.22,23).
Precisamos tomar
cuidado para não lermos este texto pela primeira metade que diz: “o salário do
pecado é a morte”, mas precisamos captar toda a força desta conjunção
adversativa que surge no texto, “mas”. A
ênfase aqui se encontra na graça, não na condenação; apesar da condenação ser
algo tão real se negligenciarmos sua oferta de amor.
Precisamos aprender
algumas coisas sobre a vida eterna:
ü Este dom é gratuito – “O dom
gratuito de Deus é a vida
eterna”. Não pode ser comprado, nem negociado, nem se encontra na sua
enorme capacidade de responder a ele. Salvação não é meritória, não depende de
suas credenciais, nem performance, mas do sacrifício de Cristo. O dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus.
ü Este dom é dado por
meio de Cristo – “O dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus”. Não se chega ao céu
por boas obras, mas pelo sangue do Cordeiro, sua vitória na cruz. Somente por
meio de Cristo temos vitória e somos libertos de nossa condenação;
ü Este dom é eterno – “O dom gratuito de Deus é a vida eterna”. Não estamos falando de coisas transitórias,
mas de realidades eternas. Alguém parafraseando isto disse: “Trabalhar na obra
do Senhor não dá um grande salário, mas a aposentadoria é doutro mundo”.
ü Jesus precisa se
tornar Senhor de nossas vidas. “O dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
O maior
problema que temos é o de não nos tornarmos servos de Cristo. Até consideramos
a importância da salvação, e a seriedade das coisas eternas, mas não nos
submetemos a Cristo. Se não nos tornarmos servos de Cristo, certamente seremos
dominados pelo senhorio dos nossos impulsos e desejos, pelos ditames e
comportamentos do mundo, ou pela força do diabo. Somente a obra de Cristo pode
nos livrar do domínio das trevas.
Excelente. Parabéns pela texto. Milton
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