sábado, 7 de março de 2020

2 Cr 25.5-13 Sobre Perdas e Ganhos



Resultado de imagem para imagens nem toda perda é ganho


Introdução:

Somos uma sociedade materialista.

Quando uso este termo não me refiro apenas àqueles que se curvam diante do dinheiro para adorá-lo, uso-o também no sentido de que estamos sempre muito preocupados com nossas finanças, e muitas vezes achamos que nossas questões financeiras são a coisa mais importante da vida.

Este texto nos fala de um péssimo negócio que o rei Amazias fez. Ele contratou 100 mil soldados de Israel para guerrear numa batalha contra o inimigo, mas um profeta se aproxima e diz que ele deve dispensar os homens. O negócio já tinha sido feito, o contrato fechado e o pagamento efetuado envolvendo grande soma de dinheiro. Se ele se desfizesse do negócio o prejuízo seria certo: perda de 100 talentos de prata. O profeta o faz perceber que valia a pena perder, porque Deus podia dar mais.

Quais são as lições que este texto nos ensina?

1.     Muitas perdas trazem bençãos e ganhos reais: “Disse Amazias ao homem de Deus: Que se fará, pois, dos em talentos de prata que dei às tropas de Israel? Respondeu-lhe o homem de Deus: Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor” (2 Cr 25.9).

Ninguém gosta de perder, somos feitos e desafiados para sermos vencedores. Além do mais, vivemos sob o capitalismo cuja lei básica é: Tenha lucros! Acrescido a isto temos a lei de Gérson: “levar vantagem em tudo”.

Mas você Já pensou o que significaria se hoje tivesse tudo aquilo que desejou ter?

                        -Lembra-se do namorado (a) com o (a) qual você daria tudo para se casar, com quem seu relacionamento nunca florescer. Hoje você estaria casado com ele (a)? E se você não o tivesse perdido (a), isto seria bom ou ruim?

                        -O trabalho que você sempre aspirou, esperou mas nunca aconteceu? O que teria sido se você estivesse seguindo carreira naquela empresa?

                        -Negócios que você acreditava que seriam uma benção para você? E se tivessem dado certo, como seriam?

Existem perdas que são verdadeiros ganhos. O tempo vai mostrando isto. “Portas que se abrem são iguais as que se fecham, se abertas ou fechadas por Deus” (Josué Rodrigues). 100 talentos de prata não era algo desprezível. Cada talento pesa 15 Kg, mas a perda destes bens implicava na benção de Deus e na vitória do povo de Deus.

Quantas perdas abençoadas: “Mais do que isto pode dar-te o Senhor...”
Existem portas fechadas que são caminhos de Deus para nossas vidas. Se cremos na provisão de um Deus santo e poderoso, não podemos ficar lamentando quando recebemos respostas negativas ou temos que atravessar vales de confusão e de perplexidade. Por isto a Bíblia diz, em tudo daí graças, não por tudo dai graças.

Muitas perdas trazem bençãos e ganhos reais...

2.     Nem toda vitória traz ganhos reais - Este texto nos revela este outro lado da moeda.

Amazias vai para a guerra, perdendo 100 talentos de prata, vai confiado na palavra do Senhor, e o resultado é a vitória tremenda do povo de Deus. “Então separou Amazias as tropas que lhe tinham vindo de Efraim para que voltassem para casa” (2 Cr 25.10). Ao voltar para casa já vitorioso,  ele despreza a palavra de Deus e se enche de soberba, e “trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir” (2 Cr 25.14) e os adota como deuses de sua vida (2 Cr 25.14-15). Ganhou a batalha, mas perdeu a alma.

Quando o profeta de Deus o alerta sobre sua atitude pecaminosa ele rejeita a admoestação e ameaça o profeta. “Acaso te pusemos por conselheiro do rei? Para com isso, Por que teriamos de ferir-te?  (2 Cr 25.16).

Apesar de vitorioso, ele agora é espiritualmente um homem fracassado. Não consegue ouvir sequer a repreensão do profeta que vinha da parte de Deus. Ele ignora Deus. Ele não deseja mais saber o que Deus quer, nem qual é sua vontade. Ele se torna embrutecido.

O que acontece em seguida?
Ensoberbecido pela vitória decide guerrear com Israel, com seus proprios irmãos, e sai a luta contra o rei Jeoás, e perde a guerra de tal forma que ele nunca mais se recuperou (2 Cr 25.17-24).

Sua vitória inicial o condenou.
Nem toda vitória traz ganhos reais.
Nem toda vitória é realmente vitória.

Às vezes desejamos algo contrário à vontade de Deus e obtemos, mas veja só o que aconteceu ao povo de Israel. O povo clamava por carnes no deserto e Deus lhe enviou codornizes, para comerem à vontade. Mas a benção de Deus não lhes foi proveitosa, pois a Palavra de Deus diz: “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma”  (Sl 106.15).

Muitos ganhos trazem trágicos resultados. O maior ganho da vida é aquele que traz resultados de temor a Deus em nossos corações. Desemboca em bênçãos nos nossos corações, na graça de Deus para nossas vidas, na benção para nossos filhos. Estes são verdadeiros ganhos.

3.    Dinheiro não pode ser critério absoluto de nossas decisões – Por isto, ao tomar decisões considere o seguinte:

§  Não tome decisões apenas pelo que seus olhos enxergam – Considere sua alma. Avalie as conseqüências mais profundas de sua decisão. Tome decisão considerando todas as implicações futuras. Quantas vezes pessoas tomam decisões apenas com base no ganho financeiro.Ore a Deus pedindo a capacidade de avaliar e julgar bem as coisas que estão acontecendo.

§  Não tome decisões apenas por razões econômicas: Muitos tomam decisões apenas pelo salário imediato. Não consideram ganhos imediatos, ganhos paralelos, ganhos da alma. “Melhor é pouco havendo paz, que a abundância e com ela a guerra”. Finanças muitas vezes se torna o único critério de decisão do homem moderno, no entanto, este critério não é o mais sábio e cristão.

§  Considere sua família no projeto de sua decisão Considere o que significa isto para seus filhos, esposa, amigos, para sua alma. Família é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro. Pergunte: Quais os efeitos que tal decisão trará sobre minha vida e família? Será bom para minha esposa e filhos?  Determinadas decisões expõem nossa família a constrangimentos e os levam à morte moral e espiritual.

§  Considere Deus nas suas decisões- Muitas vezes nas nossas decisões não consideramos o que Deus pensa ou o que ele é, o resultado são decisões que destroem nossa alma, nossa espiritual. Fidelidade, não finanças, é o ponto essencial de nossa existência.

4.     O único ponto que interessa é se Deus está ao nosso lado – Respondeu-lhe o homem de Deus: Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor” (2 Cr 25.9).

O que o profeta afirma é de crucial importância. O que realmente importa? Deus está conosco? Isto é que é importante. O resto é apens detalhe. Quando Deus está ao nosso lado a perda se transforma em ganho. O oposto também é verdadeiro: Sem Deus, o aparente ganho pode ser perdição. Deus transforma fraqueza em força, fracasso em sucesso.

Geazi, companheiro de Elizeu, cobiçou os tesouros de Naamã e o resultado foi que a lepra se apegou ao seu corpo (2 Rs 5). Nossas decisões precisam ser fundamentadas em princípios, não em conveniências, caso contrário o ganho torna-se maldição. Deus deu uma palavra a Amazias: "Porém, vai só, age e sê forte; do contrário, Deus te faria cair diante do inimigo, porque Deus tem força para ajudar e para fazer cair"(2 Cr 25.8). Ele precisava apenas confiar na provisão de Deus e na sua orientação, e crer que ela isto traria benção para sua vida. Amazias não teve dúvida, entre os recursos humanos que tinha, e a promessa da presença de Deus ao seu lado, ele não hesitou. Preferiu estar ao lado de Deus.

Um grande amigo meu, Iracy Soares, certa vez perdeu 35 mil dólares num negócio. Ele era um jovem imigrante tentando a vida nos EUA, e aquele dinheiro era toda sua economia. Ele confiou em uma pessoa, e entrou em um projeto que foi devastador. Ele perdeu todos os seus recursos com uma pessoa desonesta e incompetente. Quando estas duas coisas se misturam, isto é um cenário de caos.

Seu desejo inicial foi o de matar aquela pessoa, ele ficou muito angustiado e triste com a situação, mas aos poucos seu coração foi se reanimando e ele resolveu confiar no Senhor e descansar na direção que Deus daria. Os anos se passaram, o prejuízo foi para o passivo e Deus lhe abriu grandes portas e o abençoou sobremaneira. Um dia, ele se encontrou casualmente com este homem que lhe confessou que sua vida havia se transformando num histórico de fracasso sobre fracasso, e ele sabia que a razão de estar passando por tudo aquilo tinha sido a forma como o havia tratado naquele antigo negócio. Prometeu-lhe que lhe pagaria, e até onde sei, ele estava pagando a dívida, mas a estas alturas, meu amigo já estava num outro momento da vida.

A única coisa que importa é se a presença de Deus está conosco. Quem garante vitória é Deus. Afinal, se Deus é por nós quem será contra nós?

Conclusão:

As maiores perdas e os maiores ganhos não são temporais, mas eternos. Tem a ver com a eternidade. Jesus relatou certa vez a parábola de um homem que se julgava próspero, auto suficiente e abastado. E no final da estória perguntou: "Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" Aquele homem ouviu a seguinte voz no seu íntimo: "louco, esta noite te pedirão tua alma, e o que tens preparado para quem será?"

Nós consideramos ganhos materiais como ponto de partida e de chegada, mas desconsideramos a salvação eterna, a paz de espírito, a benção de Deus, como bens maiores para a vida. O reino de Deus é a moeda de maior valor que temos. Você não pode desconsidera-la. É a eternidade que conta no final das contas.

A Bíblia demonstra como Cristo tratou a questão da salvação de forma tão séria. Ele decidiu doar sua vida para que pudéssemos ter vida eterna. Ele morreu numa cruz para redimir nossos pecados e nos tornar aceitos diante de Deus. O sacrifício de Cristo foi expiatório, ele assumiu nossa culpa e condenação e morreu por nós. A perda de Cristo foi o nosso ganho. Em inglês, é comum encontrarmos a seguinte expressão estampada em camisetas de discípulos de Cristo: “Sua perda, nosso ganho!”

Paulo entendeu muito bem ao fazer a seguinte afirmação:
"Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade de Cristo Jesus, meu Senhor, por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Fp 3.7-8).

Em Cristo, Paulo encontrou seu maior bem.
O grande ganho de sua vida não consistia de bens materiais, prosperidade, status, posição social, bom salário. Seu maior ganho foi seu encontro com Cristo. Quando ele descobriu Jesus, ele perdeu tudo por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo. Novos valores foram estabelecidos em sua vida, um novo critério de valor foi estabelecido.

Paulo perdeu para ganhar.
Nem todo lucro é ganho, e nem todo fracasso é perda!

Um comentário:

  1. Meu Deus que lições maravilhosas...como Deus falou ao meu coração.
    Obrigado Reverendo seus sermões muito me edifica. Que Deus continue o usando poderosamente!

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