Introdução:
Somos uma sociedade materialista.
Quando uso este termo não me refiro apenas àqueles que se
curvam diante do dinheiro para adorá-lo, uso-o também no sentido de que estamos
sempre muito preocupados com nossas finanças, e muitas vezes achamos que nossas
questões financeiras são a coisa mais importante da vida.
Este texto nos fala de um péssimo negócio que o rei
Amazias fez. Ele contratou 100 mil soldados de Israel para guerrear numa
batalha contra o inimigo, mas um profeta se aproxima e diz que ele deve
dispensar os homens. O negócio já tinha sido feito, o contrato fechado e o
pagamento efetuado envolvendo grande soma de dinheiro. Se ele se desfizesse do
negócio o prejuízo seria certo: perda de 100 talentos de prata. O profeta o faz
perceber que valia a pena perder, porque Deus podia dar mais.
Quais são as lições que este texto nos ensina?
1.
Muitas perdas trazem bençãos e
ganhos reais: “Disse Amazias ao homem de Deus:
Que se fará, pois, dos em talentos de prata que dei às tropas de Israel?
Respondeu-lhe o homem de Deus: Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor” (2 Cr 25.9).
Ninguém gosta de perder, somos feitos e desafiados para
sermos vencedores. Além do mais, vivemos sob o capitalismo cuja lei básica é:
Tenha lucros! Acrescido a isto temos a lei de Gérson: “levar vantagem em tudo”.
Mas você Já pensou o que significaria se hoje tivesse
tudo aquilo que desejou ter?
-Lembra-se
do namorado (a) com o (a) qual você daria tudo para se casar, com quem seu relacionamento
nunca florescer. Hoje você estaria casado com ele (a)? E se você não o tivesse
perdido (a), isto seria bom ou ruim?
-O
trabalho que você sempre aspirou, esperou mas nunca aconteceu? O que teria sido
se você estivesse seguindo carreira naquela empresa?
-Negócios
que você acreditava que seriam uma benção para você? E se tivessem dado certo,
como seriam?
Existem perdas que são verdadeiros ganhos. O tempo vai
mostrando isto. “Portas que se abrem são
iguais as que se fecham, se abertas ou fechadas por Deus” (Josué
Rodrigues). 100 talentos de prata não era algo desprezível. Cada talento pesa
15 Kg, mas a perda destes bens implicava na benção de Deus e na vitória do povo
de Deus.
Quantas perdas abençoadas: “Mais do que isto pode dar-te o Senhor...”
Existem portas fechadas que são caminhos de Deus para
nossas vidas. Se cremos na provisão de um Deus santo e poderoso, não podemos
ficar lamentando quando recebemos respostas negativas ou temos que atravessar
vales de confusão e de perplexidade. Por isto a Bíblia diz, em tudo daí
graças, não por tudo dai graças.
Muitas perdas trazem bençãos e ganhos reais...
2.
Nem toda vitória traz ganhos
reais - Este texto nos revela este
outro lado da moeda.
Amazias vai para a guerra, perdendo 100 talentos de prata,
vai confiado na palavra do Senhor, e o resultado é a vitória tremenda do povo
de Deus. “Então separou Amazias as tropas
que lhe tinham vindo de Efraim para que voltassem para casa” (2 Cr 25.10). Ao
voltar para casa já vitorioso, ele
despreza a palavra de Deus e se enche de soberba, e “trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir” (2 Cr 25.14) e os
adota como deuses de sua vida (2 Cr 25.14-15). Ganhou a batalha, mas perdeu a
alma.
Quando o profeta de Deus o alerta sobre sua atitude
pecaminosa ele rejeita a admoestação e ameaça o profeta. “Acaso te pusemos por conselheiro do rei? Para com isso, Por que
teriamos de ferir-te? (2 Cr 25.16).
Apesar de vitorioso, ele agora é espiritualmente um homem
fracassado. Não consegue ouvir sequer a repreensão do profeta que vinha da
parte de Deus. Ele ignora Deus. Ele não deseja mais saber o que Deus quer, nem qual
é sua vontade. Ele se torna embrutecido.
O que acontece em seguida?
Ensoberbecido pela vitória decide guerrear com Israel,
com seus proprios irmãos, e sai a luta contra o rei Jeoás, e perde a guerra de
tal forma que ele nunca mais se recuperou (2 Cr 25.17-24).
Sua vitória inicial o condenou.
Nem toda vitória traz ganhos
reais.
Nem toda vitória é realmente
vitória.
Às vezes desejamos algo contrário à vontade de Deus e
obtemos, mas veja só o que aconteceu ao povo de Israel. O povo clamava por carnes
no deserto e Deus lhe enviou codornizes, para comerem à vontade. Mas a benção
de Deus não lhes foi proveitosa, pois a Palavra de Deus diz: “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez
definhar-lhes a alma” (Sl 106.15).
Muitos ganhos trazem trágicos resultados. O maior ganho
da vida é aquele que traz resultados de temor a Deus em nossos corações.
Desemboca em bênçãos nos nossos corações, na graça de Deus para nossas vidas,
na benção para nossos filhos. Estes são verdadeiros ganhos.
3.
Dinheiro não pode ser critério
absoluto de nossas
decisões – Por isto, ao tomar
decisões considere o seguinte:
§ Não tome decisões apenas pelo que
seus olhos enxergam
– Considere sua alma. Avalie as conseqüências mais profundas de sua decisão.
Tome decisão considerando todas as implicações futuras. Quantas vezes pessoas
tomam decisões apenas com base no ganho financeiro.Ore a Deus pedindo a
capacidade de avaliar e julgar bem as coisas que estão acontecendo.
§ Não tome decisões apenas por
razões econômicas:
Muitos tomam decisões apenas pelo salário imediato. Não consideram ganhos
imediatos, ganhos paralelos, ganhos da alma. “Melhor é pouco havendo paz, que a abundância e com ela a guerra”. Finanças
muitas vezes se torna o único critério de decisão do homem moderno, no entanto,
este critério não é o mais sábio e cristão.
§ Considere sua família no projeto
de sua decisão
Considere o que significa isto para seus filhos, esposa, amigos, para sua alma.
Família é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro. Pergunte: Quais os
efeitos que tal decisão trará sobre minha vida e família? Será bom para minha
esposa e filhos? Determinadas decisões
expõem nossa família a constrangimentos e os levam à morte moral e espiritual.
§ Considere Deus nas suas decisões- Muitas vezes nas nossas
decisões não consideramos o que Deus pensa ou o que ele é, o resultado são
decisões que destroem nossa alma, nossa espiritual. Fidelidade, não finanças, é
o ponto essencial de nossa existência.
4.
O único ponto que interessa é se
Deus está ao nosso lado – Respondeu-lhe o homem de Deus:
Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor” (2 Cr 25.9).
O que o profeta afirma é de
crucial importância. O que realmente importa? Deus está conosco? Isto é que é
importante. O resto é apens detalhe. Quando Deus está ao nosso lado a perda se
transforma em ganho. O oposto também é verdadeiro: Sem Deus, o aparente ganho
pode ser perdição. Deus transforma fraqueza em força, fracasso em sucesso.
Geazi, companheiro de Elizeu,
cobiçou os tesouros de Naamã e o resultado foi que a lepra se apegou ao seu
corpo (2 Rs 5). Nossas decisões precisam ser fundamentadas em princípios, não
em conveniências, caso contrário o ganho torna-se maldição. Deus deu uma
palavra a Amazias: "Porém, vai só, age e sê forte; do contrário, Deus
te faria cair diante do inimigo, porque Deus tem força para ajudar e para fazer
cair"(2 Cr 25.8). Ele precisava apenas confiar na provisão de Deus e
na sua orientação, e crer que ela isto traria benção para sua vida. Amazias não
teve dúvida, entre os recursos humanos que tinha, e a promessa da presença de
Deus ao seu lado, ele não hesitou. Preferiu estar ao lado de Deus.
Um
grande amigo meu, Iracy Soares, certa vez perdeu 35 mil dólares num negócio. Ele
era um jovem imigrante tentando a vida nos EUA, e aquele dinheiro era toda sua
economia. Ele confiou em uma pessoa, e entrou em um projeto que foi devastador.
Ele perdeu todos os seus recursos com uma pessoa desonesta e incompetente.
Quando estas duas coisas se misturam, isto é um cenário de caos.
Seu
desejo inicial foi o de matar aquela pessoa, ele ficou muito angustiado e
triste com a situação, mas aos poucos seu coração foi se reanimando e ele resolveu
confiar no Senhor e descansar na direção que Deus daria. Os anos se passaram, o
prejuízo foi para o passivo e Deus lhe abriu grandes portas e o abençoou
sobremaneira. Um dia, ele se encontrou casualmente com este homem que lhe
confessou que sua vida havia se transformando num histórico de fracasso sobre
fracasso, e ele sabia que a razão de estar passando por tudo aquilo tinha sido
a forma como o havia tratado naquele antigo negócio. Prometeu-lhe que lhe
pagaria, e até onde sei, ele estava pagando a dívida, mas a estas alturas, meu
amigo já estava num outro momento da vida.
A única
coisa que importa é se a presença de Deus está conosco. Quem garante vitória é
Deus. Afinal, se Deus é por nós quem será contra nós?
Conclusão:
As maiores perdas e os maiores ganhos não são temporais,
mas eternos. Tem a ver com a eternidade. Jesus relatou certa vez a parábola de
um homem que se julgava próspero, auto suficiente e abastado. E no final da
estória perguntou: "Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua alma?" Aquele
homem ouviu a seguinte voz no seu íntimo: "louco, esta noite te
pedirão tua alma, e o que tens preparado para quem será?"
Nós consideramos ganhos materiais
como ponto de partida e de chegada, mas desconsideramos a salvação eterna, a paz
de espírito, a benção de Deus, como bens maiores para a vida. O reino de Deus é
a moeda de maior valor que temos. Você não pode desconsidera-la. É a eternidade
que conta no final das contas.
A Bíblia demonstra como Cristo
tratou a questão da salvação de forma tão séria. Ele decidiu doar sua vida para
que pudéssemos ter vida eterna. Ele morreu numa cruz para redimir nossos
pecados e nos tornar aceitos diante de Deus. O sacrifício de Cristo foi
expiatório, ele assumiu nossa culpa e condenação e morreu por nós. A perda de
Cristo foi o nosso ganho. Em inglês, é comum encontrarmos a seguinte expressão
estampada em camisetas de discípulos de Cristo: “Sua perda, nosso ganho!”
Paulo entendeu muito bem ao fazer a seguinte afirmação:
"Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei
perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da
sublimidade de Cristo Jesus, meu Senhor, por amor do qual perdi todas as coisas
e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Fp 3.7-8).
Em Cristo, Paulo encontrou seu maior bem.
O grande ganho de sua vida não consistia de bens
materiais, prosperidade, status, posição social, bom salário. Seu maior ganho
foi seu encontro com Cristo. Quando ele descobriu Jesus, ele perdeu tudo por
causa da sublimidade do conhecimento de Cristo. Novos valores foram
estabelecidos em sua vida, um novo critério de valor foi estabelecido.
Paulo perdeu para ganhar.
Nem todo lucro é ganho, e nem todo fracasso é perda!
Meu Deus que lições maravilhosas...como Deus falou ao meu coração.
ResponderExcluirObrigado Reverendo seus sermões muito me edifica. Que Deus continue o usando poderosamente!