quarta-feira, 10 de março de 2021

MODELOS NEURÓTICOS DE LIDERANÇA

 



 

 

 

Introdução

 

No livro Overcoming the darkside of leadership[1], Gary MacIntoshi afirma que podemos discernir cinco modelos clássicos de liderança neurótica. São eles:

  • Compulsivo
  • Narcisista
  • Paranóico
  • Co-dependente
  • Passivo-Agressivo.

 

Para melhor compreensão deste texto, dividi este artigo, que na verdade é uma síntese de MacIntoshi, em três partes:

 

Na primeira, faço uma analise do comportamento dos cinco modelos. Você poderá assim ter uma compreensão de como surgem as reações de cada um destes grupos. Suas fraquezas e enfermidades, e como seus comportamentos afetam a estrutura de uma corporação, instituição ou igreja na qual estão inseridos. Este texto é desafiador, porque ele nos obriga a olhar para dentro de nós mesmos e observarmos como podemos ter reações e comportamentos análogos aos descritos. Alguém já afirmou que a auto-compreensão, ou o diagnóstico, é meio caminho para a cura. Portanto, não tenha medo de se auto avaliar, de entrar em contato com suas sombras, angústias e temores. O desconhecimento do meu mal se transforma facilmente em um grande risco.

 

Na segunda parte, há um questionário, que foi elaborado também pelo autor do livro. A diferença está no fato de que um aluno de liderança, resolveu fazer uma grade que facilita a auto avaliação. Então, na medida em que você responder honestamente às questões, você terá um verdadeiro diagnóstico de suas falhas. Este auto-exame não é para dar resposta aos outros, mas para uma auto compreensão. Então, seja honesto nas respostas e você poderá tirar grande proveito deste material.

 

Na terceira parte, trago ainda uma reflexão sobre como lidar corajosamente com tais sombras. A terceira parte tem o seguinte titulo: Vencendo o Lado Negro. São algumas pistas que podem orientar você a não apenas entrar em contato com sua angustiante realidade, mas observar, à luz do Evangelho, como a confissão, o arrependimento e a graça podem ser efetivos na nossa história.

 

Espero que você desfrute da riqueza deste texto, e que seu coração possa ser empoderado pelas instrumentalidade do mesmo.


 

I.

O LIDER COMPULSIVO

 

 

 

Introdução:

 

Evidentemente Moisés era do tipo compulsivo, queria controlar toda uma nação de 2 milhões de pessoas tomando todo o encargo para si mesmo, trabalhando de manha até a noite (Ex 18.22). O bem preparado rapaz que estudara no sofisticado Egito, não fora capaz de perceber seu enorme equívoco quanto ao seu trabalho. Seu sogro, Jetro, que era um homem do deserto, teve mais sensibilidade que ele quanto a este assunto. Moisés apresentava algumas erupções de ira que lhe custaram caro (Nm 20.1-13).

 

Compulsivo é aquele que deseja manter o controle a todo custo. Ele vê a organização como uma extensão de sua vida que precisa ser controlada. Desenvolve um sistema muito rígido, sistematizadas rotinas que deverão ser seguidas meticulosamente: exercícios, devoções, agendas, rotinas familiares, etc. Quer dar a impressão de diligência e eficiência, buscando sempre a aprovação dos outros. É excessivamente devotado ao trabalho e algumas vezes viciado nisto. Trabalha horas seguidas em detrimento de sua saúde e família e estabelece um exemplo doentio para seus subordinados. Tem pouco espaço para espontaneidade, e mesmo a recreação e o lazer precisam ser planejados. Normalmente é moralista, consciencioso e com facilidade julga os outros.

 

Embora seja exemplo de absoluta ordem, o seu mundo interior é frágil, podendo ter um  coração pode rebelde e indiferente. Outra característica marcante é que tem dificuldade em expressar sentimentos. Isto pode ser resultado de uma educação rígida ou de expectativas irrealistas que puseram sobre eles. Por reprimir sua ira e frustração, pode explodir em iras violentas, e logo após readquirir o controle, pedir desculpas. Muitos vivem em tal negação e não são conscientes deste comportamento.

 

Líderes compulsivos na igreja

 

Existem muitos pastores assim. Exercem controle pleno sobre suas igrejas em cada detalhe, supervisionam o boletim, escolhem todos os cânticos (mesmo com líder de louvor). Tornam-se críticos dos outros e de si mesmos, embora tudo seja feita sobre uma camada espiritual. Muito disto é uma tentativa de resolver a sua neurose interna.


II.

O LIDER NARCISISTA

 

Narcisismo é uma palavra que procede da lenda grega de Narciso. Ele era um jovem lindíssimo, usava a mais perfeita pérola nos seus cordões e por causa de sua beleza, muitas mulheres eram atraídas a ele, mas não podiam se aproximar porque ele não se interessava por nenhuma delas. Ele se apaixonou pela própria imagem quando um dia olhou para o rio e viu seu rosto refletido nele. Narciso não podia amar ninguém mais, ou responder a qualquer amor. Na medida em que o tempo passava, narciso gastava mais e mais tempo se contemplando, até que não conseguiu mais sair de perto do reflexo, foi absorvido pela terra e se tornou uma flor.

 

Salomão: Um homem obcecado pela sua imagem

 

Não é fácil seguir uma lenda. Salomão teve que calçar os sapatos de seu pai que era um herói. Assumiu o trono em meio a tensões familiares e com muitas disputas no reino. Sendo novo e inexperiente em questões políticas (1 Cr 29.1), além do fato de nascer de que pesava sobre os seus ombros ter nascido de uma relação adulterina provavelmente pesava sobre si, apesar de ter sido chamado por Deus para construir o templo, o projeto já havia sido feito pelo seu pai e ele desejava fazer bem mais que seu pai (Ec 2.4-8).  Sua vida se tornou uma tentativa de auto afirmação (Ec 2.9-10). Tornou-se maior na sua mente que em sua vida. Taxou severamente seus súditos ao ponto de exaustão por causa de seus caprichos e decidiu se casar com outras mulheres gentias para ampliar seu reino, apesar da ordem do Senhor (Dt 17.16-17). Sua imagem era mais importante que obediência. Na meia idade encontrou-se com seu lado negro.

 

Quando a imagem é tudo

Para líderes narcisistas, o eixo do mundo gira em torno deles. A órbita do universo está girando ao seu redor. Tornam-se auto-absorvidos, apresentam intensa ambição, grandes fantasias, sentimentos de inferioridade e dependência excessiva de admiração externa e aclamação pública. Por causa de sua insegurança, colocam outros para promoverem sua auto-imagem. Possuem um sentimento inflacionado de valor para suas organizações, e uma necessidade exibicionista por constante admiração e atenção dos outros. A despeito de serem conduzidos por este desejo de aclamação, raramente são satisfeitos. Por esta razão, apesar dos impostos já estarem estratosféricos, Salomão sobretaxou-os para financiar seus projetos de auto promoção.

Líderes narcisistas tendem a valorizar excessivamente suas próprias conquistas e habilidades, e encontram dificuldade de reconhecer estas mesmas características em outros, porque fazer isto os ameaça. Usam outros para alcançar seus objetivos. Embora narcisismo seja uma característica oposta do líder-servo é facilmente encontrado dentro das igrejas.

 

Líderes espirituais narcisistas –

Como estes lideres surgem dentro da igreja? Muitos líderes usam sua liderança para promoção de sua auto imagem e para melhorar o sentimento que eles tem acerca de si mesmos. Muitos sermões são pregados num esforço para receber aprovação e admiração sem nenhuma preocupação com a glória de Deus. A vaidade pastoral é um grande problema em nossa comunidade. O triunfalismo pastoral chega às raias da patologia. Pastores, em geral, não tem problemas. Seus relatórios são os mais alvissareiros possíveis, e não passam pela crise de outros mortais. Jesus era tão humano que era difícil vê-lo como Deus e muitos são tão divinos que é difícil vê-los como humanos. Alguns pastores se olham no espelho, enamorados de si mesmo e dizem: "quão grande és tu".

 

Jim Bakker é um exemplo clássico da vítima de uma desordem narcisista de Personalidade. Sua visão de grandeza surgia de seu profundo senso de inferioridade e inadequação. Ele sempre fazia as coisas para mostrar que era digno de ser aprovado. Por isto não conseguia interromper nada, por mais pecaminoso que fosse, para receber aprovação. Muitas igrejas têm sido destruídas pela vaidade de seus lideres. Muitos usam a igreja para plataforma de exaltação do ego com pouca preocupação com o povo de Deus ou com Deus. Quando pastores estão constantemente iniciando novos projetos mesmo quando os atuais não estão funcionando bem, isto pode ser um sinal de narcisismo e muitos seguem tais lideres pensando que tais atividades surgiram no coração de Deus.

 


III.

O LÍDER PARANÓICO

 

Poucos homens na história foram tão excepcionais como Richard Nixon. Cheio de incrível inteligência, perseverança e determinação, mas sua liderança foi destruída pelo seu lado negro. Ele era controlado por uma paranóia aguda, mesmo em relação aos seus auxiliares mais próximos. Era obcecado em coletar informações, tentar descobrir possíveis inimigos. Mesmo diante do óbvio, era incapaz de reconhecer erros e aceitar a responsabilidade. Se ele tivesse percebido este seu lado sombrio, não teria passado pela vergonha do Watergate.

 

Saul: Um homem abalado pela suspeita

Saul teve uma profunda experiência com Deus (1 Sm 10.6), mas sua insegurança e baixa auto-estima lhe causaram enormes problemas na liderança. Samuel o repreende por esta idéia, mas isto não parece ter feito sentido em seu coração (1 Sm 15.17). Obviamente muitos questionaram sua capacidade de liderar o país e houve até mesmo rejeição à idéia de seu reinado, mas no inicio de sua vida ele foi capaz de filtrar os comentários infelizes, se fez de surdo e assumiu uma posição de maturidade diante dos opositores (1 Sm 10.27).

 

Posteriormente, porém, sua insegurança o leva a assumir uma função de sacerdote que não era sua tarefa (1 Sm 13.11-13). Seu reinado vai se tornando marcado pela suspeita e desconfiança. A indiscrição da comunidade (1 Sm 18.7), associada às intrigas como a de Doegue, culminaram no ápice de sua paranóia que foi a execução dos sacerdotes de Nobe. Por causa deste sentimento persecutório, Saul chegou a dar sua filha em casamento para resolver sua crise. Seu medo irracional vai se tornando cada vez mais agudo.

 

Como Saul, outros líderes tem assumido posição de completa desconfiança diante de seus liderados e por isto se tornam hostis, hipersensíveis, sempre temerosos de rebeliões e buscando encontrar focos de resistências. Usam sistemas clandestinos, fazem alianças secretas, reagem a qualquer crítica, criam rígidos sistemas de controle e limitam a autonomia de seus auxiliares baseado na idéia de que não podem confiar em ninguém.

 

Lideres espirituais paranóicos

 

Ainda hoje vemos muitos pastores com medo de que seus auxiliares. O conselho, que deveria se tornar seu auxiliar, torna-se a fonte de sua suspeita. Obviamente traições acontecem, mas muitas vezes a suspeita é torna-se o grande problema. O líder paranóico tem dificuldade de manter relacionamentos íntimos, porque tais relacionamentos exigem abertura e transparência. No coração do líder paranóico encontra-se grande insegurança e falta de confiança.

 

 

 

 

 

 

 

 

IV.

O LIDER CO-DEPENDENTE

 

William Jefferson Blythe cresceu numa família cujo pai era alcoólatra. Sua infância e ambiente foram caracterizados pela instabilidade e caos. Seu pai faleceu antes de seu nascimento num acidente de transito. Sua mãe, Virginia Blythe, foi cursar sua faculdade em New Orleans, e ele continuou vivendo com seus avós. Quando ela retornou, casou-se com um homem conhecido por sua truculência, jogatina, bebedeiras e abuso de mulheres cujo nome era Roger Clinton. Antes mesmo de se casar com ele, sua mãe o surpreendeu com outra mulher, mas a despeito disto decidiu continuar o relacionamento. Neste contexto estava sendo moldado o caráter do futuro presidente dos Estados Unidos. Numa noite, Virginia queria ir visitar sua mãe no hospital, e Roger apanhou uma arma e atirou na sua direção, o tiro se cravou na parede da casa. Naquela noite, Bill dormiu na casa de um vizinho. Passou muitas noites sem dormir ouvindo a briga de seus pais. O alcoolismo e a violência cresceram de tal forma que sua mãe o abandonou em 1962, quando Bill tinha 16 anos. Ele que era o filho mais velho teve que depor contra seu padrasto na corte, e a partir daí, o ônus da casa tornou-se dele.

 

Por causa disto tornou-se o herói da casa. Durante o tempo do Ensino Médio tornou-se excelente filho e estudante, apesar de sua casa ser sempre desequilibrada.

 

Como toda família disfuncional Bill tornou-se mestre da negação. Mantendo os segredos da família. Para manter as aparências, criou uma regra de silêncio. Numa entrevista posterior afirmou que “em geral tivera uma boa vida na infância”.

 

Um terapeuta afirmou “Bill negava sua experiência da juventude, apesar dos repetidos episódios de abandono, alcoolismo, divórcio, padrasto, violência doméstica, disparo de arma, ele descreve sua vida em casa como normal, apesar de que sua infância deveria ser  descrita como caótica e altamente anormal.

 

Bill tornou-se o que é conhecido como co-dependente. Por isto vivia num contexto processo de negação de relacionamentos extraconjugais, uso de droga, num esforço constante de se defender das questões relacionadas a estes assuntos. Sua constante necessidade de ser agradável o levou a esconder a verdade. Mentia automaticamente sem nenhuma culpa e rapidamente estava preparado para apresentar suas desculpas.

 

Como presidente dizia o que era agradável aos diferentes grupos que o ouviam, pois temia desagradar as pessoas, foi envolvido num escândalo da morte de uma licenciada dentro da Casa Branca, caso ainda não solucionado e posteriormente no seu mais famoso caso com outra licenciada, Mônica Lewinsky.

 

Sansão: Um homem que precisava agradar.

Um dos primeiros casos de Sansão foi comer mel de uma caveira de animal morto, coisa que os nazireus não podiam fazer (Jz 13.5). Além disto, trouxe este mel para seus pais, que também eram nazireus, negando-lhes a fonte por razões obvias – um comportamento claro de co-dependência.

Durante toda sua vida Sansão esteve continuamente se envolvendo em comportamentos auto-destrutivos, outra característica de co-dependência. Aproximou-se de três mulheres da Filistia, cujo vinculo era proibido por causa de seus votos (Jz 14.1-4; 16.1-20). A despeito de sua força não era forte o bastante pra controlar seus impulsos, e mesmo quando se tornou claro que ele estava sendo pego numa armadilha, ainda assim sucumbiu às tentações de Dalila.

 

Sansão lutava com a co-dependência, que é caracterizada por uma profunda necessidade de agradar outros. Sua tendência era apenas para reagir a provocações, como no caso do fogo nos campos palestinos (Jz 15.1-8).

 

As forcas da co-dependência são fortíssimas. Uma definição possível para esta atitude é "Um comportamento emocional e espiritual que impossibilita a pessoa de expressar seus sentimentos de forma aberta, bem como de discutir seus problemas pessoais e interpessoais".

 

Co-dependência é normalmente associada a pessoas que são compulsivamente dependentes de outros ou dependentes de alguma coisa (drogas, alimentação, pornografia, álcool). Um aspecto a ser considerado é que a família do co-dependente também precisa se adaptar de diferentes formas para equilibrar o comportamento embaraçoso de pessoas com tais comportamentos dentro de casa. Na tentativa de proteger a família de escândalos, cria-se um código não falado, mas compreendido, no qual a pessoa não pode chorar, desabafar, confessar a dor para qualquer outra pessoa fora do circulo restrito em que vive. Cria-se assim um código de regras restritas, impedindo que a pessoa possa fale de forma aberta e honesta de suas emoções, gerando repressão emocional que causa grande stress para pessoas co-dependentes.

 

Muitos grupos espirituais podem desenvolver tais atitudes. Por exemplo, não se pode confessar e discutir tentações como luxúria, dúvida, medo dentro de muitas comunidades porque tais coisas são próprias de gente carnal. Isto traz como resultado um sentimento constante de fracasso e de vergonha oculta. As pessoas passam pela crise, mas não podem tocar nestas áreas proibidas. O conceito de tabu normalmente associa-se a atitudes como estas. Todos são proibidos de falar do tema.

 

Co dependentes tendem a reagir mais que tomar iniciativa. Reagem a comportamentos de pessoas dependentes, a dores, problemas e comportamento de outros, num esforço para equilibrar o sistema familiar, acobertar comportamentos familiares e manter paz nos seus relacionamentos. Um exemplo claro disto pode ser encontrado na família de Jacó.

 

Co-dependentes assumem responsabilidade pela ação e emoção dos outros, freqüentemente culpando a si mesmos pelo comportamento inapropriado dos outros, e freqüentemente tendem a ter enorme tolerância pelo comportamento bizarro dos outros desde que isto mantenha a aparência do grupo com o qual encontra-se vinculado. Eles podem até se ferir no processo, desde que não firam outros ou que os outros se firam. Encontram ainda grande dificuldade em confrontação e freqüentemente querem ser pacificadores. Como resultado tornam-se depositários de ira reprimida e frustração.

Por exemplo: Se uma pessoa pede ajuda, mesmo que ela não possa atender ela irá dizer sim, e depois ficar irada pensando porque foi aceitar tal proposta. Preocupam-se excessivamente com o sentimento dos outros até o ponto de se tornarem enfermas, e quando encontram alguma pessoa que consegue expressar ira, não conseguem entender como alguém pode ter o direito de ficar irado.

 

Liderança co-dependente

Por que um co-dependente assume liderança? Essencialmente para cuidar dos outros. Infelizmente tal pessoa sentirá grande frustração no ministério. Como pastor é difícil manter sempre a paz, e algumas vezes nossas atitudes alienarão pessoas. A confrontação se torna necessária quando existe um comportamento pecaminoso. O medo de ferir e perder a aprovação dos outros pode ser demoníaco em alguns casos.

 

Outro problema – Um pastor co-dependente sempre se julgará errado do mal comportamento e atitudes errados dos outros. Quando um membro sai da igreja, se muda para outra comunidade ou cai em pecado ele se sente extremamente culpado.

 

Outro aspecto está relacionado à sua agenda que será sempre superlotada porque ele é  incapaz de dizer não. Assume a urgência de outros mesmo em prejuízo próprio, ficando espiritualmente esgotado.

 

Para melhor compreensão sobre a co-dependência, sugiro a leitura do seguinte artigo: Co-dependência, sentindo-se culpado pelos outros.

https://www.blogger.com/blog/post/edit/219182034479740404/2640428910804820412

 


V.

O LÍDER PASSIVO AGRESSIVO

 

Jonas é um bom exemplo deste modelo. Freqüentemente o encontramos irado. Arrepende-se de sua conduta quando encontra-se dentro do peixe (Jn 2), mas logo se esquece e volta a manifestar sua atitude. A despeito de seu endurecimento, cumpre a missão e apesar de Jonas, Deus trouxe avivamento para a cidade. Mas Jonas nunca está feliz (Jn 4.1). Sua ira o fez revoltar-se contra Deus e ele deseja a morte (Jn 4.3). Depois volta a irar-se com o incidente da planta (Jn 4.6).

 

Na vida de Jonas vemos:

q  Sua resistência à ordem de Deus, que se torna mais perceptível na procrastinação, na obstinação e na ineficiência intencional. Talvez Jonas não queira fazer a obra por medo de possíveis fracassos.

 

q  Manifestações violentas e súbitas de ira e tristeza. Altamente propenso a intensas emoções.

 

q  Pequenos períodos de contrição e tristeza.

 

q  Comportamento impulsivo – freqüentemente deixa as pessoas ficarem desconfortáveis e confusas porque ninguém sabe quando virá o próximo "rompante".

 

q  Uma constante atitude de negativismo - exibe irritabilidade, impaciência, e está sempre irritado pela forma como as coisas caminham ou facilmente se torna aborrecida com o processo e andamento dos fatos.

 

q  Reclamações constantes – faz as coisas com pequeno ou nenhum entusiasmo e ficam amargurados porque "se sentiram "forçadas" a fazer.

 

Líderes espirituais passivo-agressivos

 

Encontram dificuldade para estabelecer alvos porque tem medo de fracassar. Sua visão é quase sempre negativista. Não acreditam que alguma mudança possa ocorrer. Sistemas de avaliação para medir a eficiência de um determinado projeto encontram resistência de sua parte. Freqüentemente reclamam de não ter suporte da liderança e da igreja e encontram nesta falta de apoio a justificativa pelos seus fracassos. Ironicamente quando outros querem ajudá-lo ele afirma que as pessoas não estão deixando que ele conduza o projeto da forma como ele havia planejado.

 

Nas reuniões de liderança, tal líder pode se tornar impaciente e irritadiço quando as coisas não caminham da forma como ele gostaria. Sua frustração pode surgir num outro encontro que não tem nenhuma relação com este no qual ele estava frustrado.

 

Lideres assim podem ficar na igreja sem demonstrar seu comportamento, até que alguma coisa nova surja. Certo pastor não tinha nenhuma agenda e plano para o futuro, no dia em que os lideres resolveram planejar seu mau humor começou a aflorar. Em alguns encontros, de forma irracional e imprevisível, ficava irritado, não oferecia argumentos lúcidos para suas idéias e apenas falava de generalidades, sentindo-se perturbado com o que estava acontecendo, enquanto a liderança, na verdade, estava apenas querendo levar o ministério para um campo de maior efetividade.

 


Questionário: Descobrindo Meu Perfil de Liderança:

 

 

Instruções:

 

1-     Leia com atenção cada declaração e marque a resposta mais apropriada ao  seu perfil.

2-     Após completar as sessenta (60) declarações, transfira o valor numérico de sua resposta para a tabela de avaliações. Depois, some os pontos horizontais em cada linha e escreva o total à direita.

Escala de valores:

5- Concordo Totalmente

4- Concordo

3- Não estou certo

2- Discordo

1- Discordo totalmente

 

01- Eu frequentemente penso que meus superiores não aprovam a qualidade de meu trabalho. 

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02- Meus líderes e colegas estão frequentemente perguntando se os projetos por mim elaborados são realistas ou fantasiosos.

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03- Quando eu vejo dois líderes chaves falando na entrada da igreja, eu fico preocupado de que estejam falando de mim.

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04- Eu cresci em uma família com um ou mais dependentes químicos?

 

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05- Eu sempre resisto a quaisquer procedimentos que estejam sendo usados para avaliar minha performance.

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06- Eu sou ritualístico nas minhas rotinas pessoais como agendas e vida com Deus.

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07- Estou sempre obcecado em saber o que os outros acharam do meu trabalho, idéias e atuação.

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08- Realmente fico aborrecido quando sei que meus líderes tem uma reunião na qual eu não me encontro presente.

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09- Eu cresci num ambiente religioso altamente legalista, cheio de restrições, que exigia de seus membros um padrão irreal de conduta e que desencorajava pessoas a confessarem suas lutas e problemas pessoais.

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10- Normalmente eu adio (procrastino) os projetos mais desafiadores

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11- Quando as circunstâncias me obrigam a interromper minha rotina diária, eu sinto culpado como se tivesse perdido o meu dia ou meu tempo.

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12- Encontro dificuldade para receber críticas de qualquer forma, reagindo com ira, ansiedade ou mesmo depressão quando isto acontece.

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13- Quando um colega de trabalho recebe elogios por algo que fez ou por uma boa idéia, eu experimento sentimentos de ciúmes ao invés de me alegrar com seu sucesso e reconhecimento pelo que esta recebendo.

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14- Normalmente estou tentando proteger e esconder comportamentos bizarros dos outros.

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15- Regularmente resisto a idéias que podem implicar num aumento de minha performance ou em responsabilidades para mim.

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16- É difícil tirar um dia não planejado das responsabilidades do trabalho apenas para não fazer nada ou gastá-lo com amigos ou família.

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17- Muitas vezes me pego dizendo: “eu vou lhes mostrar, eles nunca vão conseguir fazer sem mim”. Quando eu experimento situações de conflitos aos planos que propus.

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18- Eu exijo que subordinados e associados estejam sempre me dando relatórios pormenorizados de suas atividades.

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19- Frequentemente tenho dificuldade de dar minha opinião num grupo até que ouça a opinião de outras pessoas.

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20- Sinto-me constantemente abaixo de minha capacidade de realização.

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21- Quando estou fora do trabalho, continuo pensando acerca de assuntos relacionados ao mesmo, muitas vezes sentando e escrevendo minhas idéias mesmo que isto seja um problema no relacionamento com minha família.

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22- A despeito de minhas realizações, eu ainda me vejo insatisfeito e estou sempre orientado para alcançar coisas maiores num esforço de me sentir bem acerca de mim mesmo.

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23- Eu travo uma luta interna quando um irmão pede para outra pessoa realizar um trabalho que eu mesmo posso fazer.

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24- Em geral tenho medo de ferir outros porque compartilho meus sentimentos verdadeiros.

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25- Experimento periodicamente manifestações de iras súbitas e frustrações que estão fora dos padrões consideráveis aceitáveis.

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26- Gosto de planejar os detalhes de minha viagem para não perder tempo.

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27- Estou aberto para flexibilizar valores e regras e negociar princípios e atitudes para alcançar meus objetivos.

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28- Tenho poucos relacionamentos íntimos e significativos com minha igreja e encontro-me sempre me esquivando de tais relacionamentos.

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29- Em geral, sinto-me responsável por problemas que não criei.

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30- Ocasionalmente ou intencionalmente esqueço de projetos que foram sugeridos.

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31- Frequentemente “explodo” em ira quando sou ultrapassado de forma abrupta no trânsito ou me irrito com pequenas coisas.

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32- Eu me encontro sentindo ciúmes do sucesso e realizações de meus colegas, outros departamentos ou ministérios na minha área.

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33- Eu insisto em absoluta lealdade daqueles com quem trabalho e proíbo meus colegas de me criticarem d qualquer forma.

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34- Tenho dificuldade de dormir por que fico preocupado com problemas ou comportamento dos outros.

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35- Algumas vezes eu dou a outros um tratamento silencioso como expressão de minha ira.

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36- Frequentemente me pego avaliando meus relacionamentos com os outros.

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37- Normalmente não tenho consciência d quanta pressão financeira meus alvos e projetos trazem sobre aqueles que eu lidero ou para a organização que sirvo.

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38- Normalmente tenho a impressão de que um grupo de minha igreja gostaria de me ver partindo. (  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

39- Encontro-me constantemente com compromissos excessivos e sinto que minha agenda está fora de controle.

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40- Normalmente digo aos outros que nada está me aborrecendo quando na verdade existem fatos que estão me consumindo.

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41- Sou meticuloso na minha aparência pessoal, mantenho meus sapatos brilhando, roupa engomada, cabelo cortado cuidadosamente e unhas bem aparadas.

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42- Sucesso ou fracasso num projeto está diretamente relacionado com a minha auto-imagem e meu senso de valor.

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43- Eu tenho sempre procurado informações especiais que possam estar relacionadas a certos líderes de nossa igreja.

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44- Tenho a enorme dificuldade para dizer não a pessoas mesmo quando sei que dizer sim resultará em problemas para minha família ou para mim mesmo.

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45- Eu tenho a tendência de ser pessimista e ter idéias negativas acerca de meu futuro.

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46- Frequentemente comento acerca das longas horas  que eu  gasto fazendo minhas tarefas pesadas.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

47- Estou sempre muito atento ao quanto meus colegas valorizam minhas realizações.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

48- As pessoas com as quais trabalho normalmente reclamam da minha ausência de senso de humor.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

49- Constantemente tenho um senso de culpa e tenho dificuldade de encontrar sua origem.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

50- Pessoas já me disseram que eventualmente os faço sentir desconfortáveis.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

51- Quando os outros cometem pequenos erros ou prestam pouca atenção a detalhes, eu me torno chato e julgo tais pessoas.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

52- Preciso sempre ser reconhecido no topo quando me encontro com um grupo de irmãos, oficiais da igreja ou  visitantes.

(  ) 5  (  ) 4 (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

53- Rotineiramente me refiro aos meus liderados como “meu povo”, “meu ministério” e “minha igreja”, mas não gosto quando a mesma expressão é usada por um dos que estão próximos a mim.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

54- Tenho a impressão de que nunca alcanço a expectativa das pessoas e tenho sentimentos de auto-depreciação.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

55- Planos estratégicos e alvos são duros para mim.

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56- Sou obsessivo acerca dos erros menores, preocupado com a possibilidade deles projetarem uma imagem de deficiência sobre meu trabalho.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

57- Eu me vejo como uma figura nacionalmente conhecida ou tenho planos para conquistar tal posição.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

58- Tenho tendência de levar a sério qualquer comentário ou piada que seja feita em relação a minha pessoa.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2 (  ) 1

 

59- Quando recebo elogio de outros, tenho dificuldade de aceitá-los sem dar uma explicação.

(  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

60- Algumas vezes eu me pego tentando manipular o grupo com a minha ira ou irritabilidade quando tenho que lidar com um idéia ou iniciativa que eu não apoio. (  ) 5  (  ) 4  (  ) 3 (  )  2  (  ) 1

 

 

TABELA DE AVALIAÇÃO

 

Tenha certeza de que as perguntas foram respondidas, então transfira seus pontos para a tabela. No quadro abaixo, entre o valor numérico de sua resposta e cada pergunta (Concordo Totalmente – 5, Concordo – 4, Não estou certo – 3, Discordo – 2, Discordo Totalmente – 1). Depois some, os doze números horizontais e registre o resultado na coluna de totais à direita. Se ele for menos de 20, você não se encaixa dentro deste perfil. Se está entre 21-40, provavelmente você se identifica com o padrão, se é 41 ou mais, você certamente identifica-se com este modelo.

 

 

                                                                                                              TOTAL

1.

6.

11.

16.

21.

26.

31.

36.

41.

46.

51.

56.

 

COMPULSIVO

2.

7.

12.

17.

22.

27.

32.

37.

42.

47.

52.

57.

 

NARCISISTA

3.

8.

13.

18.

23.

28.

33.

38.

43.

48.

53.

58.

 

PARANÓICO

4.

9.

14.

19.

24.

29.

34.

39.

44.

49.

54.

59.

 

CO-DEPENDENTE

5.

10.

15.

20.

25.

30.

35.

40.

45.

50.

55.

60.

 

PASSIVO-AGRESSIVO


VENCENDO O LADO NEGRO

 

 

Introdução

 

Embora não seja fácil vencer esta batalha, espera-se que o líder seja capaz de vencer suas sombras e mitigar sua influência negativa em potencial.

 

Abraão Lincoln é um bom exemplo disto. Sua mãe morreu quando ele tinha 9 anos de idade. Tão logo sua mãe morreu, seu pai se casou com outra mulher que tinha três outros filhos, obrigando-os a dividir uma casa diminuta. Sua irmã, Sarah, que passou a cuidar dele morreu aos 19. Seu pai não possuía educação formal e a intimidade dos dois se tornou extremamente difícil. Quando seu pai adoeceu, ele não quis visitá-lo, e também não foi ao seu funeral. Por não ser uma criança atraente e estranha, sofria com a crítica dos colegas.

 

Quando assumiu a presidência, o país estava passando pelo seu pior momento. Grupos rivais estavam competindo e a guerra civil já se manifestava. A forma que ele encontrou para encobrir seu lado obscuro foi contar estórias engraçadas e participar de teatro. Seu desejo de obter vitórias e alcançar sucesso desembocou em várias tentativas para conquistar uma posição pública. Sua baixa auto estima aliada aos sentimentos de inferioridade tornaram-se os fatores que o impulsionaram a se tornar influente e a ser bem sucedido. Lincoln percebia isto e lutava contra suas sombras. Ele implementou uma estratégia de administração pessoal que o levou a obter vitórias onde outros costumeiramente fracassam.

Quando se sentia ameaçado, especialmente naquelas áreas relacionadas à sua história infantil, ele não respondia impulsivamente aos seus críticos. Também nunca demonstrava sua ira publicamente. Era conhecido pelos seus comentários agudos e anedotas inteligentes. Isto ganhou o coração de seus liderados.

 

Lincoln fazia todo esforço para evitar conflitos. Isto não era resultante de co-dependência, nem uma atitude de negação. Evitava responder àqueles problemas que não eram cruciais.

 

Será que realmente precisamos controlar nosso lado negro?

Na verdade, nunca poderemos fazer desaparecer totalmente estas áreas obscuras, assim como a nuvem pode encobrir o sol por momentos e retornar a seguir. Muitos líderes só resolvem lidar com tais áreas, quando não existe outra alternativa a não ser enfrentá-las de forma direta. “eventos em nosso passado, não apenas nos governam, mas nos inibem e nos faz tolos”. O lado negro tem destruído muitas pessoas, lares e líderes.

 

Uma vez que vemos exemplos de muitas pessoas famosas, é provável que pensemos que como não controlamos aquele volume de dinheiro, nem lideramos tantas pessoas, não temos que nos preocupar tanto com estas coisas. Mas isto é falso. Na verdade este é um sinal de que o nosso lado obscuro está vivo e ativo. Como vimos anteriormente, cada sombra tem sua particularidade e seus efeitos distintos.

 

Os perigos do lado obscuro

 

Líderes compulsivos

*    Podem se tornar-se rígidos e transformar sua organização numa estrutura inflexível, perdendo a criatividade necessária para enfrentar novos obstáculos e desafios.

*    Podem se tornar pessoas com forte necessidade de auto justificação, criando um ambiente legalista que aliena as pessoas sob sua liderança.

*    Podem se transformar em pessoas viciadas em trabalho. Tendem ao esgotamento que pode demorar anos para ser curado.

*    A luta por controlar outros pode levar os liderados a rebelião ou alienação.

 

Líderes narcisistas

*    Podem explorar outros para satisfazer sua própria vaidade.

*    Podem levar as pessoas a exaustão para satisfazer seus projetos megalomaníacos.

*    Constroem projetos que a igreja não precisa, nem pode pagar.

*    Podem levar as pessoas a atitudes eticamente pecaminosas e a busca de resultados que podem ser destrutivos para sua alma.

 

Líderes paranóicos.

*    Vivem em constante estado de negação

*    Geram desconfiança e perda da credibilidade com seus liderados

*    Têm dificuldade para lidar com o verdadeiro evangelho, que demonstra vulnerabilidade, confissão e permite arrependimento.

 

Líderes co-dependentes

*    Destroem a si mesmos e a igreja quando tentam em vão manter todos bem e felizes ignorando suas necessidades pessoais e da sua família.

*    Não raramente sofrem de esgotamento espiritual, crises familiares, divórcio, adultérios e doenças.

*    Co-dependência é de longe o modelo mais presente nas igrejas.

 

Líderes passivo-agressivos

*    São vítimas de si mesmos, tendo que conviver com a vergonha de sua ira descontrolada e a falta de domínio próprio.

*    São incapazes de manter ministérios longos por causa de sua atitude explosiva.

*    Não conseguem entender porque as pessoas não o ama ou não o quer mais por perto.

 

Lidando com o lado obscuro

 

O lado negro, nem sempre é negativo. Por isto é importante resgatar nossa natureza para colocá-la não a serviço de nós mesmos, mas de Deus. Deus deseja que descubramos o que nos motiva, e quais os medos e ansiedades que nos tem acompanhado. Precisamos entender que não interessa quanto de conquista venhamos a ter, não conseguiremos cobrir o buraco de nossa alma insatisfeita. O líder narcisista precisa aprender que não interessa quanto reconhecimento venha a ter, sempre verá que não é possível encontrar contentamento à parte de Deus. O paranóico precisa aprender que a vitória do outro, poderá ser compartilhar em sua vida. Os co-dependentes precisam entender que não são responsáveis pela atitude e resposta dos outros e que nunca conseguirá consertar todos. O passivo agressivo que um plano gerado no coração de Deus e feito com temor tem mais efeito que a manipulação emocional das pessoas.

 

Passos que nos resgatam das trevas

Naturalmente não existe caminho fácil, o preço será a disciplina e a vigilância constante. É um aprendizado por toda vida, depende de todo um processo, palavra chave aqui, porque indica que não existe um método ou procedimento que deve ser seguido. Não são fórmulas simplistas, antes estruturas básicas nas quais poderemos continuar construindo na medida em que percebemos que estes lados afetam nossa vida ou liderança. Quando entendemos que tal lado obscuro está presente, poderemos, com desejo honesto de nos examinarmos, aplicar as verdades espirituais e minimizar drasticamente seus efeitos negativos em nossa vida e liderança.

 

 

 

 

Samuel Vieira

Fev, 28 2004


Um comentário:

  1. Pastor Samuel, Quero externar minha gratidão por compartilhar matériais tão rico e conscistente...Que Deus Abençoe sua vida! Grande Abraço

    Marcelo
    Sorriso MT

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