Introdução
Não é necessário muto para ficarmos envaidecidos e soberbos:
Posição social, status de família
Dinheiro acumulado
Beleza física, corpo sarado. Narciso, auto enamoramento
Capacidade intelectual: “o saber ensoberbece.”
Espiritualidade: Homem de Deus, mulher de Deus!
Até da humildade: “Me orgulho de ser humilde.”
Este texto bíblico começa exatamente com a confissão de Paulo: (12.1) Ele admite a possibilidade de se envaidecer por uma experiência espiritual.
Ele foi arrebatado ao terceiro céu. Esta expressão aparece apenas uma vez em toda Bíblia. Paulo diz que foi levado ao terceiro céu. Era uma forma de estabelecer a diferença existente na cosmovisão judaica, que dividia o céu em três níveis. O primeiro céu seria a atmosfera terrestre. Este céu que nós contemplamos. O segundo céu seria o firmamento, as galáxias, o espaço sideral, onde estão as estrelas, e o terceiro céu, o lugar mais exaltado, lugar da habitação de Deus, onde ficam os tronos e os redimidos. Foi uma experiencia mística, de êxtase.
Já tive algumas ovelhas com experiencias profundas. Uma delas, Alice, quando estava no seu processo de conversão, ao entrar em sua casa viu um ser semelhante ao demônio, irônico, olhando para ela sarcasticamente. Em seguida, porém, aquele ser ficou com cara de espanto e assustado, e quando ela olhou havia ao seu lado outro anjo imenso, cuja cabeça atravessava o forro da casa, e quando ela olhou novamente viu aquele ser sarcástico, já do lado de fora da casa, e o anjo lhe disse: “Ele nunca mais voltará para esta casa!” E desapareceu. Alice nunca mais teve qualquer outra experiencia similar.
Paulo foi arrebatado ao terceiro céu. Ele não sabe se foi uma experiencia corpórea ou não. Paulo procura colocar sua experiencia no lugar certo. “De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas.” (2 Co 12.5) Ele não atribui tal experiencia a algum poder que ele tenha em si mesmo. Ele sabe que não pode se gloriar naquilo que é Deus quem faz.
Em seguida ele faz uma conexão entre seu arrebatamento e sua enfermidade. A experiência transcendental. A experiência que ele teve trouxe marcas profundas, como aconteceu com Jacó, ao lutar com o anjo no Vale de Jaboque. Ele saiu com um defeito na perna ao ser tocado pelo anjo. Não é possível ter uma experiência com Deus e sair diferente. Jacó não andaria mais do mesmo modo, dali em diante ele andaria mancando. Muitas pessoas afirmam ter experiencias sobrenaturais, mas não ocorre uma transformação profunda e marcante na sua experiência. Ninguém pode entrar numa dimensão tão profunda sem que isto atinja sua estrutura física, e sua mente.
Paulo ficou cego no caminho para damasco.
Daniel ficou atônito, sem rumo durante alguns dias,
João, caiu de rosto no chão. não caiu para trás, desmaiou mesmo...
Neste texto, vamos aprender o papel da enfermidade em nossas vidas.
Qual era a enfermidade de Paulo? Alguns comentaristas creem que se tratava de um grave problema na sua vista, porque ao escrever aos Gálatas ele afirma: ”Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.” (Gl 6.11). Paulo não escrevia as cartas, ele as ditava e outros a escreviam. Ele tinha aqueles que eram amanuenses, isto é, escreviam à mão. Paulo ditava suas cartas
Qual é o proposito da enfermidade?
1. Existe enfermidade com proposito espiritual e didático.
Nem sempre entenderemos todos os motivos da enfermidade, uma coisa porém, é certa. Deus quer nos ensinar através dela. Talvez seja por esta razão que C. S. Lewis afirmava: “Não desperdice suas lágrimas.”
Paulo afirma que sua enfermidade foi dada “para que ele não se ensoberbecesse.” (2 Co 12.7) Havia um propósito espiritual de Deus para a vida de Paulo.
Henry Nouwen veio de uma família de intelectuais, da aristocracia holandesa. Uma família perfeita, de mentes brilhantes, até que veio uma criança com grandes distúrbios neurológicos. Aquela família nunca havia experimentado isto, todos ficaram sem saber como lidar com a vulnerabilidade, mas aos poucos aquela criança torna-se o xodó, e todos se aproximam uns dos outros por causa da sua saúde. Nouwen afirma que aquela doença humanizou sua família.
2. Enfermidades podem ser causadas pela ação do diabo
Este é o aspecto mais sinistro e sombrio da enfermidade. O diabo pode causar enfermidade nas pessoas? A Bíblia afirma que sim.
Alguns exemplos:
A. A mulher
encurvada
– “Ora, ensinava Jesus no sábado numa das sinagogas.
E veio ali
uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos;
andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus,
chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as
mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus.” (Lc 13.10-13)
B. Um homem surdo mudo – “De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiravam.” (Lc 11.4)
C. Jó – Sua enfermidade foi causada pelo diabo, com a autorização de Deus.
Paulo vê relação entre sua enfermidade e a ação do diabo. Ele a via como “Mensageiro de Satanás.” (2 Co 11.7 )
Como entender isto?
Primeiro, devemos lembrar que nem toda enfermidade é causada pelo diabo. Este tipo de leiura é antibíblica e traz muita confusão nos meios neopentecostais.
Segundo, Satanás não é livre para fazer o que quer. O livro de Jó nos ajuda. Satanás tem permissão de Deus, com tempo e campo de ação limitado. Ele só fará o que Deus permite.
Terceiro, enfermidades podem ser causadas por distúrbios físicos, emocionais e psiquiátricos. Não satanize toda dor e enfermidade. Isto é grave erro.
3. Deus não cura todas as enfermidades – Muitas vezes oramos, mas apesar de Deus sempre nos ouvir, isto não significa que ele vai nos dar aquilo que pedimos. Muitas pessoas crentes, piedosas, morrem de câncer, infarto, violência, acidentes.
Paulo orou três vezes (12.8) Não faltou oração e nem faltou fé. Deus simplesmente disse não. Paulo teria de conviver com sua enfermidade e limitação. O que era estranho porque Deus havia usado Paulo tantas vezes para curar outras pessoas, mas agora não lhe concede a cura.
Por que Deus eventualmente não traz cura?
A. Para que entendamos que sua graça é maior que a cura física
Muitas pessoas foram curadas de graves enfermidades, mas não entenderam a dimensão da graça de Deus.
Muitos querem a cura a qualquer preço.
Muitas vezes a doença de Deus é o ponto de equilíbrio para não perdermos nossa alma.
Há muita coisa misteriosa na questão da dor e do sofrimento.
B. Para que, por meio das limitações físicas, nos tornemos fortes- (2 Co 12.9): “Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.”
Esta é uma das dialéticas da vida cristã. Paulo não queria aquela doença, ao mesmo tempo que entende que seus sentidos espirituais estavam sendo fortalecidos por meio desta enfermidade. Existem coisas que só aprendemos com os olhos encharcados de lágrimas. O sofrimento nos fortalece e nos transforma
C. Para que entendamos que o grande desejo não deve ser saúde integral, mas o poder e a presença de Cristo em nossas vidas “Para que, sobre mim, repouse o espírito de Cristo.” (2 Co 12.9)
D. Porque a fé muitas vezes é paradoxal: “Quando sou fraco é que sou forte.”
A força humana não é a força que Deus deseja. Ele quer nos dar uma força espiritual, sobrenatural. Quando Paulo entende isto ele exclama: “Sinto prazer nas minhas injúrias.” Isto não é masoquismo. Paulo não tem prazer na dor como mera dor. Ele está falando de algo muito mais profundo.
Há outro ângulo para se contemplar a vida. Na vulnerabilidade formulamos uma nova hermenêutica.
Conclusão
Esta é a hermenêutica da cruz. “Fracasso? vergonha? Humilhação? – “De fato Cristo foi crucificado em fraqueza.” (2 Co 13.4)
É nesta dialética que experimentamos a beleza da cruz, a riqueza do evangelho. Naquela cruz de vergonha, a vida emerge da morte, a força surge da fraqueza e a salvação brota do abandono.
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