Introdução
Como vimos no sermão anterior, Ezequias é um rei piedoso. Começou a reinar ainda muito jovem, com 25 anos (2 Rs 18.2-3). Era jovem, e cheio de piedade e temor do senhor, era crente! Ele fez o que era reto perante o senhor. (2 Rs 18.1-6). No quarto ano de seu reinado, ele enfrenta um grande embate com Senaqueribe , rei dos Assírios, que através de seu comandante Rabsaqué, afrontou Israel e o Deus de Israel (2 Rs 18.19-37). Deus concede um dos livramentos mais impressionantes de toda Bíblia, quando o Anjo do Senhor feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil; numa única noite. (2 Rs 19.35)
Alguns anos depois, Ezequias adoece e Ele ora ao Senhor que decide prolongar sua vida por mais 15 anos.
Quando lemos mais cuidadosamente o desdobramento da cura de Ezequias, vemos, porém, que ele não faz bom uso da bondade, da graça e da cura de Deus. Os eventos mais desastrosos de Ezequias se darão depois da sua cura. Em outras palavras, ele não soube fazer bom uso da bondade de Deus e da cura que Deus lhe concedeu.
Muitas vezes oramos por um milagre, mas devemos lembrar que o milagre que desejamos não deve ser o alvo final. A cura, o milagre, a benção, deve redundar em maior compromisso e louvor a Deus. Milagre que não nos aproxima de Deus, benção que não nos leva para mais próximo do Senhor, pode ser um desastre.
Uma pessoa pode receber uma grande benção no mundo dos negócios, se tornar próspera, bem-sucedida, mas a grande pergunta é: Isto a aproximará de Deus? Isto lhe levará a uma atitude de maior temor e encantamento com a santidade de Deus? Paul Meyers, o maior contribuinte individual do Instituto Haggai Internacional disse que logo cedo descobriu que Deus lhe dera habilidade para ganhar dinheiro. Então, resolveu usar sua competência para investir em negócios e assim investir no reino de Deus. Ele se tornou generoso doando verdadeiras fortunas em treinamento, envio de missionários, sustento da igreja local e obras sociais. Recentemente um membro da Igreja Presbiteriana de Pinheiros, em São Paulo, um homem bem-sucedido profissionalmente, resolveu doar 8 milhões de dólares para o espaço que a igreja está adquirindo para construção de um templo. Isto mesmo, 8 milhões de dólares! Entretanto, muitos, ao serem abençoados, vão se envaidecendo, sendo consumidos pelo glamour do dinheiro e se distanciando de Deus. A benção material traz morte espiritual. O milagre não redunda em benção espiritual!
A cura de Ezequias trouxe resultados nada positivos.
1. Não devemos querer apenas a benção material, mas ansiar por termos bençãos completas. Nestes 15 anos de sobrevida, nasceu seu filho Manassés – (2 Rs 21.1).
Manassés começou a reinar com apenas 12 anos e reinou 55 anos sobre Israel. não há dúvida, porém, de que Manassés se tornou o pior rei da história do povo de Deus.
Ter um filho é uma benção. Traz grande alegria para a família, mas eventualmente um filho se torna um ídolo na vida de um casal e uma fonte de aborrecimento e tristeza. Aparentemente Ezequias não teve filho antes, porque em geral era o primogênito quem assumia o trono. Certamente havia muita expectativa sobre a chegada desta criança, mas veja o que aconteceu com Manassés.
“Manassés tinha doze anos quando começou a reinar, e reinou cinquenta e cinco anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hefzibá. E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações das nações que o Senhor desterrara de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel, e adorou a todo o exército do céu, e os serviu. E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém porei o meu nome. Também edificou altares a todo o exército do céu em ambos os átrios da casa do Senhor. E até fez passar seu filho pelo fogo, e usou de augúrios e de encantamentos, e instituiu adivinhos e feiticeiros; fez muito mal aos olhos do Senhor, provocando-o à ira. Também pôs a imagem esculpida de Asera, que tinha feito, na casa de que o Senhor dissera a Davi (...) eles, porém, não ouviram; porque Manassés de tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel.” (2 Rs 21.2-7,9)
Leia com atenção este texto. A atitude de Manassés foi pavorosa. Ele foi o rei mais ímpio de Israel e por causa de seus pecados e da forma como conduziu a vida do povo de Deus, foram levados cativos para a Babilônia. Um desastre espiritual e político. A cura de Ezequias foi uma benção, mas o nascimento de seu filho neste período foi um desastre e uma tragédia.
Não podemos permitir que as bençãos, a bondade e a graça de Deus se transformem em tragédia. Afinal, a Palavra de Deus afirma que: “A benção do senhor enriquece e não traz consigo dores.” (Pv 10.22)
A Bíblia nos relata a cura dos dez leprosos. Apenas o evangelista Lucas faz o registro deste incidente.
“De caminho para Jerusalém, passava Jesus pelo meio de Samaria e da Galileia. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados. Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.” (Lc 17.11-19)
O texto de Lucas revela a decepção de Jesus com aqueles que não voltaram para agradecer. “Onde estão os outros nove?” (Lc 17.17). Assim como estes leprosos que foram curados, corremos o risco de valorizar apenas a experiência, e se esquecer de se voltar para aquele de quem procedeu a dádiva. Fazendo assim, recebemos a bênção pela metade. Ela não é plena.
Os leprosos não valorizaram o doador, apenas a dádiva. Em dias de espiritualidade “fast food”, é fácil buscar a benção, mas não o abençoador. Aqueles homens receberam a benção, mas isto não mobiliza seus corações a Deus. Jesus assegura ao homem agradecido uma nova condição. (vs.19). “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.” Ele não foi curado apenas fisicamente, mas a benção chega à sua alma, entra na eternidade. Isto é benção completa. “O milagre faz parte do Evangelho, mas o milagre não é o Evangelho. O milagre pode curar, mas não salvar”. Os demais não receberam a salvação junto com a cura.
Quando apenas a benção e não o abençoador nos basta, surge uma distorção. Aqueles homens foram curados. Deus não lhes tirou a benção de terem novamente um corpo sem manchas, sem lepra, uma vida sem restrições sociais e familiares, uma caminhada fora do duro estigma que cercava os leprosos naqueles dias. Eles foram fisicamente curados. Mas a maior benção, que teria impacto eterno, não veio sobre suas vidas. Lamentavelmente a cura não atingiu a essência dos demais leprosos, a maior e mais rica experiência não lhes alcançou: O Evangelho não chegou aos seus corações.
O povo de Deus começou a reclamar e murmurar contra o Senhor no deserto. Então, Deus lhes envia codornizes. Eles podiam comer carne, mas muitas pessoas abençoadas por este fenômeno singular ocorrido no deserto, morreram pela sofreguidão e gula, pois foram exagerados e comeram demais. A Bíblia afirma: “Deu-lhes o que pediram, mas fez definhar lhes a alma.” (Sl 106.15)
Este é o tipo de “bênção” que não deveríamos desejar. Em todas as coisas que Deus nos conceder, seja prosperidade, saúde, família, devemos sempre dizer: “Senhor, estas bençãos são uma dádiva do Senhor, mas eu não quero bençãos meramente materiais. Mais que as bençãos, quero o Senhor, portanto, se isto não vai promover uma abundância de vida e de louvor para o seu nome, ainda que eu queira tanto, não gostaria de receber.”
Quando Jesus curou o paralítico, ele lhe disse algo enigmático: “Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” (Jo 5.14) Aquele homem tinha acabado de ser curado, de romper com um estigma e uma condição limitante de vida, estava em estado de graça, mas Jesus faz uma advertência severa: “não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” Ele tinha recebido a cura, mas isto não era a coisa mais importante, Jesus percebia determinadas armadilhas na vida daquele homem que recebera esta grande benção e o adverte seriamente sobre este assunto.
O pior, para Jesus, não era a enfermidade deste homem, ainda que tivesse se compadecido dele e o tenha curado. Havia uma ameaça profunda: O seu pecado. Este sim, podia trazer ainda maiores e mais graves consequências. Coisas piores poderiam lhe acontecer por causa do pecado. O pior não era a paralisia física, mas o pecado, que poderia infectar seu coração e trazer morte eterna.
Acerca de Ezequias o texto bíblico afirma: “Não correspondeu Ezequias aos benefícios que lhe haviam sido feitos.” (2 Cr 32.25). Deus o curou, Deus o livrou da morte, mas o que fez Ezequias? Ele foi displicente e desleixado com a bênção. Ele não correspondeu a todos os benefícios que havia recebido do Senhor, e isto trouxe sérios danos para sua vida.
2. Ezequias agiu com imprudência depois de sua cura.
“Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente. Ezequias se agradou dos mensageiros e lhes mostrou toda a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio que Ezequias não lhes mostrasse. Então, Isaías, o profeta, veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? Respondeu Ezequias: De uma terra longínqua vieram, da Babilônia. Perguntou ele: Que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse. Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia.” (2 Rs 20.12-18)
O que fez Ezequias? Para ser agradável, manter uma poltiica de boa vizinhança, ser politicamente correto, abriu seus segredos aos inimigos. Ele deu combustível para o inimigo. Ele mais uma vez não faz bom uso da graça e da cura recebida de Deus. Porque Ezequias agiu desta forma? A Bíblia relata que algo estava errado no coração de Ezequias, e isto brotou depois de ter sido curado.
“Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração.” (2 Cr 32.31). Deus o desamparou, e ele cometeu tolices. Mas porque Deus o desamparou? O texto não diz, mas o texto esclarece que foi assim porque algo estava errado no seu coração. “Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração.”
Paulo diz em Romanos 13.14: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.” Uma outra tradução diz: “Não faça provisão para a carne.” Ezequias resolve dar munição ao adversário. Isto foi fatal.
Certa vez um piedoso colega de ministério me disse: “Se for para desonrar a Deus, eu prefiro que ele tire a minha vida.”
Esta é a grande bênção. Queremos ser abençoados, mas acima de tudo queremos a bênção do Senhor, a honra que ele nos dá. Ezequias mais uma vez fez mau uso da bênção recebida. Não são raros os personagens bíblicos que fracassam depois de obterem grandes milagres e serem tremendamente usados por Deus.
Gideão – Depois da sua vitória estupenda destruindo os amalequitas com apenas 300 homens, ele enfia os pés pelas mãos. “...Desse peso fez Gideão uma estola sacerdotal e a pôs na sua cidade, em Ofra; e todo o Israel se prostituiu ali após ela; a estola veio a ser um laço a Gideão e à sua casa.” (Jz 8.27)
Jefté – Depois da grande vitória contra os filisteus, faz um voto tolo e compromete sua filha sacrificando sua virgindade, impedindo-a de conhecer um homem, ter filhos. Ele arrebenta a juventude de sua filha por causa de sua impetuosidade. (Jz 11)
Há muita benção pela metade. Muitas pessoas tendo sucesso e prosperidade na vida, mas sem saber como lidar com a fama, o sucesso, a saúde. Nem toda perda é perda, e nem todo ganho, é ganho. O grande ganho da vida é ter a benção de Deus em si mesmo, e não das coisas que dele recebemos. Muitos querem a benção, mas não querem o Deus das bençãos. Precisamos alinhar bem o coração.
Depois da cura Ezequias realiza grande obras.
“Teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância; proveu-se de tesourarias para prata, ouro, pedras preciosas, especiarias, escudos e toda sorte de objetos desejáveis; também proveu-se de armazéns para a colheita do cereal, do vinho e do azeite; e de estrebarias para toda espécie de animais e de redis para os rebanhos. Edificou também cidades e possuiu ovelhas e vacas em abundância; porque Deus lhe tinha dado mui numerosas possessões. Também o mesmo Ezequias tapou o manancial superior das águas de Giom e as canalizou para o ocidente da Cidade de Davi. Ezequias prosperou em toda a sua obra.” (2 Cr 32.27-30)
Apesar disto, ele não cuidou de outras áreas sensíveis de sua alma, “pois o seu coração se exaltou. Pelo que houve ira contra ele e contra Judá e Jerusalém.” (2 Cr 32.25). Algumas pessoas de nossa igreja tiveram oportunidade de visitarem Jerusalém, e andar pelos incríveis “tuneis de Ezequias”, um marco de arquitetura que desafia a engenharia moderna. Ele foi um homem excepcionalmente competente como rei, mas a alma dele se perdeu pelo caminho.
3. Ezequias não demonstrou sensibilidade para com a nova geração. Quando Isaias traz a trágica profecia contra Israel por causa da atitude impensada de Ezequias, ele demonstra uma atitude de descaso assustadora.
“Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia. Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do Senhor que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias.” (2 Rs 20.18-19).
Leia com atenção o texto. Deus pronuncia a sentença contra sua família, e fala do terrível destino que aguardava seus filhos no futuro. Ezequias deveria ter chorado diante de Deus ao ouvir tal sentença. Ela é demasiadamente dolorida. Sua posteridade seria levada cativa, os meninos seriam castrados, transformados em escravos nos palácios da Babilônia e ele afirma que “esta palavra era boa?” Como assim? Por que ele diz isto?
O texto afirma que ele fez esta afirmação “Boa é a palavra do Senhor (...) pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias.” Ele não estava preocupado com seus filhos e netos, mas apenas com seu bem-estar social. Ele estava preocupado consigo mesmo, e como a profecia atingiria apenas seus descendentes ele achou que estava tudo bem, que esta profecia “era boa.”
A profecia é terrível! O juízo de Deus, por causa do seu pecado, teria impacto direto sobre seus netos. Isto acontecerá 60 anos depois. Sua família será arrasada, Jerusalém será destruída, seus filhos serão levados como eunucos. Mas Ezequias não chora pelos seus filhos e netos. Que coisa triste!
Ele não faz bom uso da benção recebida. Estes 15 anos deveriam servir como testemunho de fidelidade e gratidão, mas se transformaram em dias de juízo e condenação. Sua família sofrerá a consequência de seus pecados.
Devemos entender que “nada que valha a pena fazer se completa durante a nossa vida” (Reinhold Niebuhr). Além do mais “tudo o que você possui hoje de bom ou ruim é o seu legado.” (Paul Meyers).
Temos uma situação de tragédia e devemos nos preocupar com ela. Precisamos estar alertas quanto as novas gerações. você pode imaginar seus netos sendo destruídos pelo secularismo, paganismo e misticismo? Filhos dominados pelo pecado e pelas drogas, distanciados de Deus, ausência de sentido, depressão, solidão, suicídio e nas mãos do diabo a serviço das trevas? Escravizados e castrados? Esta perspectiva caótica deve nos causar náusea, tristeza, angústia e nos levar a uma atitude mais intencional de cuidado em transmitir o evangelho, proteger espiritualmente filhos e netos. Não podemos simplesmente dizer: “que bom que vai acontecer com eles e não vai me atingir...” ou “ainda bem que esta tragédia vai atingir a próxima geração e não terei que passar por isto.
A grande benção é termos filhos debaixo da graça, filhos do pacto, filhos da benção. Isaias 65.23: “Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos estarão com eles.” (Is 65.23). Esta é a grande benção. Filhos redimidos pela graça de Cristo, amando a Deus e vivendo debaixo deste pacto para o qual Deus nos chamou. A simples ideia deles estarem longe de Deus deve nos apavorar.
O Salmo 78.3-7 afirma:
³O que ouvimos e aprendemos,
o que nos contaram nossos pais,
⁴ não o encobriremos a seus filhos;
contaremos à vindoura geração
os louvores do Senhor, e o seu poder,
e as maravilhas que fez.
⁵ Ele estabeleceu um testemunho em Jacó,
e instituiu uma lei em Israel,
e ordenou a nossos pais
que os transmitissem a seus filhos,
⁶ a fim de que a nova geração os conhecesse,
filhos que ainda hão de nascer
se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes;
⁷ para que pusessem em Deus a sua confiança
e não se esquecessem dos feitos de Deus,
mas lhe observassem os mandamentos;
Temos a responsabilidade de transmitir as verdades de Deus, de forma intencional e profunda. Devemos pensar nos nossos filhos “não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração, os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez.” Temos a responsabilidade de transmitir uma fé sólida, bíblica e profunda a esta geração. Mas se lermos com mais atenção veremos que nossa preocupação não pode ser apenas com aqueles que já existem, mas deve ter perspectivas ainda maiores e devemos pensar a longo prazo. “a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer e se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes.”
Quantas gerações este texto aponta, leia com atenção:
-Nossos filhos. A geração que já existe
-Filhos que ainda hão de nascer – A geração que só existe nos planos de Deus.
-Por sua vez referissem aos seus descendentes – isto é, àqueles que serão gerados pelos filhos que ainda não foram gerados.
Deus não está pensando apenas no plano imediato, a curto prazo. O projeto de Deus é a longo prazo. Os teólogos afirmam que existe na Bíblia um “pacto geracional”. Deus está interessado não apenas comigo, mas com meus filhos, netos, bisnetos, trinetos... o projeto de Deus não é apenas para você, mas para sua família: “crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e toda sua casa.”
Este é um dos argumentos que usamos para batismo infantil. Nós cremos que nossos filhos fazem parte de um pacto, no qual são incluídos, assim como havia no Antigo Testamento, quando os filhos eram circuncidados. Os pais entendiam que seus filhos pertenciam a Deus, que eles estavam inseridos no pacto.
Assim afirma também declaração o Catecismo Maior de Westminster, pergunta 166.
A
quem deve ser administrado o Batismo?
O Batismo não deve ser administrado aos que estão fora da Igreja visível, e
assim estranhos aos pactos da promessa, enquanto não professarem a sua fé em
Cristo e obediência a Ele; porém as crianças, cujos pais, ou um só deles,
professarem fé em Cristo e obediência a ele, estão, quanto a isto, dentro do
pacto e devem se batizadas.
Gn 17:7-9; Lc 18:16; At 2:38,39,41; I Co 7:14; Rm 11:16; Cl 1:11,12; Gl
3:17,18,29.
A Igreja Reformada afirma categoricamente que os filhos dos crentes estão inseridos no pacto e fazem parte dele, e por esta razão, devem ser batizados.
Conclusão:
A vida de Ezequias nos revela como muitas vezes não fazemos bom uso das bençãos que recebemos. O problema central é que nos atemos aos aspectos exteriores da cura e do milagre e não penetramos no sentido maior. O milagre e a benção que recebemos deve nos levar a um maior compromisso com o reino de Deus, a uma maior santidade, e a um desejo maior de glorificar a Deus. Corações gratos devem se transformar em corações de adoradores profundos.
Sua maior benção não é a cura temporária, o sucesso profissional, o dinheiro que você ganha. Sua maior riqueza e beleza devem estar relacionadas a uma maior e mais profunda intimidade com Deus. Deve redundar em louvor.
Ezequias fez o contrário:
A. O filho que ele obteve depois da cura se tornou o homem mais ímpio e o mais infiel rei de Israel.
B. A cura de Ezequias, o levou a agir com imprudência mostrando a riqueza de Jerusalém aos adversários e trazendo grave juízo sobre Israel
C. A cura de Ezequias levou seu coração a se distanciar de Deus, impedindo que ele demonstrasse sensibilidade com a nova geração.
Todas estas coisas ruins aconteceram depois da benção maravilhosa e do milagre que ele experimentou. Que as bençãos de Deus nos levem para mais perto de Deus. Que a saúde, prosperidade, curas, bençãos e milagres nos levem a fazermos bom uso da bondade, misericórdia e graça de Deus. Que façamos bom uso da graça de Deus.
A maior tragédia nossa é a perda da alma! Isto é o que nos interessa. É maravilhoso receber bençãos de Deus, ser curado, ser abençoado no mundo dos negócios, mas a Bíblia fala de algo muito maior, e maior benção que podemos receber: A vida eterna. A-temporal. transcendente.
Esta graça só pode ser recebida pela obra de Cristo. Jesus fez tudo o que é necessário para recebermos de graça a vida eterna. Ele morreu pelos nossos pecados, ele nos perdoou, ele nos justificou diante do Pai. Esta é a maior benção da vida. Este é o maior milagre.
Você quer receber este milagre hoje? Reconheça que você é um pecador! Se arrependa de seus pecados e coloque sua confiança na obra plena de Cristo, na sua justiça, nos seus méritos. Esta é a maior benção da vida.
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